Grécia Antiga é o termo geralmente usado para
descrever o mundo antigo grego e áreas próximas (tais como Chipre, Anatólia,
sul da Itália, da França e costa do mar Egeu, além de assentamentos gregos no
litoral de outros países, como o Egito).
Tradicionalmente, a Grécia Antiga
abrange desde 1 100 a.C. (período posterior à invasão dórica) até à dominação
romana em 146 a.C., contudo deve-se lembrar que a história da Grécia inicia-se
desde o período paleolítico, perpassando a Idade do Bronze com as civilizações Cicládica
(3000-2 000 a.C.), minoica (3000-1 400 a.C.) e micênica (1600-1 200 a.C.);
alguns autores utilizam de outro período, o período pré-homérico (2000-1 200
a.C.), para incorporar mais um trecho histórico a Grécia Antiga.
Os
antigos gregos autodenominavam-se helenos, e a seu país chamavam Hélade, nunca
tendo chamado a si mesmos de gregos nem à sua civilização Grécia, pois ambas
essas palavras são latinas, tendo sido-lhes atribuídas pelos romanos.O país
homônimo hoje existente descende desta, embora, como já dito acima, o termo
Grécia Antiga abrange demais locais.
A
cultura grega clássica, especialmente a filosofia, teve uma influência poderosa
sobre o Império Romano, que espalhou a sua versão dessa cultura para muitas
partes da região do Mediterrâneo e da Europa, razão pela qual a Grécia Clássica
é geralmente considerada a cultura seminal da cultura ocidental moderna.
Cronologia
Período
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Duração
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Observações
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2 000-1 100 a.C.
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Penetração
de povos indo-europeus na Grécia:aqueus (2000-1 200
a.C.), eólios (1 700
a.C.) e Jônios(1 700 a.C.); Civilização Minoica continua a
prosperar (3000 - 1 400 a.C.) e a Civilização Micênica é formada
(1600-1 200 a.C.); dóricos invadem
a Hélade no final do período (1 200 a.C.)
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1 100-800 a.C.
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800-500 a.C.
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Formação
da pólis,
a colonização grega, o aparecimento do alfabeto fonético além de progresso
econômico com a expansão da divisão do trabalho, do comércio e da indústria.
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Clássico ou Século de Péricles
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500-338 a.C.
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Bipolarização
da Grécia entre Esparta (com a Liga do Peloponeso) e Atenas (com a Liga de
Delos). Ocorrência das Guerras Médicas e da Guerra do Peloponeso, bem como da
hegemonia de Tebas no fim do período.
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338-146 a.C.
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Crise
da pólis, conquista do Império Aquemênida e expansão
cultural helenística.
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Os gregos originaram-se de povos que
migraram para a península Balcânica em
diversas ondas, no início do milênioII a.C.: aqueus, jônicos, eólios e dóricos. As populações invasoras são
em geral conhecidas como "helênicas", pois sua organização de clãs
fundamentava-se na crença de que descendiam do herói Heleno,
filho de Deucalião e Pirra.
Período pré-homérico
A Civilização Minoica surgiu durante a Idade do Bronze Grega em Creta e
floresceu aproximadamente do século XXX ao XV a.C. O termo "minoico"
foi cunhado por Arthur Evans, seu redescobridor, e deriva do nome do rei mítico
"Minos". Arthur Evans e Nicolaos Platon, importantes arqueólogos
minoicos, desenvolveram dois tipos de periodização para a civilização. Evans
baseou-se nos estilos de cerâmica produzidos criando assim três períodos, o
Minoano Antigo, o Médio e o Recente. Platon baseou-se no desenvolvimento dos
palácios minoicos o que gerou os períodos pré-palaciano, protopalaciano,
neopalaciano e pós-palaciano.
Como
resultado do comércio com o Egeu e Mediterrâneo, no Minoano Antigo, os minoicos
viveram uma transição de uma economia agrícola para adentrar noutras economias,
o resultado do comércio marítimo com outras regiões do Egeu e Mediterrâneo
Ocidental. Com a utilização de metais, houve o aumento das transações com os
países produtores: os minoicos procuravam cobre do Chipre, ouro do Egito, prata
e obsidiana das Cíclades. Os portos estavam crescendo tornando-se grandes
centros sob influência do aumento das atividades comerciais com a Ásia Menor,
sendo que a parte oriental da ilha mostra a preponderância do período. Centros
na parte oriental (Vasilicí e Mália) começam a notabilizar-se e sua influência
irradia-se ao longo da ilha dando origem a novos centros; aldeias e pequenas
cidades tornaram-se abundantes e as fazendas isoladas são raras.
No final
do milênio III a.C., várias localidades na ilha desenvolveram-se em centros de
comércio e trabalho manual, devido à introdução do torno na cerâmica e na
metalurgia de bronze, a qual se acrescenta um aumento da população (densamente
povoada), especialmente no centro-oeste. Além disso, o estanho da península
Ibérica e Gália, assim como o comércio com a Sicília e mar Adriático começaram
a frear o comércio oriental. No âmbito da agricultura , é conhecido através das
escavações que quase todas as espécies conhecidas de cereais e leguminosas são
cultivados e todos os produtos agrícolas ainda hoje conhecidos como o vinho e
uvas, óleo e azeitonas, já ocorriam nessa época. O uso da tração animal na
agricultura é introduzida.
Em torno
de 2 000 a.C., foram construídos os primeiros palácios minoicos (Cnossos, Mália
e Festo), sendo estes a principal mudança do minoano médio. Como resultado,
houve a centralização do poder em alguns centros, o que impulsionou o
desenvolvimento econômico e social. Estes centros foram erigidos nas planícies
mais férteis da ilha, permitindo que seus proprietários acumulassem riquezas,
especialmente agrícolas, como evidenciados pelos grandes armazéns para produtos
agrícolas encontrados nos palácios. O sistema social era provavelmente
teocrático, sendo o rei de cada palácio o chefe supremo, oficial e religioso. A
realização de trabalhos importantes são indícios de que os minoicos tinham uma
divisão bem sucedida do trabalho, e tinham uma grande quantidade deles. Um
sistema burocrático e a necessidade de melhor controle de entrada e saída de
mercadorias, além de uma possível economia baseada em um sistema escravista,
formaram as bases sólidas para esta civilização.
Com o
tempo, o poder dos centros orientais começa a eclipsar, sendo estes
substituídos pelo ascendente poderio dos centros interioranos e ocidentais.
Isto ocorreu, principalmente, por distúrbios políticos na Ásia (invasão cassita
na Babilônia, expansão hitita e invasão hicsa no Egito) que enfraqueceram o
mercado oriental, motivando um maior contato com a Grécia continental e as
Cíclades.
No final
do período MMII (1750 - 1 700 a.C.), houve uma grande perturbação em Creta,
provavelmente um terremoto, ou possivelmente uma invasão da Anatólia. A teoria
do terremoto é sustentada pela descoberta do Anemospília pelo arqueólogo
Sakelarakis, no qual foram encontrados os corpos de três pessoas (uma delas
vítima de um sacrifício humano) que foram surpreendidas pelo desabamento do
templo. Outra teoria é que havia um conflito dentro de Creta, e Cnossos saiu
vitorioso. Os palácios de Cnossos, Festo, Mália e Cato Zacro foram destruídos.
Mas, com o início do período neopalaciano, a população voltou a crescer, os
palácios foram reconstruídos em larga escala (no entanto, menores que os
anteriores) e novos assentamentos foram construídos por toda a ilha,
especialmente grandes propriedades rurais.
Este
período (séculos XVII e XVI a.C., MM III/neopalaciano) representa o apogeu da
Civilização Minoica. Os centros administrativos controlavam extensos
territórios, fruto da melhoria e desenvolvimento das comunicações terrestres e
marítimas, mediante a construção de estradas e portos, e de navios mercantes
que navegavam com produções artísticas e agrícolas, que eram trocadas por
matérias-primas. Entre 1700 e 1 450 a.C., a monarquia de Cnossos deteve a
supremacia da ilha. Essa monarquia, apoiada, pela elite mercantil surgida em
decorrência do intenso comércio, criou um império comercial marítimo, a
talassocracia. Após cerca de 1 700 a.C., a cultura material do continente grego
alcançou um novo nível, devido a influência minoica. Importações de cerâmicas
do Egito, Síria, Biblos e Ugarit demonstram ligações entre Creta e esses
países. Os hieróglifos egípcios serviram de modelo para a escrita pictográfica
minoica, a partir da qual os famosos sistemas de escrita Linear A e B mais
tarde desenvolveram-se.
A erupção
do vulcão Tera (atual Santorini) foi implacável para o rumo de Creta. A erupção
foi datada como tendo ocorrido entre 1639 e 1 616 a.C., por meio de datação por
radiocarbono; em 1 628 a.C. por dendrocronologia; e entre 1530 - 1 500 a.C.
pela arqueologia. O leste da ilha foi alcançado por nuvens e chuva de cinzas
que possivelmente alastraram gases nocivos que intoxicaram muitos seres vivos, além
de terem causado mudanças climáticas e tsunamis, o que possivelmente fez com
que Creta se tornasse polo de refugiados provenientes das Cíclades, o que
minou, juntamente com os cataclismos naturais prévios, a estabilidade da ilha.
Além disso, a destruição do assentamento minoico em Tera (conhecido como
Acrotíri) poderia ter impactado, mesmo que indiretamente, o comércio minoico
com o norte. Em torno de 1 550 a.C., um novo abalo sísmico consecutivo às
catástrofes do Santorini, destruiu outra vez os palácios minoicos, no entanto,
estes foram novamente reconstruídos e foram feitos ainda maiores do que os
anteriores.
Em torno
de 1 450 a.C., a Civilização Minoica experimentou uma reviravolta, devido a uma
catástrofe natural, possivelmente um terremoto. Outra erupção do vulcão Tera
tem sido associada a esta queda, mas a datação e implicações permanecem
controversas. Vários palácios importantes em locais como Mália, Tílissos,
Festo, Hagia Triada bem como os alojamentos de Cnossos foram destruídos.
Durante o MRIIIB a ilha foi invadida pelos aqueus da Civilização Micênica. Os
sítios dos palácios minoicos foram ocupados pelos micênicos em torno de 1 420
a.C. (1 375 a.C. de acordo com outras fontes ).
Civilização Micênica
Os
minoicos viriam a influenciar a história da Grécia através dos micênicos, que
adoptam aspectos da cultura minoica. O nome "micênico" foi criado por
Heinrich Schliemann com base nos estudos que fez no sítio de Micenas, no
nordeste do Peloponeso, onde outrora se erguia um grande palácio e uma das
principais cidades além de Tirinto, Tebas e Esparta. Julga-se que os micênicos
se chamariam a si próprios aqueus. De acordo com vários historiadores, os
micênios eram chamados de Ahhiyawa pelos hititas. A sua civilização floresceu
entre 1600 e 1 200 a.C.
Os
micênicos já falavam grego. Não tinham uma unidade política, existindo vários
reinos micénicos. À semelhança dos minoicos, o centro político encontrava-se no
palácio, cujas paredes também estavam decoradas com afrescos.
Para além
de praticarem o comércio, os micênicos eram amantes da guerra e da caça. Por
volta de 1 400 a.C. os micênicos teriam ocupado Cnossos, centro da cultura
minoica.
Por volta
de 1 250 a.C. o mundo micénico entra em declínio, o que estaria relacionado com
a decadência do reino hitita no Oriente Próximo, que teria provocado a queda
das rotas comerciais. Sua decadência envolveu também guerras internas. É
provável que a destruição da cidade de Troia, facto que se teria verificado
entre 1230 e 1 180 a.C., possa estar relacionado com o relato literário de
Homero na Ilíada, escrita séculos depois.
Período Homérico
Dá-se o
nome de período homérico ao período que se seguiu ao fim da Civilização
Micênica e que se situa entre 1100 e 800 a.C. Durante este período perdeu-se o
conhecimento da escrita, que só seria readquirido no século VIII a.C.. Os objetos
de luxo produzidos durante a era micénica não são mais fabricados neste
período. A designação atribuída ao período encontra-se relacionada não apenas
com a decadência civilizacional, mas também com as escassas fontes para o
conhecimento da época.
Outro dos
fenômenos que se verificou durante este período foi o da diminuição
populacional, não sendo conhecidas as razões exatas que o possam explicar. Para
além disso, as populações também se movimentam, abandonando antigos povoados
para se fixarem em locais que ofereciam melhores condições de segurança.
Período Arcaico
O Período
Arcaico tem como balizas temporais tradicionais a data de 776 a.C., ano da
realização dos primeiros Jogos Olímpicos, e 480 a.C., data da Batalha de
Salamina. A Grécia era ainda dividida em pequenas províncias com autonomia, em
razão das condições topográficas da região: cada planície, vale ou ilha é
isolada de outra por cadeias de montanhas ou pelo oceano.
A origem
das cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente
dos aqueus, que se agrupavam nos chamados ghené (ghenos, no singular). Os ghené
eram essencialmente comunidades tribais que cultuavam seus deuses na acrópole
(local elevado). A vida econômica dessas grandes famílias era, a princípio,
baseada em laços de parentesco e cooperação social. A terra, a colheita e o
rebanho pertenciam à comunidade. Havia uma liderança política na figura do
pater, um membro mais velho e respeitado. Diversos ghené agrupavam-se em
fratarias, e diversas fratarias em tribos.
Com a
recuperação econômica após o interlúdio dórico, a população grega cresceu além
da capacidade de produção das terras cultiváveis[carece de fontes]. Diante
desse desequilíbrio, e procurando garantir melhores condições de vida, alguns
grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a ter domínio sobre as
melhores terras e rebanhos. Esses grupos acumularam riqueza, poder e
propriedade como resultado da divisão desigual das terras do ghené,
considerando-se os melhores — aristos (aristoi), em grego. Assim, foram
diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária do
ghené. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da pólis, a
cidade grega. A partir de 750 a.C. os gregos iniciaram um longo processo de
expansão, firmando colônias em várias regiões, como Sicília e sul da Itália (a
chamada Magna Grécia), no sul da França, na costa da península Ibérica,
no norte de África e nas costas do mar Negro. Entre os séculos VIII e VI a.C.
fundaram aí novas cidades, as colônias, as quais chamavam de apoíkias—; palavra
que pode ser traduzida por nova casa.
São muitas
as causas apontadas pelos historiadores para explicar essa expansão
colonizadora grega. Grande parte dessas causas relaciona-se a questões sociais
originadas por problemas de posse de terra e dificuldades na agricultura.
As
melhores terras eram dominadas por famílias ricas (os aristos, também
conhecidos por eupátridas - bem nascidos). A maioria dos camponeses (georgoi)
cultivava solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para atender
às necessidades de uma população em crescimento. Uma terceira classe, que não
possuía terras, dedicar-se-ia, mais tarde, ao comércio; eram chamados de tetas
(thetas), marginais. Para fugir à miséria, muitos gregos migravam em busca de
terras para plantar e de melhores condições de vida, fundando novas cidades.
Assim, no primeiro momento, a principal atividade econômica das colônias gregas
foi a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros
comerciais, dispondo de portos estratégicos para as rotas de navegação.
A Hélade
começa a dominar linguística e culturalmente uma área maior do que o limite
geográfico da Grécia. As colônias não eram controladas politicamente pelas
cidades que as fundavam, apesar de manterem vínculos religiosos e comerciais
com aquelas. Predominava entre os gregos sempre a organização de comunidades
independentes, e a cidade (cada uma desenvolveu seu próprio sistema de governo,
leis, calendário e moeda) tornou-se a unidade básica do governo grego.
Socialmente,
a colonização do mar Mediterrâneo pelos gregos resultou no desenvolvimento de
uma classe rica formada por mercadores (o comércio internacional
desenvolvera-se a partir de então) e de uma grande classe média de
trabalhadores assalariados, artesãos e armadores. Culturalmente, os gregos
realizaram intercâmbios com outros povos. Na economia, a indústria naval se
desenvolveu, obviamente, passando a consumir crescente quantidade de madeira
das florestas gregas.
Templo dedicado a Atenea Niké na Acrópolis de Atenas
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As
evidências arqueológicas indicam que o padrão de vida na Grécia melhorou
acentuadamente (o tamanho médio das área do primeiro andar de residências
encontradas por arqueólogos aumentou cinco vezes, de 55 metros quadrados para
230 metros quadrados); a expectativa de vida e a estatura média também mostram
evidências de melhoria. A população aumentou de 600.000 no século VIII a.C.
para em torno de 9 milhões, no IV a.C.. E tudo isso fez com que no século IV, a
Grécia já possuísse a economia mais avançada do mundo e com um nível de
desenvolvimento extremamente raro para uma economia pré-industrial, estando em
vantagem em alguns pontos se comparada às economias mais avançadas antes da
Revolução Industrial, aos países baixos do século XVII e à Inglaterra do século
XVIII. Apesar disso, houve concentração fundiária, em algumas cidades essa
concentração levou a revoltas e tiranias, em outras a aristocracia manteve o
controle graças a legisladores inclementes. Outras cidades permaneceram
relativamente igualitárias na distribuição das terras, em Atenas é estimado que
entre 7,5-9% dos cidadãos, o grupo abastado, fossem proprietários de 30-35% de
todas as terras, e 20% dos cidadãos tinham pouca ou nenhuma terra e os
restantes 70-75% dos cidadãos eram proprietários de 60-65% das terras, uma
distribuição com índice Gini menor do que a renda dos EUA hoje e comparável à
distribuição de renda de Portugal.
Período Clássico
O Período
Clássico estende-se entre 500 e 338 a.C. e é dominado por Esparta e Atenas.
Cada um destas pólis desenvolveu o seu modelo político (a oligarquia
militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas).
Ao nível
externo verifica-se a ascensão do Império Aquemênida quando Ciro II conquista o
reino dos medos. O Império Aquemênida prossegue uma política expansionista e
conquista as cidades gregas da costa da Ásia Menor. Atenas e Erétria apoiam a
revolta das cidades gregas contra o domínio persa, mas este apoio revela-se
insuficiente já que os jónios são derrotados: Mileto é tomada e arrasada e
muitos jónios decidem fugir para as colónias do Ocidente. O comportamento de
Atenas iria gerar uma reação persa e esteve na origem das Guerras Médicas (490-479
a.C.).
Em 490
a.C. a Ática é invadida pelas forças persas de Dario I, que já tinham passado
por Erétria, destruindo esta cidade. O encontro entre atenienses e persas
ocorre em Maratona, saldando-se na vitória dos atenienses, apesar de estarem em
desvantagem numérica.
Dario
prepara a desforra, mas falece em 485 a.C., deixando a tarefa ao seu filho
Xerxes I que invadiu a Grécia em 480 a.C. Perante a invasão, os gregos decidem
esquecer as diferenças entre si e estabelecem uma aliança composta por 31 cidades,
entre as quais Atenas e Esparta, tendo sido atribuída a esta última o comando
das operações militares por terra e pelo mar. As forças espartanas lideradas
pelo rei Leónidas I conseguem temporariamente bloquear os persas na Batalha das
Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O general Temístocles tinha
optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a direção desta
figura Atenas consegue uma vitória sobre os persas em Salamina. Em 479 a.C. os
gregos confirmam a sua vitória desta feita na Batalha de Plateias. A frota
persa foge para o mar Egeu, onde em 478 a.C. é vencida em Mícale.
Guerra do Peloponeso
Com o fim
das Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito,
Atenas torna-se uma cidade poderosa, que passa a intervir nos assuntos do mundo
grego. Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada
um delas uma aliança política e militar: no caso de Esparta era a Liga do
Peloponeso e no caso de Atenas a Liga de Delos. Esta última foi fundada em 477
a.C. e era composta essencialmente por estados marítimos que encontravam-se
próximos do mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. O centro
administrativo da liga era a ilha de Delos.
Para poder
atingir o seus objetivos a liga precisava possuir uma frota. Os seus membros
poderiam contribuir para a formação desta com navios ou dinheiro, tendo muitos
estados optado pela última opção. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado
mais forte da liga, facto simbolizado com a transferência do tesouro de Delos
para Atenas em 454 a.C.. Os Atenienses passam a considerar qualquer secessão da
Liga como um ato de traição e punem os estados que tentam fazê-lo. Esparta
aproveita este clima para realizar a sua propaganda.
As
relações entre as duas pólis atingem o grau de saturação em 431 a.C., ano em
que se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o
seu conhecimento é o historiador Tucídides, são essencialmente três. Antes do
conflito Atenas prestara ajuda a Córcira, ilha do mar Jónio fundada por Corinto
(aliada de Esparta), mas que era completamente independente. Atenas também
decretara sanções económicas contra Mégara, justificadas com base em uma
alegada transgressão de solo sagrado entre Mégara e Atenas. Para além disso,
Atenas realiza um bloqueio naval à cidade de Potideia, no norte da Grécia, sua
antiga aliada que se revoltara e pedira ajuda a Corinto.
Esparta
lança um ultimato a Atenas: deve levantar as sanções a Mégara e suspender o
bloqueio a Potideia. Péricles consegue convencer a assembleia a rejeitar o
ultimato e a guerra começa. Os atenienses adoptam a estratégia proposta por
Péricles, que advogava que a população dos campos se concentrasse no interior
das muralhas de Atenas; os alimentos e os recursos chegariam através do porto
do Pireu. Contudo, a estratégia teve um resultado imprevisível: a concentração
da população, aliada a condições de baixa higiene provocou a peste que atingiu
ricos e pobres e o próprio Péricles. A guerra continuou até 422 a.C. ano em que
Atenas é derrotada em Anfípolis. Na batalha morrem o general espartano Brásidas
e o ateniense Cléon, ficando o ateniense Nícias em condições de estabelecer a
paz (Paz de Nícias, 421 a.C.). Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre
421 e 414 as duas pólis continuam a combater, não diretamente entre si, mas
através do seus aliados, como demonstra a ajuda secreta dada a Argos por
Atenas. Em 415 a.C. Alcibíades convenceu a Assembleia de Atenas a lançar um
ataque contra Siracusa, uma aliada de Esparta, em expedição que se revelou um
fracasso. Com a ajuda monetária dos persas, Esparta construiu uma frota, que
foi decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de 404 a.C., Atenas rende-se.
Esse foi
um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das
cidades-Estado e a produção de obras que marcariam profundamente a cultura e a
mentalidade ocidental, mas foi também o período em que o mundo grego viu-se
envolvido em longas e prolongadas guerras.
Ascensão da Macedónia
O
reino da Macedónia, situado a norte da Grécia, emerge em meados do século IV
a.C. como nova potência. Os macedónios que não falavam o grego e não adoptaram
o modelo político dos gregos, eram vistos por estes como bárbaros. Apesar
disso, muitos nobres macedónios aderiram à cultura grega, tendo a Macedónia
sido responsável pela difusão da cultura grega em novos territórios.
Durante
o reinado de Filipe II da Macedónia o exército macedónio adopta técnicas
militares superiores, que aliadas à diplomacia e à corrupção, vão permitir-lhe
a dominar as cidades da Grécia. Nestas formam-se partidos favoráveis a Filipe,
mas igualmente partidos que se opõem aos Macedónios. Em 338 a.C. Filipe e o seu
filho, Alexandre, o Grande, derrotam uma coligação grega em Queroneia, desta
forma colocando a Grécia continental sob domínio macedónio. Filipe organiza
então a Grécia em uma confederação, a Assembleia de Corinto, procurando unir os
gregos com um objetivo comum: conquistar o Império Persa como forma de vingar
pela invasão de 480 a.C. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre
macedónio em Julho de 336 a.C., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre.
Alexandre
concretizou o objetivo do pai, através da vitória nas batalhas de Granico, Isso
e Gaugamela, marchando até à Índia. No regresso, Alexandre era senhor de um
vasto império que ia da Ásia Menor ao Afeganistão, passando pelo Egito.
Alexandre faleceu de forma prematura (possivelmente de malária) na Babilónia em
323 a.C.
Período Helenístico
Após
a morte de Alexandre, os seus generais lutaram entre si pela posse do império.
As cidades gregas aproveitam a situação para se livrarem do domínio macedónio,
mas foram subjugadas por Antípatro na Guerra Lamiaca (323-322 a.C.).
Nenhum
dos generais de Alexandre conseguiu reunir o império sob o seu poder. Em vez
disso, nasceram vários reinos que seguiriam percursos diferentes: Antígono
fundou um reino que compreendia a Macedónia, a Grécia e partes da Ásia Menor;
Seleuco, estabeleceu um vasto reino que ia da Babilônia ao Afeganistão e
Ptolemeu torna-se rei do Egito.
Geografia
Situada
na porção sul da península Balcânica, o território da Grécia continental
caracteriza-se pelo seu relevo montanhoso; 80% da Grécia é formada por
montanhas. A cordilheira dominante é a dos montes Pindo que separa a costa
oriental, banhada pelo mar Egeu, da costa ocidental, banhada pelos mares Jônico
e Adriático.
A
Grécia Setentrional dividia-se em Tessália, Acarnânia e Épiro; a Grécia Central
em Fócida, Etólia, Beócia (região de Tebas) e Ática (logradouro de Atenas); o
Peloponeso (Grécia peninsular) em Acaia (região de Olímpia), Arcádia
(logradouro de Argos, Tirinto e Micenas), Messênia (terra de Pilos) e Lacônia
(região de Esparta). Entre a Grécia peninsular e continental há o istmo de
Corinto (terra de Corinto e Mégara), estreita faixa litorânea, e o golfo de
Corinto.
Atenas |
No
mar Egeu encontram-se várias ilhas que formam diversos arquipélagos: Espórades,
Cíclades, Dodecaneso ("doze ilhas"), Jônicas e a ilha de Creta; todo
o litoral egeu da Anatólia e o sul da Itália (Magna Grécia) também fazem parte
da geografia grega.
Colônias
Durante
o período arcaico, a população da Grécia cresceu além da capacidade da sua já
limitada terra cultivável (de acordo com uma estimativa, a população da Grécia
Antiga aumentou por um fator maior do que 10 durante o período de 800 a 400
a.C., a partir de um aumento populacional de 800.000 habitantes para uma
população total estimada em 10 a 13 milhões de pessoas).
Por
volta de 750 a.C. os gregos começaram um período de expansão territorial que
durou cerca de 250 anos, estabelecendo colônias em todas as direções. A leste,
na costa do mar Egeu, a Ásia Menor foi colonizada primeiro, seguida por Chipre
e as costas da Trácia, o mar de Mármara e costa sul do mar Negro. A colonização
grega também alcançou áreas mais distantes, como regiões das atuais Ucrânia e
Rússia (Taganrog). A oeste, foram colonizadas as costas da Ilíria, Sicília e do
sul da Itália, seguido pelo sul da França, Córsega e até mesmo o nordeste da
Espanha. Também foram fundadas colônias gregas no Egito e na atual Líbia.
As
atuais cidades de Siracusa, Nápoles, Marselha e Istambul tiveram seu início
como as colônias gregas de Siracusa (Συρακούσαι), Neápolis (Νεάπολις), Massália
(Μασσαλία) e Bizâncio (Βυζάντιον). Estas colônias desempenharam um papel
importante na disseminação da influência grega em toda a Europa e ajudaram a
criar longas redes comerciais entre as cidades-Estado gregas, impulsionando a
economia da Grécia antiga.
Sociedade e organização política
São
muitas as diferenças entre a Grécia moderna e a Grécia Antiga. O mundo grego
antigo estendia-se por uma área muito maior do que o território grego atual.
Além disso, há outra diferença básica. Hoje, a Grécia constitui um Estado, cujo
nome oficial é "República Helênica". Já a Grécia Antiga nunca foi um
Estado unificado com governo único. Era um conjunto de cidades-Estado independentes
entre si, com características próprias embora a maioria delas tivesse seus
sistemas econômicos parecidos, excluindo-se de Esparta.
Cidades-Estado
Desde
o século VIII a.C., formaram-se pela Grécia Antiga diversas cidades
independentes. Em razão disso, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema
de governo, suas leis, seu calendário, sua moeda. Essas cidades eram chamadas
de pólis, palavra grega que costuma ser traduzida por cidade-Estado.
De
modo geral, a pólis reunia um agrupamento humano que habitava um território
cuja extensão geralmente variava entre algumas centenas de quilômetros
quadrados e 10.000 km². Compreendia uma área urbana e outra rural. Atenas, por
exemplo, tinha 2.500 km², Siracusa tinha 5.500 km² e Esparta se estendia por
7.500 km². A área urbana frequentemente se estabelecia em torno de uma colina
fortificada denominada acrópole (do grego akrós, alta e pólis, cidade). Nessa
área concentrava-se o centro comercial e a manufatura. Ali, muitos artesãos e
operários produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, ferramentas, artigos em
cerâmica e vidro. Na área rural a população dedicava-se às atividades
agropastoris: cultivo de oliveiras, videiras, trigo, cevada e criação de
rebanhos de cabras, ovelhas, porcos e cavalos. Este agrupamento visava atingir
e manter uma completa autonomia política e social para com as outras pólis
gregas, embora existisse muito comércio e divisão de trabalho entre as cidade
gregas. É estimado que Atenas importava 2/3 a 3/4 de seus alimentos e exportava
azeite, chumbo, prata, bronze, cerâmica e vinho. No mundo grego encontramos
muitas pólis, dentre as mais famosas, temos Messênia, Tebas, Mégara e Erétria.
É estimado que seu número tenha chegado a mais de mil no século IV a.C..
A
maioria das pólis gregas eram pequenas, com populações de aproximadamente 20
mil habitantes ou menos na sua área urbana. Contudo, as principais cidades eram
bem maiores, no século IV a.C., estando entre elas Atenas, com estimados 170
mil habitantes, Siracusa com aproximadamente 125 mil habitantes e Esparta com
apenas 40 mil habitantes.
Atenas
era a maior e mais rica cidade da Grécia Antiga durante os séculos V e IV a.C.
Existem relatos da época que reportam um volume comercial externo (soma das
importações e exportações das cidades do império ateniense) da ordem de 180
milhões de dracmas áticos, valor duas ou três vezes superior ao orçamento do
Império Aquemênida na mesma época.
Formas de Governo
Monarquia
A
monarquia é uma forma de governo em que o poder está nas mãos de uma única
pessoa. A maioria das monarquias foram governadas por reis, geralmente com a
ajuda de um conselho de assessores. A palavra monarquia vem dos termos gregos
monos (que significa "um") e arkhein (que significa
"regra").
Os
Micénicos, quem governou a Grécia antiga de 2000 a 1 100 a.C., eram povos
guerreiros que estabeleceram monarquias para governar seus reinos. O rei de
cada cidade-estado vivia em um palácio-fortaleza luxuoso na cidade capital.
Além da capital havia uma rede de aldeias periféricas. As pessoas dessas
aldeias pagavam impostos ao rei, obedeciam as suas leis, e dependiam dele para
a sua defesa. O rei muitas vezes contou com soldados fortemente armados para
impor seu domínio e garantir que as pessoas pagassem impostos e obedecessem
suas leis. Ele geralmente mantinha o seu poder político para a vida toda. Seu
filho mais velho, o príncipe, sucedia-lhe no trono. Quando não havia sucessor
masculino direto, os mais próximos conselheiros militares do rei muitas vezes
lutavam entre si para se tornar o novo monarca.
As
monarquias micênicas sobreviveram até por volta do ano de 1 200 a.C. Naquela
época, muitas de suas rotas comerciais orientais começaram a fechar por causa
de combates entre reinos da Ásia Menor. Como resultado, os micênicos já não
podiam obter metais brutos, e sua capacidade de fabricar armas e conquistar
outras terras diminuíram. Eventualmente, os micênicos começaram a lutar entre
si pela sobrevivência, e eles lentamente destruíram-se uns aos outros.
Finalmente, um povo do noroeste chamado dórios invadiram a Grécia e destruíram
o que restava das monarquias micênicas. A Monarquia como forma de governo logo
desapareceu na Grécia. Foi substituída por um sistema em que um pequeno número
de indivíduos partilhavam o poder e governavam como um grupo.
Oligarquia
Uma
oligarquia é uma forma de governo em que o poder de decisão está nas mãos de
poucos líderes. A palavra oligarquia vem dos termos gregos oligos (que
significa "poucos") e arkhein (que significa "regra")
Entre
1100 e 800 a.C., pequenos grupos de pessoas começaram a compartilhar o poder
dominante em várias cidades-estados gregas. O poder político foi muitas vezes
compartilhado entre aristocratas, que herdavam a riqueza e o poder de suas
famílias, e um rei. Com o tempo, esse arranjo de decisões mudou. As oligarquias
se desenvolveram de forma que o poder político ficava nas mãos de poucos
indivíduos, ricos e selecionados. Alguns desses membros do círculo governante
eram de nascimento aristocrático, enquanto outros eram membros ricos da classe
média. Como monarcas, oligarcas geralmente tinham vidas de luxo e faziam
cumprir sua lei com o apoio militar. Os cidadãos de uma oligarquia desfrutavam
de certas proteções, embora eles não tinham plenos direitos políticos, como
votar. Portanto, a maioria dos cidadãos de uma oligarquia tinha muito pouco a
dizer sobre como a cidade-estado era governada.
Com
o tempo, as oligarquias começaram a desaparecer na Grécia por vários motivos.
Em Corinto, por exemplo, as pessoas viviam bem, mas a oligarquia governava
duramente e os cidadãos eventualmente derrubaram-na. Em Atenas, a insatisfação
com os oligarcas surgiu como o aumento da população camponesa e escassez de
alimentos. O poder das oligarquias também foi enfraquecido quando indivíduos
poderosos e ricos reuniram exércitos de contratados, ou mercenários,
guerreiros, chamados hoplitas, e os usou para intimidar os líderes políticos.
Até o ano 400 a.C., uma oligarquia estável governou apenas uma cidade-estado,
Esparta.
Tirania
A
tirania é uma forma de governo em que o poder de decisão está nas mãos de um
indivíduo que tenha tomado o controle, muitas vezes por meios ilícitos. A
palavra tirania vem do grego tyrannos, que significa "usurpador com poder
supremo". Com o tempo, a pessoa que governava através da tirania, ou um
tirano, ficou conhecida como quem se agarra ao poder por meios cruéis e abusivos.
As
tiranias na Grécia surgiram pela primeira vez em meados do ano 600 a.C. Em
muitas cidades-estados, uma crescente e rica classe média de comerciantes e
fabricantes ficara descontente com seus governantes. Essa classe média exigia
privilégios políticos e sociais para acompanhar sua nova riqueza, mas as
oligarquias dominantes recusavam-se a conceder-lhes uma palavra a dizer no
governo. Várias pessoas, na sua maioria ex-líderes militares, responderam às
demandas da população de classe média e prometeram fazer as mudanças que eles
queriam. Apoiados pela classe média, esses indivíduos tomaram o poder dos
grupos governantes. Uma vez no poder, esses líderes (ou tiranos) frequentemente
reformulavam as leis, a ajudavam os pobres, cancelavam dívidas, e davam aos cidadãos
que não eram nobres uma voz no governo. Como recompensa, os cidadãos
presenteavam os tiranos com frequência, que por sua vez ficaram bastante ricos.
Muitos
tiranos governaram por curtos períodos de tempo. Em algumas cidades-Estado, os
tiranos se tornaram duros e gananciosos, e foram simplesmente derrubados pelo
povo. O último tirano importante a governar a Grécia continental foi Hípias da
cidade-estado de Atenas. Em 510 a.C. uma combinação de invasores espartanos e
atenienses, que se opunham ao seu governo severo, forçaram Hípias a demitir-se
e deixar a Grécia. Uma nova forma de governo, em que todos os cidadãos
compartilhavam tomadas de decisão, eventualmente o substituiu.
Democracia
A
democracia é uma forma de governo em que o poder está nas mãos de todas as
pessoas. A palavra democracia vem do termo grego demos (que significa
"povo") e kratos (que significa "poder").
A
democracia se desenvolveu na Grécia antiga por volta de 500 a.C na
cidade-estado de Atenas, onde muitas pessoas começaram a opor-se a regra dos
tiranos. O órgão principal da democracia ateniense era a Assembleia dos
cidadãos. A Assembleia foi aberta a todos os 30.000 a 40.000 cidadãos adultos
do sexo masculino, mas geralmente apenas 5.000 pessoas compareciam. Tanto os
cidadãos ricos e pobres participavam da Assembleia. Este órgão se reunia cerca
de 40 vezes por ano para dirigir a política externa, rever as leis e aprovar ou
condenar a conduta dos funcionários públicos. Membros da Assembleia chegavam a
todas as suas decisões através do debate público e do voto.
Um
órgão executivo menor mas não menos importante , o Conselho dos 500, foi o
responsável pelo dia-a-dia de funcionamento do Estado. Esse corpo, cujos
membros eram escolhidos anualmente em um tipo de "loteria", propunha
leis e decisões da Assembleia pela força ou decretos. O Conselho também
administrou as finanças do Estado, recebeu embaixadores estrangeiros, e
supervisionou a manutenção da frota de navios ateniense.
Um
aspecto importante da democracia ateniense era o fato de que os seus
funcionários públicos não tinham muito poder individual. Não houve tal posse
como um presidente de Atenas. Em tempos de guerras, um grupo seleto de generais
tomavam decisões sobre assuntos militares. Esses generais foram eleitos
anualmente e poderiam ser reeleitos várias vezes. Quase todos os funcionários
do governo, incluindo generais e os membros do conselho, bem como os cidadãos
que serviram em júris foram pagos por seus serviços. Isso permitiu que cidadãos
do sexo masculino, tanto ricos e pobres a participassem plenamente no governo
ateniense.
Cultura da Grécia Antiga
Os
gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos elementos culturais
em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos diferentes dialetos e sotaques) e
tinham religião comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em
função disso, reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os
estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes, ou seja, os
povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
Teatro na Grécia Antiga |
Educação ateniense
Em
Atenas, apesar das mulheres também serem educadas para as tarefas de mãe e
esposa, a educação era tratada de outra forma, pois até mesmo nas classes mais
pobres da sociedade ateniense encontravam-se homens alfabetizados. Eles eram
instruídos para cuidarem não só da mente como também do corpo, o que lhes dava
vantagem na hora da guerra, pois eram tão bons guerreiros quanto eram estratégicos.
Os
meninos, quando ainda pequenos - aos sete anos de idade -, já começavam as suas
aprendizagens na escola e nas suas próprias casas. O Pedagogo - um escravo
especial - era escolhido para os orientar. As principais obras dos antigos
poetas, como Homero e Hesíodo, eram decoradas nas suas aprendizagens,
habitualmente acompanhadas de música.
Jogos Olímpicos antigos
O
principal evento de ligação cultural e religiosa da Grécia antiga eram os Jogos
Olímpicos, criados partir de 776 a.C. sob a forma de um festival para
reverenciar os deuses do Olimpo. De quatro em quatro anos, os gregos das mais
diversas cidades reuniam-se em Olímpia para a etapa final de outros festivais
realizados nas cidades de Corinto, Delfos e Argos, esta final ficou conhecida
como Jogos olímpicos.
Olimpíadas na Grécia Antiga |
Estes
jogos eram realizados em honra a Zeus (o mais importante deus grego) e incluíam
provas de diversas modalidades esportivas: corridas, saltos, arremesso de
disco, lutas corporais. Além do esporte havia também competições musicais e
poéticas.
Os
Jogos Olímpicos eram anunciados por todo o mundo grego dez meses antes de sua
realização. Os gregos atribuíam tamanha importância a essas competições que
chegavam a interromper guerras entre cidades (trégua sagrada) para não
prejudicar a realização dos jogos. Pessoas dos lugares mais distantes iam a
Olímpia a fim de assistir aos jogos. Havia, entretanto, proibição à
participação das mulheres, seja como esportistas, seja como espectadoras.
Em
épocas de guerra, os atletas (corredores) eram encarregados de transportar, em
“alta velocidade”, mensagens importantes.
Arte
teatro de Dioniso, Atenas.
|
Um
dos mais expressivos monumentos do período antigo é o Partenon, templo com
colunas dóricas, construído entre 447 e 438 a.C. na acrópole de Atenas, e
dedicado à padroeira da cidade, Atena Partenos. A construção foi projetada
pelos arquitetos Calícrates e Ictinos, e é comandada por Fídias. Suas linhas
arquitetônicas serviram de inspiração para a construção de muitos outros
edifícios em todo o mundo.
Partenon |
Religião na Grécia Antiga
Os
gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico, em que os deuses poderiam
se envolver em aventuras fantásticas, tendo, também, a participação de heróis
(Hércules, Teseu, Perseu, Édipo) que eram considerados divinos. Não havia
dogmas e os deuses possuíam tanto virtudes quanto defeitos, o que os
assemelhava aos mortais no aspecto de personalidade. Para relatar os feitos dos
deuses e dos heróis, os gregos criaram uma rica mitologia.
Normalmente,
as cerimônias públicas, mesmo de cunho político, eram antecedidas por práticas
religiosas, o que reflete a importância da religião entre os gregos antigos.
Mas essa religião foi superada pela filosofia.
Templo de Ártemis
|
Apesar
da autonomia política das cidades-estados, os gregos estavam unificados em
termos religiosos. Entre as divindades cultuadas estavam: Zeus (senhor dos
deuses e céus), Hades (deus do Mundo Inferior e dos mortos), Deméter (deusa da
agricultura), Poseidon (deus dos mares), Afrodite (deusa do amor e beleza),
Apolo (deus do sol, da música, da medicina, da poesia, do tiro com arco e dos
solteiros), Dioniso (deus do vinho), Atena (deusa da sabedoria e da guerra),
Ártemis (deusa da caça e da lua), Hermes (deus dos ladrões, dos viajantes, dos
comerciantes e dos mensageiros), Hera (protetora das mulheres, deusa do
casamento e da maternidade e esposa de Zeus), Ares (deus da guerra), Hefesto
(deus dos ferreiros)
Além
dos grandes santuários como os de Delfos, Olímpia e Epidauro, havia os oráculos
que também recebiam grandes multidões, pois lá se acreditava receber mensagens
diretamente dos deuses. Um exemplo claro estava no Oráculo de Delfos, onde uma
pitonisa (sacerdotisa do templo de Apolo) entrava em transe e pronunciava
palavras sem nexo que eram interpretadas pelos sacerdotes, revelando o futuro
dos peregrinos.
Outro
fato muito interessante era a existência dos homogloditas, um pequeno povo que
vivia nas áreas litorâneas do mediterrâneo, eles utilizavam a argila para a
construção de estatuetas como uma oferenda aos deuses gregos, geralmente ao
Dioniso, deus do vinho e das festas.
Matemática grega e Medicina da
Grécia Antiga
Os
matemáticos da Grécia Antiga contribuíram para muitos desenvolvimentos
importantes no campo da matemática, incluindo as regras básicas de geometria, a
ideia da derivação formal e descobertas na teoria dos números, análise
matemática, matemática aplicada, além de terem se aproximado de estabelecer o
cálculo integral. As descobertas de vários matemáticos gregos, incluindo
Pitágoras, Euclides e Arquimedes ainda são utilizadas no ensino de matemática
atual.
Os
gregos desenvolveram a astronomia, que eles tratavam como um ramo da
matemática, a um nível altamente sofisticado. Os primeiros modelos
tridimensionais geométricos para explicar o movimento aparente dos planetas
foram desenvolvidos no século IV a.C. por Eudoxo de Cnido e Calipo de Cícico. O
contemporâneo Heráclides do Ponto propôs que a Terra girava em torno do seu
próprio eixo. No século III a.C. Aristarco de Samos foi o primeiro a sugerir um
sistema heliocêntrico. Arquimedes em seu tratado O Contador de Areia revive a
hipótese Aristarco de que "as estrelas fixas e o Sol permanecem
impassíveis, enquanto a Terra gira em torno do Sol na circunferência de um
círculo". Caso contrário, apenas descrições fragmentárias de ideia
Aristarco iriam sobreviver. Eratóstenes, usando ângulos de sombras criadas em
regiões amplamente separadas, estimou a circunferência da Terra com grande
precisão. No século II a.C. Hiparco de Nicéia fez uma número de contribuições,
incluindo a primeira medição da precessão e a compilação do primeiro catálogo
de estrelas em que ele propôs o moderno sistema de magnitudes aparentes.
A
Máquina de Anticítera, um dispositivo para calcular os movimentos dos planetas,
data de cerca de 80 a.C. e foi o primeiro ancestral do computador astronômico.
O mecanismo foi descoberto em um antigo naufrágio ao largo da ilha grega de
Anticítera, entre Citera e Creta. O dispositivo se tornou famoso pelo uso de
uma engrenagem diferencial, que se acreditava ter sido inventada apenas no
século XVI, e pela miniaturização e complexidade de seus componentes,
comparáveis a de um relógio feito no século XVIII. O mecanismo original é
exibido na coleção de bronze do Museu Arqueológico Nacional de Atenas,
acompanhado de uma réplica.
Os
gregos antigos também fizeram importantes descobertas no campo da medicina.
Hipócrates foi um médico do período clássico e é considerado uma das figuras
mais marcantes da história da medicina. Ele é conhecido como o "pai da
medicina",em reconhecimento de suas contribuições duradouras para o campo,
como a fundação da escola hipocrática. Esta escola intelectual revolucionou a
medicina na Grécia Antiga, estabelecendo-se como uma disciplina distinta de
outros campos que tinham sido tradicionalmente associados (nomeadamente teurgia
e filosofia), tornando, assim, a medicina uma profissão.
Legado
A
cultura da Grécia Antiga é considerada a base da cultura da civilização
ocidental. A cultura grega exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se
encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega
antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na
filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna,
particularmente durante a renascença da Europa ocidental e durante os diversos
reviveres neoclássicos dos séculos XVIII e XIX, na Europa e Américas.
Conceitos
como cidadania e democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento
na mão dos gregos. Qualquer história da Grécia Antiga requer cautela na
consulta a fontes. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos
sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses.
Por
isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das outras
cidades; além disso, esses homens concentraram seus trabalhos mais em aspectos
políticos (e militares e diplomáticos, desdobramentos daqueles), ignorando o
que veio a se conhecer modernamente por história econômica e social. Toda a
história da Grécia antiga precisa dar atenção à condução parcial pelas fontes.