De origem afro-baiana, o samba descende do lundu usado nas festas dos terreiros entre umbigadas e pernadas de capoeira. Característica marcante do Brasil, o samba cresce e se reinventa. Samba-canção, samba de breque, samba de roda, samba-enredo, samba rock são alguns de seus derivados.
A origem da palavra
Quanto à origem
da palavra SAMBA, e de seu significado, há controvérsias entre os estudiosos. O
etnógrafo e o folclorista lusitano Edmundo Correia Lopes (citado por Hugo
Rocha) ocupa-se de um dança da Guiné portuguesa a que os indígenas chamam samba
e que é, sem duvida - afirma - parente próxima do samba do Brasil, o qual, se
não descende, em linha reta, daquela, tem, pelo menos, a mesma origem. A
afirmação de que o vocábulo designa um ritmo fula, indaga o autor acima citado:
"Mas será samba realmente o nome de um toque tradicional? Para tal a razão
conhecida parece-me pouco genérica. O nome que à cantiga, veio de uma palavra
que nela se repete, sempre ou varias vezes no fim da primeira frase, é o nome do
cantador e ator da mímica que representa a provocação de uma rapariga a um
rapaz, motivo frequente das danças profanas. O rapaz chama-se Samba. Samba,
provocado a dançar, reproduz os movimentos da provocadora, ideal, porque a
dança é o solo, podendo ser repetida pelo coro".
Outros
investigadores reconhecem na palavra Samba um vocábulo de origem bantu, e
dão como designativo de um determinado movimento de dança. Ou seria, também,
um derivado do verbo "Kumba", usado com significado de
"namorada". Este é um sentido que parece não estar longe da
realidade, porque de fato o tema do Amor - do amor impossível ou contrafeito,
sobretudo - é o que predomina nas composições desse gênero. De resto, no que
respeita ao aspecto sensual da musica, todos os autores estão mais ou menos
acordes. "O Samba é dança essencialmente feminina, mais combativa que erótica"
-, diz Edmundo Correia Lopes. Quase todos os ritmos de danças populares
brasileiras - o maxixe, os cocos, o frevo, os recortados - têm influencia africana,
total ou parcial. De todos, porem, o mais característico é o samba, que
permanece ainda como padrão da nossa musica popular.
Após a abolição
da escravatura, milhares de ex-escravos, saídos principalmente da Bahia, foram
ao Rio de Janeiro procurar emprego e tentar recomeçar a vida. Moravam em morros
distantes do centro "nobre" carioca, mas logo sua música foi levada
às altas classes da cidade. O único problema era que para agradar aos ouvidos
ricos, as rádios mutilavam o samba, recheando-o de cordas, em uma tentativa de
aproximá-los do som europeu.
A partir de
meados de 1915, sambistas como Marçal, Pixinguinha, Ismael Silva, Bidê, Donga,
Elói e Nilton Bastos conseguiram consolidar o chamado "samba de
morro". O primeiro samba, Pelo Telefone, de Donga, foi gravado em 1917. Em
1928 foi criada a primeira Escola de Samba do Brasil, a Deixa Falar. Os
sambistas já não eram perseguidos pela polícia nem considerados baderneiros. Não
demorou muito para que outra Escola de Samba fosse criada: era a Estação
Primeira de Mangueira. Os primeiros desfiles das Escolas foram feitos e logo
conquistaram a simpatia da população, independente de classe social ou cor.
A porta estava
aberta para que surgissem os sambistas brancos, e os primeiros foram Noel Rosa
e Ary Barroso. As rádios tocavam samba com mais frequência e a indústria
fonográfica passou a prensar discos que foram bem aceitos pelo público.
Ao longo das
décadas, o samba foi sendo absorvido pelos mais variados estilos, como a bossa
nova. Foi graças à simpatia de artistas de outros ramos que, nos anos 60, um de
seus maiores talentos, Cartola, passou a ser reconhecido.
Com o advento do
samba, foi aberto espaço para que o pagode também chegasse às massas. Ele já
era tocado em botecos e festas, mas foi com Paulinho da Viola, Clementina de
Jesus e Elton Medeiros que se tornou popular.
Em 1968 foi
criado o primeiro grupo de pagode, Os Originais do Samba. O golpe final para a
conquista do público foi na 1ª Bienal do Samba, quando o grupo acompanhou
ninguém menos que Elis Regina na música Lapinha.
Iniciou-se a
formação de uma nova safra de sambistas, representada pelo grupo Fundo de
Quintal, Beth Carvalho, Jorge Aragão (autor da clássica Coisinha do Pai), Agepê
e Almir Guineto. O samba e o pagode já estavam muito além dos limites cariocas:
do Oiapoque ao Chuí, era conhecido como o mais brasileiro dos ritmos.
Um dos mais
legítimos representantes do pagode saiu do Bloco Cacique de Ramos (RJ): é Zeca
Pagodinho, um artista premiado que mantém as raízes, a irreverência e o
descompromisso do ritmo.
Principais tipos de samba:
Samba-enredo
Surge no Rio de
Janeiro durante a década de 1930. O tema está ligado ao assunto que a escola de
samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou
culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile
da escola de samba.
Samba de partido alto
Com letras
improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É
o estilo dos grandes mestres do samba. Os compositores de partido alto mais conhecidos
são: Moreira da Silva, Martinho da Vila
e Zeca Pagodinho.
Pagode
Nasceu na cidade
do Rio de Janeiro, nos anos 70 (década de 1970), e ganhou as rádios e pistas de
dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de
percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às
letras simples e românticas. Os principais grupos são : Fundo de Quintal, Raça Negra, Art Popular e outros.
Samba-canção
Surge na década
de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Ai,
Ioiô (1929), de Luís Peixoto.
Samba carnavalesco
Marchinhas e
Sambas feitas para dançar e cantar nos bailes carnavalescos. exemplos : Abre
alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca,
Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa entre outras.
Samba-exaltação
Com letras
patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento de
orquestra. Exemplo: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso gravada em 1939 por
Francisco Alves.
Samba de breque
Este estilo tem
momentos de paradas rápidas, onde o cantor pode incluir comentários, muitos
deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da
Silva.
Samba de gafieira
Foi criado na
década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e muito forte na parte
instrumental, é muito usado nas danças de salão. Sambalanço. Surgiu nos anos 50
(década de 1950) em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande
influência do jazz.. Um dos mais significativos representantes do Sambalanço é
Jorge Ben Jor, que mistura também
elementos de outros estilos.