A Guerra de Independência dos
Estados Unidos, Guerra Americana da Independência(1775–1783), teve início como uma
guerra entre o Reino da Grã-Bretanha e as Treze Colônias mas, de forma gradual,
cresceu para uma guerra mundial entre os britânicos de um lado, e os
recém-formados Estados Unidos, França, Países Baixos, Espanha, e o Reino de
Mysore do outro.
O resultado principal do conflito foi a vitória americana e o reconhecimento europeu da independência dos Estados Unidos, com diferentes resultados para as outras potências.
O resultado principal do conflito foi a vitória americana e o reconhecimento europeu da independência dos Estados Unidos, com diferentes resultados para as outras potências.
A
guerra foi uma consequência da Revolução Americana. O Parlamento Britânico
insistia em que tinha o direito de taxar os colonos para financiar a defesa
militar das colônias, a qual se tinha tornado cada vez mais dispendiosa devido
às guerras entre os franceses e os índios. As colônias opunham-se àquela
taxação argumentando que já gastavam o suficiente na governação local para
manter a sua posição no Império Britânico, com Benjamin Franklin a marcar
presença no Parlamento Britânico defendendo que "As colônias já tinham
junto, vestido e pago, durante o último ano, perto de 25 000 homens, e gasto
muitos milhões."Os colonos alegavam que, como eles eram cidadãos
britânicos, impor leis no Parlamento aos colonos e, em particular, taxação sem
representação, era ilegal. Os colonos americanos formaram um Congresso
Continental unificado e um governo-sombra em cada colônia, embora, de início,
com o desejo de permanecer no Império e leais à Coroa.
Declaração da Independência, por John Trumbull, 1817–1818.
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O
boicote americano à taxação britânica do chá deu origem a um protesto em 1773,
quando navios carregados com chá foram destruídos. Londres respondeu pondo um
fim ao auto-governo de Massachusetts, e colocando-o sob controlo do exército
britânico, e nomeando o general Thomas Gage para governador. Em Abril de 1775,
Gage soube que estavam a ser reunidas armas em Concord, e enviou tropas
britânicas para as descobrir e destruir. A milícia local fez frente às tropas.
Depois
de vários pedidos à monarquia britânica para uma intervenção do Parlamento,
qualquer tipo de compromisso terminou quando o governo britânico os declarou
traidores por decreto real, e estes responderam com uma declaração formal de
independência de uma nova nação soberana, os Estados Unidos da América, a 4 de
Julho de 1776. Os lealistas americanos rejeitaram a Declaração, ficando do lado
do rei; acabaram por ser excluídos do poder em todo o lado. As tentativas dos
americanos para alargar a rebelião ao Quebec e à Flórida Oriental não foram
conseguidas.
A
França, Espanha e a República dos Países Baixos, providenciaram, secretamente,
munições, armas e mantimentos aos revolucionários desde o início de 1776. Em
Junho desse ano, os americanos detinham o controlo total de todos os estrados,
mas a Marinha Real Britânica capturou Nova Iorque fazendo desta cidade a sua
base principal. A guerra estava num impasse. A Marinha Real conseguiu ocupar
outras cidades costeiras, por breves períodos, mas os rebeldes controlavam o
interior, onde vivia 90% da população. A estratégia britânica tinha por base a
mobilização de milícias leais à Coroa que, no entanto, nunca foi totalmente
realizada. Uma invasão desde o Canadá, em 1777, terminou com a captura do
exército britânico nas Batalhas de Saratoga.
A
vitória americana convenceu a França a entrar na guerra, declaradamente, no
início de 1778, equilibrando as forças nos dois lados. A Espanha e os Países
Baixos – aliados de França – também entraram em guerra aberta com os
britânicos, nos quatro anos seguintes, ameaçando invadir a Grã-Bretanha e testando
a força militar britânica com campanhas na Europa, Ásia e Caraíbas. O
envolvimento espanhol resultou na expulsão dos exércitos britânicos da Flórida,
e no controlo do flanco sul americano. A vitória naval britânica na Batalha de
Saintes frustrou um plano francês e espanhol de expulsar os britânicos das
Caraíbas, e os preparativos para uma segunda tentativa foram bloqueadas pela
declaração de paz. O longo cerco franco-espanhol dos britânicos em Gibraltar,
também resultou em derrota.
O
envolvimento francês foi decisivo contudo o custo foi alto, em termos
financeiros, arruinando a economia francesa e dando origem a uma enorme
dívida. Uma vitória naval fora da Baía de Chesapeake deu origem a um cerco,
composto por forças combinadas de franceses e exércitos Continentais, que
forçaram um exército britânico a render-se em York Town, Virginia, em 1781. A
luta continuou durante 1782, enquanto tinham início as negociações de paz.
Em
1783, o Tratado de Paris pôs um fim à guerra e reconheceu a soberania do Estados
Unidos da América no território compreendido entre o Canadá, a norte, Flórida,
a sul, e o rio Mississippi a oeste. Em negociações de paz mais alargadas,
internacionalmente, foram trocados mais territórios.
Causas
Ao
fim da Guerra dos Sete Anos em 1763 (e a Guerra Franco-Indígena), o Reino Unido
da Grã-Bretanha emergiu triunfante contra a França na América do Norte, mas
terminou muito endividado. Os impostos na Grã-Bretanha já estavam muito altos e
então foi decidido que os colonos americanos deveriam contribuir mais. O
Parlamento britânico então aprovou a Lei do selo de março de 1765, que colocou
uma taxação direta sobre as colônias que começou formalmente em 1 de novembro.
O novo imposto irritou os colonos americanos, que argumentavam que os seus
"direitos como ingleses" significava que novos impostos não podiam
ser cobrados deles pois eles não tinham representação no Parlamento. Naquele
momento, na verdade, muitos colonos rejeitavam a solução de representatividade
afirmando que sua "circunstâncias locais" tornavam isso impossível.
A
resistência civil impediu que a lei do selo fosse implementada e boicotes a
produtos britânicos entraram em vigor. Esta resistência foi inesperada e gerou
uma "irritação violenta e natural" entre os britânicos.
Uma
mudança de governo na Grã-Bretanha acabou por repelir a lei do selo, mas o novo
parlamento aprovou a Lei Declaratória de 1766, que dizia que "as colônias
e plantações na América eram, são e serão subordinadas e dependentes da Coroa
Imperial e do Parlamento do Reino Unido".
Os
americanos declararam que leis internas impostas a eles, como a lei do selo,
eram ilegais, mas não as externas como taxas nos serviços de alfandega. Em
1767, o Parlamento inglês passou uma lei criando as chamadas Tarifas Townshend,
que instituiu taxas sobre vários bens britânicos exportados para as colônias. Os
americanos denunciaram isso como ilegal também, já que o objetivo destas
tarifas era aumentar a renda do Estado e não regulamentar o comércio.
Em
1768 a violência começou a tomar conta de Boston, a cidade com os maiores
portos da região da Nova Inglaterra. Um dos motivos das queixas eram as
atitudes anti contrabando tomadas pelo governo britânico e o envio de 4 000
soldados ingleses para ocupar a cidade. O Parlamento em Londres ameaçou
decretar os cidadãos de Massachusetts como traidores. Os colonos americanos não
se intimidaram e formaram associações para boicotar bens britânicos, embora
menos eficientes que antes pois as tarifas Townshend eram muito usadas. Em
março de 1770, cinco colonos em Boston foram mortos quando soldados ingleses
abriram fogo contra uma multidão que protestava em frente a casa do governador
real. Esta notícia espalhou ultraje pelas Treze Colônias. Em 1770, o Parlamento
tentou aplacar os americanos ao repelir todos os impostos, menos os do chá.
Em
1773, em um esforço para resgatar financeiramente a Companhia Britânica das
Índias Orientais, os ingleses tentaram aumentar as vendas de chá ao reduzir seu
preço e nomearam certos comerciantes na América para receber este produto e
vende-lo. Todas as colônias resistiram a isso e quando o governador de
Massachusetts se recusou a enviar de volta os navios de chá já ancorados em
Boston, colonos americanos destruíram diversas caixas de chá que estavam nestas
embarcações.
Thomas Jefferson.
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Ninguém
foi realmente punido pela "Festa do Chá de Boston" mas em 1774 o
Parlamento Britânico ordenou que o porto de Boston fosse fechado até que o
prejuízo do chá perdido fosse pago. Foi então aprovado a "Lei de Governo
de Massachusetts" para punir e mandar uma mensagem para a Colônia. Com
essa lei, a câmara alta da legislatura de Massachusetts seria apontada
diretamente pela Coroa Britânica, como já era o caso das colônias de Nova
Iorque e Virgínia. O governador real seria capaz de apontar e remover qualquer
juiz, xerife e outros oficiais executivos, além de restringir as sessões do
legislativo. Jurados seriam selecionados pelos xerifes e soldados britânicos
acusados de crimes seriam julgados fora da colônia. Essas medidas, que também
incluíam proibir manifestações públicas contrárias a Coroa e que atingiam
outras liberdades individuais e coletivas, foram descritas como as "Leis
Intoleráveis" pelos patriotas americanos (como eram chamados os revoltosos
americanos pró-independência).
Apesar
destas ações não serem sem precedente (Massachusetts já havia sido colocada sob
semi-lei marcial em 1691), a população americana pelas colônias havia ficado
revoltada. Lideranças populares e políticas americanas se reuniram e decidiram
não cooperar com as autoridades britânicas. Em outubro de 1774, um congresso
provincial (que pela lei inglesa era ilegal) foi estabelecido para tomar
controle do governo sob áreas não ocupadas por tropas britânicas em
Massachusetts, especialmente aos arredores de Boston. Com as tensões
aumentando, milícias populares começaram a ser formadas.
AS treze colônias britânicas |
Enquanto
isso, em setembro de 1774, representantes de todas as Treze Colônias
reuniram-se no Primeiro Congresso Continental para arranjar uma maneira de
responder à crise. O congresso rejeitou seguir o "Plano de União" que
estabeleceria um parlamento na América que aprovaria ou desaprovaria as ações
do parlamento britânico em Londres. Ao invés disso, eles preferiam adotar as
Resoluções Suffolk e exigiram que fossem vetadas todas as leis parlamentares
impostas pelos ingleses desde 1763, sendo assim não queriam que apenas as taxas
sobre o chá e as "Leis Intoleráveis" fossem revogadas, mas diversas
outras também. Eles afirmaram que o parlamento britânico não tinha autoridade
para legislar na América, mas eles aceitariam regulamentações no comércio,
incluindo deveres alfandegários para beneficiar o Império. Eles também queriam
que o Reino Unido reconhecesse que a decisão unilateral de estacionar tropas
nas colônias em tempos de paz era um "ato contra a lei". Apesar do
Congresso não ter nenhum poder legalmente falando, eles estabeleceram a
formação dos comitês Patriotas que iria supervisionar um boicote a produtos
britânicos nas colônias, a partir de 1 de dezembro de 1774.
Os independentes |
Ainda
assim, os britânicos não se intimidaram. O político anglo-irlandês Edmund Burke
aprovou uma lei no parlamento para repelir todos os Atos introduzidos pelos
parlamentares ingleses a qual os americanos se opunham e pedia para os
britânicos para renunciar o direito de colher as receitas dos impostos no
continente, mas tal lei foi reprovada no Parlamento por uma boa margem. O
parlamento então votou por restringir todo o comércio colonial com a
Grã-Bretanha, impedir os direitos dos americanos de pescar em Terra Nova e
Labrador, e aumentou da presença militar na América do Norte para 6 000 homens.
Em fevereiro de 1775 o primeiro-ministro britânico Frederick North propôs que
nenhum novo imposto fosse feito sobre as colônias, se estas pagassem
"contribuições fixas". Isso garantiria os direitos das colônias sobre
taxas de futuros infringimentos enquanto permitiam que eles contribuíssem
financeiramente para o bem do Império Britânico. Este projeto, porém, foi
igualmente rejeitado pelo Congresso Continental americano em julho, considerado
como uma "manobra insidiosa". Naquele momento, ao fim de 1774, as
situação chegava a um ponto de ruptura, com hostilidades entre tropas
britânicas e cidadãos armados americanos se tornando comuns e se intensificando
cada vez mais.
Política interna britânica
Durante
este período, os britânicos não apresentaram uma postura unificada para lidar
com os americanos revoltosos. O Parlamento da Grã-Bretanha era, neste tempo,
informalmente dividido entre os conservadores (Tory) e os liberais (Whig). Os
Whigs favoreciam um tratamento mais brando para com os colonos (mas não
independência) enquanto os Torys defendiam veementemente os direitos do
Parlamento. Os Whigs acreditavam que os conservadores estavam empurrando os
americanos para uma rebelião, enquanto os Torys diziam que a leniência dos Whig
(como a campanha deles para repelir a Lei do Selo) estaria fazendo a mesma
coisa. Muitos Whigs se identificavam com a causa dos rebeldes americanos, o que
os Torys achavam que iria encorajar os colonos a se revoltar. O resultado foi,
apesar do governo Tory do Lorde North ter maioria no parlamento, os Whigs
sempre apareciam para se opor a todas as suas políticas. Enquanto isso,
comandantes militares simpáticos aos Whig na América, como Sir William Howe e
seu irmão, o almirante Howe, eram questionados pelos Torys e lealistas
(americanos leais a Coroa) por não apoiarem tão vigorosamente o esforço de
guerra.
Primeira fase: 1775–1778
Massachusetts
Em
fevereiro de 1775, o parlamento britânico declarou Massachusetts em estado de
rebelião. O tenente-general Thomas Gage, o comandante-em-chefe das tropas
inglesas na América do Norte, comandou quatro regimentos (cerca de 4 000
homens) para o seu quartel-general em Boston, mas o restante da zona rural
estava nas mãos dos revolucionários. Em 14 de abril, ele recebeu ordens de
desarmar os rebeldes e prender os seus líderes.
No
anoitecer de 18 de abril de 1775, o general Gage enviou 700 homens para tomar
paióis de munição da milícia colonial na cidade de Concord, Massachusetts. Um
grupo de homens a cavalo, incluindo Paul Revere, partiu para a zona rural e foi
alertar seus colegas revolucionários de que os ingleses estavam chegando.
Assim, quando as tropas britânicas se aproximaram de Lexington na manhã de 19
de abril, eles encontraram 77 milicianos americanos em uma posição defensiva.
Um intenso, porém curto, tiroteio se seguiu, terminando na morte de diversos
rebeldes. Os britânicos então partiram para Concord, onde uma força de três
companhias do exército britânico enfrentou cerca de 500 colonos e acabaram
sendo repelidos. Os ingleses recuaram para Boston, sendo emboscados ao longo do
caminho pelos insurgentes americanos, infligindo a eles severas perdas até que
a chegada de reforços salvaram o que sobrou da tropa britânica. Assim, no que
ficou conhecido como as batalhas de Lexington e Concord, a guerra nas Colônias
americanas haviam começado.
Desembarque de imigrantes ingleses na América do Norte.
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As
milícias colônias americanas seguiram para Boston e cercaram as tropas
britânicas na cidade. Cerca de 4 500 reforços ingleses chegaram pelo mar e a 17
de junho de 1775 tropas britânicas, sob comando do general William Howe,
marcharam na península de Charlestown e derrotaram os americanos na Batalha de
Bunker Hill. Esta vitória foi custosa, pois os ingleses, ao invés de atacarem
de múltiplas direções para usar sua superioridade numérica, preferiram um
ataque frontal. Os colonos tiveram de recuar, mas os britânicos perderam mais
de 1 000 homens. A vitória em Bunker Hill acabou não quebrando o cerco sobre
Boston. Gage foi então substituído por Howe como comandante-em-chefe das forças
britânicas no continente. O general Gage escreveu então para o Secretário de
Guerra em Londres: "Essa gente [os rebeldes] mostra um espírito e uma
conduta contra nós que eles nunca mostraram contra os franceses. [...] Eles
estão agora espirituados por raiva e entusiasmo tão grande quanto um povo pode
e você deve proceder rápido ou desistir deste negócio. Um pequeno corpo agindo
em um ponto não vai ceder, você deve ter grandes exércitos criando distrações
de vários lados, dividindo as forças deles. As perdas que sofremos é maior do
que podemos suportar. Exércitos pequenos não podem sofrer essas quantidades de
baixas, especialmente quando os ganhos conquistados tendem a ser não mais
significativos do que tomar uma posição".
Em
julho de 1775, George Washington, recém apontado general, chegou nas cercanias
de Boston para assumir o controle das forças coloniais e organizar o exército
continental. Percebendo que suas forças tinham pouca pólvora, Washington pediu
por mais suprimentos. Arsenais foram atacados e pequenas linhas de produção
foram feitas para tentar fazer mais pólvoras; 90% dos suprimentos (907 184 kg)
foram importados ao final de 1776, a maioria da França. Os patriotas em New
Hampshire já haviam capturado grandes quantidades de pólvora, mosquetes e
canhões no Forte William e Mary, no porto de Portsmouth, ao fim de 1774. Uma
parte desses suprimentos foram usados na campanha de Boston.
A
luta pelo controle de Boston e suas regiões vizinhas prosseguiu em um impasse
durante o outono e inverno de 1775. Durante este período, o general Washington
estava surpreso pela inabilidade de Howe de atacar sua pequena e mal armada força.
Em março de 1776, canhões capturados pelos rebeldes no Forte Ticonderoga foram
levados a Boston pelo coronel Henry Knox e colocados nas fortificações das
colinas de Dorchester. Já que agora a artilharia americana podia observar por
sobre as posições britânicas, a situação de Howe começou a ficar insustentável
e assim as tropas britânicas de ocupação tiveram de abandonar Boston em 17 de
março de 1776, partindo pelo mar até a cidade de Halifax, no Canadá. Washington
então moveu suas tropas do exército continental para reforçar os colonos em
Nova Iorque.
Quebec
Três
semanas após o começo do cerco de Boston, os Green Mountain Boys ("Garotos
da Montanha Verde"), uma milícia liderada por Ethan Allen e Benedict
Arnold, capturou o Forte Ticonderoga, um ponto estratégico no Lago Champlain
entre Nova Iorque e Quebec. Depois eles também atacaram o Forte St. John, perto
de Montreal, o que alarmou a população e as autoridades por lá. Em resposta, o
governador da província de Quebec, Guy Carleton, começou a fortificar as
posições defensivas da região e começou negociações com os iroqueses e outras
tribos indígenas nativo-americanas. Essas ações, combinada com o lobbying por
parte de Allen e Arnold, além do medo de um ataque inglês pelo norte,
eventualmente persuadiu o Congresso Continental a autorizar a invasão de
Quebec, com o objetivo de expulsar as tropas britânicas da região.
O Massacre de Boston, de autoria de Paul Revere (1770).
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A
28 de março de 1775, uma coluna de 1 700 milicianos americanos marcharam, sob
comando do general Richard Montgomery, com o objetivo de tomar o Forte St. Jean
e abrir caminho, liderando a invasão. Em meados de novembro, os americanos já
haviam chegado a Montreal. O governador Carleton fugiu então para a cidade de
Quebec e começou a preparar as defesas para um ataque iminente. Uma segunda
expedição, liderada pelo coronel Benedict Arnold veio pelas florestas ao norte
de Maine. A logística era difícil, com 300 homens desertando e outros 200
perecendo devido as condições difíceis (a força inicial tinha um pouco mais de
1 100 combatentes). Quando Arnold chegou a cidade de Quebec, em novembro, ele
tinha apenas 600 homens em condições de lutar. As tropas de Montgomery então se
juntaram as dele e é travada assim a batalha de Quebec de 31 de dezembro. Os
britânicos e canadenses, contudo, liderados por Carleton, derrotaram os
americanos e forçaram o seu recuo. Montgomery acabou morrendo, Arnold ficou
ferido e outros 400 homens foram feitos prisioneiros. O que sobrou das tropas
americanas dispersou e fugiu de volta aos Estados Unidos apenas na primavera de
1776.
Os
americanos fariam outra tentativa de chegar até Quebec, mas foram detidos em
Trois-Rivières a 8 de junho de 1776. Carleton então lançou um contra-ataque em
outubro no norte de Nova Iorque e derrotou as forças de Benedict Arnold na ilha
de Valcour, próximo ao lago lago Champlain. Arnold recuou então até o Forte
Ticonderoga, o ponto onde a primeira expedição, um ano antes, tinha saído.
Embora a invasão do Canadá pelos americanos tenha sido um fracasso, os esforços
de Arnold em 1776 detiveram o que poderia ser uma maciça contra-ofensiva
britânica.
A
invasão americana do Canadá porém teve um efeito mais negativo perante a
opinião pública pública britânica e minou a base de apoio dos americanos pelos
liberais ingleses. Enquanto boa parte da população do Canadá permaneceu leal ao
Reino Unido, alguns cidadãos em Quebec mostraram-se simpáticos aos americanos.
Mas o apoio igualmente foi embora quando os estadunidenses começaram a adotar
medidas mais duras para deter supostos lealistas. Os americanos continuariam a
ver Quebec como uma parte do seu território, reivindicando-o nos chamados
Artigos da Confederação.
No
começo do conflito, os britânicos tinham uma presença militar significativa
apenas em Boston, embora esta força tenha sido evacuada em meados de 1776. Os
Patriotas americanos em todas as Treze Colônias foram rápidos em estabelecer
novos governos revolucionários ao redor dos comitês e organizações criadas
entre 1774 e 1775. Governadores e oficiais da Coroa não tinham poder de deter a
rebelião e em muitos lugares foram forçados a fugir. Em vários lugares, os
patriotas eram energéticos e eram apoiados pela população irritada enquanto os
lealistas estavam intimidados e eram pouco organizados sem apoio do exército
britânico.
Durante
a guerra, muitos textos escritos por lealistas afirmam que eles eram a maioria
da população e isso influenciou as políticas feitas por Londres que acreditavam
que poderiam reunir grandes exércitos entre a população ainda leal à Coroa
britânica. Em meados de 1780, os lealistas ainda se enganavam e também a
Inglaterra a respeito da sua suposta grande base de apoio.
Os
patriotas haviam superado os lealistas na "Campanha da Neve", na
região dos Apalaches, na Carolina do Sul, ao fim de 1775. O governador da
Virgínia, o Lorde Dunmore, tentou reunir uma força de lealistas mas não teve
muitos sucessos e acabou sendo derrotado na batalha de Great Bridge de dezembro
de 1775. Já em fevereiro de 1776, o general britânico Henry Clinton pegou 2 000
soldados e uma esquadra naval e os levou para apoiar os lealistas na província
da Carolina do Norte. Mas ele deu meia volta a saber que os lealistas já haviam
sido derrotados na batalha de Moore's Creek Bridge. Em junho, ele tentou tomar
Charleston, na Carolina do Sul, onde ficavam os maiores portos do país, mas o
ataque falhou quando sua frota naval foi detida pelas fortificações costeiras
dos rebeldes americanos.
Além
das Treze Colônias, nenhum outro território britânico nas Américas se rebelou
contra sua metrópole.
Reação inglesa
O
rei inglês, Jorge III, emitiu a Proclamação da Rebelião em agosto de 1775 e
falou ao Parlamento em 26 de outubro de 1775. Ele denunciou os "autores e
incentivadores desta conspiração desesperada" que tinha "inflamado o
povo na América ... e para infundir em suas mentes um sistema de opiniões
repugnante para a verdadeira constituição das colônias, e sua relação subordinada
a Grã-Bretanha". Ele detalhou o método para sufocar a revolta, incluindo o
envio de uma força estrangeira (de soldados de Hesse-Kassel). O discurso do rei
foi apoiado por ambas as casas do Parlamento. No Segundo Congresso Continental
de 8 de julho de 1775, os americanos enviaram uma petição ao rei inglês pedindo
para que ele revertesse as políticas duras dos seus ministros sobre as
colônias. Mas o parlamento rejeitou a petição, vendo-a como insincera. O
parlamento então votou uma moção para impor um bloqueio naval às Treze
Colônias. É estipulado que a popularidade da guerra no Reino Unido chegou ao
seu auge em 1777. O próprio rei assumiu maior controle da situação com ele
liderando o esforço de guerra, apesar da oposição de alguns políticos a isso,
como o primeiro-ministro North e os líderes civis das forças armadas. O rei
rejeitava qualquer possibilidade de independência para as colônias na América.
Separadamente,
o Parlamento Irlandês (um estado cliente da Inglaterra) jurou lealdade a Coroa
e concordou com a retirada das tropas da Irlanda para ajudar a derrotar a
rebelião na América. A maioria dos protestantes irlandeses eram contra a guerra
e favoreciam os americanos, mas os católicos apoiavam o rei inglês.A Revolução
Americana foi a primeira guerra onde foi permitido que os católicos irlandeses
servissem no exército britânico.
Militarmente,
o Reino Unido agiu de forma lenta e ineficaz no começo da rebelião em 1775 e
por volta de 1776 a situação em Boston já era uma causa perdida; naquela
altura, os britânicos já haviam perdido o controle daquela região. Desde a
Revolução Gloriosa, o exército britânico havia sido mantido em um tamanho
relativamente pequeno, pare evitar que ele fosse usado politicamente pelo rei.
Para se preparar para a guerra na América, os britânicos tiveram de iniciar
campanhas de recrutamento na Grã-Bretanha e na Irlanda e também contrataram
mercenários de alguns países alemães pequenos. Mas com o desejo do rei de
poupar dinheiro, a administração do exército foi ineficiente. Depois de um ano,
foi só no verão de 1776 que os britânicos conseguiram enviar um exército coeso
de 32 000 soldados, sob a liderança do general William Howe. Naquele período,
foi a maior força militar enviada pelo Reino Unido para fora da Europa na sua
história.
Com
o conflito aumentando de intensidade e os britânicos mandando mais tropas para
as Américas, representantes de cada uma das Treze Colônias se reuniram
novamente em Filadélfia para o Segundo Congresso Continental. Desta vez, a
possibilidade de negociar com a Inglaterra foi ignorada. O Congresso, por uma
boa margem, votou por independência total e declarou formalmente sua
emancipação em 4 de julho de 1776.
Campanhas de 1776–77
Nova Iorque
Após
se retirar de Boston, o general Howe focou em capturar a cidade de Nova Iorque.
As tropas britânicas então chegaram a Staten Island e cruzaram o porto rumo a
Manhattan em 30 de junho de 1776. A região foi tomada sem muito resistência.
Para defender a cidade, o general George Washington espalhou suas forças ao
longo do porto de Nova Iorque, se concentrando em Long Island e Manhattan.
Enquanto os soldados ingleses e tropas de Hesse-Kassel se reuniam, Washington
leu aos seus homens e aos habitantes da região a Declaração de Independência do
seu novo país, a fim de encoraja-los.
A
posição de Washington era particularmente perigosa pois ele tinha que dividir
suas tropas em Manhattan e Long Island, com nenhuma delas sendo páreas
numericamente ou em qualidade com os milhares de soldados ingleses que
marchavam. Analistas militares afirmam que Howe poderia ter cercado e destruído
o exército de Washington, mas o general inglês preferiu um ataque frontal a
Long Island. Os britânicos desembarcaram 22 000 homens em Long Island ao fim de
agosto de 1776 e impuseram então uma grande derrota ao Exército Continental,
matando 300 rebeldes americanos e capturando outros 1 000, forçando a retirada
dos que sobraram até o bairro de Brooklyn Heights. Ao invés de perseguir o inimigo
em fuga, Howe se deteve, afirmando que queria poupar a vida dos seus homens de
mais uma dura batalha ao bater de frente com as fortificações americanas.
Washington reforçou então suas posições, mas pessoalmente organizou a retirada
do seu exército inteiro e todos os suprimentos para além do rio East. Enquanto isso, ventos infavoráveis preveniram a chegada de mais navios ingleses
que poderiam bloquear a fuga de Washington.
Em
Staten Island, a 11 de setembro, a possibilidade de paz negociada foi
explorada. Os ingleses sinalizavam que poderiam repelir ou revisar várias leis,
se a autoridade da Grã-Bretanha fosse reconhecida. Os americanos, contudo, não
aceitariam que a sua Declaração de Independência fosse rejeitada.
Howe
continuou suas ofensivas em setembro, desembarcando 12 mil soldados na parte
baixa de Manhattan, assumindo o controle total da cidade de Nova Iorque. Os
americanos continuaram recuando até as colinas de Harlem, onde montaram uma
linha de defesa e detiveram o avanço inglês a 16 de setembro. Em 21 de
setembro, começou o grande incêndio de Nova Iorque. Os patriotas americanos
foram culpados pelo incidente, embora não houvesse provas que afirmassem isso.
Em 12 de outubro, os britânicos tentaram cercar as forças americanas mas fracassaram
pois Howe decidiu desembarcar suas forças em uma ilha que poderia ser
facilmente isolada. Os americanos evacuaram toda a região de Manhattan e em 28
de outubro foi travada a batalha de White Plains contra os ingleses que os
perseguiam. Howe novamente cometeu vários erros estratégicos e não atacou o
grosso do exército de Washington, que estava vulnerável, ao invés disso atacou
as colinas sem muito valor estratégico.
Washington
continuou recuando e Howe retornou para Manhattan e capturou o Forte Washington
em meados de novembro de 1776, fazendo 3 000 prisioneiros. Os britânicos
começaram então um infame sistema de "navios prisão", mantendo
milhares de prisioneiros nas embarcações, que eram tomadas por doenças e falta
de materiais de subsistência. Estima-se que mais pessoas tenham morrido de
doenças e maus tratos do que necessariamente em combate.
Howe
então enviou o general Henry Clinton com 6 000 homens até Newport, Rhode
Island, e estes não enfrentaram resistência no caminho. Clinton havia se oposto
a essa movimentação, acreditando que seus soldados seriam mais úteis se
colocados ao longo do rio Delaware, onde eles poderiam ter infligido aos
americanos baixas irreparáveis.
Nova Jérsei
O
general inglês Charles Cornwallis continuou a perseguição ao exército de
Washington através de Nova Jérsei, mas Howe ordenou que ele se detivesse, dando
aos americanos a chance de fugir para além do rio Delaware até a Pensilvânia em
7 de dezembro. Howe decidiu não persegui-lo além do rio, mesmo testemunhando a
situação precária do exército continental. Os americanos estavam sofrendo, não
apenas por sua inabilidade de deter o inimigo, mas pela falta de suprimento e
doenças. Washington tinham menos de 5 000 homens prontos para lutar. O
Congresso continental então fugiu de Filadélfia, mas milícias começaram a ser
formadas nas regiões rurais.
Howe
decidiu dividir suas forças em Nova Jérsei em pequenos destacamentos que eram
vulneráveis e se aproximavam das tropa de Washington. Os americanos decidem
partir para a ofensiva, com Washington cruzando o rio Delaware com seus homens
no anoitecer de 25 para 26 de dezembro, capturando cerca de 1 000 militares
hessianos na decisiva Batalha de Trenton. Cornwallis marchou para tentar
retomar Trenton mas antes foi derrotado pelos homens de Washington. No dia
seguinte, a 3 de janeiro de 1777, os americanos infligem outra importante derrota
aos ingleses na Batalha de Princeton, fazendo mais de 200 prisioneiros. Howe
decidiu recuar e deixou Nova Jérsei para Washington. Analistas dizem que esta
decisão foi precipitada, pois os britânicos ainda estavam em maior número.
Washington entrou então na cidade de Morristown. Sua série de vitórias havia
reanimado a causa americana e deu novo ânimo as tropas. Durante todo o inverno
de 1777, as milícias americanas em Nova Jérsei continuaram a importunar os
britânicos e hessianos em suas posições ao longo do rio Raritan. Em abril de
1777, Washington estava impressionado com o fato de que Howe não contra-atacava
e não fazia esforço de atacar seu exército, que era mais fraco que o dele.
Campanhas de 1777–78
Quando
os britânicos começaram a planejar as campanhas de 1777, eles possuíam dois
grandes exércitos na América do Norte: uma tropa em Quebec (sob comando de John
Burgoyne) e as forças de Howe em Nova Iorque. Em Londres, George Germain,
Secretário de Estado para as colônias, aprovou as ofensivas destes exércitos
para convergir sobre Albany, Nova Iorque, com o propósito de dividir a Colônia
em duas, mas nenhuma ordem expressa foi dada a Howe, que desenvolvia seus
próprios planos. Em novembro de 1776, Howe pediu por muitos reforços para que
ele pudesse atacar as cidades de Filadélfia e Albany, e a região da Nova
Inglaterra. Com a chegada de nenhum reforço, o general Howe modificou sua
estratégia e decidiu tomar apenas Filadélfia. Germain aprovou isso, acreditando
que o sucesso de Howe daria tempo para coordenar os esforços com as tropas
ainda no norte. Howe, por outro lado, optou por mandar seus homens sobre a
Filadélfia pelo mar pela baía de Chesapeake ao invés de pegar as rotas mais
curtas por terra via Nova Jérsei ou ainda através da baía de Delaware. Assim,
ele não seria capaz de ajudar Burgoyne quando necessário.
Norte de Nova Iorque
Uma
das primeiras campanhas lançadas em 1777 foi uma expedição que saiu de Quebec
liderada pelo general John Burgoyne. O objetivo era abrir um corredor entre o
lago Champlain e o rio Hudson, efetivamente isolando a região da Nova
Inglaterra do resto das Colônias. A ofensiva de Burgoyne tinha dois
componentes: ele lideraria 8 000 soldados até o lago Champlain em direção a
cidade de Albany, no estado de Nova Iorque, enquanto uma segunda coluna de 2
000 homens, liderados por Barry St. Leger, moveria ao sul do rio Mohawk e então
se juntaria a Burgoyne em Albany.
Burgoyne
partiu em junho de 1777 e em julho já havia retomado o forte Ticonderoga. Os
americanos então derrubaram árvores e destruíram o terreno da região, atrasando
o avanço inglês. Um destacamento britânico foi enviado para buscar suprimentos,
mas foram derrotados por uma milícia americana na Batalha de Bennington em
agosto, privando Burgoyne de pelo menos 1 000 soldados.
Enquanto
isso, o general Barry St. Leger (cuja metade da sua tropa era de índios
americanos liderados por Sayenqueraghta) cercou o Forte Stanwix. Milicianos
americanos e alguns índios aliados foram em socorro do forte mas foram detidos
na batalha de Oriskany. Uma segunda expedição americana chegou, desta vez
liderada por Benedict Arnold. Os índios que apoiavam St. Leger o abandonaram,
forçando ele a deixar o cerco ao Forte Stanwix e retornar para Quebec.
O
exército de Burgoyne havia sido reduzido para 6 000 homens após a batalha de
Bennington e também pela necessidade de manter o forte Ticonderoga guarnecido.
Além disso ele também sofria com a falta de suprimentos. Apesar destes
retrocessos, ele estava determinado em marchar até Albany. Os americanos
reuniram um exército de 8 000 soldados, sob comando dos generais Horatio Gates
e Benedict Arnold, que haviam se entrincheirados a 16 km ao sul de Saratoga, em
Nova Iorque. Burgoyne tentou flanquear os americanos mas foi detido a 19 de
setembro de 1777. A situação foi ficando desesperadora para John Burgoyne, mas
ele ainda esperava ajuda por parte do exército de Howe que estava estacionado
na cidade de Nova Iorque. Contudo, os reforços nunca vieram, uma vez que Howe
estava ocupado com sua ofensiva em direção a Filadélfia. As únicas tropas que
chegaram eram mais reforços dos americanos, que agora tinham um exército de 11
000 homens no começo de outubro. A conclusão da Batalha de Saratoga veio em 7
de outubro, quando o último esforço britânico para romper as linhas americanas
terminou em fracasso. Dez dias depois, Burgoyne se rendeu junto com seus
soldados.
O
general inglês Henry Clinton, que estava na cidade de Nova Iorque, tentou fazer
uma manobra distrativa para chamar a tenção dos americanos e ajudar Burgoyne,
no começo de outubro, capturando dois fortes rebeldes no condado de Orange, mas
tiveram que recuar desta posição ao ouvirem da rendição de Burgoyne.
A
vitória americana em Saratoga foi o ponto crucial da guerra para os rebeldes. A
ocupação de Nova Iorque e Filadélfia pelas forças do general inglês Howe havia
sido um golpe para a moral dos americanos, mas depois de Saratoga, a
determinação e confiança dos patriotas aumentou consideravelmente. Porém mais
importante foi o fato desta vitória ter convencido a França a entrar em uma
aliança aberta com os americanos, após dois anos de apoio secreto em pequena
escala. Assim, a guerra para a Inglaterra começou a ficar complicada.
Pensilvânica
Howe
começou sua campanha em junho em uma série de manobras na província de Nova
Jérsei, que apesar de forçar o recuo do general Washington acabou não
destruindo seus exércitos, o que se provaria importante. Ele começou a se mover
para o norte até a baía de Chesapeake, desembarcando 15 000 soldados na região
em 25 de agosto nas cercanias do rio Elk. Washington posicionou seus 11 000
homens na margem oposta do rio Brandywine, formando uma longa linha defensiva
para Filadélfia, mas Howe acabou derrotando ele em batalha a 11 de setembro de
1777. Observadores franceses afirmaram que o fracasso de Howe foi não saber
usar sua vitória e não perseguir Washington, preferindo ignora-lo e marchar em
direção a Filadélfia.
O
Congresso Continental abandonou Filadélfia e a 26 de setembro de 1777, Howe
marchou na cidade enfrentando pouquíssima oposição. Howe enviou parte do seu
exército para tomar o Forte Mifflin. A 4 de outubro, Washington tentou quebrar
as linhas inglesas com um ataque surpresa em Germantown, na Pensilvânia. Howe
não tinha uma posição favorável e seus homens não esperavam um ataque direto. Ainda
assim, erros estratégicos americanos impediram o sucesso de Washington, que foi
forçado a recuar sofrendo pesadas baixas.
As
forças de Howe e Washington se enfrentaram novamente na Batalha de White Marsh
em dezembro. Novamente, apesar do sucesso britânico, Howe não conseguiu
capitalizar e não destruiu as tropas de Washington e nem as perseguiu.
Washington e seu exército acamparam no Vale Forge em dezembro de 1777, a cerca
de 32 km de Filadélfia, onde ficaram pelos próximos seis meses se
reorganizando. No inverno, 2 500 homens (de 10 000) morreram devido a doenças e
vários outros ficaram incapacitados, reduzindo sua força de combate para apenas
4 000 soldados em bom estado. Já as tropas de Howe estavam confortáveis na
Filadélfia e não fizeram qualquer esforços para avançar sobre a debilitada
tropa americana. Na primavera, o exército que emergiu do Vale Forge estava em
melhor ordem do que antes, graças a um novo programa de treinamento feito pelo
barão prussiano Friedrich von Steuben, um oficial experiente que passou suas
habilidades e técnicas aos americanos.
Historiadores
debatem se os ingleses não aproveitaram a oportunidade de conquistar uma
vitória militar entre 1776 e 1777. Argumenta-se que o general Howe cometeu um
erro crucial ao não marchar contra as forças americanas no Vale Forge. A tropa
rebelde que estava lá, naquele momento, estava debilitada e não ofereceria
muita resistência. Se fossem sobrepujados, os americanos não teriam como montar
um segundo exército e a guerra no norte estaria praticamente perdida.
Howe
havia submetido sua resignação em outubro de 1777; até que as autoridades em
Londres aceitassem seu pedido de dispensa, ele ficou estacionado na Filadélfia.
Naquela altura, o seu exército tinha o dobro do tamanho do de Washington, mas
com a memória da desastrosa batalha de Bunker Hill ainda na cabeça o fez exitar
e ele não avançou contra as forças americanas entrincheiradas. O general
Clinton o substituiu como comandante-em-chefe das tropas britânicas na América
do Norte em 24 de maio de 1778.
Intervenção estrangeira
Na
primavera de 1776, a França e a Espanha começaram a informalmente se envolver
na guerra de independência dos Estados Unidos. O almirante francês Latouche
Tréville entregou suprimentos, armas e munição aos americanos. Thomas Jefferson
encorajava as boas relações com os franceses. Armas como os canhões de Valliere
foram importantes para os americanos em batalhas como as travadas em Saratoga.
Após saber desta última vitória, a França temia que os britânicos fizessem as pazes
com os americanos e então poderiam se voltar juntos contra os franceses. Em
particular, o rei francês Luís XVI estava alarmado com relatórios que sugeriam
que a Inglaterra estava pretendendo fazer enormes concessões as colônias e
então poderiam partir para dominar as terras francesas e espanholas nas Índias
Ocidentais. Para contrariar isso, ele concluiu o Tratado de Aliança com os
Estados Unidos a 6 de fevereiro de 1778, com os americanos se comprometendo com
uma independência total com relação a Inglaterra. Naquela altura, os franceses
estavam apenas dando ajuda indireta e em materiais aos Estados Unidos, com
ajuda dos espanhóis, mas com o novo tratado eles se comprometiam em ir a
guerra. Os britânicos responderam retirando seu embaixador de Paris, com as
hostilidades entre as duas nações europeias começando de fato em 17 de junho de
1778.
Em
1776, o Conde de Aranda atuou como representante do governo espanhol no
encontro com uma comissão americana formada por Benjamin Franklin, Silas Deane
e Arthur Lee. O Congresso continental enviou esta comissão a Europa para forjar
alianças com as nações da região para buscar apoio a fim de romper o bloqueio
naval britânico na costa da América do Norte. Aranda convidou os membros da
comissão americana até sua casa em Paris, com ele agindo como embaixador da
Espanha e apoiador da luta das colônias inglesas por emancipação. Ele defendia
uma maior ação por parte das autoridades espanholas em ajuda aos rebeldes
americanos. Contudo, ele era contrariado por José Moñino, Conde de
Floridablanca, que queria uma aproximação diferente a situação. Jerónimo
Grimaldi, embaixador espanhol na França, enviou uma carta para o americano
Arthur Lee, que estava em Madri para conseguir apoio para a rebelião. Grimaldi
disse para Lee: "você considerou a sua situação, não a nossa. O momento
atual ainda não é favorável a nós. A guerra com Portugal — França despreparada
e nossos navios com tesouros vindos da América do Sul não chegando — faz o
tempo inoportuno para a guerra". Enquanto isso, Grimaldi assegurou a Lee
que as entregas de suprimentos prometidos chegariam a Nova Orleãs e Havana para
os americanos, e novos suprimentos estavam sendo reunidos em Bilbao.
A
Espanha finalmente entrou na guerra contra o Reino Unido na América em junho de
1779, através do Tratado de Aranjuez. O governo espanhol ajudava os americanos
com materiais desde o início das hostilidades, mas não reconheciam os Estados
Unidos como um país emancipado. A República Holandesa, que também ajudava as colônias
americanas em rebelião desde 1776, declarou guerra a Inglaterra ao fim de 1780,
reconhecendo os Estados Unidos diplomaticamente como nação.
Segunda fase: 1778–1781
Políticas britânicas
Após
a notícia da rendição em Saratoga e preocupação a respeito de uma eventual
intervenção francesa na guerra na América, a Grã-Bretanha decidiu aceitar as
exigências iniciais feitas pelos rebeldes americanos. O Parlamento repeliu a
controversa taxação feita sobre o chá e declararam que nenhum novo imposto
seria taxado nas colônias sem o consentimento destes (com a exceção de taxas
alfandegárias, cuja parte dos lucros iam para as colônias). Uma comissão foi
formada para negociar diretamente com o Congresso Continental pela primeira
vez. A comissão recebeu poderes para suspender todas as leis consideradas
desagradáveis que o Parlamento passou desde 1763, dando perdões gerais e
declarou encerrar as hostilidades. Os membros da comissão chegaram na América
em junho de 1778 e ofereceram restabelecer o quadro legal da colônia como era
em 1763, se os habitantes novamente declarassem lealdade ao rei. Além disso, os
britânicos concordaram que não mandariam mais tropas a América. Contudo, o Congresso
americano rejeitou todas as propostas e afirmou que uma condição para as
negociações seria ou o reconhecimento da independência do país ou a retirada
incondicional de todas as tropas britânicas. Em 3 de outubro de 1778, os
ingleses publicaram uma anistia geral a toda a colônia e a todos os indivíduos
que aceitassem a proposta da comissão, implicando que haveria sérias
consequências em caso de recusa. Não houve nenhuma resposta significativa.
O
rei Jorge III desistiu da esperança de subjugar a América com novos exércitos,
enquanto uma guerra na Europa estava para acontecer. Já não havia mais
esperanças de conquistar toda a região da Nova Inglaterra. Mas o rei estava
determinado a "nunca reconhecer a independência das Américas e punir sua
teimosia com uma prolongação eterna da guerra". Seu plano era manter 30
000 soldados estacionados em Nova Iorque, Rhode Island, Quebec e Flórida.
Outras forças iriam atacar os franceses e espanhóis nas Índias Ocidentais. Para
punir os americanos, o rei inglês planejava destruir seu comércio costeiro,
bombardeando seus portos, saqueando e queimando cidades ao longo da costa e
incentivar os índios nativos americanos a atacar civis nas regiões de
fronteira. Essas operações, o rei achava que iria inspirar os lealistas,
dividiria o Congresso Continental e "manteria os rebeldes pressionados,
ansiosos e pobres, até o dia que, pela natureza e inevitabilidade,
descontentamento e desapontamento seria convertido em penitência e
remorso" e assim os americanos implorariam para voltar a ficarem sob
autoridade real. Em termos mais concretos, esse plano significaria a destruição
dos lealistas e das tribos indígenas aliadas, prolongamento de uma guerra
extremamente custosa aos cofres públicos e o risco de um desastre se os franceses
e espanhóis decidissem enviar uma frota para invadir as ilhas britânicas. Mas o
rei ainda esperava subjugar as colônias rebeldes depois de lidar com seus
aliados no continente europeu.
A
entrada dos franceses na guerra ao lado dos americanos forçou o Reino Unido a
mudar sua estratégia. O general Clinton abandonou a Filadélfia e levou suas
tropas para reforçar as defesas ao redor de Nova Iorque, que agora estava
vulnerável a ataques pelo mar graças a marinha francesa. Washington seguiu
Clinton na sua retirada até Nova Jérsei e então o atacou na Batalha de Monmouth
em 28 de junho de 1778. O resultado desta luta foi inconclusivo mas Clinton
conseguiu quebrar o ataque e fugir para Nova Iorque. Esta foi a última grande
batalha terrestre travada no norte. O exército de Clinton chegou ao seu destino
em julho, chegando pouco antes de uma frota francesa, sob comando do almirante
Charles Hector, se aproximasse da costa Americana. Washington levou seus homens
então para a cidade de White Plains, ao norte de Nova Iorque.
Em
agosto de 1778, os americanos tentaram retomar a cidade costeira de Newport, em
Rhode Island, com ajuda da França, mas acabaram fracassando e os franceses
bateram em retirada. A guerra no norte chegou a um impasse, com nenhum dos
lados capaz de dar um golpe decisivo no outro. Os britânicos tentaram
enfraquecer os americanos pelo mar, lançando ataques sorrateiros e expedições
punitivas pela costa, como uma incursão do general inglês William Tryon contra
Connecticut em julho de 1779 que deixou centenas de mortos ou feridos. Ainda
nesse ano, os rebeldes conquistaram algumas vitórias importantes, como a
conquista das cidades de Stony Point e Paulus Hook, mas os britânicos reconquistaram
elas logo depois. Em outubro de 1779, os ingleses decidiram abandonar Newport e
Stony Point para consolidar suas forças em uma posição mais defensiva.
Durante
o inverno de 1779–80, o exército americano sofreu no norte com condições
climáticas adversas e doenças. O congresso era ineficaz, a moeda continental
valia nada e o sistema de suprimentos não funcionava. Washington encontrava
muita dificuldade para manter seu exército coeso, mesmo com poucas batalhas
para travar. Em 1780, motins começaram no campo americano. A força das tropas
rebeldes caiu tanto que os ingleses decidiram lançar uma ofensiva em duas
frentes em Connecticut Farms (Nova Jérsei) em junho de 1780. As milícias locais
resistiram e os britânicos tiveram de retornar para suas bases.
Em
julho de 1780 os americanos foram reforçados quando os primeiros 5 500 soldados
da força expedicionária francesa chegaram em Newport, Rhode Island. Washington
esperava poder usar estes homens em um ataque contra Nova Iorque, que
potencialmente poderia encerrar a guerra. Contudo, acontecimentos em outros
lugares frustraram esses planos. Além disso, reforços vindos da França não
conseguiram chegar por causa do bloqueio naval inglês. Logo até a tropa
francesa em Newport também se viu bloqueada. A marinha francesa também se
recusava a se aproximar muito da costa americana antes do fim de 1780, após ter
sofrido muitos danos nas lutas nas Índias Ocidentais.
Benedict
Arnold, um dos líderes militares que participaram da vitória em Saratoga,
estava ficando desiludido com a luta e decidiu desertar a causa. Em setembro de
1780, ele tentou entregar um vital forte americano em West Point ao longo do
rio Hudson para os britânicos, mas seu complô foi descoberto. Ele fugiu e
serviu o resto da guerra ao lado dos ingleses. Arnold escreveu uma carta aberta
ao povo das colônias para tentar justificar suas ações, onde ele afirmou que
ele lutou contra uma série de injustiças e como a Inglaterra já havia aceitado
retornar ao status quo da década de 1760 já não havia mais necessidade de
continuar o derramamento de sangue, especialmente contando com a ajuda de um
regime antigo e tirânico como o do Reino da França. Arnold liderou um dos
últimos grandes ataques britânicos no norte, em uma ofensiva para tomar a
cidade de Nova Londres (Connecticut), em setembro de 1781, onde ele se saiu
vitorioso, mas a conquista não teve repercussões.
Quando
a paz foi finalmente feita, em 1783, os ingleses ainda estavam em posse de
várias regiões no norte, como Staten Island, Manhattan e Long Island. Essas
três cidades, na época, tinham apenas 2% da população das Treze Colônias.
Fronteiras norte e oeste
Ao
oeste dos montes Apalaches e ao longo da fronteira da província de Quebec, a
guerra revolucionária americana teve um caráter maior de "Guerra contra os
Índios". A maioria dos indígenas nativos americanos apoiavam os
britânicos, como a confederação Iroqueses. Tribos como os Shawnee se dividiram
em facções, assim como os Chickamauga, com vários preferindo fazer paz com os
americanos. Os ingleses ajudavam seus aliados indígenas com mosquetes, pólvora
e outros suprimentos, enquanto lealistas saqueavam assentamentos civis,
especialmente em Nova Iorque, Kentucky e na Pensilvânia. Forças tarefa de
Iroqueses e lealistas lançaram-se em batalhas bem sucedidas, como no vale de
Wyoming e no vale de Cherry em 1778, provocando George Washington a ordenar uma
expedição punitiva sob comando do general John Sullivan ao oeste de Nova
Iorque, no verão de 1779. Houve pouca luta, com os americanos incendiando terras
indígenas e saqueando mantimentos, forçando os índios para fugir até Quebec ou
para a região das Cataratas do Niágara.
No
norte das regiões de Ohio e Illinois, o general americano George Rogers Clark
tentou neutralizar a influência britânica nas tribos próximas a Ohio ao
capturar as importantes cidades de Kaskaskia, Cahokia e Vincennes no verão de
1778. Ele foi bem sucedido. Quando o general Henry Hamilton, comandante da
guarnição britânica em Detroit, retomou Vincennes, Clark retornou com uma marcha
surpresa em janeiro de 1779 e conseguiu fazer Hamilton prisioneiro.
Em
março de 1782, milicianos americanos da Pensilvânia mataram mais de 100 nativos
americanos neutros no massacre de Gnadenhütten. Em um dos últimos grandes
combates da guerra, cerca de 200 milicianos de Kentucky foram derrotados por
tropas ingleses e lealistas na batalha de Blue Licks, em agosto de 1782.
Campanhas na Geórgia e nas
Carolinas (1778–81)
Durante
os primeiros três anos da guerra de independência dos Estados Unidos, as
principais lutas aconteceram no norte, apesar de importantes combates contra
lealistas terem acontecido como na Carolina do Sul e contra tropas britânicas
na Flórida Oriental. Quando os franceses entraram na guerra, os ingleses
focaram suas atenções para as colônias do sul, onde eles esperavam tomar o
controle da região e recrutar exércitos lealistas. A estratégia para o sul
tinha a vantagem do fato da marinha real britânica estar mais próxima para
ajudar, a partir de suas bases no Caribe, que estavam ameaçadas pelos franceses
e espanhóis.
Em
29 de dezembro de 1778, um corpo do exército do general Clinton, que estava em
Nova Iorque, partiu numa expedição e capturou Savannah, Geórgia. Os franceses e
americanos tentaram retomar Savannah mas fracassaram após uma batalha em 9 de
outubro de 1779. Clinton então partiu para tomar Charleston e depois de dois
meses tomou a cidade. Na altura de 12 de maio de 1780, a maioria do exército
continental na região também havia sido destruído. Com poucas baixas, Clinton
tomou para os britânicos a cidade do sul e seus portos, dando aos ingleses uma
base para futuras operações na área.
O
que sobrou do exército continental americano no sul começou a recuar para a
Carolina do Norte, mas foram perseguidos pelas tropas do coronel Banastre
Tarleton, que os derrotou em Waxhaws, a 29 de maio de 1780. Depois destes
eventos, ações militares organizadas por tropas regulares americanas entraram
em colapso, sendo substituída principalmente por ações de guerrilha, comandada
por homens como Francis Marion. O general britânico Charles Cornwallis assumiu
o comando das operações inglesas na região sul, enquanto Horatio Gates chegou
para comandar os americanos e tentar reverter o quadro ruim. A 16 de agosto de
1780, Gates foi derrotado na Batalha de Camden, na Carolina do Sul, abrindo
caminho para Cornwallis marchar com seus homens até a Carolina do Norte. Então,
por um tempo, os ingleses assumiram total controle da Geórgia e da Carolina do
Sul.
Os
esforços de Cornwallis na Carolina do Norte não foram frutíferos. A ala lealista
do seu exército foi derrotado na batalha de Kings Mountain, em 7 de outubro de
1780, o que deteve seu avanço por um tempo. Reforços britânicos chegaram, mas
as tropas do coronel Tarleton foram derrotados pelo comandante americano Daniel
Morgan na Batalha de Cowpens, a 17 de janeiro de 1781. Apesar disso, Cornwallis
decidiu continuar avançando, apostando que ele receberia apoio dos lealistas no
caminho. O general Nathanael Greene, que substituiu Gates no comando, evitou
contato com Cornwallis enquanto esperava reforços. Em março, o exército de
Greene havia crescido a um ponto que ele achava que podia vencer Cornwallis em
combate direto. Na crucial Batalha de Guilford Court House, Cornwallis afastou
a ameaça do general Greene, mas sofreu pesadas baixas no processo. Vendo isso,
poucos lealistas decidiram se juntar ao exército inglês. Isso também deveu-se
ao fato da pressão que os Patriotas colocavam neles e em suas famílias.
Cornwallis decidiu recuar pela linha costeira até Wilmington, Carolina do
Norte, para se reorganizar e ressuprir, deixando a Geórgia e as Carolinas
livres nas mãos dos americanos. Cornwallis partiu então para a Virgínia.
Tropas
regulares americanas e guerrilheiros patriotas iniciaram o processo de
reconquista da Carolina do Sul e da Geórgia. Apesar das vitórias britânicas em
Hobkirk's Hill e em Ninety Six, em meados de 1781 os britânicos já estavam em
retirada para os extremos sul e norte da colônia. Uma das últimas grandes
batalhas no sul, em Eutawville, foi travada em setembro de 1781 e terminou com
resultado inconclusivo. Mas ao fim deste ano, apenas as cidades de Savannah e
Charleston permaneciam sob controle inglês.
Campanhas na Virgínia (1781)
Cornwallis
partiu de Wilmington, na Carolina do Norte, para a província da Virgínia para
tentar reorganizar suas tropas. Antes disso, em janeiro de 1781, um pequeno
exército inglês, sob comando do desertor americano Benedict Arnold, havia
chegado na região e avançou pela zona rual, destruindo suprimentos, moinhos e
outros alvos econômicos importantes para os colonos rebeldes. Em fevereiro,
George Washington despachou o General Lafayette para deter Arnold. Mais tarde
também enviou o general Anthony Wayne. Arnold recebeu reforços de Nova Iorque
em março e suas tropas se uniram as de Cornwallis em maio. Lafayette lutou
batalhas pontuais contra Cornwallis, evitando grandes confrontos, enquanto
esperava a chegada de mais soldados para lutar ao seu lado.
A
campanha de Cornwallis foi criticada por seu oficial superior, o general Henry
Clinton, que não acreditava que esta área tão imensa e infestada de doenças,
com uma população hostil, poderia ser pacificada e controlada. Clinton
favorecia novas operações na região de Chesapeake (Maryland, Delaware e o sul
da Pensilvânia), onde ele acreditava que a maioria da população lá era
lealista. Quando chegou em Williamsburg em junho, Cornwallis recebeu ordens de
Clinton para estabelecer uma base naval fortificada e requisitou que ele
mandasse reforços para o norte, em Nova Iorque, onde um possível ataque
franco-americano estaria para acontecer. Seguindo estas ordens, ele decidiu fortificar
a cidade de Yorktown, na Virgínia, mas foi seguido de perto por Lafayette e os
americanos. Os britânicos então se entrincheiraram e esperaram a chegada da
marinha real.
No
final, os teatros de operações navais no sul e no norte convergiram em
Yorktown, na segunda metade do ano de 1781. A frota francesa finalmente
lançou-se sobre a costa americana, podendo ir para Yorktown ou Nova Iorque,
conforme requisitado. George Washington ainda favorecia a luta no norte, mas os
franceses enviaram seus navios na direção oposta, para flanquear os ingleses em
Yorktown. Ao saber disso, Washington decidiu cooperar e foi para o sul com suas
tropas. A armada britânica, não percebendo que os franceses enviaram boa parte
de sua frota para a América, despachou poucos e inadequados navios sob comando
do almirante Samuel Graves.
Em
setembro de 1781, a marinha francesa derrotou uma esquadra britânica na Batalha
de Chesapeake, cortando pelo mar a rota de fuga das tropas inglesas na
Virgínia. Cornwallis, ainda esperando receber mais apoio, falhou em avançar
quando teve a chance. Então, as tropas de Washington convergiram sobre
Yorktown, quebrando a coesão das linhas britânicas. Um exército combinado de 18
900 soldados franceses e americanos inciaram o crucial Cerco de Yorktown no
começo de outubro. Por dias, os navios franceses bombardearam as posições
fortificadas britânicas. Por terra, baterias de artilharia franco-americanas
também bombardeavam os ingleses. Foi enviado uma expedição para a Virgínia para
tentar salvar as tropas britânicas por lá, mas vários atrasos impossibilitaram
a operação. Sem conseguir romper o cerco, Cornwallis decidiu se render junto
com seus 7 000 homens, a 19 de outubro de 1781. A situação da guerra para os
ingleses começava a ficar desesperadora.
Queda do governo de Frederick
North
Notícias
da derrota em Yorktown chegaram a Grã-Bretanha em novembro de 1781. O rei Jorge
III recebeu a notícia com calma e fez um discurso desafiador, afirmando que a
guerra iria continuar, recebendo apoio da Câmara dos Comuns. Contudo, novas
notícias chegaram a respeito de outros retrocessos na América. Os franceses e
espanhóis tinham conquistado algumas ilhas britânicas nas Índias Ocidentais e
estavam no processo de expulsar os ingleses por completo da região. Na Europa,
Minorca se rendeu a uma força franco-espanhola em 5 de fevereiro de 1782 e
Gibraltar estava em perigo de cair também. Vendo isso, o Parlamento Britânico,
a 27 de fevereiro de 1782, votou por encerrar todas as operações militares nas
colônias americanas e iniciaram conversações de paz. Enfrentando a ameaça de
receber um voto de desconfiança do Parlamento, a 20 de março, o primeiro-ministro
Frederick North renunciou e seu governo Tory foi substituído por políticos
Whigs. Ironicamente, após a saída de North, os britânico venceram a Batalha de
Saintes, colocando um fim na ameaça francesa sobre as Índias Ocidentais. A
ofensiva inimiga em Gibraltar também foi detida. Com essas vitórias, North
poderia ter se segurado no poder e talvez a guerra contra os americanos poderia
ter continuado por mais tempo, apesar do fracasso em Yorktown.
O
novo governo Whig em Londres decidiu aceitar a independência dos Estados
Unidos, que era o principal requisito para a paz. A partir do fim de 1781 não
houve grandes combates mais na América do Norte, embora ainda houvessem cerca
de 30 000 soldados britânicos ocupando várias cidades como Nova Iorque,
Charleston e Savannah. A guerra continuou em outros lugares, incluindo em
Gibraltar e ainda havia operações navais nas Índias do Leste e Ocidentais. Os
conflitos oficialmente se encerrariam com a assinatura do Tratado de Paris de
1783.
Conflito naval
Quando
a guerra começou, os britânicos tinham enorme superioridade naval sobre os
colonos americanos, apesar da frota já estar velha e em condições meio ruins,
uma situação que foi culpada em John Montagu, o Primeiro Lorde do Almirantado.
Durante os primeiros três anos do conflito, a marinha real britânica foi usada
para transportar tropas para as operações terrestres e para proteger o comércio
naval. Os americanos não tinham nenhum navio de linha e dependiam de corsários
para lutar contra os ingleses. As ações de pirataria causavam uma preocupação
meio desproporcional ao seu sucesso material. Mas alguns desses navios
corsários americanos apoiavam os franceses, antes e depois da intervenção
destes na guerra na América, operando inclusive perto do Canal da Mancha, o que
deteriorou mais ainda as relações anglo-francesas. Cerca de 55 000 marinheiros
americanos serviram a bordo de barcos corsários. Estes tinham pelo menos 1 700
navios, de vários tamanhos, e capturaram cerca de 2 283 embarcações inimigas. O
Congresso Continental autorizou em outubro de 1775 a formação da Marinha
Continental, que foi usada principalmente como uma força corsária no mar. O
almirante John Paul Jones se tornou um dos primeiros heróis navais americanos
da marinha do país ao capturar a embarcação inglesa HMS Drake, em 24 de abril
de 1778, a primeira vitória militar americana em águas britânicas.
Durante
a segunda fase do conflito, as intervenções sucessivas da França, Espanha e dos
Países Baixos estenderam a guerra naval das Índias Ocidentais até o Golfo de
Bengala. Este segundo período foi de verão de 1778 até meados de 1783, e
incluía operações já em progresso nas Américas ou para a proteção do comércio.
As campanhas navais eram feitas por grandes frotas das principais potências
marítimas da época.
A Grã-Bretanha contra França,
Espanha, Mysore e Holanda (1778–1783)
Europa
A
Espanha entrou na guerra, como uma aliada da França, com o objetivo de
reconquistar Gibraltar e Minorca, que haviam sido capturada pelos ingleses
durante a Guerra Anglo-Holandesa em 1704. Entre 1779 e 1783, os espanhóis
cercaram Gibraltar, mas a guarnição britânica lá resistiu de forma obstinada e
não cedeu. Outras tentativas de retomar a ilha fracassaram nos anos
posteriores. A 5 de fevereiro de 1782, forças espanholas e francesas capturaram
Minorca e conseguiram mantê-la sob controle da Espanha. Foi até mesmo planejado
uma ambiciosa invasão da Grã-Bretanha em 1779 mas o plano falhou.
Índias Ocidentais e Costa do
Golfo
Houve
muita ação nas Índias Ocidentais, especialmente na Pequenas Antilhas. Apesar da
França ter perdido uma batalha naval em Santa Lúcia no começo da guerra, sua
marinha ainda dominava boa parte da região, capturando as ilhas de Dominica,
Grenada, São Vicente, Montserrat, Tobago, St. Kitts e Turks e Caicos entre 1778
e 1782. As possessões holandesas nas Índias Ocidentais e na América do sul
foram tomadas pelos britânicos, mas depois reivindicada pela França e
restaurada para a República dos Países Baixos. Na batalha de Saintes, em abril
de 1782, a frota do almirante inglês George Brydges Rodney derrotou os navios
franceses sob comando do almirante François de Grasse, frustando as esperanças
franco-espanholas de tomar a Jamaica e outras colônias da área.
Na
Costa do Golfo norte-americana, o conde de Bernardo de Gálvez, governador
espanhol da Luisiana, rapidamente afastou os britânicos de suas posições na
parte baixa do rio Mississippi, por volta de 1779, derrotando-os em Manchac e
em Baton Rouge, perto da Flórida Ocidental. Gálvez tomou a cidade de Mobile em
1780 e Pensacola em 1781. Em 8 de maio de 1782, Gálvez capturou uma base naval
inglesa em New Providence, nas Bahamas. Lealistas britânicos retomaram a região
em 1783. Gálvez conseguiu anexar as partes Leste e Oeste da Flórida no acordo
de paz de 1783. O Congresso Continental dos Estados Unidos, em 1785, citou
Gálvez por seu papel na revolução e George Washington o convidou para a
primeira parada de 4 de Julho.
A
América Central também testemunhou combates entre a Inglaterra e a Espanha, com
os britânicos tentando expandir sua influência além das áreas costeiras
madeireiras e das comunidades de pescas perto de Belize, Honduras e Nicarágua.
As expedições em território hondurenho em 1779 e nicaraguano em 1780 (este
último liderado pelo jovem Horatio Nelson) trouxeram vitorias temporárias, mas tiveram
de abandonar as regiões conquistadas logo depois. A liderança espanhola não
podia desfazer a influência inglesa na chamada Costa dos Mosquitos. Com a
exceção da conquista francesa de Tobago, a situação nas Índias Ocidentais
retornou ao status quo ante bellum com a paz de 1783.
Índia
Quando
a notícia de que a França havia entrado na guerra chegou a Índia em 1778, a
Companhia Britânica das Índias Orientais se moveu rapidamente para tomar os
postos coloniais franceses na região, capturando Puducherry depois de dois
meses de cerco. A conquista do porto francês de Mahé, na costa oeste indiana
motivou o governante de Mysore, Hyder Ali, a iniciar a Segunda Guerra
Anglo-Mysore em 1780. Hyder, e depois o seu filho Fateh Ali Tipu, quase
conseguiram expulsar os ingleses do sul da Índia mas foram frustrados com a
falta de apoio da França e a guerra terminou em um status quo ante bellum após
a assinatura, em 1784, do Tratado de Mangalore. Os franceses tentaram se opor
aos avanços britânicos, lançando ataques em 1782 e 1783, sob a liderança do
almirante Pierre Suffren, capturando Trincomalee, no Sri Lanka. Depois foram
travadas mais cinco batalhas navais, mas todas com resultados inconclusivos. As
possessões coloniais francesas foram retornadas ao país após a guerra.
Guerra Anglo-Holandesa
A
República Holandesa, embora nominalmente neutra, fazia comércio abertamente com
os americanos, vendendo armas e munição aos colonos rebeldes nos Estados Unidos
(em violação do chamado Ato de Navegação britânico), usando como base
principalmente a ilha de St Eustáquio, antes dos franceses formalmente entrarem
na guerra. Os ingleses consideravam este comércio como contrabando de
suprimentos militares e tentaram impedir o tráfego de navios, primeiro
diplomaticamente e depois abordando navios holandeses. A situação piorou quando
os britânicos tomaram uma flotilha de navios holandeses perto da Ilha de Wight,
em 17 de dezembro de 1779, fazendo assim com que os Países Baixos se juntassem
a Liga da Neutralidade Armada. O Reino Unido reagiu declarando guerra a Holanda
em dezembro de 1780, dando início a Quarta Guerra Anglo-Holandesa. O conflito
foi um desastre econômico e militar para a República Holandesa. Paralisada por
divisões internas, eles não podiam responder adequadamente ao bloqueio
britânico a sua costa e muitas de suas colônias ultramarinas foram tomadas. Em
1784 foi firmada uma paz entre as nações, com a Holanda abrindo mão de
Negapatão (na Índia) e foi obrigada a fazer várias concessões comerciais.
A
República Holandesa assinou um tratado comercial e de amizade com os americanos
em 1782, se tornando o terceiro país (depois do Marrocos e da França) a
formalmente reconhecer a independência dos Estados Unidos.
Tratado de Paris
Em
Londres, o apoio político para a guerra minguou após a derrota britânica em
Yorktown. O primeiro-ministro inglês, o Lorde North, renunciou em março de
1782. Em abril do mesmo ano, a Câmara dos Comuns votou uma moção para encerrar
a guerra na América. Um acordo de paz preliminar foi firmado em Paris ao fim de
novembro de 1782. A guerra chegou formalmente ao fim na assinatura do Tratado
de Paris (para os americanos) e a Paz de Paris (feito entre as nações
europeias), firmados em 3 de setembro de 1783. As últimas tropas britânicas
deixaram o Estados Unidos em 25 de novembro de 1783 (abandonando suas posições
em Nova Iorque). O Congresso da Confederação ratificou os acordos de Paris em
14 de janeiro de 1784. Pelo tratado, a Inglaterra formalmente reconhecia os
Estados Unidos como uma nação independente e soberana.
O
Reino Unido negociou o tratado de Paris sem consultar seus aliados
nativos-americanos e cedeu todo o território indígena entre as montanhas
Apalaches e o rio Mississippi para os Estados Unidos. Os índios relutantemente
cederam território aos americanos após vários tratados, mas a luta com os
nativos recomeçaria na fronteira nos anos seguintes, enquanto os estadunidenses
se expandiam para o oeste, começando a Guerra Indígena do Noroeste. Os
britânicos buscaram estabelecer uma zona tampão com as tribos indígenas na
fronteira americana do meio-oeste e continuaram com essa política até 1814,
durante a Guerra de 1812.
Os
Estados Unidos ganharam mais do que pretendiam no começo do conflito, graças a
sua ciência do valor das terras no oeste. Já os seus aliados europeus não
conquistaram tanta coisa. A França conseguiu se vingar da rival, a
Grã-Bretanha, por sua derrota na Guerra dos Sete Anos, mas suas perdas
financeiras foram extensas. O país, que já estava no meio de uma crise fiscal,
teve que se endividar além das suas capacidades e mergulhou num espiral de
recessão, chegando a beira da falência em meado da década de 1780. A crise
econômica levou a um caos social que resultaria na Revolução Francesa. Já os
holandeses perderam em vários pontos também. Os espanhóis tiveram resultados
variados. Eles não atingiram seu objetivo principal (reconquistar a ilha de
Gibraltar), mas ganharam algum território nas Américas, como a Flórida.
A
população da Grã-Bretanha e da Irlanda em 1780 era de aproximadamente 12,6
milhões de pessoas enquanto a população nas Treze Colônias americanas era de
aproximadamente 2,8 milhões, incluindo 500 000 escravos. Teoricamente isso dava
uma enorme vantagem numérica para os britânicos, uma vantagem em termos de
recursos humanos maior ao que a União tinha em cima da Confederação durante a
Guerra de Secessão. Mas na prática, os ingleses nunca conseguiram reunir uma
força de combate tão grande e tinham apenas uma ligeira vantagem numérica, se
comparado com o Exército Continental rebelde. Isso deveu-se a uma série de
fatores, incluindo a necessidade de manter tropas fora da América do Norte, com
o propósito de defender e preservar o seu vasto império ultramarino. Conscrição
fora da marinha não existia no Reino Unido naquela época, com a infantaria
sendo formada (em boa parte) por voluntários. Do outro lado, os americanos
tinham muito mais cidadãos dispostos a lutar, ao contrário dos ingleses que não
tinham intenção de fazer uma longa viagem pelo oceano atlântico para lutar na
América. Uma estimativa diz que, antes do conflito começar, os rebeldes
poderiam mobilizar até 100 000 homens, mas a quantidade de colonos neutros ou
lealistas tornariam este número improvável.
Historiadores
continuam a debater se as chances de vitória americana sempre foram pequenas ou
grandes. O professor John E. Ferling diz que as chances americanas eram tão
pequenas que a vitória foi "quase um milagre". Por outro lado, o
historiador Joseph Ellis disse que todas as probabilidades estavam do lado dos
rebeldes e questionou se os britânicos tinham mesmo realisticamente uma chance
de vencer o conflito. Os britânicos tiveram chances claras de triunfar, como no
verão de 1776 quando a rebelião estava apenas no começo. O general William Howe
e o seu irmão, o almirante Richard Howe, tiveram oportunidades de destruir o
exército continental, mas com excesso de cautela acabaram falhando. Para Ellis,
as decisões táticas e estratégicas que os Howes tomaram foram fatalmente
erradas pois eles subestimavam a capacidade dos rebeldes. Escritos do exército
americano afirmam que apesar das dificuldades enfrentadas pelos britânicos,
eles eram quase insuperáveis. Por diversas vezes, entre 1776 e 1777, os
ingleses tiveram a chance de destruir o principal exército rebelde, sob comando
de George Washington, que estava em situação inferior, abalado por doenças e
privações, mas Howe exitou demais. Outras chances nítidas vieram em 1780 mas
não foram aproveitadas também.
Patriotas
Os
americanos começaram a guerra com grandes desvantagens, se comparado com a
situação dos britânicos. Eles não tinham uma estrutura de governo nacional, ou
um exército ou marinha profissional, nenhum sistema formal de financiamento,
nenhum banco, nenhuma linha de crédito e nenhum departamento governamental,
como uma tesouraria. O Congresso Continental tentou tomar algumas ações
administrativas através de comitês legislativos, algo que se provou
ineficiente. Os governos estaduais eram novos também e os líderes não tinham
muita experiência em administração. Em tempos de paz, a colônia dependia de
viagens oceânicas e transportes, mas agora as rotas estavam fechadas devido ao
bloqueio naval britânico e com isso os americanos tiveram de contar com rotas de
suprimentos terrestres, que eram mais lentos.
Contudo,
os americanos tinha muitas vantagens também, no longo prazo, que acabaram
sobrepujando as dificuldades. Os americanos tinham uma população grande e
prospera de 2,8 milhões de pessoas que não dependiam muito de importações mas
preferencialmente da produção interna, como comida e outros bens, enquanto os
britânicos precisavam transportar suprimentos que vinham dos cantos mais
longínquos do seu império. Territorialmente, as Treze Colônias eram maiores que
a Grã-Bretanha e a França. A maioria dos americanos viviam no campo, nas
fazendas, distante dos portos e da costa. Os ingleses podiam capturar as
cidades portuárias mas isso não lhes dava qualquer vantagem para o controle do
interior. Os rebeldes estavam lutando em casa, tinham um sistema organizacional
e de infraestrutura que funcionava bem, além de correios (com linhas internas
de comunicação), jornais e companhias de impressão. Eles tinham um sistema
local de milícias estaduais de longa data, que tinham experiência na luta
contra franceses e índios. Esses combatentes passariam suas experiências aos
demais e auxiliaram na formação do exército, quando este foi criado pelo
Congresso.
Motivação
também era uma vantagem. Os Patriotas (como eram chamados os americanos
pró-independência) tinham a vontade de vencer. Mais de 200 000 pessoas lutaram
na guerra em prol da liberdade da sua nação (cerca de 25 000 morreram). Os
britânicos esperavam maior participação dos lealistas no conflito, mas eles
fizeram bem menos do que o antecipado. Os ingleses contrataram mercenários
alemães para suprir a falta de apoio local.
No
começo da guerra, os americanos não tinham um grande aliado internacional.
Porém vitórias como em Bennington e em Saratoga, e até mesmo após derrotas como
em Germantown, foram decisivas em chamar atenção e conquistar apoio das
potências rivais da Inglaterra na Europa, como a França e a Espanha, que
passaram de apoiar os americanos clandestinamente com suprimentos, para auxílio
direto e aberto, dando armas, mantimentos e até contribuindo com tropas. Isso
deu um caráter mais global ao conflito, algo que o Reino Unido temia.
O
novo Exército Continental sofria com a falta de treinamento de suas tropas,
além de oficiais e sargentos majoritariamente inexperientes. Essas desvantagens
eram meio que sanadas pela vasta experiência dos oficiais de alta patente.
Homens como George Washington, Horatio Gates, Charles Lee, Richard Montgomery e
Francis Marion tinham experiência militar lutando ao lado do exército britânico
durante a Guerra Franco-Indígena. Os americanos resolveram o problema da falta
de preparo graças a ajuda de homens como o general prussiano Friedrich Wilhelm
von Steuben. Ele ensinou ao exército continental o valor da disciplina, noções
de tática, preparo físico e estratégia. Ele escreveu o livro Revolutionary War
Drill Manual, que se tornou a base da doutrina de treinamento do exército
americano, sendo usado até hoje. Quando o novo exército emergiu, na primavera
de 1778, sua qualidade era agora similar ao dos britânicos em batalha e eles
provaram isso em em Monmouth, quando resistiram aos impetuosos ataques
ingleses.
Quando
a guerra começou, as treze colônias americanas não tinham um exército ou
marinha profissionais. Cada colônia financiava sua própria milícia. Os
milicianos tinham armamentos leves, pouco treinamento e nem uniformes. Eles
serviam por apenas algumas semanas ou meses, relutavam em viajar para longe das
suas regiões de origem e eram incapazes de realizar operações extensas.
Contudo, se fossem usadas corretamente, eles podiam ser importantes lutando ao
lado do exército continental para tentar sobrepujar os britânicos, como nas
batalhas de Concord, Bennington, Saratoga e Boston. Ambos os lados usaram
partisans mas os americanos pró-independência conseguiam suprimir com
eficiência as atividades dos lealistas, quando o exército inglês não estava por
perto.
Buscando
maior coordenação nos esforços militares, o Primeiro Congresso Continental
estabeleceu um exército regular, em 14 de junho de 1775 e apontou George
Washington como seu comandante-em-chefe. O desenvolvimento deste exército foi
sempre um trabalho em andamento e Washington usava tanto suas tropas regulares
quanto as milícias estaduais no esforço de guerra.
O
Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos teve sua origem na formação dos
Fuzileiros Continentais (Continental Marines) durante a guerra, formado por
ordem do congresso em 10 de novembro de 1775. No começo de 1776, o exército de
Washington chegou a ter 20 000 homens, sendo dois-terços compostos por
regulares e o resto formado por milícias. Ao fim da Revolução Americana, em
1783, tanto a Marinha Continental e os fuzileiros foram dispensados. Cerca de
250 000 homens serviram ou como soldados no exército regular ou nas milícias
pela causa revolucionária durante os oito anos de guerra, mas em termos de
pessoal ativo o número nunca excedeu 90 000 homens servindo simultaneamente.
Naquele
período, os exércitos regulares europeus eram pequenos. O tamanho pequeno era
atribuído a problemas de logística e abastecimento de materiais importantes,
como pólvora. Os americanos sofriam com os mesmos problemas. Também era difícil
para a Grã-Bretanha transportar suas tropas pelo Atlântico e eles dependiam de
linhas de suprimentos locais, que eram constantemente atacadas por
guerrilheiros americanos. Em comparação, Frederico o Grande, um dos maiores
líderes militares do seu tempo, podia comandar de 23 000 a 50 000 soldados em
batalha por vez. Estes números eram comuns nas batalhas travadas no século XIX.
Lealistas
Historiadores
estimam que entre 40% e 45% da população das colônias apoiava a rebelião,
enquanto 15% a 20% permaneceram leais a Coroa Britânica. O resto tentou
permanecer neutro.
Pelo
menos 25 000 lealistas lutaram ao lado dos britânicos. Milhares serviram na
marinha real. Em terra, os lealistas combateram ao lado do exército inglês na
maioria das batalhas travadas na América do Norte. Muitos lealistas também
lutaram como partisans, especialmente no sul.
Os
militares britânicos sofriam com diversas dificuldades ao tentar utilizar as
facções lealistas. O historiador inglês Jeremy Black escreveu: "na Guerra
Americana [...] estava claro que os lealistas precisavam muito da presença
britânica". No sul, o uso de lealistas trouxe problemas estratégicos para
os britânicos já que, embora necessários, os ingleses acabavam sendo forçados a
se dispersar muito para ajudar a proteger áreas lealistas. Além disso, os
britânicos também tinham que se assegurar que suas ações militares não iriam
ofender a opinião pública lealistas, tentando não se passar como uma força de
ocupação, evitando destruição de propriedades ou abuso de colonos.
Britânicos
A
Grã-Bretanha entrou na guerra com confiança. O país tinha uma das marinhas mais
poderosas do mundo, um exército profissional bem treinado, um sólido sistema
financeiro que podia suprir os gastos, um governo estável e liderança
experiente. Contudo eles foram assolados com vários desafios. Comparado com os
americanos, os britânicos tinham nenhum grande aliado. O único reforço
estrangeiro foi soldados mercenários vindos da Alemanha. O contingente inglês
na América do Norte também era pequeno. No início do conflito, o exército
britânico tinha 48 000 soldados espalhados pelo vasto Império Britânico e
sofria com o baixo recrutamento. Em 1778, as forças armadas ofereciam perdão a
prisioneiros em troca de serviço militar e haviam estendido a idade para servir,
ficando dos 16 a 50 anos. Apesar dos oficiais e sub-oficiais serem capacitados
e experientes, esse profissionalismo era comprometido por indivíduos ricos de
famílias aristocráticas, sem vocação militar, que compravam patentes e
promoções de carreira. Como consequência, oficiais inexperientes acabavam
subindo para cargos de chefia sem qualificação.
A
distância também era um grande problema. Apesar da marinha britânica ser a
maior e mais experiente do mundo na época, levava meses para transportar tropas
da Grã-Bretanha para a América do Norte e ordens que vinham de Londres chegavam
na frente de batalha atrasadas e desatualizadas pois a situação militar no solo
mudava rapidamente. Além disso, os britânicos tinham problemas logísticos
quando operavam longe da costa; suas rotas de suprimento eram constantemente
atacadas por guerrilheiros americanos. Os equipamentos de algumas tropas também
não eram adequados. Apesar da disciplina ser rígida no exército, os casacas
vermelhas (como o soldado inglês era chamado) tinham pouca auto-disciplina;
jogos de azar, saques, promiscuidade e bebedeiras eram problemas comuns entre
todas as patentes. As tropas sofriam com uma logística ruim, a comida não era
boa e o vasto território da América fazia com que fosse difícil conseguir mais
suprimentos.
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uma rebelião na América trouxe vários problemas. No começo do conflito, os
britânicos tinha 8 000 soldados na América do Norte que tinham que guarnecer
uma área gigante que ia do norte do Canadá até o sul da Flórida, correndo por
cerca de 3 200 km no total. Como as colônias não eram tão unificadas, não havia
uma área central de importância estratégica primordial. Nas guerras na Europa,
a conquista da capital do inimigo normalmente significava o fim do conflito;
Contudo, na América mesmo quando os britânicos conquistaram grandes cidades
como Nova Iorque, Filadélfia ou Boston — e mais tarde Washington D.C. na Guerra
de 1812, treze anos depois — a luta prosseguiu a todo o vapor. Além disso,
apesar do fato de que no auge o exército britânico podia colocar em campo 56
000 soldados nas colônias, excluindo mercenários, eles não tinham número o
suficiente para sobrepujar o exército americano e simultaneamente ocupar territórios.
Não era incomum os americanos sofrerem uma série de derrotas e mesmo assim os
ingleses terem que recuar pois eles não conseguiam ocupar a área conquistada.
Apesar de muito apoio por parte dos lealistas, estes eram sempre dispersados
pelas milícias patriotas. As tropas compostas por lealistas nunca conseguiam se
manter de pé sem ajuda direta dos britânicos. A falta de pessoal se tornou mais
crítica com a entrada na guerra da França, Espanha e Holanda ao lado dos
americanos. Agora os ingleses teriam que lutar também em outros continentes,
tendo assim que espalhar suas forças ainda mais.
Os
britânicos também tiveram que lidar com vários fatores psicológicos durante o
conflito. A necessidade de manter os lealistas felizes trouxe problemas, pois
isso impedia que os ingleses usassem de métodos duros para enfraquecer a
rebelião, da forma como haviam feito na Irlanda e Escócia. Os lealistas vinham
das mesmas comunidades dos patriotas e, como resultado, táticas duras como
incendiar casas e plantações não podiam ser empregadas por medo de alienar a
base de apoio da Inglaterra nas colônias. Mesmo apesar destas limitações, cidadãos
neutros com o passar do tempo passaram a apoiar os revolucionários devido a
alguns abusos cometidos por tropas britânicas, como o conflito nas Carolinas,
marcada por brutalidades em ambos os lados. Como resultado da falta de pessoal
e do controle do interior por parte dos rebeldes (eram nas zonas rurais que a
maioria da população vivia), os britânicos não conseguiam ficar perseguindo os
milicianos e soldados americanos e ocupar cidades ao mesmo tempo. Isso
aconteceu, por exemplo, na Filadélfia e nas Carolinas, onde apesar das
vitórias, os britânicos não conseguiam contabilizar em cima desses sucessos.
Uma única vitória americana podia impactar toda uma campanha e colocar em risco
uma série de sucessos ingleses, como aconteceu em Trenton, Bennington, em
King's Mountain e Germantown, que acabaram dando ânimo a causa revolucionária e
persuadindo as potências europeias, como a França e a Espanha, a apoiar a
rebelião na América do Norte.
O
secretário de guerra inglês, Lorde Barrington, e o general Edward Harvey se
opunham a uma guerra aberta no solo. Em 1766, Barrington havia recomendado
retirar as tropas britânicas das Treze Colônias e transferi-las para o Canadá,
Nova Escócia e Flórida. Quando o conflito começou, ele rogou para que um
bloqueio naval fosse lançado imediatamente, o que causaria danos imediatos para
a economia americana.
No
começo de 1775, o exército britânico consistia de 36 000 homens espalhados pelo
mundo, mas com a guerra o recrutamento aumentou esse número. A Grã-Bretanha
tinha problemas para apontar oficiais generais para cargos, contudo. O general
Thomas Gage, comandante-em-chefe das tropas inglesas na América do Norte quando
a rebelião começou, foi criticado por ser muito complacente (talvez
influenciado por sua esposa americana). O general Jeffery Amherst se negou a
suceder Gage no comando pois não queria tomar partido no conflito. Similarmente,
o almirante Augustus Keppel também recusou o comando, afirmando que "Eu
não posso erguer minha espada em tal causa". Já Thomas Howard renunciou ao
posto de comandante do 22º Regimento de infantaria quando estes foram enviados
para a América. Os generais William Howe e John Burgoyne se opuseram no
parlamento a solução militar para resolver o conflito nas colônias. Howe e
Henry Clinton afirmaram que discordavam da guerra e que apenas participaram
dela pois estavam cumprindo ordens.
Durante
o curso da guerra, a Grã-Bretanha assinou vários acordos com diversos Estados
alemães, que por sua vez enviaram 30 000 soldados para apoiar os ingleses. No
geral, os alemães compuseram cerca de um-terço de todas as tropas lutando pela
Grã-Bretanha na América do Norte. Os hessianos contribuíram com mais homens do
que qualquer outro Estado. Os rebeldes americanos chamavam estes alemães de
"mercenários" e eles são desprezados como tal na Declaração de
Independência do país. Em 1779, o número de tropas britânicas e alemães lutando
na América do Norte já era superior a 60 000, mas eles estavam espalhados por
uma área de mais de 3 mil quilômetros, do Canadá até a Flórida.
Afro-americanos
Afro-americanos
— escravos ou livres — serviram em ambos os lados da guerra. Os britânicos
recrutavam escravos pertencentes aos colonos e prometeram a eles liberdade,
pela declaração feita por John Murray em 1775. Devido a falta de pessoal,
George Washington aprovou o recrutamento de negros para o Exército Continental
em janeiro de 1776. Unidades formadas apenas por negros foram criadas em Rhode
Island e Massachusetts. A maioria destes eram escravos e muitos receberam a
promessa de liberdade se servissem. Contudo, vários voltaram a condição de
escravidão. Washington chegou a receber cartas de veteranos negros que pediam
sua intervenção para liberta-los, mas ele os ignorou. Outra unidade formada
apenas por negros veio de Saint-Domingue como parte das forças francesas. No
geral, pelo menos 5 000 soldados negros lutaram pela causa da independência dos
Estados Unidos.
Milhares
de escravos de colonos americanos fugiram durante a guerra e tentaram se juntar
aos britânicos. Outros simplesmente se esconderam para evitar a captura. Por
exemplo, na Carolina do Sul, perto de 25 000 escravos (30% da população
escravizada da região) fugiram, migraram ou morreram devido ao caos da guerra.
Isso interrompeu as produção nas plantações durante e após o conflito. Quando
os britânicos recuaram de suas posições de Savannah e Charleston, eles também
evacuaram 10 000 escravos que pertenciam a lealistas. No geral, os ingleses
evacuaram quase 20 000 negros até o fim da guerra. Mais de 3 000 deles foram
libertos e muitos se assentaram em lugares como na província da Nova Escócia,
no Canadá; outros negros foram vendidos como escravos nas Índias Ocidentais.
Nativos americanos
A
maioria dos povos nativo americanos indígenas a leste do rio Mississippi foram
afetados pela guerra e muitas comunidades se dividiram a respeito de como
responder a estes eventos. Apesar de algumas tribos indígenas estarem em bons
termos com os colonos americanos, muitos nativos se opuseram aos Estados
Unidos, principalmente por causa da ameaça destes ao seu território.
Aproximadamente 13 000 índios lutaram ao lado dos britânicos, sendo que a
maioria vinha de tribos iroqueses. A poderosa Confederação Iroquesa foi
destruída como resultado do conflito, apesar de sua liderança não ter tomado
parte no conflito. Ainda assim, os senecas, os onondagas e os cayugas lutaram
pelos britânicos. Membros das tribos Mohawk lutaram por ambos os lados. Muitos
tuscaroras e oneidas preferiram ficar do lado dos colonos. O Exército
Continental americano chegou a mandar uma expedição armada para a região de
Nova Iorque para enfraquecer as tribos iroqueses que haviam se aliado aos
ingleses. Tanto durante como depois do conflito, tensões entre os líderes
Mohawk, Joseph Louis Cook e Joseph Brant, que se aliaram aos britânicos e
americanos, respectivamente, aumentou a divisão ainda mais entre os líderes
tribais.
As
tribos creek e seminoles se aliaram aos britânicos e lutaram contra os
americanos na Geórgia e na Carolina do Sul. Em 1778, uma força de 800 creeks
destruiu assentamentos americanos nas margens do rio Broad, na Geórgia. Os
guerreiros creeks se juntaram ao lealista Thomas Brown em seus ataques pela
Carolina do Sul e ainda apoiaram os ingleses no Cerco de Savannah. Muitos
índios nativo americanos também se envolveram no conflito entre a Grã-Bretanha
e a Espanha na costa do golfo dos Estados Unidos e além do rio Mississippi — a
maioria destes lutaram com os ingleses. Milhares de creeks, chickasaws e
choctaws lutaram nas batalhas de Charlotte, Mobile e Pensacola.
Raça e classe
A
historiadora Cassadra Pybus (2005) estimou que 20 000 escravos passaram para o
lado dos britânicos, dos quais 8 000 morreram de doenças, foram feridos ou
recapturados pelos americanos. Os outros 12 000 fugiram do país e buscaram
refúgio no Canadá, Caribe ou até Londres. Alguns até foram reescravizados e
mandados para as Índias Ocidentais britânicas.
William
Baller (2006) examinou dinâmicas familiares e a mobilização pela Revolução na
região central de Massachusetts. Ele reportou que a guerra e a cultura de
fazendeiros eram incompatíveis. Milicianos americanos vivendo e trabalhando em
fazendas não se prepararam para operar máquinas de guerra, marchas ou o rigor
da vida nos quartéis. Um individualismo inflexível entrou em conflito com a
disciplina militar e com a regimentação. A ordem de nascimento dos homens na
maioria das vezes influenciava em seu recrutamento militar, enquanto jovens iam
para a guerra e os mais velhos ficavam nas fazendas. As responsabilidades
familiares de uma pessoa e o prevalente patriarquismo poderia impedir a
mobilização. Deveres com a colheita e emergências familiares forçavam homens a
voltar para casa, independente se eram liberados ou não. Alguns parentes podiam
também ser lealistas, o que criava tensões dentro das famílias. Como um todo,
historiadores concluem que os efeitos da Revolução no patriarquismo e padrões
de herança favoreceram o igualitarismo.
O
autor Michael A. McDonnell (2006) fala sobre grandes complicações na mobilização
de tropas na Virgínia por causa do conflito de interesses das distintas classes
sociais, o que tendeu a dividir o compromisso com a causa patriota. A
Assembléia do estado tentava balancear as exigências da elite rica de
fazendeiros (que possuíam muitos escravos), os pequenos proprietários rurais
(com alguns que também possuíam escravos) e os sem-terra, além de outros
grupos. A Assembléia adiou alistamentos, impostos, serviço militar e
conscrições para aliviar as tensões. O conflito de classes não resolvido,
contudo, fez das leis menos eficientes. Havia mais protestos violentos, casos
de evasões fiscais e muitas deserções, tornando a contribuição da Virgínia para
a guerra ter sido bem pequena. Com a invasão britânica do estado em 1781, a
Virgínia, que estava atolada em divisões de classe, tentou convocar tropas e
implorou por auxílio. No fim deste ano boa parte das tropas inglesas na região
já havia se rendido ou se retirado.
Custo da guerra
O
número total de mortos no conflito ainda é incerto. Como era comum em conflitos
naquela época, doenças acabaram matando mais do que combates de fato. Entre
1775 e 1782, uma epidemia de varíola varreu a América do Norte, matando mais de
40 pessoas apenas em Boston. O historiador Joseph Ellis sugeriu que a decisão
de Washington de inocular suas tropas contra a varíola foi uma das suas
decisões mais importantes na guerra, pois salvou a vida de milhares de
soldados.
Pelo
menos 25 000 combatentes americanos morreram durante a guerra. Cerca de 6 800
destes morreram em batalha, com outros 17 000 morrendo devido a doenças, incluindo
8 000–12 000 que morreram de fome ou de enfermidades adquiridas em campos de
prisioneiros (a maioria destes nos infames navios prisão ingleses na costa de
Nova Iorque). Outras estimativas afirmam que mais de 70 000 americanos
morreram, o que se for verdade faz deste conflito proporcionalmente mais
sangrento do que a Guerra Civil Americana. A incerteza quanto ao real número de
fatalidades vem da taxa de mortes por causa de doenças, que foi bem alta, sendo
apenas 10 000 apenas em 1776. O número de militares americanos seriamente
feridos ou incapacitados varia de 8 500 a 25 000. Proporcionalmente ao número
de habitantes no país na época, a guerra revolucionária foi o segundo conflito
mais sangrento da história militar da nação, a frente da Segunda Guerra Mundial
e atrás da Guerra Civil.
Britânicos e seus aliados
Em
1784, um tenente inglês compilou uma lista com 205 oficiais britânicos mortos
em ação durante a guerra, incluindo mortes na Europa, no Caribe e nas Índias
Ocidentais. Uma extrapolação feita a partir da lista dele, afirma que o total
de fatalidades sofridas pelo exército britânico chegou a 4 000 homens. Uma
tabela de 1781 afirma que o total de britânicos mortos na América do Norte (de 1775-1779)
foi de 6 046 soldados e mais 3 326 mortos nas Índias Ocidentais (de 1778-1780).
Aproximadamente 1 800 alemães foram mortos lutando ao lado dos ingleses, com
outros quase 6 000 morrendo de outras causas (principalmente doenças). Os britânicos
em 1783 listaram 43 633 mortos "em serviço pelo seu país" (o que pode
incluir mortes em outras regiões além deste conflito).
Cerca
de 171 000 marinheiros serviram na marinha britânica; pelo menos um-quarto
destes foram alistados a força. Cerca de 1 240 morreram em combate, com outros
18 500 morrendo de doenças (entre 1776 e 1780). O maior causador de mortes na
marinha foi o escorbuto. Esta doença começaria a ser erradicada apenas na
década de 1790 graças aos esforços do médico Gilbert Blane. Cerca de 42 000
marinheiros britânicos desertaram durante a guerra.
Os
britânicos gastaram pelo menos £96 milhões de libras e terminaram com uma
dívida pública de £439 milhões, que foi financiado a £8,5 milhões por ano em
juros. Os franceses gastaram 1,3 bilhões de livres (cerca de £56 milhões de
libras). Sua dívida pública nacional subiu para mais de £187 milhões; mais da
metade da renda do Estado foi destinado a pagar a dívida durante toda a década
de 1780. A crise fiscal e a recessão econômica resultante dos gastos neste
conflito impulsionaram o descontentamento popular com a monarquia francesa,
impelindo uma Revolução (1789-1799) que derrubou o velho regime e instaurou uma
República no país.
Os
Estados Unidos gastaram US$ 37 milhões de dólares (valores da época),
adicionando US$ 114 milhões na dívida dos estados. Esses gastos foram cobertos
por diversos empréstimos feitos pela França e pela Holanda, além de
contribuições da sociedade civil americana e a impressão de muito papel moeda
(o que gerou inflação e desvalorização da moeda). Os problemas financeiros
trazidos por esta guerra foram sanados em meados da década de 1790 quando o
Secretário do Tesouro, Alexander Hamilton, conseguiu aprovar uma legislação que
dizia que o governo nacional assumiria as dívidas dos estados, além de criar o
primeiro banco nacional e um sistema de financiamento baseada em tarifas e
títulos para pagar a dívida externa.