O Nióbio é o elemento metálico de mais baixa concentração na crosta terrestre, sendo encontrado na natureza a uma proporção de 24 partes por milhão.
Descoberto em 1801 pelo inglês Charles Hatchett, o Nióbio, o mais leve dos metais refratários, é utilizado principalmente em ligas ferrosas (tão poderoso que é utilizado na escala de 100 gramas para cada tonelada de ferro), criando aços bastante resistentes que são utilizadas em tubos de gasodutos, motores de aeroplanos, propulsão de foguetes e em outros chamados supercondutores, além de soldagem, indústria nuclear, eletrônica, lentes óticas, tomógrafos, etc. Com 99% das reservas do mundo e mais de 90% da comercialização mundial, o Brasil explora muito pouco, perto da capacidade disponível. Cada vez mais essencial à tecnologia atual por ser altamente resistente às altas temperaturas e à corrosão, o Nióbio, número 41 na tabela periódica, é alvo de muitas polêmicas. Em relatos vazados pelo Wikileaks, por exemplo, o governo americano caracteriza o Nióbio como um recurso estratégico e imprescindível aos planos americanos. Além disso, outros países e consultorias especializadas incluem o metal na lista de elementos em situação crítica ou ameaçada. Em certa reportagem abordando o vazamento do Wikileaks com bilhões de toneladas já confirmadas do minério em solo brasileiro e centenas de anos de extração (somente em uma das minas), caso mantenha-se a extração atual, o país exporta cerca de 70 mil toneladas por ano. Mas por que tão pouco? Para elevar o preço? Não, pois segundo alguns, estamos vendendo uma das maiores riquezas brasileiras à preço de banana, gerando variados apontamentos de fraude. Um dos maiores críticos, e talvez o único, tenha sido o deputado federal e candidato à presidência, Enéas Carneiro, que afirmava que só a riqueza de Nióbio enterrada no solo brasileiro seria maior que nosso pib atual. Algo parecido com isto que era pregado pelo deputado foi o caso do manganês do Amapá, que acabou após incessante extração e agora só resta os buracos abertos pela mineradora como recordação. A multinacional e o “Defense Materials Procurement Agency”, do Ministério da Defesa dos Estados Unidos da América, é que podem dizer para onde foi o mineral. Como os preços não são negociados em bolsas, o preço do Nióbio brasileiro é por vezes desconhecido, já que se trata de negociações particulares, e segundo pesquisas e dados cruzados, menor do que os concorrentes. Com isto, as suspeitas, não comprovadas, de subfaturamento são endossadas. A defesa dos produtores brasileiros é que uma grande alta no preço poderia incentivar a substituição do nióbio por produtos concorrentes, como o titânio e o tântalo (embora não tão eficazes) e até uma corrida pela abertura de novas minas. O nióbio, embora essencialmente brasileiro, tem os preços definidos pelo London Metal Exchange — LME, de Londres. Mesmo assim o nióbio ainda foi nosso terceiro metal mais exportado em 2012, atrás apenas do ferro e do ouro, e mais: Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o volume de liga ferro-nióbio exportado cresceu 110% em 10 anos, passando de 33.688 toneladas em 2003 para 70.948 em 2012, somando 1,8 bilhão de dólares.
O metal ainda não é pauta do
Estado brasileiro, que ainda não o incluiu em nenhuma regulamentação sobre
mineração vigente no país. O comércio e extração, por sua vez não é de domínio
público, estando concentrado nas mãos de 2 companhias privadas que operam no
país, gerando segundo os mais críticos, uma enorme evasão de divisas geradas
pelas riquezas naturais brasileiras. E para aumentar as especulações, em 2011,
um grupo de companhias chinesas, japonesas e sul coreanas adquiriram por US$ 4
bilhões 30% do capital da brasileira CBMM, Companhia Brasileira de Metalurgia e
Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio (a CBMM é controlada pelo
grupo Moreira Salles, mesmos fundadores do Unibanco. A 2ª empresa é a Mineração
Catalão de Goiás, controlada pela britânica Anglo American). Adendo: A família
Moreira Salles é hoje a família mais rica do Brasil, com fortuna combinada de
quase 30 bilhões de dólares.
O bocal do foguete do Apollo 15 CSM na órbita lunar é feita de liga de nióbio-titânio.
Especialistas como Monica Bruckmann, professora e pesquisadora do Departamento
de Ciência Política da UFRJ e assessora da Secretaria-Geral da União de Nações
Sul-Americanas - Unasul – diz que “O Brasil detém praticamente todo o nióbio do
planeta, mas esse potencial é desaproveitado”. Já o economista e autor de
livros de sucesso na área, Adriano Benayon, diz que o Brasil poderia ganhar até
50 vezes mais do que recebe atualmente com as exportações de ferro-nióbio,
“caso ditasse o preço do produto no mercado mundial e aumentasse o consumo
interno do mineral”. Em 2011 o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse
que seriam encaminhados ao senado três projetos independentes que tratariam a
respeito do metal: um sobre as regras de exploração, outro que criaria uma agência
reguladora do setor e um terceiro que trataria exclusivamente dos royalties. O
Brasil tem hoje um dos menores royalties do mundo, cerca de 2%, a Austrália e
demais países africanos, que produzem menos de 2% do Nióbio vendido no mundo,
cobram 10%. Ou seja, os impostos que são revertidos ao Brasil e viram melhorias
para a população são ínfimos perto do valor de venda do metal. As leis, no
entanto, não saíram do papel e segundo o Ministério, o Nióbio não foi incluído
no novo Marco Regulatório da Mineração, em debate no momento pela Secretaria de
Geologia Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia –
SGM/MME. No momento, somente um projeto menor tramita sobre o assunto, neste, o
deputado Giovani Cherini (PDT – RS) propõe que o metal seja extraído apenas por
empresas 100% nacionais. O projeto no entanto sofre com a morosidade da justiça
brasileira e encontra-se há meses sem andamento. Mas o descaso parece ser
somente do governo brasileiro, os chineses, por exemplo, estão antenados no
assunto. Prova disso é possível compra de uma extensa área florestal em
Rondônia. O interesse levou até mesmo o embaixador chinês no Brasil, Qiuiu
Xiaoqi, e sua esposa a visitarem a região. O motivo não foi explicitado por
nenhuma das partes, mas o Nióbio é a principal, e provável, causa, já que
reservas enormes estão no subsolo. Lembrando que a China não tem produção de
Nióbio e importa 100% do que sua imensa indústria de aço consome. Apenas para
complementar: o Japão e a União Europeia também importam 100% do que consomem
do material e os Estados Unidos, 80%. Frente a este panorama, não é impossível
que os chineses adquiram a área (que está disponível para a venda a qualquer
um), explorem o recurso e levem o Nióbio brasileiro para fora. Lembremos que o
mesmo ocorreu há cerca de 1 século, com o ciclo da borracha na Amazônia, no
qual o Brasil detinha um elemento vital para a indústria da época, e, por não
saber administrar, perdeu uma rara oportunidade de transformar a riqueza
natural do país em desenvolvimento, educação, saúde, qualidade de vida, etc.
Vale ressaltar que perto do local que foi sondado pelos chineses está a maior
reserva de Nióbio do mundo. Segundo especialistas, o Nióbio não é tão raro como
parece, pois no mundo há mais de 300 reservas conhecidas, o que ocorre é que
nenhum dos demais países possui tecnologia ou interesse, em extrai-lo. Mas esse
cenário pode mudar em breve, já que atualmente, outros países estão se mexendo
para começar a extração do minério. Os EUA, por exemplo, que importam entre 10
e 15 mil toneladas brasileiras por ano, estão trabalhando na “construção” de
uma mina no Nebraska. Canadá e Quênia também estão desenvolvendo novas minas
para extração.
Fontes:
Ministério de Minas e Energia, Universidade Federal Fluminense.
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