Isaac Newton |
Isaac
Newton (Woolsthorpe-by-Colsterworth, 25 de dezembro de 1642jul./ 4 de janeiro
de 1643greg. — Kensington, 20 de março de 1726jul./ 31 de março de 1727greg.)
foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora
tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo.
Sua
obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada uma das mais
influentes na história da ciência. Publicada em 1687, esta obra descreve a lei
da gravitação universal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica
clássica.
Ao
demonstrar a consistência que havia entre o sistema por si idealizado e as leis
de Kepler do movimento dos planetas, foi o primeiro a demonstrar que os
movimentos de objetos, tanto na Terra como em outros corpos celestes, são
governados pelo mesmo conjunto de leis naturais. O poder unificador e profético
de suas leis era centrado na revolução científica, no avanço do heliocentrismo
e na difundida noção de que a investigação racional pode revelar o
funcionamento mais intrínseco da natureza.
Newton
construiu o primeiro telescópio refletor operacional e desenvolveu a teoria das
cores baseada na observação que um prisma decompõe a luz branca em várias cores
do espectro visível. Ele também formulou uma lei empírica de resfriamento e
estudou a velocidade do som.
Além
de seu trabalho em cálculo infinitesimal, como matemático Newton contribuiu
para o estudo das séries de potências, generalizou o teorema binomial para
expoentes não inteiros, e desenvolveu o método de Newton para a aproximação das
raízes de uma função, além de muitas outras contribuições importantes.
Newton
também dedicou muito de seu tempo ao estudo da alquimia e da cronologia
bíblica, mas a maior parte de seu trabalho nessas áreas permaneceu não
publicada até muito tempo depois de sua morte.
Em
uma pesquisa promovida pela Royal Society, Newton foi considerado o cientista
que causou maior impacto na história da ciência. De personalidade sóbria,
fechada e solitária, para ele, a função da ciência era descobrir leis
universais e enunciá-las de forma precisa e racional.
Primeiros anos
Newton
nasceu em 4 de janeiro de 1643 em Woolsthorpe Manor, embora seu nascimento
tivesse sido registrado como no dia de Natal, 25 de dezembro de 1642, pois
àquela época a Grã-Bretanha usava o calendário juliano. Seu nascimento foi
prematuro, não tendo conhecido seu pai, um próspero fazendeiro que também se
chamava Isaac Newton e morreu três meses antes de seu nascimento. Sua mãe,
Hannah Ayscough Newton, passou a administrar a propriedade rural da família. A
situação financeira era estável, e a fazenda garantia um bom rendimento. Com
apenas três anos, Newton foi levado para a casa de sua avó materna, Margery
Ayscough, onde foi criado, já que sua mãe havia se casado novamente (com um
pastor chamado Barnabas Smith). O jovem Isaac não havia gostado de seu padrasto
e brigou com sua mãe por se casar com ele, como revelado por este registro em
uma lista de pecados cometidos até os 19 anos de idade: "Ameaçar meu pai
Smith e minha mãe de queimar sua casa com eles dentro."
Um
ser de personalidade fechada, introspectiva e de temperamento difícil: assim
era Newton, que, embora vivesse em uma época em que a tradição dizia que os
homens cuidariam dos negócios de toda a família, nunca demonstrou habilidade ou
interesse para esses tipos de trabalho. Parece que o único romance de que se
tem notícia na vida de Newton tenha ocorrido com a senhorita de nome Anne
Storer (filha adotiva do farmacêutico e hoteleiro William Clarke), embora isso
não seja comprovado.
A
partir da idade de aproximadamente doze até os dezessete anos, Newton foi
educado na The King's School, em Grantham (onde a sua assinatura ainda pode ser
vista em cima de um parapeito da janela da biblioteca). Ele foi retirado da
escola em outubro de 1659 para viver em Woolsthorpe-by-Colsterworth, onde sua
mãe, viúva, agora pela segunda vez, tentou fazer dele um agricultor; mas ele
odiava trabalhar na agricultura. Henry Stokes, diretor da The King's School,
convenceu sua mãe a mandá-lo de volta à escola para que pudesse completar sua
educação.Um caderno escolar de Newton revela alguns dos assuntos que ele
estudou nas aulas de Stokes neste período: aritmética, agrimensura,
trigonometria e construções geométricas que incluíam as aproximações de
Arquimedes para o número π. De acordo com o historiador V. F. Rickley:
"Isso ia muito além de qualquer coisa ensinada nas universidades da época;
consequentemente, ao contrário da tradição, Newton tinha um conhecimento superior
de matemática antes de ir para Cambridge."
Especula-se
que Newton estudou latim, grego, hebreu e a Bíblia. Alguns autores destacam a
ideia de que era um aluno mediano, até que uma cena de sua vida mudou isso: uma
briga com um colega de escola fez com que Newton decidisse ser o melhor aluno
da classe e de todo o prédio escolar.
Resumo das suas realizações
Newton
estudou no Trinity College de Cambridge, e graduou-se em 1665. Um dos
principais precursores do Iluminismo, seu trabalho científico sofreu forte
influência de seu professor e orientador Barrow (desde 1663), e de Schooten,
Viète, John Wallis, Descartes, dos trabalhos de Fermat sobre retas tangentes a
curvas; de Cavalieri, das concepções de Galileu Galilei e Johannes Kepler.
O
matemático francês Abraham de Moivre, um dos melhores amigos de Newton, lhe
indagou sobre as origens do interesse de Newton por matemática, e pediu
detalhes a respeito de seus estudos. Descobriu que o interesse de Newton
começou em 1663, aos 20 anos, quando ele comprou um livro de astrologia e não
conseguiu entender a matemática usada nele.Assim, Newton comprou um livro de
trigonometria, e não conseguindo entender as demonstrações, começou a estudar
Os Elementos de Euclides, que leu inteiro. Prosseguiu para o Clavis
Mathematicae, de Oughtred, e então para o La Géométrie, de Descartes. Seguiu o
estudo com Exercitationum mathematicarum, de Schooten, e então o Opera
Mathematica, de Viète. E finalmente para os dois livros de Wallis: Arithmetica
infinitorum e Tractatus duo. Estudos que Newton realizou como autodidata em
pouco mais de um ano.
Em
1663, formulou o teorema hoje conhecido como Binômio de Newton. Fez suas
primeiras hipóteses sobre gravitação universal e escreveu sobre séries
infinitas e o que chamou de teoria das fluxões (1665), o embrião do Cálculo
Diferencial e Integral.
Por
causa da peste negra, o Trinity College foi fechado em 1666 e o cientista foi
para a casa de sua mãe em Woolsthorpe-by-Colsterworth. Foi neste ano de retiro
que construiu quatro de suas principais descobertas: o Teorema Binomial, o
cálculo, a lei da gravitação universal e a natureza das cores. Construiu o
primeiro telescópio de reflexão em 1668, e foi quem primeiro observou o
espectro visível que se pode obter pela decomposição da luz solar ao incidir
sobre uma das faces de um prisma triangular transparente (ou outro meio de
refração ou de difração), atravessando-o e projetando-se sobre um meio ou um
anteparo branco, fenômeno este conhecido como dispersão. Optou, então, pela
teoria corpuscular de propagação da luz, enunciando-a em 1675 e contrariando a
teoria ondulatória de Huygens.
Tornou-se
professor de matemática em Cambridge (1669) e foi eleito Membro da Royal
Society em 1672. Sua principal obra foi a publicação Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica (Princípios matemáticos da filosofia natural — 1687), em
três volumes, na qual enunciou a lei da gravitação universal (Vol. 3),
generalizando e ampliando as constatações de Kepler, e resumiu suas
descobertas, principalmente o cálculo. Essa obra tratou essencialmente sobre
física, astronomia e mecânica (leis dos movimentos, movimentos de corpos em
meios resistentes, vibrações isotérmicas, velocidade do som, densidade do ar,
queda dos corpos na atmosfera, pressão atmosférica, etc.).
De
1687 a 1690, foi membro do parlamento britânico, em representação da
Universidade de Cambridge. Em 1696 foi nomeado Warden of the Mint e em 1701
Master of the Mint, dois cargos burocráticos da Casa da Moeda britânica. Foi
eleito sócio estrangeiro da Académie des Sciences em 1699 e tornou-se
presidente da Royal Society em 1703. Publicou, em Cambridge, Arithmetica
universalis (1707), uma espécie de livro-texto sobre identidades matemáticas,
análise e geometria, possivelmente escrito muitos anos antes (talvez em 1673).
Matemática
Página do "Principia" de Newton (3 ª ed., 1726). |
O
trabalho de Newton foi descrito como "Um Trabalho distinto, que avançou
cada ramo da matemática". Sua obra sobre o assunto normalmente referido
como cálculo, foi visto em um manuscrito no mês de outubro de 1666, agora
publicado entre os papéis matemáticos de Newton.
Newton
mais tarde se envolveu em uma disputa com Leibniz sobre a autoria no
desenvolvimento do cálculo infinitesimal. A maioria dos historiadores modernos
acreditam que Newton e Leibniz desenvolveram cálculo infinitesimal de forma
independente, embora com diferentes notações. Ocasionalmente, tem sido sugerido
que Newton publicou quase nada sobre isso até 1693, e não deu um relato
completo até 1704, enquanto Leibniz começou a publicar um relato completo de
seus métodos em 1684. A Notação de Leibniz e o "Método diferencial",
hoje reconhecidos como notações muito mais convenientes, foram adotados por
matemáticos da Europa continental, e depois de 1820, também por matemáticos
britânicos.
Tal
sugestão, no entanto, não consegue esclarecer o conteúdo do cálculo que os
críticos da época de Newton e dos tempos modernos têm apontado em Philosophiæ
Naturalis Principia Mathematica. O Principia não é escrito na linguagem de
cálculo ou como nós o conhecemos hoje, ou como Newton (mais tarde) usaria sua
notação para escrevê-lo.
Mas
o seu trabalho amplamente usa um cálculo infinitesimal em forma geométrica, com
base em valores limite das proporções de pequenas quantidades: no Principia o
próprio Newton deu uma demonstração deste sob o nome de "o método do
primeiro e do último rácio", e explicou por que ele colocou as exposições
desta forma.
Devido
a isso, o Principia foi chamado de "um livro denso com a teoria e
aplicação do cálculo infinitesimal", e "lequel est Presque tout ce de
calcul" ("quase tudo é o cálculo"), na época de Newton.
O
cálculo de Newton em forma geométrica é frequentemente objeto de fascínio de
muitos dos estudos sobre Newton. Após estudar o Principia, o físico indiano
Chandrasekhar afirmou: "seus conhecimentos físicos e geométricos eram tão
penetrantes que as provas emergiam inteiras em sua mente". O matemático
russo V. I. Arnold também expressou seu fascínio em relação a este aspecto do
Principia: "Comparando hoje os textos de Newton com os comentários de seus
sucessores, é impressionante como a apresentação original de Newton é mais
moderna, mais compreensível e rica em ideias do que as traduções realizadas por
seus comentadores de suas ideias geométricas para a linguagem formal do cálculo
de Leibniz."
Newton
tinha sido cauteloso em publicar o seu cálculo porque temia controvérsia e
críticas. Ele era amigo do matemático suíço Nicolas Fatio de Duillier. Em 1691,
Duillier começou a escrever uma nova versão de Principia e enviou a Leibniz. Em
1693, a relação entre Duillier e Newton acabou, e o livro nunca foi concluído.
A
partir de 1699, outros membros da Royal Society (da qual Newton era um membro)
acusaram Leibniz de plágio, e a disputa eclodiu com força total em 1711. A
Royal Society proclamou em um estudo que foi Newton o verdadeiro descobridor e
rotulou Leibniz de uma fraude. Este julgamento foi posto em dúvida quando se
descobriu mais tarde que o próprio Newton escrevera considerações finais do
estudo sobre Leibniz. Newton é creditado geralmente pelo binómio de Newton,
válido para qualquer expoente, descobriu as identidades de Newton, o Método de
Newton, fez contribuições substanciais para a teoria do operador de diferença,
e foi o primeiro a usar índices fracionários para empregar na geometria
analítica para obter soluções para a equação diofantina, além de ter sido o
primeiro a usar coordenadas polares. Newton foi nomeado Professor lucasiano de
Matemática, em 1669, por recomendação de Isaac Barrow.
Óptica
Um prisma decompondo a luz branca nas cores do espectro, como descoberto por Newton |
Newton
realizou descobertas fundamentais em óptica. Em 1666, Newton observou que a luz
que entrava por um orifício circular ao ser refratada por um prisma em posição
de desvio mínimo, formava uma imagem oblonga, em vez de circular, como seria
esperado matematicamente pela lei de Snell. Com isto, Newton conjecturou que o
prisma refrata cores diferentes por ângulos diferentes, e realizou
sistematicamente diversas experiências com o fim de corroborar ou falsear tal hipótese.
Entre
1670 e 1672, Newton trabalhou intensamente em problemas relacionados com a
óptica e a natureza da luz. Ele demonstrou, de forma clara e precisa, que a luz
branca é formada por uma banda de cores (vermelho, laranja, amarelo, verde,
azul, anil e violeta) que podiam separar-se por meio de um prisma.
Como
resultado de muito estudo, concluiu que qualquer telescópio
"refrator" sofreria de uma aberração hoje denominada "aberração
cromática", que consiste na dispersão da luz em diferentes cores ao
atravessar uma lente. Para evitar esse problema, Newton construiu um
"telescópio refletor" (conhecido como telescópio newtoniano). Isaac
Newton acreditava que existiam outros tipos de forças entre partículas,
conforme diz na obra Principia. Essas partículas, capazes de agir à distância,
agiam de maneira análoga à força gravitacional entre os corpos celestes. Em
1704, Isaac Newton escreveu a sua obra mais importante sobre a óptica, chamada
Opticks, na qual expõe suas teorias anteriores e a natureza corpuscular da luz,
assim como um estudo detalhado sobre fenômenos como refração, reflexão e
dispersão da luz.
Newton
colocou na parte final do Óptica uma lista de questões pendentes e possíveis
respostas a elas, seção que Newton ainda viria a expandir nas edições seguintes.
Nestes anos, ele foi capaz de se permitir fazê-lo — a autoridade de Newton após
o Principia era inquestionável, e eram poucos que ousavam fazer objeções.
Várias hipóteses revelaram-se proféticas. Em particular, Newton previu:
·
deflexão
da luz em um campo gravitacional;
·
o
fenômeno da polarização da luz;
·
interconversão
de luz e matéria.
Lei da gravitação universal
No
verão de 1684, houve uma reunião entre Robert Hooke, Edmond Halley e
Christopher Wren em que discutiram sobre gravitação. Halley, que mantinha uma
boa amizade com Newton, visitou-o em agosto de 1684, e lhe apresentou um
problema que eles não tinham conseguido resolver: "Qual é a forma da
órbita de um planeta atraído pelo Sol por uma força que varia com o inverso do
quadrado da distância?" Newton respondeu imediatamente: "Uma elipse."
Desconcertado, Halley perguntou: "Como sabe?", ao que Newton lhe
respondeu que já havia resolvido esse problema. Newton procurou o papel com a
prova mas não o encontrou, mas prometeu reconstruí-la e lhe enviá-la, e assim
Halley teve que aguardar, e só recebeu a prova em novembro de 1684, sob o
título De Motu Corporum in Gyrum ("Sobre o movimento dos corpos em
órbita"). Halley imediatamente percebeu a importância do resultado e do
método empregado por Newton, e o visitou novamente, decidido a convencê-lo a
publicar suas descobertas. E assim Newton começou a escrever o Principia, cujos
custos de publicação foram todos arcados por Halley (a Royal Society estava
muito mal financeiramente, e Newton não queria gastar dinheiro com a
publicação).
Com
uma lei formulada de maneira simples, Newton procurou explicar os fenômenos
físicos mais importantes do universo. A lei da gravitação universal, proposta
por ele, tem a seguinte expressão matemática:
\vec
F_{12} = G \frac {m_{1}m_{2}} {r^{2}}\hat r
onde
F12
é a força, sentida pelo corpo 1 devido ao corpo 2, medida em newtons;
G
é a constante gravitacional universal, que determina a intensidade da força,
G=6,67 \times 10^{-11}\text{Nm}^2/\text{kg}^2;
m1
e m2 são as massas dos corpos que se atraem entre si, medidas em quilogramas;
r
é a distância entre os dois corpos, medida em metros; e
\hat
r é o versor do vetor que liga o corpo 1 ao corpo 2.
A
constante gravitacional universal foi medida anos mais tarde por Henry
Cavendish. A descoberta da lei da gravitação universal se deu em 1685 como
resultado de uma série de estudos e trabalhos iniciados muito antes. Em 1679,
Robert Hooke comunicou-se com Newton por meio de cartas, e os assuntos eram
sempre científicos.
Na
verdade, foi exatamente em 1684 que Newton informou seu amigo Edmond Halley de
que havia resolvido o problema da força inversamente proporcional ao quadrado
da distância. Newton relatou esses cálculos no tratado De Motu e os desenvolveu
de forma ampliada no livro Philosophiae naturalis principia mathematica. A
gravitação universal é muito mais do que uma força relacionada ao Sol. É também
um efeito dos planetas sobre o Sol e sobre todos os objetos do universo. Newton
explicou facilmente a partir de sua Terceira Lei da Dinâmica que, se um objeto
atrai um segundo objeto, este segundo também pode atrair o primeiro com a mesma
força. Concluiu-se que o movimento dos corpos celestes não podiam ser
regulares. Para o célebre cientista, que era bastante religioso, a estabilidade
das órbitas dos planetas implicava reajustes contínuos sobre suas trajetórias
impostas pelo poder divino.
A queda da maçã e a dúvida de
Newton
Jardim Botânico de Cambridge: macieira plantada em homenagem a Newton. |
O
próprio Newton contou muitas vezes de que a inspiração para formular sua teoria
da gravitação foi a observação da queda de uma maçã de uma árvore. Há muitos
estudos que analisam esta história. Embora alguns afirmem que a história da
maçã é um mito e que ele não chegou à sua teoria da gravidade de maneira
repentina, conhecidos de Newton (tais como William Stukeley, cujo relato
manuscrito de 1752 foi disponibilizado pela Royal Society) confirmam, de fato,
o incidente, embora não a versão caricata de que a maçã bateu na cabeça de
Newton. Stukeley registrou em seu Memoirs of Sir Isaac Newton's Life uma
conversa que teve com Newton em Kensington no dia 15 de abril de 1726 em que
cita uma história envolvendo a suposta maçã e a ideia da gravitação.
Em
termos similares, Voltaire escreveu em seu Ensaio Sobre Poesia Épica (1727):
"Sir Isaac Newton teve o primeiro pensamento do seu sistema de gravitação
ao ver uma maçã cair de uma árvore enquanto caminhava em seus jardins."
John
Conduitt, assistente de Newton na Casa da Moeda e marido da sobrinha de Newton,
também descreveu o evento, quando escreveu sobre a vida de Newton:
No ano 1666, se afastou novamente
de Cambridge para a casa de sua mãe em Lincolnshire. Enquanto ele estava
pensativo caminhando em um jardim veio-lhe ao pensamento de que a influência da
gravidade (que levou uma maçã de uma árvore ao chão) não era limitada a uma
certa distância da Terra, mas que esta influência deve se estender muito além
do que se costuma pensar. 'Por que não tão alto quanto até a Lua?', disse ele a
si mesmo, 'Isso deve influenciar seu movimento e talvez mantê-la em sua
órbita', ao que ele começou a calcular qual seria o efeito dessa suposição.
Sabe-se
de seus cadernos de anotações que Newton estava analisando no final da década
de 1660 a ideia de que a gravidade da Terra se estendia, em proporção inversa
ao quadrado da distância, até a Lua; no entanto, levou duas décadas para
desenvolver a teoria plenamente. A pergunta não era se a gravidade existia, mas
se ela se estenderia tão longe da Terra que poderia também ser a força que
prende a Lua à sua órbita. Newton mostrou que, se a força diminuísse com o
quadrado inverso da distância, poderia então calcular corretamente o período
orbital da Lua. Ele supôs ainda que a mesma força seria responsável pelo
movimento orbital de outros corpos, criando assim o conceito de
"gravitação universal".
As três Leis de Newton
Isaac
Newton publicou estas leis em 1687, no seu trabalho de três volumes intitulado
Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. As leis explicavam vários
comportamentos relativos ao movimento de objetos físicos e foi um extenso
trabalho no qual ele dedicou-se. A forma original na qual as leis foram
escritas é a seguinte:
Lex I: Corpus omne perseverare in
statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus a
viribus impressis cogitur statum illum mutare.
Todo corpo continua em seu estado
de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado
a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele. É também conhecido como
princípio da inércia.
Lex II: Mutationem motis
proportionalem esse vi motrici impressae, et fieri secundum lineam rectam qua
vis illa imprimitur.
A mudança de movimento é
proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta
na qual aquela força é imprimida. É também conhecido como princípio da
dinâmica.
Lex III: Actioni contrariam
semper et aequalem esse reactionem: sine corporum duorum actiones in se mutuo
semper esse aequales et in partes contrarias dirigi.
A toda ação há sempre oposta uma
reação igual, ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre
iguais e dirigidas a partes opostas. É também conhecido como princípio da ação
e reação.
Alquimia
O
seu primeiro contato com caminhos da alquimia foi através de Isaac Barrow e
Henry More, intelectuais de Cambridge. Por volta de 1693, escreveu Praxis, uma
obra que sugere uma filosofia que via na natureza algo diferente do que
admitiam as filosofias mecanicistas ortodoxas. Newton dedicou muitos de seus
esforços aos estudos da alquimia. Escreveu muito sobre esse tema, fato que soube-se
muito tarde, já que a alquimia era totalmente ilegal naquela época.
Visão religiosa
Newton, (1795), retratado por William Blake como um "geômetra divino". |
O
formulador da Lei da gravitação universal teve uma aproximação com um clérigo,
o seu próprio padrasto Barnabas Smith, que possuía bacharelado em Oxford.
Newton possuía uma extensa biblioteca de teologia e filosofia ao seu dispor,
incluindo desde estudos de línguas até todos os tipos de literatura clássica e
bíblica, o que pode ter vitalizado seu espírito para inspiradoras abstrações.
Adquirindo uma grande fama como cientista, Newton foi influenciado pela
política e acabou não se ordenando clérigo, mas permaneceu fiel à sua crença no
Universo, embora tenha comportado-se como um bom cristão anglicano, atendendo
serviços na capela do Trinity Colege e, mais tarde, em Londres. Iniciou uma
série de correspondências com o filósofo John Locke.
Entre
suas obras teológicas, destacam-se An Historical Account of Two Notable
Corruption of Scriptures, Chronology of Ancient Kingdoms Atended e Observations
upon the Prophecies. Algumas
das coisas em que ele acreditava eram o tempo, sempre igual para todos os
instantes, e os seis mil anos de existência que a Bíblia dá à Terra.
Considerava que a mecânica celeste era governada pela gravitação universal e,
principalmente, por Deus, sobre o qual relata: "A maravilhosa disposição e
harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo
sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha última e mais elevada
descoberta."
O fim do mundo
Em
um manuscrito que ele escreveu em 1704 no qual ele descreve sua tentativa de
extrair informações científicas a partir da Bíblia, ele estima que o mundo não
iria terminar antes de 2060.
Em
2007, a Biblioteca Nacional de Israel divulgou três manuscritos atribuídos a
Isaac Newton, relacionando profecias com história política e religiosa europeia
daquela época. Em um dos manuscritos (datado do início do século XVIII),
Newton, por meio de análise dos textos bíblicos do Livro de Daniel (do antigo
testamento), conclui que o mundo deveria acabar por volta do ano de 2060, ao
escrever "Ele pode acabar além desta data, mas não há razão para acabar
antes". Em outra análise, o cientista interpreta as profecias bíblicas
sobre o retorno dos judeus à terra prometida antes do apocalipse. "A ruína
das nações más, o fim do choro e de todos os problemas, e o retorno dos judeus
ao seu próspero reino", escreveu.
Em
Escatologia, Isaac Newton investiga uma parte da teologia e da filosofia
preocupado com o que se acredita ser o apocalipse (último acontecimento na
história do mundo, ou o derradeiro destino da humanidade) vulgarmente designado
o fim do mundo.
Newton
escreveu muitas obras que passariam a ser classificadas como estudos ocultos.
Estas obras exploraram o ocultismo, a cronologia, alquimia e escritos bíblicos,
propondo-lhes interpretações especialmente do Apocalipse.
O movimento rosa-cruz
A
sociedade secreta rosa-cruz foi possivelmente a que exerceu maior influência
sobre Newton. Apesar de o movimento rosa-cruz ter causado uma grande
curiosidade entre os acadêmicos europeus durante o século XVII, na época de
Newton já havia atingido a maturidade e se tornara algo menos sensacionalista.
O movimento teve uma profunda influência sobre Newton, particularmente nas
pesquisas sobre alquimia e filosofia.
A
crença rosa-cruz de serem especialmente escolhidos para comunicarem-se com os
anjos ou espíritos ecoa nas crenças proféticas de Newton. Os rosa-cruzes
proclamavam também ter a habilidade de viver para sempre usando o elixir vitae
e a habilidade de produzir um sem limite de quantidade de ouro a partir do uso
da pedra filosofal, a qual diziam possuir. Tal como Newton, os rosa-cruzes
foram profundamente filósofos místicos, declaradamente cristãos e altamente
politizados. Newton teve muito interesse nas pesquisas sobre alquimia, mas
também nos ensinamentos esotéricos antigos e na crença em indivíduos iluminados
com a habilidade de conhecer a natureza, o universo e o reino espiritual.
Ao
morrer, a biblioteca de Newton apresentava 169 livros sobre o tópico da
alquimia, e acreditava-se que teria consideravelmente mais livros durante os
anos de formação em Cambridge, embora possivelmente os tenha vendido antes de
mudar-se para Londres em 1696.
Os últimos anos de vida
Sepultura de Newton na abadia de Westminster. |
Newton
foi respeitado como nenhum outro cientista e sua obra marcou efetivamente uma
revolução científica. O matemático italiano Joseph-Louis Lagrange
frequentemente dizia que Newton foi o maior gênio que já viveu, e uma vez
acrescentou que Newton foi também "o mais afortunado, dado que não se pode
descobrir mais de uma vez o sistema que governa o mundo".
Seus
estudos foram como chaves que abriram portas para diversas áreas do
conhecimento cujo acesso era impossível antes de Newton.
Newton,
em seus últimos dias, passou por diversos problemas renais que culminaram com
sua morte. No lado mais pessoal, existem biógrafos que afirmam que ele teria
morrido virgem.
Ele
faleceu na noite de 20 de março de 1727 (calendário juliano). Foi enterrado
junto a outros célebres homens da Inglaterra na Abadia de Westminster.
A
causa provável de sua morte foram complicações relacionadas ao cálculo renal
que o afligiu em seus últimos anos de vida.
Seu epitáfio foi escrito pelo
poeta Alexander Pope:
“A natureza e as leis da natureza
estavam imersas em trevas; Deus disse "Haja Newton" e tudo se
iluminou.”
—
Newton
tinha sido mais modesto em relação a suas próprias realizações, sendo célebre a
sua carta a Robert Hooke em fevereiro de 1676, em que escreveu:
“Se
enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes.”
—
Mais
tarde, em um livro de memórias, Newton escreveu:
“Não
sei o que posso parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido
como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me em encontrar de vez em
quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o
grande oceano da verdade permanece completamente desconhecido à minha frente.”
—
Newton
teve grande influência sobre os cientistas posteriores. Albert Einstein
mantinha um retrato de Newton na parede de sua sala de estudos, juntamente com
os de Michael Faraday e James Clerk Maxwell.