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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Drácula – A História nunca contada ou a estória mal contada

No ano de 2014 foi lançado nas telas do cinema mais uma obra de ficção cheia de mentiras especiais, ops!, efeitos especiais intitulada: Drácula- A história nunca contada.

Nenhum titulo poderia ser mais injusto para um filme desta natureza, pois a história relatada nele é a mesma que vem sendo repetida há séculos, e como sempre cheia de romantizações e dramatizações de reais vilões históricos, como ocorre no caso de Vlad Ţepeş, que fez sua infâmia nos registros históricos como ''Drácula- O empalador''.

Não se pode esperar menos de um momento tão delicado no cenário político mundial para se fazer um filme no qual um fanático sultão muçulmano ataca ''cristãos indefesos'' que são defendidos e salvos por um paladino correligionários determinado, que usa o mesmo slogan das atuas potencias mundiais para cometerem seus crimes: ''os fins justificam os meios''.

Por coincidência, recentemente um certo ''Estado Islâmico'' surge no Iraque, com seu califa declarando guerra ao Ocidente, e supostamente massacrando os cristãos a sua volta, e o mundo ocidental precisa unir forças para novamente frear o avanço do Islã e suas hordas assassinas, mesmo que isso signifique mais uma invasão a matar centenas de civis e arrasar um pais inteiro por décadas novamente. E que jeito melhor para se demonizar um suposto inimigo, e fazer suas centenas de mortos não parecerem nada, de que com um filme?

Pois claro, os jovens não estão vendo o Islã como uma ameaça. A lavagem cerebral não está surtindo efeito nos telejornais, pois hoje em dia, quem assiste televisão? Então, nada melhor de que pregar o medo do Islã nos corações ocidentais nas telonas, pois sempre funcionou, afinal, os japoneses não mereceram as lagrimas americanas pelos dois grandes massacres de Hiroshima e Nagasaki por que durante toda a guerra, a juventude americana foi alienada no mundo dos quadrinhos a ter japoneses como vilões desalmados, sub-humanos indignos de pena, da mesma maneira que muçulmanos são retratos hoje, desde videogames até as series e filmes.

Mas deixando um pouco de lado minha revolta, voltemos ao filme em si, e a verdade histórica do Drácula.
O filme começa com o festejo do povo da Transilvânia pela conquista da paz de seu príncipe com os turcos mediante a um tributo em prata e acordos. Mas tudo tem fim quando o sultão Mehmed II exige em adicional ao tributo, a quantia de mil garotos do reino de Vlad ao seu exercito sanguinário, incluindo o filho do próprio Vlad. Crianças a serem escravizadas para alimentar o desejo de poder do vil sultão.

Então Vlad vai a um determinado local fazer um pacto com um outro vampiro, para que possa ser transformado, e usar seus poderes para salvar sua família e seu povo dos famigerados muçulmanos do mal (rsrsrsrsrsrsr). Linda esta estória, porém não passa disso, uma estória falaciosa.

Quem teria pensado que 117 anos depois de Drácula ser introduzido no mundo ocidental por Bram Stoker, ele seria visto como um herói. Mas, infelizmente, neste clima geopolítico de hoje, parece que qualquer um que já massacrou brutalmente muçulmanos vai ser reinventado como um herói. O filme tenta evocar paralelos com Mel Gibson de "Coração Valente", pintando um retrato de um exército invasor turco, que por acaso são muçulmanos, opondo-se por um príncipe local, que deve recorrer às formas mais grotescas de violência, a fim de repeli-los. Mas isso é pura bobagem.

Na historiografia real, o pai de Drácula, Vlad Dracul II e seu clã, a Câmara dos Drăculeşti, tinham sido aliados obedientes dos turcos otomanos. Os turcos otomanos lutaram ferozes batalhas contra John Hunyadi, o inimigo amargo da Câmara dos Drăculeşti, a fim de colocar Vlad Dracul II no trono. Assim, podemos claramente notar que os turcos otomanos não eram de forma alguma inimigos da família de Dracula, mas quem realmente lutou para colocá-los no poder.
(Como um aparte, John Hunyadi é o patriarca da família Corvinus que são retratados como realeza vampira nos filmes "Anjos da Noite").

Além disso, o pai de Drácula ofereceu aos turcos otomanos o serviço militar dos meninos da Valáquia, para treinarem voluntariamente nas forças armadas otomanas, que eram de de longe, o maior exército do mundo naquela época, e o mais bem armado e mais poderoso. Algo comum na época, pois ao contrario da mentira inventada no Ocidente, o sistema de alistamento militar otomano era disputado, primeiramente por ser um exercito pago, e segundo por representar até para cristãos que se alistassem, uma subida e mudança no nível social, algo impossível na Europa da época controlada pela nobreza. Não só isso, o próprio pai de Drácula ofereceu seus próprios dois filhos, Drácula (Vlad Tepes) e Radu, seu irmão, para servirem no exército otomano, e para serem criados como muçulmanos. Então, por que Drácula se levantou contra os otomanos, e seu irmão não?

Era um oportunista! E a razão simples? Ouro. Mesmo que os cristãos tivessem perdido quase todas as cruzadas contra os muçulmanos, em 1459, no Concílio de Mântua, o Papa Pio II chamou a cristandade para mais uma cruzada contra os muçulmanos. Naquela época, o mundo muçulmano era defendido pelo Império Otomano. O Papa Pio II deu a Matthias Corvinus, rival de Drácula e filho de John Hunyadi, que era rival do pai de Drácula, uma espantosa quantidade em ouro. Nada menos que 40.000 peças de ouro, que foram suficientes, por si só, para levantar e construir um exército totalmente novo e marinha. Drácula simplesmente não ia deixar seu rival obter toda a torta para si mesmo. Foi neste momento que Drácula usou sua influencia como príncipe, para levar a Câmara dos Drăculeşti de serem aliados dos otomanos, para serem seus inimigos, e também ganharem dinheiro do Vaticano. Mesmo sendo um cristão ortodoxo originalmente, Drácula chegou a se converter ao catolicismo para alcanças suas ambições.

E como se não bastasse por seu próprio reino e povo em uma guerra contra a maior potencia militar da época por simples ganancia, vendo que não obteria o sucesso que ele queria, Drácula lançou uma campanha de terror massacrando civis muçulmanos empalados, para aterrorizar os otomanos. E dai veio a fama de vampiro sanguinário que iria ficar conhecida na historia, e inspirar Bram Stoker.

Por: Victor Peixoto.