Como resposta aos novos tempos de revolução o Papa Pio IX aprovou o documento “Sílabo de erros” (1864) – denunciando os grandes malefícios da modernidade: a democracia, o socialismo, a maçonaria e o racionalismo.
Seguindo na trilha do reacionarismo clerical, em
1870, o concílio Vaticano I estabeleceu o dogma da infalibilidade do Papa.
Este, como legítimo representante de Deus na terra, estaria imune aos erros
humanos. No entanto, antes que o Concílio chegasse ao fim, as tropas francesas
foram obrigadas a abandonar Roma para defender sua própria capital, ameaçada pelos
prussianos. Imediatamente o exército italiano entrou na cidade, unificando
finalmente o país. Ao papado coube apenas o pequeno território: o Vaticano.
Pio IX recusou qualquer acordo com o governo
italiano e pregou a abstenção política dos católicos. O ambiente clerical se
tornou cada vez mais reacionário. As pazes entre o Vaticano e o Estado Italiano
só pode ser estabelecida com a ascensão do fascismo ao poder em 1922.
Em fevereiro de 1929 o papa Pio XI firmou com
Mussolini o Tratado de Latrão, através do qual o catolicismo voltava a ser a
religião oficial e o Estado passava a aceitar os casamentos religiosos. A Santa
Sé também expandiria sua soberania para outros prédios e igrejas de Roma, além
do Palácio de verão em Castel Gandolfo. O fascismo italiano ainda pagaria uma
indenização equivalente a 85 milhões de dólares pelos territórios e
propriedades expropriados durante o processo de unificação italiana. Assim, o
Santo Padre pode se referir a Mussolini como “um homem enviado pela
Providência”.
Pelo Tratado de Latrão, os católicos deveriam se
abster da política, especialmente de uma política autônoma que se contrapusesse
ao governo fascista. A consequência imediata deste acordo foi o fechamento do
Partido Popular (católico) e o exílio de seus principais líderes. Enquanto o
Papa e os fascistas comemoravam, dezenas de milhares de italianos, muito deles
católicos, padeciam sob torturas nas inóspitas prisões do regime.
Hitler, ainda sonhando com o poder, rejubilou-se com
as boas novas vindas de Roma. Escreveu ele: “O fato de que a Igreja Católica
chegou a um acordo com a Itália fascista (…) prova que além de qualquer dúvida
que o mundo das ideias fascistas é mais próximo do cristianismo do que o
liberalismo judeu ou mesmo o marxismo ateu, a que o Partido do Centro Católico
se considera tão ligado”. O Tratado de Latrão foi o primeiro torpedo dirigido
contra os liberais e democratas católicos da Itália e da Alemanha, outros
viriam.
Quando Mussolini invadiu a Etiópia, em 1935, o
Vaticano não protestou e o alto clero italiano, sem amarras morais, exultou com
a aventura colonialista. Um bispo declarou: “Ó Duce, a Itália hoje é fascista e
os corações de todos italianos batem junto com o seu!”. “A Nação está disposta
a qualquer sacrifício que garanta o triunfo da paz e das civilizações romana e
cristã”. Enquanto isso armas químicas caiam sobre as cabeças da indefesa
população etíope.
O papa e a
ascensão do nazismo
Em novembro de 1918 os operários alemães, seguindo o
exemplo de seus camaradas russos, derrubaram o seu Imperador e fundaram uma
República Democrática, que chegou mesmo a se anunciar como uma República
Socialista. Mas, a capitulação da direção do Partido Socialdemocrata Alemão
frustrou os sonhos dos revolucionários.
Em Munique um dos principais líderes era Eisner que,
em fevereiro de 1919, seria brutalmente assassinado por ativistas de
extrema-direita. A resposta do governo socialista ao crime foi o endurecimento
com os setores contrarrevolucionários, no qual se incluía a cúpula da Igreja
Católica. Neste quadro conturbado o Núncio papal Eugênio Pacelli, futuro papa
Pio XII, foi obrigado a estabelecer delicadas negociações com o novo governo
democrático e socialista.
Assim ele descreveu o seu primeiro encontro com os
operários e as operárias socialistas: “A cena no palácio era indescritível (…)
o prédio, outrora a residência de um rei, ressoava com gritos, uma linguagem
vil e profana (…) No meio de tudo isso, um bando de mulheres, de aparência
duvidosa, judias como todos ali, refastelava-se em todas as salas, como uma
atitude devassa e sorrisos sugestivos. Quem mandava nessa turba feminina era a
amante de Levien, uma jovem russa, judia e divorciada.
Foi a ela que a Nunciatura teve de prestar sua
homenagem, a fim de prosseguir sua missão”. O dirigente socialista Levien não
lhe causou melhor impressão: era “russo e judeu” “pálido, sujo, olhos de
drogado, voz rouca, vulgar, repulsivo”. Assim a Igreja católica via os
representantes do proletariado alemão.
No auge da República de Weimar, os católicos
representavam 1/3 da população alemã e tinham uma força política ainda maior. A
Juventude Católica possuía mais de 1,5 milhões de membros e existiam 400
jornais católicos diários. O tradicional Partido de Centro Católico era o
segundo maior do país, perdia apenas para o Partido Socialdemocrata Alemão. Era
nele que, até então, a grande burguesia desaguava seu dinheiro e voto contra o
socialismo.
Após a grande crise do capitalismo de 1929, a
Alemanha teve sua economia desorganizada. Aumentou a radicalização política. Visando
derrotar o movimento operário e socialista, a grande burguesia monopolista muda
de aliado, abandona os católicos e passa agora a jogar suas fichas nos
nacional-socialistas liderados por Hitler.
Já nas eleições de 1930, o Partido de Centro perdeu
espaço para os nazistas, que passaram a ser a segunda força eleitoral. Naqueles
dias ainda eram duros os embates entre os centristas católicos e os nazistas.
Vários padres, com anuência dos bispos, proibiam os nazistas frequentar as
igrejas enquanto fardados. No entanto, esta resistência estava prestes a
desaparecer.
Sob a cabeça dos católicos alemães, o Vaticano tecia
sua pérfida trama. Em janeiro de 1933 Hitler assumiu o poder. Estavam dadas as
condições para que se estabelecesse uma concordata com o Reich alemão do mesmo
tipo que fora assinada com o governo fascista da Itália.
Para testar sua força, uma das primeiras medidas do
governo nazista foi apresentar um projeto de Lei de Exceção, através do qual
Hitler ficava autorizado a aprovar leis sem consultar o parlamento. Vários
dirigentes do Partido de Centro resistiram em dar carta branca ao novo governo.
Então o Vaticano entrou no jogo e pressionou para
que eles votassem favoravelmente – pois esta era uma das condições para a
assinatura da concordata. Apenas os socialistas e comunistas votaram contra a
lei de exceção. Estava aberto o caminho da ditadura nazista, com a benção de
Roma.
Em julho daquele mesmo ano, Pacelli, em nome de Pio
XI, assinou a concordata com o governo nazista. A partir de então a Igreja
Católica e todas as suas organizações deveriam se afastar de qualquer de ação
política e social. Em troca o papado poderia impor suas leis canônicas a todos
os católicos alemães, além de receber privilégios espaciais para o clero e suas
escolas.
Naquele mesmo mês, como aconteceu na Itália, o
Partido Católico se dissolveu e muitos de seus líderes seguiram o caminho do
exílio. A repressão aos católicos militantes continuou duríssima, com
espancamentos e internações em campos de concentração. Muitos acabaram sendo
assassinados ao lado de comunistas e judeus.
Um ex-chanceler centro-católico chegou a afirmar que
por trás daquela concordata estava Pacelli, que visualizava “um Estado
autoritário e uma Igreja autoritária dirigida pela burocracia do Vaticano, os
dois concluindo uma eterna aliança. Por esse motivo, os partidos parlamentares
católicos (…) eram inconvenientes (…), sendo extintos sem qualquer
arrependimento”. Portanto não se tratava mais de barrar apenas o perigo
comunista e sim abolir a própria democracia liberal.
Logo após a concordata, o Führer afirmou orgulhoso:
“só se pode considerar isso como uma grande realização. A concordata
proporcionará uma oportunidade à Alemanha e criará uma área de confiança
bastante significativa na luta em desenvolvimentos contra o judaísmo
internacional”. Continuou: “O fato de o Vaticano estar concluindo um tratado
com a nova Alemanha significa o reconhecimento do Estado nacional-socialista
pela Igreja Católica. Esse tratado comprova para o mundo inteiro, de maneira
clara e inequívoca, que a insinuação de que o nacional-socialismo é hostil à
religião não passa de uma mentira”. Todas as barreiras de ordem moral, que
separavam nazistas e católicos, foram minadas pelo Vaticano.
Em abril de 1933 começaram as primeiras perseguições
massivas contra a comunidade judaica, através do boicote aos seus
estabelecimentos comerciais e espancamentos de judeus por tropas das SA. A
primeira resposta dos líderes máximos da Igreja alemã foi: “Os judeus que
ajudem a si próprios”. Sem dúvida, uma frase muito cristã.
Durante a Guerra Civil na Espanha, em 1936, Hitler
se encontrou com o Cardeal Faulhaber, de Munique. A pauta era a ameaça
representada pelo comunismo. O Cardeal deu sua impressão sobre o amistoso
encontro com Sr. Hitler: “O Führer possui uma habilidade diplomática e social
melhor do que um soberano nato (…) Não resta a menor dúvida de que o chanceler
vive com a fé em Deus. Ele reconhece o cristianismo como base da cultura
ocidental”. Em seguida elaborou uma carta pastoral que foi lida nas igrejas
alemãs, nela pregava a cooperação entre católicos e nazistas contra o comunismo
ateu.
No final de 1938 estourou a violência contra os
judeus. Numa única noite de novembro, a “noite dos cristais”, mais de 800 deles
foram assassinados, 26 mil enviados para campos de concentração, centenas de
Sinagogas e estabelecimentos destruídos. Depois deste dia fatídico os judeus
foram obrigados a portar a estrela de David nas roupas.
Enquanto o holocausto judeu dava seus primeiros
passos na Alemanha, Pacelli assumia o trono pontífice. Quatro dias depois escreveu
à Hitler: “Ao ilustre Herr Adolf Hitler, Führer e Chanceler do Reich Alemão! No
início do nosso pontificado, desejamos lhe assegurar que permanecemos devotados
ao bem-estar do povo alemão confiado a sua liderança”. Nenhuma admoestação em
relação à repressão contra os judeus e setores de oposição, nos quais se
incluíam vários católicos.
Quando Hitler e Mussolini invadiram a Iugoslávia,
eles permitiram a criação de uma Croácia Independente sob o comando do líder
fascista Ante Pavelic. Os croatas eram católicos e se consideravam arianos. Sob
seu reinado de terror iniciou-se uma limpeza étnica na região. 487 mil sérvios,
30 mil judeus e 27 mil ciganos foram assassinados barbaramente pelos bandos
fascistas de Paveli. À frente desses bandos sanguinários estavam os padres
franciscanos. O Vaticano imediatamente reconheceu o novo Estado e Pio XII se
referiu a ele como “posto avançado do cristianismo nos Bálcãs”. Uma das
eminências pardas daquele regime de terror era o bispo Stepinac – que acabou
sendo beatificado por João Paulo II em 1998.
Em 1942 o Papa já tinha todas as informações sobre o
projeto de “Solução Final”. Operação que visava eliminar judeus, ciganos e
eslavos da Europa. Entre 1933 e 1944 mais de seis milhões de judeus foram
assassinados nos campos de extermínios nazistas. Depois de forte pressão das
forças aliadas – e de muitos católicos e judeus-, Pio XII preparou uma homilia
de Natal que visava denunciar esta situação. Para decepção geral ela acabou
sendo uma declaração inócua que nem ao menos teve a coragem de usar as palavras
judeu, genocídio e nazismo.
Em setembro de 1943, quando a própria Roma caiu sob
ocupação militar alemã, a “solução final” chegou às portas do Papa. Começou,
então, o aprisionamento de judeus e oposicionistas. Caminhões carregando
homens, mulheres e crianças percorriam as ruas vizinhas ao Vaticano. Muitas
igrejas começaram a abrigar os judeus, especialmente os convertidos ao
catolicismo. Mas, nenhuma conclamação pública foi feita para que os católicos
se opusessem às deportações e o massacre de milhares de cidadãos italianos.
Ciente da boa vontade do Papa, o embaixador alemão
enviou para o seu chefe uma carta na qual afirmava: “O papa, embora sob pressão
de todos os lados, não se permitiu ser levado a uma censura expressa da
deportação dos judeus de Roma. Embora deva saber que tal atitude será usada
contra ele por nossos adversários (…) mesmo assim o papa fez tudo o que era
possível para não prejudicar as relações com o governo alemão”.
Naqueles dias fatídicos, a preocupação de Pio XII
não era com as famílias italianas deportadas, ou com a cidade ocupada pelos
bárbaros nazistas, mas com os partisans que lutavam pela libertação da Itália.
Temia que uma abrupta saída dos alemães pudesse deixar a cidade nas mãos da
resistência comunista. “Os alemães, afirmou ele, pelo menos, haviam respeitado
a cidade do Vaticano e as propriedades da Santa Sé em Roma”. A sorte de Pio XII
é que Deus não existe, pois se existisse o fulminaria com um raio diante de tal
heresia.
Em 23 de março de 1944 um grupo de guerrilheiros
atacou um comando alemão e matou 33 invasores. Este ato heróico foi duramente
criticado pelo Vaticano e definido como terrorismo. A resposta alemã foi
assassinar friamente 335 italianos. A Santa Sé simplesmente se lastimou pelas
pessoas sacrificadas “em lugar dos culpados”. Em outras palavras, o Papa não se
oporia se os fuzilados fossem os membros da resistência italiana.
O papa e a
guerra-fria
Quando, finalmente, Roma foi libertada, o Sumo
Pontífice enviou uma singelo pedido, mui cristão, ao alto-comando das Forças
Aliadas na Itália no qual dizia: “O papa espera que não haja soldados pretos
entre as tropas aliadas que ficarão aquarteladas em Roma depois da ocupação”.
Nazistas sim, soldados negros não. Neste caso a
preocupação do Santo Papa não eram as propriedades do Vaticano e sim a
virgindade das moças italianas. A hecatombe universal não foi suficiente para
remover os preconceitos raciais do representante de Deus na terra.
No imediato pós-guerra estabeleceu-se uma sólida
aliança entre o Vaticano e o imperialismo norte-americano. O primeiro, e mais
sombrio, resultado desta nova concordata foi a cobertura dada à fuga de
inúmeros criminosos de guerra nazistas para a América do Sul e Estados Unidos.
Eles ainda poderiam ser úteis na luta contra o comunismo.
Milhões de dólares foram investidos na reorganização
da Democracia Cristã, na Itália e na Alemanha. Desmontada para ajudar o
nazi-fascismo e agora reorganizada para derrotar a esquerda socialista. Em
1949, o Papa determinou que os católicos não deveriam ser membros e nem votar
nos Partidos Comunistas. Os padres estavam autorizados a recusar os sacramentos
a quem desobedecesse estas ordens. As excomunhões se proliferaram por todo o
mundo, inclusive no Brasil.
O mesmo Pacelli que advogou a colaboração de
católicos e nazistas – ou o silêncio obsequioso em relação aos crimes destes
últimos – agora passava a defender uma igreja politicamente ativa contra o
comunismo; apoiando, inclusive, de maneira irresponsável, o martírio pessoal
dos seus bispos no Leste Europeu.
O conservador Pio XII foi sucedido por três papas
progressistas, João XXIII, Paulo VI e João Paulo I que procuraram estabelecer
algum diálogo com o mundo socialista, incentivaram teólogos da libertação e
defenderam certo ecumenismo. Mas esta fase teve curtíssima duração – foi apenas
de 1958 até 1978. João Paulo II retomou o ciclo conservador que agora tem no
Papa Bento XVI sua versão radicalizada. Dias difíceis podem esperar os
católicos progressistas do mundo. Diante deste quadro sombrio só nos resta
suplicar: “Que Deus nos proteja …. do Santo Padre!”
O SANTUÁRIO DE
FÁTIMA TEVE OURO NAZI DEPOSITADO NUMA CONTA BANCÁRIA, NOS ANOS 70, AO TODO
FORAM 50 QUILOS, DA CASA DA MOEDA PRUSSIANA - BERLIM, 1942...
No princípio era o “cascalho”. {Notem que não era o
verbo, mas o cascalho!} Foi desta forma que os responsáveis do santuário de
Fátima chamavam o ouro velho ou deteriorado que os devotos ofereciam nas suas
peregrinações: fios, argolas, brincos, alfinetes, alianças ou aparentados. Ouro
esse que, a partir de 1959, o Santuário achou por bem começar a derreter e
transformar em barras, guardando-o nos seus cofres. Porém, em 1970, e por
razões de segurança, foi decidido recorrer ao depósito nos cofres do Pinto de
Magalhães {grande banco particular de Portugal}, no Porto. Aí, e para esse
efeito, o Santuário tinha uma conta designada ‘não oficial’ ou ‘Conta 2’ e por
isso considerada ilegal. À luz da confiabilidade oficial, o resultado era
simples; o ouro do Santuário, pura e simplesmente não existia. Foi em outubro
daquele ano de 1970 que o Banco, a braços com dificuldades em importar ouro
para vender nos balcões, decidiu colmatar a falta, recorrendo ao do Santuário,
que ali se encontrava na situação de guarda à confiança. Eram, então, quase 198
quilos. Os contatos para obter a anuência do reitor, monsenhor Antonio Borges
(já falecido), foram efetuados por um emissário do próprio Pinto de Magalhães.
E acabaram bem sucedidos, com uma condição imposta pelo Santuário: o banco
poderia fazer o que muito bem entendesse com o ouro, mas a quantidade utilizada
nesses negócios deveria ser restituída na primeira oportunidade. Uma operação
financeira posteriormente anulada, destinada a fazer entrar o ouro do Santuário
no circuito oficial e a vendê-lo, fez o resto.
O mencionado emissário, Alfredo Barros, também já
desaparecido, foi, durante alguns anos, o portador das peças de ouro do
Santuário destinadas a serem derretidas e transformadas em barras. Até agosto
de 1973, de Fátima continuaram a chegar, regularmente, diversos sacos, alguns
totalizando para acima de 30 quilos, que continham uma variedade razoável de
peças doadas pelo peregrinos. Várias cartas testemunham esses envios, embora
parte da correspondência trocada entre o Banco e a reitoria de Fátima tenha
desaparecido sem deixar rastro, quando se encontrava, a pedido da PJ, à guarda
do banco. Na maioria dos casos, as missivas do Santuário descreviam ao pormenor
a ‘encomenda’ e o Banco respondia, dando o peso final desse ouro, já em barra,
e agradecendo a confiança nele depositada. Outras cartas ilustram apenas o bom
relacionamento entre a entidade religiosa e sua correspondente financeira,
tendo o Santuário louvado, não poucas vezes, a amabilidade com que os seus
enviados – incluindo por vezes o próprio reitor – eram recebidos na sede do
Banco Pinto de Magalhães... O ouro do santuário é tanto que circula sobre rodas
dentro dos túneis do Santuário, que fazem lembrar as minas com vagões, carros e
tudo.
Até aqui temos um breve relato do ouro de Fátima
colocado no Banco Pinto de Magalhães. Indagado pela revista “Visão” sobre
quanto ouro nazista Portugal recebeu, o ilustre pesquisador e historiador,
Antonio Louçã, responde: “Através do depósito C do Banco Suíço, recebeu cerca
de 48 toneladas, mas quatro foram devolvidas. Se contabilizarmos os depósitos
A, B e C, terá recebido à volta de 123 toneladas. Mas existiu um canal paralelo
de entrada de ouro e esse não é controlável. Segundo um documento do Reich Bank,
só no mês de junho de 1944, entrou por mala diplomática uma quantidade de ouro
relevante para cobrir os gastos da Legação Alemã em Portugal, e, depois, era
colocado no mercado, vendido a ourivesarias ou outras entidades particulares”.
Quando indagado pela “Visão” se era possível
identificar o circuito das barras que estiveram na posse do Santuário, Louçã
responde:
É impossível estabelecer uma pista mais provável. É
importante saber como é que esse ouro foi parar no Banco Pinto de Magalhães,
mas há uma lacuna de décadas e não creio que alguma vez se possa reconstituir
completamente o percurso. (Quem sabe, agora Portugal vai progredir um pouco,
depois de se libertar paulatinamente das garras de ferro do Vaticano e sua
deusa Fátima, com a ajuda do Pe. Mário de Oliveira, autor do livro “Fátima
Nunca Mais”!)
A Igreja de Roma jamais soube manusear a Bíblia, a
não ser para deturpar o seu conteúdo, desde o século 4, usando o texto
alexandrino corrompido por Orígenes, um dos primeiros apóstatas do Evangelho do
Senhor Jesus Cristo. Contudo, ela sabe manusear muito bem os seus bilhões em
barras de ouro, guardados em depósitos seguros do Ocidente. J. T. Chick, editor
e escritor americano, fundador e presidente da Chick Publications, Califórnia,
conta numa de suas publicações (The Godfathers) o que a Igreja fez com o ouro
dos nazistas. Quem sabe o pesquisador Antonio Louçã ainda desconheça este
pormenor a respeito do lugar onde foi parar o ouro nazista que, mais tarde, foi
distribuído por vários bancos particulares na Europa e nas Américas.
Diz J. T. Chick
o seguinte:
Quando a II Guerra Mundial estava chegando ao fim, o
exército soviético (suprido com armamento americano) atacava no Oriente,
enquanto os Aliados entravam na Alemanha, esmagando o exército de Hitler.
Atendendo a um pedido secreto de Hitler, o General Franco enviou-lhe o seu
famoso “Exército Azul”, quase todo
composto de soldados bascos. Este exército espanhol lutou pelos alemães,
defendendo Berlim. Quando Hitler viu que estava perdido cometeu suicídio e o
seu Almirante, Karl Doenitz (um bom católico romano) assumiu o comando da
Alemanha nazista. Uma divisão inteira foi transportada de trem através das
linhas aliadas. Essa divisão ostentava a bandeira do Vaticano. Seus condutores
diziam aos Aliados que sua missão era salvar freiras, padres e monges. Contudo,
em vez de devolver o “Exército Azul” à Espanha, conforme Hitler havia prometido
fazer, Doenitz colocou o ouro nazista, que agora pertencia ao Vaticano, dentro
daquele trem e o mandou para os bancos suíços. Desse modo, o Exército Azul foi
traído e a maior parte dos seus membros acabou nas prisões russas. Os poucos
sobreviventes que conseguiram regressar à Espanha foram fuzilados ou atirados
em asilos de loucos, a fim de que a verdadeira história do ouro nazista
permanecesse oculta ao mundo inteiro. Contudo, os principais oficiais do
Exército Azul, que tomaram parte naquela conspiração, retornaram em glória ao
seu país e até foram condecorados pelos serviços prestados ao papa Pio XII.
Quanto aos americanos, foi-lhes dito que o trem carregado de ouro, que estava
atravessando suas linhas, era o Trem da Misericórdia do papa, levando
medicamentos para os feridos. {Pio XII sempre foi “misericordioso” com a Igreja
dele, porém jamais com os judeus e protestantes!]. Quando os americanos viram a
bandeira do papa, permitiram que o trem passasse sem inspeção alguma. A
Alemanha rendeu-se em 08/05/1945.
A Europa ficou em ruínas. Milhões haviam sido
dizimados para satisfazer a sede fatimista de ouro e sangue (A Deusa parece
gostar de ensopado de cascalho de ouro velho ao molho pardo). Pio XII tinha
agora um probleminha pela frente. O filho amado da igreja, o Partido Nazista,
estava derrotado, enquanto o outro filho, que ele havia renegado, o Partido
Comunista, criado, amamentado e fortalecido pela Igreja antes, durante e logo
depois da Revolução Russa (1914-1918), com o objetivo de liquidar o Czar, dessa
vez saíra vitorioso. Para saber como a Igreja de Roma criou o Partido Comunista
deve-se ler o livro de Michael Pearson, “The Sealed Train”, (1975, G. P.
Patnam’s) em que é revelado o esquema da remessa de ouro do Vaticano para a
Rússia, via Alemanha, a fim de ajudar os comunistas. Com o término da II Guerra
Mundial, os jesuítas, sempre precavidos contra qualquer eventualidade, haviam
tomado as seguintes precauções:
1. Fazer com que o mundo inteiro acreditasse que o
Vaticano nada havia tido com a II Guerra Mundial e convencer o mundo de que o
Holocausto jamais havia acontecido.
2. Dar a certeza de que os padres, freiras e monges
nazistas haviam sido internados em campos de concentração (como inimigos do
nazismo) e, desse modo, convencer o mundo de que estes haviam sido perseguidos.
3. Pio XII havia ordenado que as famílias católicas
abrigassem alguns judeus em seus lares, a fim de que no futuro estes servissem
de material de relações públicas documentais para livros, filmes, etc.
4. Mostrar uma nova face da Igreja através da
convocação – mais tarde, já com o sucessor de Pio XII, Papa João XXIII, – do
Concílio Vaticano II.
Este é apenas um milésimo do que sabemos sobre a
atuação da ”Senhora de Fátima” na política mundial. Uma coisa é certa: ela foi
criada não apenas para ser a “Deusa do Cascalho”, mas sobretudo para se tornar
a “Rainha do Universo”. E vai conseguir o seu intento porque já tem conquistado
povos que durante séculos nem sequer poderiam admitir qualquer aproximação com
a Igreja de Roma. Como Dave Hunt deixa bem claro em seu livro “A Woman Rides
the Beast” (traduzido por mim), ela é a amazona cavalgando a besta, que vai
reunir todas as religiões numa só: a Religião Mundial, da Igreja Mundial sob a
égide do Anticristo.
Bibliografia:
Cornwell, John – O papa de Hitler: A história
secreta de Pio XII, Ed. Imago, RJ, 2000
Filmografia:
Amém – Diretor Costa Gravas
Roma, cidade aberta – Diretor Roberto Rosselini