Ou seja, o intervencionismo de outros países da Europa no fragmentado território alemão também contribuiu, para que se iniciasse um movimento interno em prol da unificação desse Estado. No Congresso de Viena, decidiu-se que os quase quarenta estados germânicos que antigamente formavam o Sacro Império Romano-Germânico - extinto em 1806 por Napoleão Bonaparte - deveriam formar a Confederação Germânica, liderada pela Áustria. Na Itália o processo de unificação foi levado a cabo, sobretudo, pelo reino de Piemonte-Sardenha, NO CASO GERMÂNICO PODE-SE DIZER QUE O REINO DA PRÚSSIA LIDEROU ESSE MOVIMENTO DE FORMAÇÃO DE UM ESTADO ALEMÃO. Inflamada pela atmosfera nacionalista que atinge a Europa nessa época, a população da Confederação Germânica iria protestar contra a dominação monárquica da Áustria.
O desenvolvimento econômico da região germânica
Os pequenos
estados germânicos, embora fossem marcados por essa divisão entre si, mantinham
uma característica em comum: estavam passando por um crescente processo de
industrialização, em grande medida influenciado pelos avanços realizados pelos
ingleses a partir da Revolução Industrial. Entre 1860 e 1870, surgiriam
distritos industriais e centros urbanos em várias regiões da futura Alemanha,
bem como várias estradas de ferro que ajudariam a unificar o território. Em
1834, já como prenúncio dos anseios de constituição de um Estado unificado que
somasse os poderios econômicos das regiões e se tornasse uma grande potência
industrial, é criado o Zollverein,
uma liga aduaneira liderada pela Prússia. Esse acordo unificava o mercado consumidor
de vários territórios germânicos.
Bismarck contra a Dinamarca e a Áustria
Em 1861, o rei
Guilherme I, da Prússia, nomeia Otto Von Bismarck como ministro, um político
diplomaticamente habilidoso, monarquista, e favorável à unificação alemã. Para Bismarck,
esse processo de constituição da Alemanha deveria ser liderado pelos
prussianos. Controlando um poderoso exército e estabelecendo ora alianças, ora
ataques a potências rivais, Bismarck venceria uma série de guerras até
conseguir unificar a Alemanha. A primeira dessas batalhas ocorreu contra a
Dinamarca, pois esta dominava dois ducados - o de Schleswig e o de Holstein -
que, ao lutarem para obter a independência, estabeleceram uma aliança com o
governo prussiano, o qual resolveu apoiar os príncipes desses territórios. A
Áustria, que entrou nessa mesma guerra, estava aliada aos prussianos contra a
Dinamarca, pois se tratava de uma questão que dizia respeito à Confederação. Ao
final da batalha, Schleswig passou para o domínio da Prússia, enquanto Holstein
ficou sob o comando da Áustria.
Após essa
guerra, a Áustria e Prússia, que administravam os ducados conquistados, entram
em conflito devido a esses territórios. Valendo-se de uma estratégia, Bismarck
espera o momento propício para declarar guerra à Áustria, que na época estava
em conflito contra a Hungria e a Itália. Assim, enfraquecidos, os austríacos
perdem para a Prússia na batalha de Sadowa, em 1866. Derrotada, a Áustria
aceita a concessão dos ducados de Schleswig e Holstein para a Prússia, bem como
a passagem da Veneza para a Itália, a qual também estava se unificando e foi
apoiada pelos prussianos nesse processo. Finalmente, após vencer a Áustria, a
Prússia consegue a dissolução da Confederação Germânica. Em seguida, outros
estados germânicos se uniriam aos prussianos, constituindo, em 1867, a
Confederação Germânica do Norte.
A guerra Franco-Prussiana
Nomeado
chanceler federal, Bismarck ainda iria enfrentar a França, que se sentiu
ameaçada perante a expansão prussiana e o fortalecimento de seu poderio.
Napoleão III exigiria, então, que os estados germânicos do sul - de quem ele
esperava apoio pelo fato de a França sempre ter tido influência sobre a região
- não aderissem à Confederação Germânica do Norte. Após esta e outra série de
exigências não cumpridas, o dirigente francês declararia, em 1870, guerra à
Prússia.
Contudo, como o
exército prussiano se mostraria mais bem preparado, e, além disso, os franceses
ainda teriam de enfrentar uma revolta política interna, Napoleão III acabaria
capitulando no ano seguinte. Ao cumprir o tratado de paz com a Prússia, a
França se comprometeria a ceder os territórios da Alsácia e Lorena à Prússia,
bem como a pagar uma alta indenização aos vitoriosos.
A consolidação da unificação
O processo de
unificação alemã se encerrou, oficialmente, em janeiro de 1871, quando, através
de um ato simbólico e bastante humilhante para a França derrotada, os
prussianos proclamaram o início do Segundo Reich (que significa “Segundo
Império germânico”) em pleno espaço do palácio de Versalhes, sede do governo
francês. Devemos lembrar que isso iria ter sérias consequências futuras, haja
vista que os franceses derrotados alimentariam um significativo espírito de
revanche contra os alemães.
Guilherme I
seria, então, coroado como o primeiro Kaiser (imperador) da Alemanha unificada.
Apesar disso, ainda haveria certas resistências regionais à formação do Estado,
como a do território da Baviera. Isso mostra como esse processo foi, de fato,
extremamente demorado e complexo.