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terça-feira, 22 de março de 2016

A política do Apartheid na África do Sul

Desde 2010, a ONU (Organização das Nações Unidas) comemora em 18 de julho o Dia internacional em homenagem ao herói da luta anti-apartheid, o Mandela Day
O que significa Apartheid:

Apartheid é uma palavra do idioma africânder que significa separação. Foi o nome dado ao sistema político que esteve em vigor na África do Sul e que exigia a segregação racial.

O Apartheid foi um sistema de segregação da população negra, que vigorou entre 1948 e 1994, comandado pela minoria branca na África do Sul. A política racista do apartheid, pretendia impedir todo o relacionamento entre os indivíduos de "raças" diferentes e submeter a maioria da população a uma reduzida minoria caucasiana.

Criado pelo Partido Nacional da República da África do Sul, o apartheid tinha como objetivo alcançar o desenvolvimento através da separação política, econômica, social e espacial de diferentes "raças". Apenas as pessoas brancas podiam votar e o casamento e relações sexuais entre pessoas de diferentes raças eram proibidas.

A política do apartheid foi muito controversa, tendo sido criticada e combatida por vários países porque pressupunha a discriminação de pessoas negras. Por esse motivo, a África do Sul ficou diplomaticamente isolada.

Apartheid também é uma palavra que descreve qualquer tipo de política ou prática que separa as pessoas de acordo com a sua raça.

Entre as principais leis do apartheid, podemos citar:

- Proibição de casamentos entre brancos e negros - 1949.

- Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-africanos (branco, negro ou mestiço) - 1950.

- Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades - 1950

- Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros) - 1951

- Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos) - 1953

- Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões – 1953.

A resistência negra ao apartheid

A resistência negra ao apartheid era comandada pela frente denominada Congresso Nacional Africano, cujo principal líder era Nelson Mandela, condenado ‘a prisão perpétua pelos tribunais da minoria branca. Durante a década de 1970, a luta dos negros ganhou força com os protestos no subúrbio de Soweto, na cidade de Johan Nesburgo, duramente reprimidos pela polícia branca. No plano exterior, a África do Sul começou a ser boicotada nos circuitos esportivos e artísticos, além de sofrer bloqueio econômico de seus produtos por parte de diversos países, para forçá-la a acabar com o apartheid.

No início da década de 1990, o regime racista já não podia fazer frente à pressão internacional e começou a queda das leis segregacionistas. No mesmo ano de 1990 foi libertado o líder Nelson Mandela, que estivera preso por 27 anos. Nas primeiras eleições livres, em 1994. Mandela foi eleito presidente. Embora o apartheid tenha sido extinto e todos os cidadãos da África do Sul sejam agora iguais perante a lei, persistem enormes diferenças sociais entre a minoria branca e a maioria negra pauperizada. O país ainda em graves problemas estruturais, como a baixa escolaridade dos jovens negros, a crescente epidemia de AIDS e a explosão da violência, expressa por assaltos.

Novas formas de apartheid

Ao longo de toda a história, diversos povos tradicionais e grupos étnicos sofreram perseguição. Durante a colonização das Américas, os indígenas e negros foram as grandes vítimas da escravidão. Na Europa, os judeus e ciganos foram discriminados e expulsos de muitos países, em diferentes períodos, da Inquisição na Idade Média ao século 20, com o nazismo alemão.

O apartheid sul-africano foi uma das leis mais recentes de separação de grupos. Duas décadas após o fim dessa política, o apartheid vai sendo recriado em outras formas. Atualmente, entre os povos que mais sofrem discriminação estão os ciganos que vivem na Europa, oriundos em sua maioria do Leste Europeu, de países como Romênia e Bulgária. A União Europeia estima que haja seis milhões de ciganos nos países do bloco. A maioria vive em guetos e em situação de pobreza extrema.

Na França, onde moram cerca de 20 mil ciganos, a política anti-imigração iniciada com o governo de Nicolas Sarkozy e seguida por François Hollande já desmantelou acampamentos e expulsou centenas de ciganos para seu país de origem. Em 2008, o premiê italiano Silvio Berlusconi já havia iniciado uma expulsão em massa dos ciganos do país.

Na Grécia e Irlanda, o governo já retirou crianças de casais ciganos que não se pareciam com os pais. Em Portugal, dezenas de famílias de ciganos foram removidas para assentamentos “só para ciganos”. Na Itália, causou polêmica a criação do bairro “La Barbuta”, construído nos arredores de Roma. O local é rodeado de cercas e câmeras e tende a isolar as famílias ciganas.

Na República Checa, onde vivem 200 mil ciganos, criaram-se escolas especiais para as crianças ciganas, que em alguns casos dividem a sala de aula com crianças incapacitadas. Há bairros que reúnem apenas essa população, separados do resto e sem acesso aos mesmos direitos, e muitos restaurantes proíbem a entrada de "romenis", na Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Bulgária.

Os mulçumanos também constituem outra parcela da população de imigrantes, estigmatizada e alvo de xenofobia na Europa. As famílias de estrangeiros vivem concentradas nas periferias das grandes cidades.

A crise econômica dos países europeus e o aumento do desemprego têm levado os governos a desmantelar aos poucos, o antigo modelo do Estado de bem-estar social, que garante assistência social aos desempregados. Como consequência, os políticos têm adotado medidas mais duras contra a imigração. E com o crescimento da extrema direita na Europa, a situação tende a piorar.