O frevo é um dos
mais peculiares gêneros musicais brasileiros. O ritmo, que foi reconhecido como
Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), nasceu na cidade do Recife, no fim do
século XIX, com uma mistura de dobrados, maxixe e polca.
O Frevo música -
Pode-se afirmar que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira,
feita para o carnaval. Os músicos pensaram em dar ao povo mais animação nos
folguedos de carnaval, e a gente de pé no chão, queria música barulhenta e
animada, que desse espaço para extravasar alegria dentro daquele improviso. No
decorrer do tempo a música ganha características próprias acompanhada por um
bailado inconfundível de passos soltos e acrobáticos. Nas suas origens o frevo
sofreu várias influências ao longo do tempo, produzindo assim variedades. A
década de trinta serve de base para a divisão do frevo em:
Frevo-de-Rua,
Frevo-Canção, Frevo-de-Bloco.
FREVO-DE-RUA - É
o mais comumente identificado como simplesmente frevo, cujas características
não se assemelham com nenhuma outra música brasileira, nem de outro país. O
frevo-de-rua se diferencia dos outros tipos de frevo pela ausência completa de
letra, pois é feito unicamente para ser dançado. Na música é possível
distinguir-se três classes: o frevo-abafo ou de encontro, no qual predominam os
instrumentos metálicos, principalmente pistões e trombones; o frevo-coqueiro,
com notas agudas distanciando-se no pentagrama e o frevo-ventania, constituído
pela introdução de semicolcheias. O frevo acaba, temporariamente, em um acorde
longo e perfeito. Frevos-de-rua famosos Vassourinhas de Matias da Rocha, Último
dia de Levino Ferreira, Trinca do 21 de Mexicano, Menino Bom de Eucário
Barbosa, Corisco de Lorival Oliveira, Porta-bandeira de Guedes Peixoto, entre
outros.
FREVO-CANÇÃO -
Nos fins do século passado surgiram melodias bonitas, tais como A Marcha n° 1
do Vassourinhas, atualmente convertido no Hino do carnaval recifense, presente
tanto nos bailes sociais como nas ruas, capaz de animar qualquer reunião e
enlouquecer o passista. O frevo-canção ou marcha-canção tem vários aspectos
semelhantes à marchinha carioca, um deles é que ambas possuem uma parte
introdutória e outra cantada, começando ou acabando com estrebilhos.
Frevos-canção famosos: Borboleta não é ave de Nelson Ferreira, Na mulher não se
bate nem com uma flor de Capiba, Hino de Pitombeira de Alex Caldas, Hino de
Elefante de Clídio Nigro, Vestibular de Gildo Moreno, entre outros.
FREVO-DE-BLOCO -
Deve ter se originado de serenatas preparadas por agrupamentos de rapazes
animados, que participavam simultaneamente, dos carnavais de rua da época,
possivelmente, no início do presente século. Sua orquestra é composta de Pau e
Corda: violões, banjos, cavaquinhos, etc. Nas últimas três décadas observou-se
a introdução de clarinete, seguida da parte coral integrada por mulheres.
Frevos-de-bloco famosos: Valores do Passado de Edgar Moraes, Marcha da Folia de
Raul Moraes, Relembrando o Passado de João Santiago, Saudade dos Irmãos
Valença, Evocação n° 1 de Nelson Ferreira, entre outros.
O Frevo dança -
Vários elementos complementares básicos compõe toda dança, em especial no frevo
os instrumentos musicais serviam como arma quando se chocavam agremiações
rivais. A origem dos passistas são os capoeiras que vinham à frente das bandas,
exibindo-se e praticando a capoeira no intuito de intimidar os grupos inimigos.
Os golpes da luta viraram passos de dança, embalados inicialmente, pelas
marchas e evoluindo junto com a música do frevo.
::A SOMBRINHA -
Outro elemento complementar da dança, o passista à conduz como símbolo do frevo
e como auxílio em suas acrobacias. A sombrinha em sua origem não passava de um
guarda-chuva conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como
arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida.
Este argumento
baseia-se no fato de que os primeiros frevistas, não conduziam guarda-chuvas em
bom estado, valendo-se apenas da solidez da armação. Com o decorrer do tempo,
esses guarda-chuvas, grandes, negros, velhos e rasgados se vêm transformados,
acompanhando a evolução da dança, para converter-se, atualmente, em uma
sombrinha pequena de 50 ou 60 centímetros de diâmetro.
:: O VESTUÁRIO -
Também como elemento imprescindível em algumas danças folclóricas, o vestuário
que se precisa para dançar o frevo, não exige roupa típica ou única. Geralmente
a vestimenta é de uso cotidiano, sendo a camisa mais curta que o comum e justa
ou amarrada à altura da cintura, a calça também de algodão fino, colada ao
corpo, variando seu tamanho entre abaixo do joelho e acima do tornozelo, toda a
roupa com predominância de cores fortes e estampada. A vestimenta feminina se
diferencia pelo uso de um short sumário, com adornos que dele pendem ou
mini-saias, que dão maior destaque no momento de dançar.
:: PASSOS DO
FREVO - A dança do frevista é geralmente caracterizada pela sua individualidade
na exibição dos passos. Os passos nasceram da improvisação individual dos
dançarinos, com o correr dos anos, dessa improvisação se adotaram certos tipos
ou arquétipos de passos. Existem atualmente um número incontável de passos ou
evoluções com suas respectivas variantes. Os passos básicos elementares podem ser
considerados os seguintes: dobradiça, tesoura, locomotiva, ferrolho, parafuso,
pontilhado, ponta de pé e calcanhar, saci-pererê, abanando, caindo-nas-molas e
pernada, este último claramente identificável na capoeira. A seguir descrições
dos cinco primeiros citados:
DOBRADIÇA -
Flexiona-se as pernas, com os joelhos para frente e o apoio do corpo nas pontas
dos pés. Corpo curvado para frente realizando as mudanças dos movimentos: o
corpo apoiado nos calcanhares, que devem está bem aproximados um do outro, pernas
distendidas, o corpo jogado para frente e para trás, com a sombrinha na mão
direita, subindo e descendo para ajudar no equilíbrio. Não há deslocamentos
laterais. Os pés pisam no mesmo local com os calcanhares e pontas.
TESOURA
A - Passo
cruzado com pequenos deslocamentos à direita e à esquerda. Pequeno pulo, pernas
semiflexionadas, sombrinha na mão direita, braços flexionados para os lados.
B - O dançarino
cruza a perna direita por trás da esquerda em meia ponta, perna direita `a
frente, ambas semiflexionadas. Um pulo desfaz o flexionamento das pernas e, em
seguida, a perna direita vai apoiada pelo calcanhar; enquanto a esquerda,
semiflexionada, apoia-se em meia ponta do pé, deslocando o corpo para esquerda.
Refaz-se todo o movimento, indo a perna esquerda por trás da direita para
desfazer o cruzamento. Neste movimento, o deslocamento para a direita é feito
com o corpo um pouco inclinado.
LOCOMOTIVA-
Inicia-se com o corpo agachado e os braços abertos para frente, em quase
circunferência e a sombrinha na mão direita. Dão-se pequenos pulos para
encolher e estirar cada uma das pernas, alternadamente.
FERROLHO - Como
a sapatear no gelo, as pernas movimentando-se primeiro em diagonal (um passo)
seguido de flexão das duas pernas em meia ponta, com o joelho direito virado
para a esquerda e vice-versa. Repetem-se os movimentos, vira-se o corpo em
sentido contrário ao pé de apoio, acentuando o tempo e a marcha da música.
Alternam-se os pés, movimentando-se para frente e para trás, em meia ponta e
calcanhar; o passista descreve uma circunferência.
PARAFUSO - Total
flexão das pernas. O corpo fica, inicialmente, apoiado em um só pé virado, ou
seja, a parte de cima do pé fica no chão, enquanto o outro pé vira-se,
permitindo o apoio de lado (o passista arria o corpo devagar).