A Conferência de
Berlim foi realizada entre 19 de novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885 e
teve como objetivo organizar, por meio de regras, a ocupação da África pelas
potências coloniais, resultando numa divisão territorial que não respeitou, nem
a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos desse
continente.
Seu organizador e acompanhante foi Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha e participaram a Grã-Bretanha, França, Espanha, Portugal, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, Áustria-Hungria e Império Otomano.Tinha cinco metros o mapa que dominou o encontro em Berlim, que teve lugar na Chancelaria do Reich. Mostrava o continente africano, com rios, lagos, nomes de alguns locais e muitas manchas brancas.
Seu organizador e acompanhante foi Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha e participaram a Grã-Bretanha, França, Espanha, Portugal, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, Áustria-Hungria e Império Otomano.Tinha cinco metros o mapa que dominou o encontro em Berlim, que teve lugar na Chancelaria do Reich. Mostrava o continente africano, com rios, lagos, nomes de alguns locais e muitas manchas brancas.
O Império Alemão, país vencedor, não
possuía colônias em África, mas, tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando
a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia), o Tanganica, bem como
Camarões e Togolândia; os Estados Unidos na altura não tinham mais a colônia da
Libéria, independente desde 1847, mas como potência em ascensão foram
convidados; o Império Otomano possuía províncias em África, notadamente o Egito
(incluindo o futuro Sudão Anglo-Egípcio) e Trípoli, mas seus domínios foram
vastamente desconsiderados no curso das negociações, e foram arrebatados de seu
controle até 1914.
Durante esta conferência, Portugal
apresentou um projeto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia em ligar Angola
a Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o
comércio e o transporte de mercadorias. Sucedeu que, apesar de todos
concordarem com o projeto, mais tarde a Inglaterra, à margem do Tratado de
Windsor, surpreendeu com a negação face ao projeto e fez um ultimato, conhecido
como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com
o projeto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e
todo o projeto foi-se abaixo.
Como resultado desta conferência, a
Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com exceção das
colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a
África Oriental, com exceção da Tanganica e partilhou a costa ocidental e o
norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo –
que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é
“Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Associação
Internacional do Congo, cujo principal acionista era o rei Leopoldo II da
Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas
a leste, o Ruanda e o Burundi.
Compensações pelo colonialismo
Em 2010, no 125º aniversário da
Conferência de Berlim, representantes de muitos países africanos em Berlim
exigiram compensações para reparar os danos do colonialismo. A divisão
arbitrária do continente africano entre as potências europeias foi um crime
contra a humanidade, disseram em comunicado.
Defendiam, por
exemplo, o financiamento de monumentos em locais históricos, a devolução de
terra e outros recursos roubados e a restituição de bens culturais.
Mas, até hoje,
nada disso foi feito. O historiador Michael Pesek não se mostra surpreendido.
"Fala-se muito em compensações por causa do comércio de escravos e do
Holocausto. Mas pouco se fala dos crimes cometidos pelas potências coloniais
europeias durante os anos que passaram em África."
O investigador
nigeriano Olyaemi Akinwumi também não acredita que algum dia haverá qualquer
tipo de indemnização.
"A divisão de África foi feita sem
qualquer consideração pela história da sociedade, sem ter em conta as
estruturas políticas, sociais e económicas existentes." Segundo Akinwumi,
a Conferência de Berlim causou danos irreparáveis e alguns países sofrem até
hoje com isso.