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domingo, 22 de novembro de 2015

Dinastia de Tudor (1485 - 1603)




A Dinastia de Tudor figura como a mais brilhante da história da realeza dos britânicos. Composta de seis soberanos consecutivos, pelo menos três deles estão entre as figuras mais famosas em história monárquica da Inglaterra e da Grã-Bretanha.
Tudo começou quando Ricardo III, ultimo rei Stuart, foi derrotado e morto por Henrique de Tudor, de origem galesa, na Batalha de BosworthField, Leicestershire (1485), que marcou o epílogo da Guerra das Rosas e, assim, abriu caminho para o início da Dinastia de Tudor, coroando-se como Henrique VII, seu filho como Henrique VIII e os três netos como Edward VI, Maria I e Isabel I, que governaram durante 118 anos.  Durante este período, a Inglaterra desenvolveu-se como um dos mais significativos poderes coloniais europeus, expandindo seu domínio pela América e assumindo o controle da Irlanda. Teve um papel proeminente no Renascimento cultural da Europa, com nomes como William Shakespeare, Edmund Spenser e o CardealWolsey. Também foi um período de enorme turbulência religiosa, com a criação do anglicanismo e duas mudanças de religião oficial, o que resultou no martírio de muitas vítimas inocentes tanto do lado do Protestantismo como entre os Católicos romanos. Por exemplo, o rei Henrique VIII rompeu com Roma (1534), suprimiu os monastérios e concedeu permissão para os padres se casarem.

Henry Tudor, o rei Henry VII da Inglaterra (1457 - 1509)

Rei da Inglaterra (1485-1509) nascido no Castelo de Pembroke, Pembrokeshire, no País de Gales, que teve o mérito de terminar as Guerras das Rosas entre as casas de Lancastre (vermelha) e York (branca) e, conseqüentemente, fundado a Dinastia de Tudor e tornando-se o primeiro Rei de Inglaterra da Casa de Tudor. Era filho póstumo de Edmundo Tudor, Conde de Richmond, de quem herdou o título (1457-1485), e de Margarida Beaufort, trineta de Eduardo III de Inglaterra. De descendência dos Lancastres, cresceu no exílio na Bretanha, e durante o reinado do popular Eduardo IV, com a sua morte repentina (1483) o Duque de Gloucester assumiu o trono como Ricardo III, o gerou forte oposição e ele tornou-se no líder da oposição ao novo rei. Dois anos depois, o seu exército derrotou e levou a morte Ricardo III na Batalha de Bosworth Field. A sua aclamação como rei sem oposição, a sua subida ao poder e o seu casamento (1486) com Isabel de York, a herdeira da família inimiga, colocaram um fim na Guerra das Rosas. Estabilizado no poder, cuidou de manter nobreza sob controle o que garantiu grande parte do sucesso do seu reinado. Dedicou-se à reconstrução do reino, devastado pela guerra civil, desistindo de arriscados confrontos ou aventuras externas. Reestruturação os impostos e sua técnicas de cobrança, aumentou a carga fiscal da nobreza, e investiu na construção de uma frota comercial para desenvolver o comércio marítimo. Procurou restaurar as relações diplomáticas com França, e Escócia.e estabelecer laços reais com a Espanha dos Reis Católicos. Morreu em em Richmond, Surrey, Inglaterra, e está sepultado na Abadia de Westminster, em Londres. Seus mais importantes filhos com Isabel de York foram: Margarida Tudor (1489-1541), que casou com Jaime IV, Rei da Escócia e, depois, com Archibald Douglas, Conde de Angus e com Henrique Stuart, Lord Methven; Henrique VIII, Rei de Inglaterra (1491-1547) e Maria Tudor (1496-1533), que casou com Luis XII, Rei de França e, depois, com Charles Brandon, Duque de Suffolk.

Henrique VIII da Inglaterra (1491 - 1547)

Rei inglês (1509-1547) nascido em Greenwich, próximo de Londres, conhecido por ter provocado a ruptura da Inglaterra com a Igreja Católica, criando a Igreja Anglicana ou Episcopal, com o rei da Inglaterra como seu chefe supremo e o arcebispo de Canterbury como seu líder espiritual. Filho de Henrique VII da Inglaterra, tornou-se herdeiro do trono da Inglaterra (1502), após a morte do irmão mais velho (1502), Artur, foi coroado (1509) e casou-se a seguir com Catarina de Aragão, a viúva de seu irmão e filha de Fernando e Isabel da Espanha, os reis católicos. Poliglota, esportista e estudioso de teologia, opôs-se a doutrina de Lutero, o que lhe valeu o título de defensor da fé, concedido pelo papa Leão X. Na primeira etapa de seu reinado, a atenção do governo, dirigido pelo arcebispo de York e cardeal Thomas Wolsey, centralizou-se na política exterior. Por causa do casamento, manteve a aliança com a Espanha e enfrentou os franceses, aos quais venceu em Guinegatte (1513), porém, após a batalha de Pávia (1525), reaproximou-se da França para evitar a hegemonia espanhola. A busca de uma descendência masculina, pois Catarina só lhe havia dado uma filha, Maria, mais tarde, Maria I Tudor, levou-o a solicitar ao papa Clemente VII, a anulação do casamento (1527). Como Catarina era tia do imperador Carlos V  e I da Espanha, e o pontífice, que havia sido pressionado por este, após o saque de Roma (1527), negou o divórcio ao monarca inglês. Com uma postura contrária à Reforma luterana e com o apoio do Parlamento e do povo, descontente com os privilégios e poderes eclesiásticos, rompeu com o papa, fundou e nomeou-se chefe da Igreja na Inglaterra (1532). O Parlamento aprovou o Estatuto de Supremacia, que o transformou oficialmente chefe supremo da Igreja da Inglaterra ou Anglicana. Obteve, então,  a anulação de seu casamento (1533) e oficializou sua união com a amante Ana Bolena. Substituiu seu homem forte Wolsey por Thomas Cromwell e impôs um poder autoritário, inclusive com a execução de seus opositores como de seu antigo amigo Thomas More, um dos mais brilhantes humanistas da época, por este se negar a reconhecer a supremacia religiosa do monarca. Ordenou o confisco dos bens eclesiásticos, acabou o  feudalismo, exerceu maior controle sobre o Parlamento e anexou à Inglaterra os territórios da Irlanda e do País de Gales. Transformou a Inglaterra em grande potência naval e derrotou os escoceses em Solway Moss (1542), embora não tenha conseguido submeter o reino da Escócia a sua coroa. Com Ana Bolena teve uma filha, a futura Elizabeth I, que por não lhe proporcionar um herdeiro varão foi decapitada (1537) sob a duvidosa acusação de adultério. Casou-se mais quatro vezes: com Jane Seymour, que morreu ao dar à luz um filho, seu futuro sucessor, Eduardo VI; com Ana de Clèves, de quem logo se divorciou; com Catherine Howard, que também acabou decapitada; e com Catherine Parr. A dama da corte Catarina Parr, uma jovem viúva, graciosa, meiga, digna, afeiçoada aos filhos do rei, atraiu-lhe a atenção. Seus últimos anos do reinado transcorreram adoçados pela influência da boa e sábia Catarina. Mas uma infecção, que desde anos o fazia sofrer, estendeu-se ao corpo todo e o rei faleceu (1547), em Londres.
OBSERVAÇÃO: As igrejas Católica e Anglicana são semelhantes quanto à profissão de fé, a liturgia e os sacramentos, mas a igreja episcopal não reconhece a autoridade do papa e admite mulheres como sacerdotes. A primeira mulher consagrada (1989) e a exercer o ministério episcopal foi a reverenda Barbara Harris, da diocese de Massachusetts (EUA). A Reforma Anglicana ainda sofreu uma reação católica, com o reinado de Maria Tudor (1553-1558). Seu casamento com Felipe II da Espanha transformou a reforma religiosa numa questão nacional. Porém sob Elisabeth I, foi renovada a soberania da Coroa sobre a igreja e ratificada a liturgia anglicana, tendo por base a confissão calvinista reformada (1559).

Eduardo VI Tudor (1537 - 1553)

Rei da Inglaterra e Irlanda (1547-1553) nascido no Palácio de Hampton Court, em Londres, que assumiu o trono na Inglaterra no ano seguinte a morte de Lutero e demonstrou forte tendência calvinista, considerado o primeiro monarca Protestante de Inglaterra e foi no seu reinado que se conformou a independência da Igreja Anglicana do Vaticano. Único filho legítimo do rei de Inglaterra Henrque VIII e da terceira esposa do rei, Jane Seymour, que não se recuperou mais do parto e morreu 12 dias depois do nascimento do filho. Duque da Cornualha como primogênito do rei, foi uma criança frágil e doente e provavelmente sofria de sífilis congênita, adquirida de seu pai. Porém sua saúde não impediu a sua educação e revelou-se um excelente aluno. Aos sete anos era fluente em Latim e mais tarde aprendeu francês e grego, que traduzia com facilidade aos treze anos. Com a morte do pai (1547), subiu ao trono assistido por um conselho de regência chefiado por seu tio Eduardo Seymour, Duque de Somerset, que se tornou no verdadeiro senhor de Inglaterra. Porém uma revolta popular (1549) pela impopularidade do Duque de Somerset e a declaração de guerra da França, depôs o Duque de Somerset, que foi substituído por John Dudley, Conde de Warwick, depois Duque de Northumberland. Foi editada uma edição da Bíblia com anotações anti-católicas, os bispos fiéis a Roma foram substituídos por reformistas e começaram as perseguições e as execuções na fogueira. Lançou um livro de pregações que pretendia forçar a uniformidade religiosa em torno da fé reformada na Inglaterra (1549). Aos 16 anos a saúde do rei começou a piorar e morreu em Londres (1553), provavelmente de tuberculose e foi sepultado na Abadia de Westminster. Após sua morte, sua irmã mais velha, Maria I (1516-1558), que tentou o retorno do catolicismo à Inglaterra.

Jane Grey, Rainha Joana I da Inglaterra, Lady Dudley (1537 - 1554)

Rainha da Inglaterra (1553) por nove dias nascida em Bradgate, Leicestershire, proclamada rainha de Inglaterra e da Irlanda a 10 de Julho, após a morte de Eduardo VI. De uma família aristocrata, filha do marquês de Dorset e de Lady Frances Brandon, era bisneta de Henry VII, e durante a infância passou por uma educação esmerada, de acordo com a tradição para as mulheres dos Tudor, aprendendo a falar e escrevia grego, latim, francês, hebraico e italiano. Seu pai recebeu o título de duque de Suffolk (1551) e ela passou a freqüentar a corte. O seu preceptor foi John Aymler da Universidade de Cambridge, o mesmo responsável por parte da educação da então princesa Isabel, futura famosa rainha, com quem inclusive passou algum tempo, na casa de Catarina Parr, a última rainha de Henrique VIII de Inglaterra. Protestante, casou-se em maio (1553) com o filho do Duque de Northumberland, o Lord Guildford Dudley. Quando o rei Eduardo VI de Inglaterra, estava para morrer e não tinha descendentes, o Duque de Northumberland, alegando posições religiosas, persuadiu o rei moribundo declarar a Lady Dudley como sua herdeira, deserdando suas meias-irmãs. Assim, ela foi proclamada a rainha no dia 10 de julho, embora a população apoiasse a meia-irmã do rei, a católica Maria Tudor. Com o apoio popular, Maria conseguiu proclamar-se nova rainha no dia 19 de julho. Convencida a abdicar imediatamente sem resistência, sua vida foi poupada por enquanto, mas o Duque de Northumberland foi executado por traição. A rainha deposta foi feita prisioneira juntamente com o marido e, posteriormente foram condenados por alta traição e decapitados no ano seguinte (12/02/1554), em Londres. Tinha então apenas 16 anos e meio e foi enterrada em Torre de Londres, na Capela de St. Peter in Vincula, ao lado das rainhas Ana Bolena e Katherine Howard. Assim nasceu e morreu A Rainha dos Nove Dias.

Mary Tudor, a Maria I, a rainha Sanguinária (1516 - 1558)

Rainha da Inglaterra e da Irlanda (1553-1558) nascida em Greenwich, a primeira rainha que governou de fato a Inglaterra (1553-1558) e com direito adquirido e que ficou conhecida por sua perseguição aos protestantes na tentativa frustrada de restabelecer Catolicismo romano como religião oficial na Inglaterra. Filha de Henrique VIII e de Catarina de Aragão, era a meia-irmã mais velha do rei Eduardo VI de Inglaterra, que não tinha filhos, e assim sendo, a opção mais direta para sucedê-lo. Foi proclamada princesa de Gales (1525) e foi educada como católica pela mãe Catarina e, por causa dessa formação, era radicalmente contra a aplicação anglicanismo ou quaisquer outras religiões como oficiais. Com o casamento do pai com Ana Bolena, foi declarada bastarda e privada do título de princesa, porém ela jamais admitiu sua ilegitimidade dinástica e não acatou a recomendação de entrar para um convento. Após o repúdio do pai a Ana Bolena, ofereceu-lhe o perdão, com a condição de que ela o reconhecesse como chefe da igreja da Inglaterra. Acatando a exigência obteve o direito de sucessão depois dos filhos varões do pai. Mesmo assim, temendo este retrocesso, o rei agonizante foi convencido por alguns conselheiros nomear outro herdeiro, no caso a protestante Joana Grey. Quando Eduardo VI sucedeu ao pai (1547) introduziu novas reformas na liturgia eclesiástica, como a substituição do latim pelo inglês, o que ela não aceitou e sofreu novas perseguições. Com a morte de Eduardo VI (1553). De uma descendência muito popular as princesas deserdadas não concordaram com a coroação e dominou a rebelião dos nobres ingleses. Então, com o apoio da população, a princesa mais velha destronou a rainha Jane, nove dias depois da coroação e foi proclamada a nova rainha no dia 10 de julho. Presos na Torre de Londres, Jane e o marido foram condenados e decapitados no ano seguinte (1554) depois de sufocar com violência uma revolta contra a rainha, organizada por Sir Thomas Wyatt. O seu governo caracterizou-se desgraçadamente por sua vã tentativa de fazer voltar o catolicismo romano como religião do país, inclusive com o emprego da violência. Perseguiu cruelmente os protestantes e por causa da religião casou-se com o sobrinho, o rei católico Filipe II da Espanha, o que provocou o ódio no povo inglês. Na guerra contra a França, a Inglaterra perdeu Calais, seu último baluarte no continente. Envelhecida, enferma e frustrada por falsas esperanças de maternidade, morreu em Londres no mesmo ano em que morria Carlos V da Espanha. Foi sucedida por sua meia-irmã Elizabeth (1533-1603), filha de Henrique VIII com Bolena, que procurou restaurar o anglicanismo criado por seu pai.

Elizabeth I, a Rainha Isabel da Inglaterra (1533 - 1603)

Famosa rainha da Inglaterra e da Escócia (1558-1603) nascida em Greenwich, em cujo reinado a Inglaterra conheceu o auge econômico e tornou-se a maior potência política, comercial e cultural da Europa. Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, na infância estudou línguas, música e dança. Em sua juventude, viu-se envolvida por intrigas palacianas e foi acusada de participar da conspiração de Lord Seymour, durante o reinado de seu meio-irmão Eduardo VI, e da de Sir Thomas Wyat, no reinado de sua meia-irmã católica Maria Tudor. Em 17 de novembro de 1558 torna-se rainha da Inglaterra, aos 25 anos. Sob
seu reinado, o país se tornaria o mais poderoso do mundo.Com a morte de Maria e devidamente reconhecida como herdeira, cercada de bons conselheiros, entre os quais William Cecil, mais tarde Lord Burghley. Combateu Felipe II da Espanha, que representava impedimento à expansão inglesa. Com os Estatutos de Supremacia e Uniformidade (1559) restaurou oficialmente o anglicanismo e liberou definitivamente o protestantismo na Inglaterra, porém nos anos 70 desenvolveu perseguições contra os católicos e protestantes calvinistas. Após uma longa luta pelo poder (1561-1586), aprisionou e mandou decapitar Mary Stuart, rainha católica da Escócia, sua prima e rival (1587). Desenvolveu o comércio e a indústria, propiciando um renascimento das artes e um relaxamento dos costumes. No seu reinado surgiram muitos poetas e dramaturgos, como William Shakespeare, Christopher Marlowe e Edmund Spencer. Apesar de suas notórias ligações com vários nobres, entre eles Robert Dudley, conde de Leicester, a rainha nunca casou. Nessa época, a Inglaterra passou a ser conhecida como merry old England, ou seja, alegre e velha Inglaterra. O final de seu reinado caracterizou-se por intranqüilidade política e crescente descontentamento em relação à autoridade monárquica. Além disso, a difusão do calvinismo punha em perigo a unidade político-religiosa conseguida até então pela rainha. Embora a situação do povo continuasse ruim, não faltando tentativas de rebelião e atentados à vida da rainha, conseguiu controlar a ordem social a força. Pouco antes de morrer, no dia 24 de março, no Richmond Palace, Surrey, reconheceu o filho de Maria Stuart, Jaime VI da Escócia, como herdeiro do trono inglês.