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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Brasil: A República Velha


O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas.

O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.

A República da Espada (1889 a 1894)

Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente Floriano Peixoto.

O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia.

A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Republicana)

Após o início da República havia a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.

República das Oligarquias

O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do país.

Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de café do oeste paulista.

Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política e mudanças no sistema eleitoral (implantação do voto secreto) e transformações no ensino público do país. A Coluna Prestes e a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foram dois exemplos do movimento tenentista.

Política do Café-com-Leite

A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário político da república. Saídos das elites mineiras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que estava em expansão neste período.

Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais agravados.

Política dos Governadores

Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.

O coronelismo

A figura do "coronel" era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros "recursos" para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.

O Convênio de Taubaté

Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

A crise da República Velha e o Golpe de 1930

Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.

Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.

  Presidentes da República Velha:

1889-1891: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca;
A República do Brasil foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. Pondo fim a mais de 70 anos de monarquia, o início da República foi marcado por sérias crises políticas e econômicas.

Com a proclamação da República, deu-se início a um governo provisório, liderado por Deodoro da Fonseca. Marechal Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente do Brasil após a Proclamação da República de 15 de novembro de 1889.

Fez-se necessária, por isso, a reorganização do poder e da estrutura do governo, adequando-o ao novo regime. Continuaram, contudo, os conflitos com o Exército, e toda manifestação ocorrida era acusada de conspiratória e de ter o objetivo de restaurar a monarquia, embora na realidade tivesse outros intuitos e não este. Deodoro ganhou a antipatia da imprensa, pois os acusava de fazer propaganda anti-Republicana, e chegou ao extremo de instituir a censura, mostrando assim, todo o autoritarismo do novo governo.

Buscando solucionar os problemas na economia, o primeiro ministro da Fazenda, Rui Barbosa, lançou o encilhamento, uma política econômica de incentivo à emissão de papel moeda, com o objetivo de pagar a massa assalariada e de viabilizar a industrialização. O objetivo não foi alcançado e o país entrou em uma crise econômica que envolveu problemas de inflação, fechamento de empresas, falência de investidores, dentre outros.

O presidente formulou a primeira constituição republicana e formou o Congresso Nacional Constituinte, exatamente um ano depois da proclamação da República. A nova constituição foi aprovada e no dia 25 de fevereiro de 1891 Deodoro é eleito presidente do Brasil pelo colégio eleitoral, formado por senadores e deputados federais. Ao mesmo tempo, o Marechal Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente da república, terminando assim o Governo Provisório.

Durante os nove meses seguintes, no entanto, o país enfrentou uma crise política e econômica que obrigou Deodoro a se posicionar a favor de uns, sabendo que os demais iriam se colocar em oposição a ele. Destituiu do poder as forças que lhe faziam oposição, e como não tinha o apoio do Congresso Nacional, decidiu fechá-lo.

No dia 3 de novembro de 1891 Deodoro deu um golpe de estado. Com a dissolução do Congresso, lançou um "Manifesto à Nação", para explicar as razões do seu ato. As tropas militares cercaram os prédios do Legislativo e prenderam líderes da oposição. A imprensa foi posta sob total censura e foi decretado o estado de sítio do país.

Os republicanos de São Paulo apoiavam Floriano Peixoto, fato que fez com que os militares ficassem divididos, enfraquecendo as forças apoiadoras de Deodoro da Fonseca.

No dia 23 de novembro de 1891 ocorreu a primeira revolta da Armada, quando o Almirante Custódio de Melo ameaçou bombardear o Rio de Janeiro caso Deodoro não renunciasse. O Marechal não suportou a pressão, principalmente com a ameaça feita pela Revolta da Armada, e, temendo uma guerra civil, renunciou seu cargo em 3 de novembro de 1891, deixando a presidência para o seu vice, Floriano Peixoto, assumir.

1891-1894: Floriano Peixoto
Floriano Peixoto foi o vice de Deodoro da Fonseca e assumiu a presidência após a renúncia deste. Floriano recebeu o apoio de militares florianistas e de oligarquias estaduais antideodoristas.

O presidente achou necessário governar pela força devido aos inúmeros problemas enfrentados pela nação e ganhou com isso o apelido de "Marechal de Ferro".

Floriano enfrentou protestos da oposição que não o aceitava como presidente. Esta queria a convocação de novas eleições. Tal atitude tinha uma explicação: caso o presidente ficasse menos de 2 anos no poder, novas eleições teriam que ser feitas, Deodoro governou por 9 meses; logo, este era um bom motivo para que Floriano convocasse eleições. Porém, não as convocou e por isso enfrentou várias revoltas que soube como combater.
Em 1893 ainda enfrentou mais 2 revoltas:

1)A Revolta Federalista do Rio Grande do Sul
2)A Revolta da Armada.

Floriano usou da violência para acabar com as duas.
Nem todos o apoiavam, seus principais opositores eram as oligarquias cafeeiras e os banqueiros estrangeiros. Contudo, contava com o apoio de uma parte do Congresso Nacional, da classe média e da ala militar florianista.

A nação o admirava, pois ele apoiava a classe média menos favorecida tomando medidas eficazes para diminuir o custo de vida.

Com todo esse poder, Floriano não quis continuar na presidência. Muitos insistiram, mas ele não quis e preferiu se retirar da vida pública.
Muitos achavam que ele daria um Golpe de Estado para prejudicar a posse de Prudente de Moraes, porém nada fez e Prudente assumiu a presidência em 15/11/1894.

1894-1898: Prudente José de Morais e Barros;
Prudente de Moraes era advogado e político. Já havia sido presidente do estado de São Paulo e senador, além de ter integrado a Assembleia Nacional Constituinte da República também como presidente. Foi o terceiro presidente do Brasil e recebeu um país que passava por uma grave crise econômica. Assumiu o poder em 1894 e, logo de partida, teve que resolver a questão da crise econômica e também um conflito político entre os radicais florianistas e a Oligarquia cafeeira. Seus quatro anos de governo foram turbulentos e Prudente de Moraes teve que dedica-los a uma série de pacificações.

A primeira questão a ser solucionada pelo presidente civil foi a Revolução Federalista que vinha acontecendo no estado do Rio Grande do Sul. Prudente de Moraes conseguiu encerrar o conflito do estado com o governo federal e concedeu anistia aos rebeldes que participaram do movimento. Mas, pouco tempo depois, enfrentaria um problema rebelde de maior proporção, a Guerra de Canudos. Esta eclodiu na capital baiana e forçou Prudente de Moraes a organizar e intervir militarmente para solucionar o problema. Nesta ocasião, o presidente sofreu um atentado no qual seu Ministro da Guerra foi o afetado e ferido mortalmente. A situação fez com que Prudente de Moraes decretasse o Estado de Sítio e passasse a comandar com plenos poderes. O recurso garantiu a neutralidade da oposição política, a vitória dos interesses da oligarquia cafeicultora e ainda a eleição do sucessor que desejava, Campos Salles.

A crise econômica que enfrentou esteve intimamente ligada ao tipo de produção brasileira, que era predominantemente agrária. Ao longo do século XIX, o café ganhou grande importância na pauta de exportação brasileira e se tornou o principal produto comercializado. Na última década do século, contudo, o produto entrou em crise no mercado internacional, afetando a base da economia brasileira. O governo se esforçou para estimular a produção industrial, mas a questão não foi completamente solucionada em seu governo.

Ao fim de seu governo, Prudente de Moraes deixou claro um perfil elitista da República Oligárquica que ganhava terreno no Brasil. Enquanto concedeu anistia aos rebeldes da Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, ordenou um dos maiores massacres da história do Brasil para solucionar a Guerra de Canudos, movimento de pobres na Bahia. Mas, de forma geral, foi bem sucedido em seu governo por conseguir solucionar as principais questões que o afetaram e que afetavam o país.

1898-1902: Manuel Ferraz de Campos Sales; 


Manuel Ferraz de Campos Sales nasceu em Campinas, no dia 15 de fevereiro de 1841. Campos Sales se tornou bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo no ano de 1863, ingressando, logo em seguida, no Partido Liberal. Além de advogado, foi político e criador do PRP (Partido Republicano Paulista), marcando sua carreira com a presidência do estado de São Paulo, de 1896 a 1897 e em seguida assumindo o posto de quarto presidente da República, do ano de 1898 até 1902.

Em sua carreira política, Campos Sales ficou conhecido como um republicano histórico, vindo a assumir em 1867 o cargo de deputado provincial, em 1872 o de vereador e em 1881 novamente o de deputado provincial. Em 1885 foi deputado geral (ou federal, como se diz hoje) e em 1889 voltava a ser deputado provincial. Quando foi proclamada a República, Campos Sales foi nomeado como Ministro da Justiça por Deodoro da Fonseca. Nesta oportunidade, promoveu a criação do casamento civil e começou a elaboração de um Código Civil. Além disso, substituiu pelo Código Penal o antigo Código Criminal do Império. Trabalhou também, neste período, no projeto de lei sobre crimes de responsabilidade do presidente da república.

Em 1891 foi eleito senador, mas renunciou ao cargo em 1896, pois se tornaria presidente do estado de São Paulo. Durante o curto tempo em que esteve no cargo, Campos Sales enfrentou um surto de febre amarela, um conflito na colônia italiana da Capital, uma onda de violência em Araraquara e a Guerra de Canudos. Viria também a renunciar o cargo de presidente do estado de São Paulo um ano depois da posse, com o objetivo de se candidatar à presidência da República.

Em março de 1898 foi eleito presidente da República. Conseguiu ao total 420.286 votos. O governo de Campos Sales concentrou esforços em tentar sanar a inflação do país, e em promover políticas que agradassem às oligarquias cafeeiras. Terminou o seu mandato sem o apoio popular e com bom prestígio entre as elites do país.

Em 1899 o presidente da Argentina, Júlio Roca, visitou o Rio, e no ano seguinte Campos Sales foi recebido em Buenos Aires por cerca de 300.000 pessoas. Foi o primeiro presidente brasileiro a viajar para o exterior.

Governou até 1902 e elegeu seu sucessor, o Conselheiro Rodrigues Alves. Em seguida, foi eleito senador em São Paulo e diplomata na Argentina, onde trabalhou com o amigo Júlio Roca, ex-presidente do país.

1902-1906: Francisco de Paula Rodrigues Alves;
Francisco de Paula Rodrigues Alves exerceu o quarto período de governo republicano, de 15/11/1902 a 15/11/1906. Advogado, nasceu na cidade de Guaratinguetá, estado de São Paulo, em 1848. Político egresso do regime imperial, era presidente do estado de São Paulo quando, realizadas as eleições diretas, conquistou a presidência da República a 15 de novembro de 1902.

Sem dúvida, o fato que marcou o período de Rodrigues Alves no cargo foi o amplo programa de remodelação urbana e de saneamento da cidade do Rio de Janeiro, capital da República. Para executar a tarefa, nomeou o engenheiro Pereira Passos prefeito da cidade, com plenos poderes para a implementação das reformas planejadas.

Assim, a infraestrutura do porto foi ampliada, os antigos quarteirões, fechados, empobrecidos e sujos, com seus cortiços, foram demolidos e seus moradores foram transferidos para a periferia, abrindo espaço para ruas mais largas e a construção de novas avenidas, com destaque para a abertura da avenida Central, atual avenida Rio Branco. Além das mudanças estéticas, novas posturas públicas foram adotadas, como a proibição do comércio ambulante e práticas como soltura de fogos de artifício, balões e criação de fogueiras.

Esse imenso investimento na remodelação da capital consumia sem dúvida, bastantes recursos. Nesse aspecto, porém, o governo de Rodrigues Alves estava devidamente amparado, pois seu governo dispunha de capital suficiente, devido ao auge do ciclo da borracha no Brasil. O país, na época, respondia sozinho por 97% da produção mundial.

Outro ponto de destaque na administração de Rodrigues Alves foi a saúde pública e o combate às epidemias de peste bubônica e febre amarela. Em 1904, a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola levou a população carioca ao protesto nas ruas, num movimento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Apesar da revolta popular, as doenças foram contidas, graças em grande parte à estratégia do cientista e médico Oswaldo Cruz.

Outro ponto importante foi a assinatura do Tratado de Petrópolis, que definiu os limites entre Brasil e a Bolívia, cabendo ao Brasil a posse do Acre. A Bolívia recebeu uma compensação no valor de dois milhões de libras esterlinas, além da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

No último ano de governo de Rodrigues Alves, foi concluído o Convênio de Taubaté, a contra-gosto do próprio presidente. O convênio instituiu a proteção aos cafeicultores, cabendo ao governo central comprar as safras com recursos financeiros externos e estocá-las para vendê-las no momento oportuno.

Após o seu período na presidência, Rodrigues Alves governou o estado de São Paulo entre 1912 e 1916. Foi eleito novamente presidente da República em 1918, mas não tomou posse por motivos de saúde. No ano seguinte, faleceria no Rio de Janeiro.

6-1906-1909: Afonso Augusto Moreira Pena (morreu durante o mandato)

 Affonso Augusto Moreira Penna exerceu o quinto período de governo republicano, de 15/11/1906 a 15/11/1910. Advogado, nasceu na cidade de Santa Bárbara do Mato Dentro, Minas Gerais. Tornou-se vice-presidente da República do governo Rodrigues Alves em substituição a Francisco Silviano de Almeida Brandão, falecido antes de tomar posse. Chega à presidência da República a 15 de novembro de 1906 por meio de eleições diretas, mas falece no Rio de Janeiro, a 14 de junho de 1909. Foi sucedido por seu vice, Nilo Peçanha, que ficou encarregado de concluir o mandato, de 14/06/1909 a 15/11/1910.

Pena optou por ministros jovens, com pouca experiência política, buscando fortalecer a autoridade federal. Por esse motivo, seus opositores satirizaram seu ministério chamando-o de “Jardim de Infância”. As exceções eram o ministério da guerra e o de relações exteriores, chefiados respectivamente por Hermes da Fonseca e o barão do Rio Branco. Seu caráter energético e juvenil, somado à sua pequena estatura rendeu-lhe o apelido de “Tico-Tico”. Enfrentou uma crescente mobilização de operários, classe que se ampliava com o aumento da população imigrante. Em 1908, uma greve deixou a cidade do Rio de Janeiro sem luz por cinco dias.

Uma das características que marcaram o período de Afonso Pena na presidência foi a reafirmação Convênio de Taubaté, acordo estabelecido no final do governo Rodrigues Alves que obrigava o Estado a comprar os excedentes de café. A política de valorização do preço do café ajudou a saldar os compromissos externos e a se obter um imenso lucro, revelando o sucesso da primeira iniciativa governamental no comércio.

Outro aspecto de seu governo foi a criação de parques industriais e a modernização das linhas férreas e dos portos de Vitória e Recife. Foi realizada ainda a Exposição Nacional de 1908, por meio da qual esperava difundir a imagem de um Brasil “civilizado”. Em 1907, foram disponibilizados os recursos necessários para que Cândido Rondon realizasse a ligação do Rio de Janeiro à Amazônia pelo fio telegráfico, naquilo que ficou conhecido como “expansão para o oeste”. O presidente esforçou-se ainda para restabelecer os serviços de imigração e instituiu repartições especializadas com o propósito de racionalizar o povoamento do país.

A disputa sucessória que se iniciou em 1909 fez com que o governo entrasse em crise. O presidente chocou-se com seu ministro da guerra ao sugerir a candidatura do ministro da fazenda, Davi Campista. Desafiando o presidente, Hermes irá lançar sua candidatura. Na mesma época, Afonso Pena perde o filho mais velho e adoece, acabando por falecer no dia 14 de junho de 1909, com pouco mais de sessenta anos e sem completar seu mandato presidencial.

1909-1910: Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena, assumiu em seu lugar);

Nilo Procópio Peçanha foi responsável por concluir o quinto período de governo republicano, de 14/06/1909 a 15/11/1910. Advogado, nasceu na cidade de Campos, estado do Rio de Janeiro, em 1867. Era presidente do estado do Rio de Janeiro quando, em 1906 foi um dos signatários do Convênio de Taubaté - SP, assim como os presidentes de São Paulo e Minas Gerais.

É eleito vice-presidente, e acaba por assumir o cargo a 14 de junho de 1909, com a morte do titular, Afonso Pena. O novo presidente tinha como missão administrar um país de cerca de 23.151.669 habitantes, dos quais aproximadamente 67Nilo-Peçanha% viviam no campo.

Embora seu mandato tenha se dado em um espaço de tempo tão breve, Nilo Peçanha foi responsável, entre outras coisas, pela reorganização do Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI - sob a direção do tenente-coronel Cândido Rondon), além de dar impulso ao ensino técnico-profissional.

Apesar dos empreendimentos, o período de foi de crescimento dos conflitos entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, fruto da campanha civilista. Eram realizadas inclusive intervenções em alguns estados para garantir a posse dos presidentes aliados ao governo federal.

Tais conflitos ressoaram na campanha eleitoral para a presidência da República. Esta tornou-se uma acirrada disputa entre os candidatos Hermes da Fonseca, sobrinho do ex-presidente marechal Deodoro da Fonseca e o ministro da Guerra do governo de Afonso Pena, e Rui Barbosa. A "política do café com leite", que durante tantos anos havia unido paulistas e mineiros em torno de um mesmo candidato, desta vez estavam em lados opostos. Hermes da Fonseca é apoiado por Minas Gerais, pelo Rio Grande do Sul e pelos militares, enquanto Rui Barbosa recebe o apoio de São Paulo e da Bahia. É esta a campanha de Rui Barbosa que fica conhecida como "campanha civilista", ou seja, uma oposição civil à candidatura militar de Hermes da Fonseca. O estado de São Paulo se dedicou a financiar a campanha de Rui Barbosa, que percorreu o país procurando o apoio popular, um fato inédito na trajetória democrática brasileira.

Depois de completar o período de Afonso Pena na presidência, Nilo Peçanha foi eleito senador pelo Rio de Janeiro em 1912, estado do qual tornou-se mais uma vez presidente entre 1914 e 1917. Em 1917, exerce o cargo de ministro da Relações Exteriores no governo de Delfim Moreira. Em 1921 concorreu à presidência da República na legenda da Reação Republicana, sendo vencido por Artur Bernardes. É eleito mais uma vez senador pelo Rio de Janeiro, falecendo em 1924. Hoje, é reconhecido como o primeiro presidente mulato do Brasil.

1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca;

Hermes Rodrigues da Fonseca exerceu o sexto período de governo republicano, de 15/11/1910 a 15/11/1914. Militar, nasceu na cidade de São Gabriel, Rio Grande do Sul. Era sobrinho do primeiro presidente do país, Deodoro da Fonseca. Foi Ministro da Guerra do governo de Afonso Pena (1906-1909), e responsável pela Lei do Serviço Militar Obrigatório. Por meio de eleição direta, passou a exercer a presidência da República em 1910.

Hermes da Fonseca é o terceiro militar a ocupar o cargo de presidente, e o primeiro a ser eleito por meio de um pleito nacional. Sua vitória representa a emergência da aliança do Rio Grande do Sul com os militares no cenário político. A influência do senador gaúcho Pinheiro Machado foi decisiva, desde a sugestão de indicação da candidatura de Hermes da Fonseca até o fim do período presidencial. Seu governo rompeu ainda com a "política do café com leite", devida em grande parte à falta de acordo entre as oligarquias paulistas e mineiras naquele momento.

O início do seu governo foi marcado pela Revolta da Chibata, movimento de marinheiros que se opunham ao regime de castigos físicos em vigor na Marinha. Os oficiais utilizavam-se da chibata para punir os marinheiros que cometiam faltas consideradas graves, na sua grande maioria, ex-escravos.

A 12 de setembro de 1912 estoura uma rebelião de caráter messiânico, na região de litígio entre os atuais estados do Paraná e Santa Catarina, a chamada zona do Contestado. O beato José Maria, líder do movimento, pretendia fundar uma "monarquia celestial" na região. Na área sob a sua influência não se realizava cobrança de impostos e a propriedade particular da terra era vedada. A rebelião é liquidada somente em 1915, (já no governo de Wenceslau Bras), após várias batalhas, nas quais morreram cerca de vinte mil pessoas.

Em 1913, ocorre no Rio de Janeiro uma manifestação de cerca de dez mil pessoas contra a deportação de sindicalistas que estavam sendo deportados em face de uma nova lei que determinava a expulsão de estrangeiros envolvidos em greves. Vários estados realizam manifestações contra a mesma lei em maio. Em outubro, o presidente solicita a decretação do estado de sítio na capital federal, uma tentativa de conter a onda de greves e o movimento operário.

Com o assassinato de Pinheiro Machado, dirigente do Partido Republicano Conservador, Hermes da Fonseca decide fixar residência na Europa em 1915, após pedir licença do Exército. Retorna ao país em 1920 e três anos depois é transferido para a reserva no posto de marechal. Faleceu na cidade de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro, em 1923.

1914-1918: Venceslau Brás Pereira Gomes;

Wenceslau Brás Pereira Gomes exerceu o sétimo período de governo republicano, de 15/11/1914 a 15/11/1918. Advogado, nasceu na cidade de São Caetano da Vargem Grande, hoje Brasópolis, Minas Gerais. Foi eleito vice-presidente em 1910, na chapa de Hermes da Fonseca, e por meio de eleição direta, assumiu a presidência da República em 1914. Seu vice-presidente foi Urbano Santos da Costa Araújo, maranhense de Guimarães, que ocupou o posto de seu titular entre 08/09/1917 e 08/10/1917, durante o afastamento de Wenceslau Braz para tratamento de saúde.

Destacavam-se entre seus ministros, o das relações exteriores, o catarinense Lauro Müller (sucessor do falecido barão do Rio Branco na chefia do ministério, desde o governo anterior de Hermes da Fonseca) e o carioca Pandiá Calógeras, responsável pelos ministérios da agricultura e da fazenda em períodos distintos.

O primeiro ano de seu governo foi marcado pela intervenção no conflito do Contestado. No campo econômico, Wenceslau Brás adotou uma austera política financeira para enfrentar a redução das exportações ocorrida com a Primeira Guerra Mundial. O governo queimaria três milhões de sacas de café estocadas, o que provocou a segunda valorização do café, entre 1917 e 1920.

No dia 1º de janeiro de 1916 entra em vigor o primeiro Código Civil Brasileiro. Já o ano de 1917 traz uma série de greves gerais que varrem as principais cidades do país, com destaque para São Paulo e para a capital, Rio de Janeiro. Cerca de 50 mil trabalhadores cruzaram os braços somente em São Paulo, o que fez o governo mobilizar tropas e enviar dois navios de guerra para o porto de Santos. Apesar do pioneirismo destes movimentos, estas sucessivas greves, ocorridas entre os anos de 1917 e 1920, não trouxeram ganhos significativos para a classe trabalhadora.

Além das greves, 1917 fica marcado pelo torpedeamento do navio Paraná, a 3 de abril, obra de submarinos alemães, que estava próximo à costa francesa. A reação do governo brasileiro foi confiscar todos os navios alemães ancorados em portos brasileiros. Quando os alemães afundaram o navio brasileiro Macau, Wenceslau Brás assina, a 27 de outubro desse mesmo ano, a declaração de estado de guerra contra a Alemanha, à qual seguiu uma série de manifestações antigermânicas por todo o país.

Entre outubro e novembro de seu último ano do governo, o Brasil sofre com a chamada gripe espanhola, responsável pela morte de milhares de vítimas, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Após completar seu mandato, recolheu-se a Itajubá, MG, como presidente vitalício de um grupo de empresas de âmbito regional, ali falecendo, a 15 de maio de 1966.

1918-1919: Francisco de Paula Rodrigues Alves (eleito, morreu de gripe espanhola, sem ter assumido o cargo);

Francisco de Paula Rodrigues Alves exerceu o quarto período de governo republicano, de 15/11/1902 a 15/11/1906. Advogado, nasceu na cidade de Guaratinguetá, estado de São Paulo, em 1848. Político egresso do regime imperial, era presidente do estado de São Paulo quando, realizadas as eleições diretas, conquistou a presidência da República a 15 de novembro de 1902.

Sem dúvida, o fato que marcou o período de Rodrigues Alves no cargo foi o amplo programa de remodelação urbana e de saneamento da cidade do Rio de Janeiro, capital da República. Para executar a tarefa, nomeou o engenheiro Pereira Passos prefeito da cidade, com plenos poderes para a implementação das reformas planejadas.

Assim, a infraestrutura do porto foi ampliada, os antigos quarteirões, fechados, empobrecidos e sujos, com seus cortiços, foram demolidos e seus moradores foram transferidos para a periferia, abrindo espaço para ruas mais largas e a construção de novas avenidas, com destaque para a abertura da avenida Central, atual avenida Rio Branco. Além das mudanças estéticas, novas posturas públicas foram adotadas, como a proibição do comércio ambulante e práticas como soltura de fogos de artifício, balões e criação de fogueiras.

Esse imenso investimento na remodelação da capital consumia sem dúvida, bastantes recursos. Nesse aspecto, porém, o governo de Rodrigues Alves estava devidamente amparado, pois seu governo dispunha de capital suficiente, devido ao auge do ciclo da borracha no Brasil. O país, na época, respondia sozinho por 97% da produção mundial.

Outro ponto de destaque na administração de Rodrigues Alves foi a saúde pública e o combate às epidemias de peste bubônica e febre amarela. Em 1904, a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola levou a população carioca ao protesto nas ruas, num movimento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Apesar da revolta popular, as doenças foram contidas, graças em grande parte à estratégia do cientista e médico Oswaldo Cruz.

Outro ponto importante foi a assinatura do Tratado de Petrópolis, que definiu os limites entre Brasil e a Bolívia, cabendo ao Brasil a posse do Acre. A Bolívia recebeu uma compensação no valor de dois milhões de libras esterlinas, além da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

No último ano de governo de Rodrigues Alves, foi concluído o Convênio de Taubaté, a contra-gosto do próprio presidente. O convênio instituiu a proteção aos cafeicultores, cabendo ao governo central comprar as safras com recursos financeiros externos e estocá-las para vendê-las no momento oportuno.

Após o seu período na presidência, Rodrigues Alves governou o estado de São Paulo entre 1912 e 1916. Foi eleito novamente presidente da República em 1918, mas não tomou posse por motivos de saúde. No ano seguinte, faleceria no Rio de Janeiro.
1919: Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Rodrigues Alves, assumiu em seu lugar);

1919-1922: Epitácio da Silva Pessoa;

Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa foi o presidente do oitavo período de governo republicano, de 15/11/1918 a 15/11/1922. Advogado, nasceu na cidade de Umbuzeiro, estado da Paraíba, em 1865. Pouco antes de assumir o cargo de presidente, liderou a delegação brasileira à Conferência da Paz (1918-1919), em Versalhes. Por meio de eleição direta, assume a presidência em 28 de julho de 1919.

O período de Epitácio Pessoa coincide com o início de uma grave crise política interna, traduzida no descontentamento do Exército, na insatisfação da população urbana e nas tensões regionais entre elites. De um modo geral, o sistema político dominante, que agora conhecemos como “República Velha” começava a dar os primeiros sinais graves de desgaste.

Além disso, o mundo passava por uma nova crise, com a destruição causada pela Primeira Guerra Mundial, que previsivelmente, também afetou as atividades econômicas brasileiras, provocando uma queda de quase 50% no preço do café. O presidente irá sofrer intensa pressão por parte dos cafeicultores paulistas e mineiros para intervir no mercado, emitindo papel-moeda para estimular a recuperação dos preços do produto. De fato, em outubro de 1921, o governo lança uma nova política de defesa do café, a terceira na história da República, contraindo empréstimos junto à Inglaterra para estabilizar os preços, sendo favorecida pela conjuntura, de recuperação da economia mundial, diminuição das safras dos anos de 1922 e 1923 e até mesmo pela proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.

Não bastasse todos estes problemas, o candidato lançado para substituir Pessoa, o mineiro Artur Bernardes, despertava sentimentos opostos entre a classe política. De fato, o lançamento de seu nome fez com que o Clube Militar, comandado pelo marechal Hermes da Fonseca, exigisse a renúncia de Artur Bernardes da candidatura à presidência. São publicadas no jornal Correio da Manhã, uma série de cartas falsas, atribuídas a Bernardes, nas quais ele atacava o ex-presidente Hermes da Fonseca e o Exército (mais tarde, os autores da farsa seriam descobertos). O Clube Militar é fechado, e Hermes da Fonseca acaba preso.

Quatro dias mais tarde, estoura a Revolta do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. As demais guarnições da cidade não aderem ao movimento e as tropas legalistas atacam o forte, matando 271 dos 301 militares rebelados. O movimento foi eternizado pelo nome de "Dezoito do Forte", uma referência à marcha de dezesseis militares acompanhados de dois civis, que partindo do forte atravessaram a avenida Atlântica para enfrentar as tropas do governo. O saldo foi de apenas dois tenentes sobreviveram, Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O episódio marcou o início movimento rebelde denominado tenentismo, que chegaria ao poder em 1930.

1922-1926: Artur da Silva Bernardes;
Artur da Silva Bernardes foi o presidente do nono período de governo republicano, de 15/11/1922 a 15/11/1926. Advogado, nasceu na cidade de Viçosa, estado de Minas Gerais, em 1875. Após concluir o mandato de governador do estado de Minas Gerais entre 1918 e 1922, é eleito presidente da República a 15 de novembro de 1922.

O governo de Artur Bernardes enfrentou a instabilidade política desde o primeiro dia. O presidente tomou posse legalmente em pleno estado de sítio, que seria mantido até o último dia de seu mandato. Entre as dificuldades políticas enfrentadas por Bernardes estavam o movimento de Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul, a Revolta de 1924 de São Paulo, a Coluna Prestes e ainda o avanço do movimento operário.

No sul, a candidatura pela quinta vez de Borges de Medeiros à presidência do estado deflagrou uma guerra civil. A oligarquia dissidente gaúcha estava organizada em torno da Aliança Libertadora, cujo principal personagem era Assis Brasil. Borges de Medeiros era o representante máximo do tradicional partido republicano rio-grandense, e para defender sua posição, organizou os Corpos Provisórios, comandados por Flores da Cunha, Oswaldo Aranha e Getúlio Vargas, entre outros, além de contratar mercenários uruguaios.  Meses depois, os dois lados assinaram um acordo, no qual o governo federal reconheceu Borges de Medeiros como presidente do Rio Grande do Sul, mas sem direito a uma nova reeleição.

No ano seguinte, foi a vez do levante de parte das guarnições militares paulistas, planejada por militares do fracassado golpe de 1922 (entre eles o tenente Eduardo Gomes, um dos sobreviventes dos "Dezoito do Forte"). Artur Bernardes ordenou o bombardeio de São Paulo, deixando 503 mortos e cerca de 4.800 feridos. Com a fuga do governador Carlos Campos, a cidade foi retomada pelas tropas federais, lideradas por Luís Carlos Prestes e Mário Fagundes Varela.

O mesmo militar que lutou contra os revoltosos de São Paulo formará em 1925 a mítica Coluna Prestes, que cruzou o interior do país durante dois anos procurando sublevar as populações contra o governo de Bernardes e as oligarquias dominantes. O movimento seguirá ainda por todo o governo do próximo presidente, Washington Luís.

Para conter o movimento operário, Artur Bernardes buscou realizar melhoramentos na área social, estabelecendo férias anuais de quinze dias para comerciários, operários e bancários, além de reorganizar as caixas de aposentadoria e pensão.

Após terminar seu mandato, Bernardes irá chefiar as forças mineiras na Revolução de 1932, sendo preso e exilado em Portugal. Anistiado em 1934, elege-se deputado várias vezes. Sua última legislatura foi a de 1954.

1926-1930: Washington Luís Pereira de Sousa

Washington Luís Pereira de Sousa exerceu o décimo período de governo republicano, de 15/11/1926 a 24/10/1930. Advogado, nasceu em Macaé estado do Rio de Janeiro, em 1869. Após deixar o governo de São Paulo, Washington Luís, apelidado “paulista de Macaé” ocupa uma cadeira no senado. Concorrendo como candidato único, é eleito, em março de 1926, presidente da República.

Durante toda a década de 1920, a República Velha sofrera com a pressão das oposições. Num primeiro momento, o presidente parece conter satisfatoriamente as vozes dissidentes: a Coluna Prestes se dissolve, livrando o regime do mais importante foco das rebeliões tenentistas, e o movimento operário é inibido pela Lei Celerada de 1927, que censura a imprensa e restringe o direito de reunião.

No campo econômico, sua gestão é marcada por uma política de câmbio elevado, com o objetivo de favorecer as exportações e ao mesmo tempo, proteger a indústria nacional. Por outro lado, a importação (essencial para a consolidação da nascente indústria, por exemplo) era prejudicada pela alta nos preços dos artigos estrangeiros.

O governo de Washington Luís testemunhou ainda a maior crise da história do capitalismo, a crise econômica mundial de 1929, fruto da quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 24 de outubro. No Brasil, ela derrubou a política de valorização do café, iniciada em 1906 com a assinatura do Convênio de Taubaté. O café era o produto que respondia por grande parte das exportações brasileiras, e, quase imediatamente, seu preço despencou.  A estabilidade do governo fica ameaçada, já que o presidente não permite nova desvalorização da moeda para salvar os cafeicultores.

Apesar da grave crise econômica, é a questão da sucessão presidencial que se mostrará a mais intrincada para o governo. No início de 1929, Washington Luís indica para sucedê-lo o presidente de São Paulo, Júlio Prestes. Como a regra da “política do café com leite” era a alternância entre paulistas e mineiros (o atual presidente representava os paulistas), a escolha desagradou os políticos de Minas Gerais. Os dirigentes mineiros aliam-se aos do Rio Grande do Sul para formar a Aliança Liberal, que receberia ainda o apoio dos grupos de oposição dos demais estados, além dos militares oriundos do movimento tenentista. A campanha eleitoral foi bastante acirrada, e o pleito é realizado em março de 1930, resultando na vitória da chapa situacionista.

Setores da Aliança Liberal, porém, articulam um movimento para depor Washington Luís. No dia 24 de outubro, tal movimento alcança o seu objetivo, deixando o governo a cargo de uma junta composta pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso e pelo contra-almirante Isaías de Noronha. O poder é entregue, a 3 de novembro, a Getúlio Vargas, o candidato vencido nas eleições e comandante das forças revolucionárias.

Washington Luís ruma para o exílio, vivendo por 17 anos na Europa e nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil em 1947 e fixou-se em São Paulo, onde morre dez anos depois.