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domingo, 10 de janeiro de 2016

Relações entre Arábia Saudita e Irã

 
Irã
De maioria sunita, a Arábia Saudita compete com o Irã, xiita, pelo posto de potência regional e têm fortes laços com os Estados Unidos, o maior inimigo atual do governo de Teerã. Ambos também possuem culturas diferentes, já que um é árabe e o outro é persa.

Arábia Saudita
 A Arábia Saudita surgiu em 1932, após um longo processo de conflitos tribais e religiosos em que a Casa de Saud se impôs militarmente como dinastia reinante, algo conseguido com uma aliança político-religiosa efetuada com o movimento religioso wahhabismo. O Irã é um país persa que, após séculos sob domínio de outros povos, dentre eles o Império Árabe (séculos VII até XI), adotou o islamismo xiita como religião, mantendo a língua persa em oposição à língua árabe. Após a Revolução Islâmica, em 1979, os dois países, considerados os mais fortes pilares do Oriente Médio e os principais produtores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), se engajaram em uma disputa político-religiosa pelo domínio geopolítico na região.

     Nesta disputa, o Irã e a Arábia Saudita investiram nos confrontos existentes na área. No âmbito religioso, a República Islâmica do Irã é de maioria xiita e a Arábia Saudita é sunita, embora entre seus súditos exista uma minoria xiita. Na questão geopolítica, diversos conflitos no Oriente Médio opõem os rivais: no conflito palestino, o Irã apoia o grupo radical islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, enquanto a Arábia Saudita apoia o al-Fatah (partido da Autoridade Nacional Palestina, governante da Cisjordânia), que é aliado das potências ocidentais; no Líbano, os partidos sunitas recebem ajuda dos sauditas, enquanto o Hezbollah, organização político militar xiita, é apoiado por Teerã; no Bahrein, os xiitas, mais de 70% da população, são oprimidos pela monarquia sunita do país, que recebe o auxílio das tropas sauditas.

     Neste conflito de poder entre o Irã e a Arábia Saudita, o Iêmen tornou-se um campo de batalha e, até o momento, pelo menos 115 crianças morreram desde o início da campanha aérea lançada pela Arábia Saudita contra os rebeldes xiitas, segundo o anúncio realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). De acordo com o jornal The Wall Street Journal, “militantes houthis que controlam a capital do Iêmen tentam construir laços com o Irã, Rússia e China, para contrabalançar o apoio que o ocidente e os sauditas dão ao presidente deposto”. Desta forma, a guerra civil no Iêmen tem fortalecido o grupo xiita dos Houthis, que busca apoio do Irã para acabar com a influência saudita na região, e contra o qual os sauditas atuam fortemente.

     Desde as revoltas ocorridas na Primavera Árabe, em 2011, as mudanças na região do Oriente Médio continuam aumentando. No cenário atual, o Irã, xiita, se tornou referência em uma região dominada pela Arábia Saudita, sunita, que sempre contou com o apoio de potências como os EUA e Israel. No entanto, especialistas internacionais entendem que a República Islâmica do Irã tem apresentado um comportamento diplomático diferente, na medida em que, após chegar a um acordo com o “P5 + 1” sobre a questão nuclear, o país vem tentando mostrar com atos a tese de que apresenta uma política historicamente pacifista, tanto que, de acordo com Javad Zarif, o ministro das Relações Exteriores, o Irã “não invadiu nenhum país nos últimos 250 anos”. Este argumento, no entanto, é questionado por analistas e historiadores.