Sérgio Buarque de Holanda (São Paulo, 11 de julho de 1902
— São Paulo, 24 de abril de 1982) foi um historiador brasileiro. Foi também
crítico literário e jornalista.
Filho
de Christovam Buarque de Holanda e Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de
Holanda, Sergio estudou em São Paulo, na Escola Caetano de Campos e no Ginásio
São Bento, onde foi aluno do Afonso d'Escragnolle Taunay. Em 1921 mudou-se com
a família para o Rio de Janeiro, onde participou do movimento Modernista de
1922, tendo sido nomeado por Mário de Andrade e Oswald de Andrade representante
da revista Klaxon na mesma cidade.
Formou-se
pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde obteve o título de bacharel em
Ciências Jurídicas e Sociais no ano de 1925. Começou a trabalhar como
jornalista (no Jornal do Brasil), seguindo para Berlim, como correspondente,
nos anos 1929-1931.
De
volta ao Brasil no começo dos anos 30, continuou a trabalhar como jornalista.
Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito
Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim,
com quem teria sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, além dos músicos
Ana de Hollanda, Cristina Buarque, Heloísa Maria (Miúcha) e Chico Buarque.
Ainda em 1936, publicou o ensaio "Raízes
do Brasil", que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e que,
ainda hoje, é o seu escrito mais conhecido.
Sergio e Chico Buarque |
Em
1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito
Federal, incorporada depois na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade
do Brasil, atual UFRJ, não se confundindo com a Universidade do Distrito
Federal criada posteriormente e que deu origem a UEG e depois a UERJ. Em 1939,
extinta a Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar na burocracia
federal. Em 1941, passou uma longa temporada como visiting scholar em diversas
universidades dos Estados Unidos.
Reuniu,
no volume intitulado "Cobra de Vidro", em 1944, uma série de artigos
e ensaios que anteriormente publicara nos meios de imprensa. Publicou, em 1945
e 1957, respectivamente, "Monções" e "Caminhos e
Fronteiras", que consistem em coletâneas de textos sobre a expansão oeste
da colonização da América Portuguesa entre os séculos XVII e XVIII.
Sergio Buarque e Vinicius de Moraes |
Em
1946, voltou a residir em São Paulo, para assumir a direção do Museu Paulista,
que ocuparia até 1956, sucedendo então ao seu antigo professor escolar Afonso
Taunay. Em 1948, passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São
Paulo, na cátedra de História Econômica do Brasil, em substituição a Roberto
Simonsen.
Viveu
na Itália entre 1953 e 1955, onde esteve a cargo da cátedra de estudos
brasileiros da Universidade de Roma. Em 1958, assumiu a cadeira de
"História da Civilização Brasileira", agora na Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. O concurso
para esta vaga motivou-o a escrever "Visão do Paraíso", livro que
publicou em 1959, no qual analisa aspectos do imaginário europeu à época da
conquista do continente americano. Ainda em 1958, ingressou na Academia
Paulista de Letras e recebeu o "Prêmio Edgar Cavalheiro", do
Instituto Nacional do Livro, por "Caminhos e Fronteiras".
A
partir de 1960, passou a coordenar o projeto da "História Geral da
Civilização Brasileira", para o qual contribuiu também com uma série de
artigos. Em 1962, assumiu a presidência do recém-fundado Instituto de Estudos
Brasileiros da Universidade de São Paulo. Entre 1963 e 1967, foi professor
convidado em universidades no Chile e nos Estados Unidos e participou de
missões culturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura em Costa Rica e Peru. Em 1969, num protesto contra a aposentadoria
compulsória de colegas da Universidade de São Paulo pelo então vigente regime
militar, decidiu encerrar a sua carreira docente.
No
contexto da "História Geral da Civilização Brasileira", publicou, em
1972, "Do Império à República", texto que, a princípio, fora
concebido como um simples artigo para a coletânea, mas que, com o decurso da
pesquisa, acabou por ser ampliado num volume independente. Trata-se de um
trabalho de história política que aborda a crise do império brasileiro no final
do século XIX, explicando-a como resultante da corrosão do mecanismo
fundamental de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador.
Permaneceu
intelectualmente ativo até 1982, tendo ainda, neste último decênio, publicado
diversos textos. De 1975 é o volume "Vale do Paraíba - Velhas
Fazendas" e de 1979, a coletânea "Tentativas de Mitologia".
Nestes últimos anos, trabalhou também na reelaboração do texto de "Do
Império à República" - que não chegou a concluir.
Recebeu
em 1980 tanto o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, quanto o
Prêmio Jabuti de Literatura, da Câmara Brasileira do Livro.
Mesa que presidiu a fundação do PT |
Também
em 1980, participou da cerimônia de fundação do Partido dos Trabalhadores,
recebendo a terceira carteira de filiação do partido, após Mário Pedrosa e
Antonio Candido. Por conta de sua participação no PT e na condição de
intelectual destacado é que o centro de documentação e memória da Fundação
Perseu Abramo (fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1996), recebe
seu nome: Centro Sérgio Buarque de Holanda: Documentação e Memória Política.
Morreu
em São Paulo, vítima de complicações pulmonares, em 24 de abril de 1982.
Escritos mais importantes
·
Raízes
do Brasil. Rio de Janeiro, 1936.
·
Cobra
de Vidro. São Paulo, 1944.
·
Monções.
Rio de Janeiro, 1945.
·
Expansão
Paulista em Fins do Século XVI e Princípio do Século XVII. São Paulo, 1948.
·
Caminhos
e Fronteiras. Rio de Janeiro, 1957.
·
Visão
do Paraíso. Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São
Paulo, 1959.
·
História
Geral da Civilização Brasileira (em coautoria). 1961.
·
Do
Império à República. São Paulo, 1972. (História Geral da Civilização
Brasileira, Tomo II, vol. 5).
·
Tentativas
de Mitologia. São Paulo, 1979.
·
Sergio
Buarque de Hollanda: História (org. Maria Odila Leite Dias). São Paulo, 1985.
(coletânea de textos)
·
O
Extremo Oeste (obra póstuma). São Paulo, 1986.
·
Raízes
de Sérgio Buarque de Holanda (org. Francisco de Assis Barbosa). Rio de Janeiro,
1988. (coletânea de textos)
·
Capítulos
de literatura colonial (org. Antonio Candido). São Paulo, 1991. (coletânea de
textos)
·
O
espírito e a letra (org. Antonio Arnoni do Prado) - 2 vols.. São Paulo, 1996.
(coletânea de textos)
·
Livro
dos Prefácios. São Paulo, 1996. (coletânia de prefácios escritos pelo autor).
·
Para
uma nova história - Sérgio Buarque de Holanda (org. Marcos Costa). São Paulo,
2004. (coletânea de textos, publicados, quase todos, em jornais de notícias).
·
Escritos
coligidos - 1920-1979 (org. Marcos Costa) - 2 vols.. São Paulo, 2011.
(coletânea de textos).