Revolução Industrial foi a transição para novos
processos de manufatura no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e
1840.
Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados Unidos.
Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados Unidos.
A
Revolução Industrial é um divisor de águas na história e quase todos os
aspectos da vida cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por
esse processo. A população começou a experimentar um crescimento sustentado sem
precedentes históricos, com uma boa renda média. Nas palavras de Robert E.
Lucas Jr., ganhador do Prêmio Nobel: "Pela primeira vez na história o
padrão de vida das pessoas comuns começou a se submeter a um crescimento
sustentado ... Nada remotamente parecido com este comportamento econômico é
mencionado por economistas clássicos, até mesmo como uma possibilidade
teórica."
O
início e a duração da Revolução Industrial variam de acordo com diferentes
historiadores. Eric Hobsbawm considera que a revolução "explodiu" na
Grã-Bretanha na década de 1780 e não foi totalmente percebida até a década de
1830 ou de 1840, enquanto T. S. Ashton considera que ela ocorreu
aproximadamente entre 1760 e 1830. Alguns historiadores do século XX, como John
Clapham e Nicholas Crafts, têm argumentado que o processo de mudança econômica
e social ocorreu de forma gradual e que o termo "revolução" é
equivocado. Este ainda é um assunto que está em debate entre os historiadores.
O
PIB per capita manteve-se praticamente estável antes da Revolução Industrial e
do surgimento da economia capitalista moderna. A revolução impulsionou uma era
de forte crescimento econômico nas economias capitalistas e existe um consenso
entre historiadores econômicos de que o início da Revolução Industrial é o evento
mais importante na história da humanidade desde a domesticação de animais e a
agricultura. A Primeira Revolução Industrial evoluiu para a Segunda Revolução
Industrial, nos anos de transição entre 1840 e 1870, quando o progresso
tecnológico e econômico ganhou força com a adoção crescente de barcos a vapor,
navios, ferrovias, fabricação em larga escala de máquinas e o aumento do uso de
fábricas que utilizavam a energia a vapor.
O
motor a vapor de James Watt, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a Revolução Industrial no Reino Unido e no resto mundo. |
Antes
da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o
termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples.
Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas
etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o
processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto
final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios
artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do
processo produtivo.
James Watt (1736–1819)
|
Com
a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo
produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de
empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e
do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos
donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O
trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.
Esse
momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica,
econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade
Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido
destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos,
Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em
geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos
países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.
De
acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na
Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século
XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo
comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a
Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos
princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade
Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução
Industrial e não sua causa.
Adam Smith.
|
Com
a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século XIX foi
marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado progresso
econômico-tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas e
conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono
britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é
denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas
para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela Europa
produziu uma acirrada disputa entre as potências industrializadas, causando
diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que culminou, mais
tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).
A Revolução Industrial ocorreu
primeiramente na Europa devido a três fatores:
1)
os comerciantes e os mercadores europeus eram vistos como os principais
manufaturadores e comerciantes do mundo, detendo ainda a confiança e
reciprocidade dos governantes quanto à manutenção da economia em seus estados;
2)
a existência de um mercado em expansão para seus produtos, tendo a Índia, a
África, a América do Norte e a América do Sul sido integradas ao esquema da
expansão econômica européia;
3)
o contínuo crescimento de sua população, que oferecia um mercado sempre
crescente de bens manufaturados, além de uma reserva adequada (e posteriormente
excedente) de mão-de-obra.
O pioneirismo britânico
O
Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução Industrial por diversos
fatores:
Pela
aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes
da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam
cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos
competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberação da
indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande
aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.
O
processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução
Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para
expandir os investimentos e ampliar os lucros.
A
Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um
desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da
monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas
preferenciais para os seus produtos no mercado português.
A
Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu
subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de
mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o
êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de
trabalho nas manufaturas.
A
burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir
matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Para
ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se
constatar que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao
ano; já na China, onde praticamente não existia progresso econômico, a taxa de
juros era de cerca de 30% ao ano.
O
liberalismo de Adam Smith
As
novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador escocês
Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu livro A
Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras fundadoras da ciência
econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a sociedade. Seu
raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade
é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne
assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será porque ama o seu
patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em primeiro lugar, nela
mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De qualquer maneira, se a
cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será benéfico para ela e
para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne muito boa para uma
pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque está
olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao individualismo dele
o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam neles
mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego.
Nesta
perspectiva, portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus
lucros. No entanto, como para lucrar precisariam vender produtos bons e
baratos, no fim, acabaria contribuindo com a sociedade.Como o individualismo
seria bom para toda a sociedade, as pessoas deveriam viver de modo que pudessem
atender livremente a seus interesses individuais.
Para
Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o
autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a
economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia
crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem entendesse com
seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os
investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a intervenção do
Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão
invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a liberdade individual
promoveriam o progresso de forma harmoniosa.
Avanços tecnológicos
O motor a vapor
As
primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século
XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam
tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E
os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por
isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.
As
fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão
profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução
Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se
transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da
cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.
As
máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes
quanto as máquinas que produziam tecidos.
As
carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser
trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir
centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais
veloz. Como essas máquinas substituíam a força dos cavalos, convencionou-se em
medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força).
Ordem cronológica
Século XVII
·
1698
- Thomas Newcomen, em Staffordshire, na Grã-Bretanha, instala um motor a vapor
para esgotar água em uma mina de carvão.
Século XVIII
·
1708
- Jethro Tull (agricultor), em Berkshire, na Grã-Bretanha, inventa a primeira
máquina de semear puxada a cavalo, permitindo a mecanização da agricultura.
·
1709
- Abraham Darby, em Coalbrookdale, Shropshire, na Grã-Bretanha, utiliza o
carvão para baratear a produção do ferro.
·
1733
- John Kay, na Grã-Bretanha, inventa uma lançadeira volante para o tear,
acelerando o processo de tecelagem.
·
1740
- Benjamin Huntsman, em Handsworth, na Grã-Bretanha, descobre a técnica do uso
de cadinho para fabricação de aço.
·
1761
- Abertura do Canal de Bridgewater, na Grã-Bretanha, primeira via aquática
inteiramente artificial.
·
1764
- James Hargreaves, na Grã-Bretanha, inventa a fiadora "spinning
Jenny", uma máquina de fiar rotativa que permitia a um único artesão fiar
oito fios de uma só vez.[16]
·
1765
- James Watt, na Grã-Bretanha, introduz o condensador na máquina de Newcomen,
componente que aumenta consideravelmente a eficiência do motor a vapor.
·
1768
- Richard Arkwright, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning-frame", uma
máquina de fiar mais avançada que a "spinning jenny".
·
1771
- Richard Arkwright, em Cromford, Derbyshire, na Grã-Bretanha, introduz o sistema
fabril em sua tecelagem ao acionar a sua máquina - agora conhecida como
"water-frame" - com a força de torrente de água nas pás de uma roda.
·
1776
- 1779 - John Wilkinson e Abraham Darby, em Ironbridge, Shrobsihire, na
Grã-Bretanha, constroem a primeira ponte em ferro fundido.
·
1779
- Samuel Crompton, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning mule",
combinação da "water frame" com a "spinning jenny",
permitindo produzir fios mais finos e resistentes. A mule era capaz de fabricar
tanto tecido quanto duzentos trabalhadores, apenas utilizando alguns deles como
mão-de-obra.
·
1780
- Edmund Cartwright, de Leicestershire, na Grã-Bretanha, patenteia o primeiro
tear a vapor.
·
1793
- Eli Whitney, na Geórgia, Estados Unidos, inventa o descaroçador de algodão.
·
1800
- Alessandro Volta, na Itália, inventa a bateria elétrica.
Século
XIX
·
1803
- Robert Fulton desenvolveu uma embarcação a vapor na Grã-Bretanha.
·
1807
- A iluminacão de rua, a gás, foi instalada em Pall Mall, Londres, na
Grã-Bretanha.
·
1808
- Richard Trevithick expôs a "London Steam Carriage", um modelo de
locomotiva a vapor, em Londres, na Grã-Bretanha.
·
1825
- George Stephenson concluiu uma locomotiva a vapor, e inaugura a primeira
ferrovia, entre Darlington e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha.
·
1829
- George Stephenson venceu uma corrida de velocidade com a locomotiva
"Rocket", na linha Liverpool - Manchester, na Grã-Bretanha.
·
1830
- A Bélgica e a França iniciaram as respectivas industrializações utilizando
como matéria-prima o ferro e como força-motriz o motor a vapor.
·
1843
- Cyrus Hall McCormick patenteou a segadora mecânica, nos Estados Unidos.
·
1844
- Samuel Morse inaugurou a primeira linha de telégrafo, de Washington a
Baltimore, nos Estados Unidos.
·
1856
- Henry Bessemer patenteia um novo processo de produção de aço que aumenta a
sua resistência e permite a sua produção em escala verdadeiramente industrial.
·
1865
- O primeiro cabo telegráfico submarino é estendido através do leito do oceano
Atlântico, entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
·
1869
- A abertura do Canal de Suez reduziu a viagem marítima entre a Europa e a Ásia
para apenas seis semanas.
·
1876
- Alexander Graham Bell inventou o telefone nos Estados Unidos (em 2002 o
congresso norte-americano reconheceu postumamente o italiano Antonio Meucci
como legítimo invetor do telefone)
·
1877
- Thomas Alva Edison inventou o fonógrafo nos Estados Unidos.
·
1879
- A iluminação elétrica foi inaugurada em Mento Park, New Jersey, nos Estados
Unidos.
·
1885
- Gottlieb Daimler inventou um motor a explosão.
·
1895
- Guglielmo Marconi inventou a radiotelegrafia na Itália.
Industrialização da Europa
continental e expansão pelo mundo
Até
1850, a Inglaterra continuou dominando o primeiro lugar entre os países
industrializados. Estima-se que o país, enquanto pioneiro, chegou a produzir
75% da energia produzida por máquinas a vapor a nível mundial. Embora outros
países já contassem com fábricas e equipamentos modernos, esses eram
considerados uma "miniatura de Inglaterra", como por exemplo os vales
de Ruhr e Wupper na Alemanha, que eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a
tecnologia das fábricas inglesas.
Na
Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial, na época, eram as
regiões mineradoras de carvão; lugares como o norte da França, nos vales do Rio
Sambre e Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também em algumas regiões da
Bélgica. A Alemanha nessa época ainda não havia sido unificada. Eram 39
pequenos reinos e dentre esses a Prússia, que liderava a Revolução Industrial.
A Alemanha se unificou em 1871, quando a Prússia venceu a Guerra
Franco-Prussiana.
Fora estes lugares, a
industrialização ficou presa:
·
às
principais cidades, como Paris e Berlim;
·
aos
centro de interligação viária, como Lyon, Colônia, Frankfurt am Main, Cracóvia
e Varsóvia;
·
aos
principais portos, como Hamburgo, Bremen, Roterdã, Le Havre, Marselha;
·
a
polos têxteis, como Lille, Região do Ruhr, Roubaix, Barmen-Elberfeld
(Wuppertal), Chemmitz, Lodz e Moscou;
·
a distritos siderúrgicos e indústria pesada,
na bacia do rio Loire, do Sarre, e da Silésia.
Após
1830, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu rapidamente
pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste dos Estados
Unidos. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas
condições econômicas, sociais e culturais de cada lugar.
Na
Alemanha com o resultado da Guerra Franco-prussiana em 1870, houve a Unificação
Alemã que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país
que já estava ocorrendo desde 1815. Foi a partir dessa época que a produção de
ferro fundido começou a aumentar de forma exponencial.
Na
Itália a unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocorreu na
Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a industrialização do país. Essa só
atingiu ao norte da Itália, pois o sul continuou basicamente agrário.
Muito
mais tarde, começou a industrialização na Rússia, nas últimas décadas do século
XIX. Os principais fatores para que ela acontecesse foram a grande
disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na economia através
de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.
A
modernização do Japão data do início da era Meiji, em 1867, quando a superação
do feudalismo unificou o país. A propriedade privada foi estabelecida. A
autoridade política foi centralizada possibilitando a intervenção estatal do
governo central na economia, o que resultou no subsidio a indústria. E como a
mão-de-obra ficou livre dos senhores feudais, ocorreu assimilação da tecnologia
ocidental e o Japão passou de um dos países mais atrasados do mundo a um país
industrializado.
Nos
Estados Unidos a industrialização começou no final do século XVIII, e foi
somente após a Guerra da Secessão que todo o país se tornou industrializado. A
industrialização relativamente tardia dos EUA em relação à Inglaterra pode ser
explicada pelo fato de que nos EUA existia muita terra per capita, já na
Inglaterra existia pouca terra per capita, assim os EUA tinham uma vantagem
comparativa na agricultura em relação à Inglaterra e consequentemente demorou
bastante tempo para que a indústria ficasse mais importante que a agricultura.
Outro fator é que os Estados do sul eram escravagistas o que retardava a
acumulação de capital, como tinham muita terra eram essencialmente agrários,
impedindo a total industrialização do país que até a segunda metade do século
XIX era constituído só pelos Estados da faixa leste do atual Estados Unidos. O
término do conflito resultou na abolição da escravatura o que elevou a
produtividade da mão de obra. aumentando assim a velocidade de acumulação de
capital, e também muitas riquezas naturais foram encontradas no período
incentivando a industrialização.
Portugal
Em
Portugal, as reformas de Mouzinho da Silveira liquidam os resquícios das
estruturas feudais e consolidam a burguesia no poder, modernizando o país. Na
segunda metade do século XIX implanta-se a malha ferroviária no país em
paralelo a um desenvolvimento industrial e do comércio, à dinâmica do
colonialismo, e a uma grande emigração, principalmente em direção ao Brasil e
aos Estados Unidos.
Na
esfera social, o principal desdobramento da Revolução Industrial foi a
transformação nas condições de vida nos países industriais em relação aos
outros países da época, havendo uma mudança progressiva das necessidades de
consumo da população, à medida que novas mercadorias foram sendo produzidas.
A
Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador,
provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as
cidades, criando enormes concentrações urbanas. A população de Londres passou
de 800.000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. No
início da Revolução Industrial, os operários viviam em péssimas condições de
vida e trabalho. O ambiente das fábricas era insalubre, assim como os cortiços
onde muitos trabalhadores viviam. A jornadas de trabalho chegava a 80 horas
semanais, e os salários variavam em torno de 2,5 vezes o nível de subsistência.
Para mulheres e crianças, submetidos ao mesmo número de horas e às mesmas
condições de trabalho, os salários eram ainda mais baixos.
A
produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a
dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Como
a produtividade do trabalho aumentava os salários reais dos trabalhadores
ingleses aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870. Devido ao progresso
ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de
trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas
diárias em cinco dias de trabalho por semana).
Segundo
a teoria marxista, o salário corresponde ao custo de reprodução da força de
trabalho, ou seja, ao valor mínimo necessário para que o trabalhador sobreviva.
Esse nível mínimo de subsistência varia historicamente. Os trabalhadores,
notadamente a partir do século XIX, passaram a pressionar os seus patrões,
reivindicando melhores condições de trabalho, maiores salários e crescentes
reduções da jornada de trabalho. Com maiores salários, o conjunto dos
trabalhadores pôde também elevar o seu nível de consumo, tornando possível a
produção em massa de bens de consumo.
Sindicatos e movimentos de
trabalhadores
A
Grande Assembleia Cartista de 1848, em Londres.
Os
primeiros sindicatos nasceram na Inglaterra, após a Revolução Industrial, no
século XVIII e se expandiram pelo século XIX. O capitalismo se consolidou e se
tornou o modo de produção predominante. As mudanças tecnológicas causaram
impacto no processo produtivo pela substituição da mão-de-obra. Para aumentar e
manter o lucro máximo, a chamada mais-valia, os donos do capital, ou seja, a
classe da burguesia impunha um ritmo de trabalho de 16 horas diárias, o
trabalho infantil e das mulheres, sem direitos e péssimas condições nos locais.
Para combater essa exploração, a classe operária criou os sindicatos, que
atuaram de forma clandestina – Trade-unions (uniões de ofícios). Os empregados
das fábricas formaram associações e sindicatos, a princípio proibidos e
duramente reprimidos, durante a Primeira Revolução Industrial. Na segunda
metade do século XIX, a organização dos trabalhadores assume um considerável
nível de ideologização. O sindicalismo na virada do século XX é caracterizado
por veleidades revolucionárias e de independência em relação aos partidos
políticos.
Em
1837, os operários reivindicaram pelo direito a liberdade de atuação, inclusive
pelo direito de voto para todos. Em 1864 é criada em Londres a Associação
Internacional de Trabalhadores, a Internacional, primeira central sindical mundial
da classe trabalhadora. No mesmo ano, na França, é reconhecido o direito de
greve. As mobilizações continuaram e, em 1871, os trabalhadores conquistaram o
poder político na França, por alguns dias, a ação ficou conhecida como a Comuna
de Paris.
Após
a Primeira Guerra Mundial, uma parte dos sindicatos se alinha ao ideário
socialista e comunista, enquanto outra parte se inclina para o reformismo ou
para a tradição cristã. Em 1919 é criada a Organização Internacional do
Trabalho, um dos mais antigos organismos internacionais, com direção
tripartite, composta por representantes dos governos, dos trabalhadores e dos
empregadores.
Movimento Ludista (1811-1812)
Reclamações
contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-de-obra já
eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento
ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos
líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos.
Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem
mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo,
duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta
repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os luditas
ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas". Anos depois os
operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais eficientes de luta,
como a greve e o movimento sindical.
Movimento Cartista (1837-1848)
O
"movimento cartista" foi organizado pela Associação dos Operários,
exigindo melhores condições de trabalho, incluindo: a limitação de oito horas
para a jornada de trabalho; a regulamentação do trabalho feminino; a extinção
do trabalho infantil; a folga semanal e o salário mínimo.
Este
movimento lutou ainda pela instituição de novos direitos políticos, como o
estabelecimento do sufrágio universal (nesta época, o voto era um direito dos
homens, apenas), a extinção da exigência de ter propriedades para que se
pudesse ser eleito para o parlamento e o fim do voto censitário. Esse movimento
se destacou por sua organização e por sua forma de atuação, chegando a
conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.
Consequências
A
partir da Revolução Industrial, o volume de produção aumentou
extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser
maquinofaturada; as populações passaram a ter acesso a bens industrializados e
deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho. As fábricas
passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de
trabalho em troca de um salário.
Outra
das consequências da Revolução Industrial foi o rápido crescimento econômico.
Antes dela, o progresso econômico era sempre lento (levavam séculos para que a
renda per capita aumentasse sensivelmente), e após, a renda per capita e a
população começaram a crescer de forma acelerada nunca antes vista na história.
Por exemplo, entre 1500 e 1780 a população da Inglaterra aumentou de 3,5
milhões para 8,5, já entre 1780 e 1880 ela saltou para 36 milhões, devido à
drástica redução da mortalidade infantil.
Para
E. P. Thompson, o incremento da população nesse período se sustentou principalmente
por uma longa série de boas colheitas e numa melhora do padrão de vida
desenvolvido nos primeiros momentos da Revolução Industrial; com o avanço da
industrialização na primeira metade do século, no entanto, a saúde da população
urbana começou a deteriorar, principalmente devido à imensa concentração
populacional nas cidades que sofreria com as epidemias, péssimas condições de
habitação, deformações e estafa causadas pelo trabalho e a alimentação
insuficiente e inadequada. A medicina, nesse momento, parece ter sido pouco
eficaz no combate a esses problemas.
A
Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações
dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e
artesãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes. Na Inglaterra, por
volta de 1850, pela primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo
em cidades do que no campo.
Nas
cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e
desconfortáveis, com condições horríveis de higiene e salubridade. Conviviam
com a falta de água encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas ruas
esburacadas. Engels realizou um relato impressionantemente detalhado de cada
região da Inglaterra em seu "A Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra". Apesar das especificidades de cada cidade, é possível
encontrar diversos aspectos em comum. Em geral, os operários moravam em
cortiços de um ou dois andares dispostos em fila, e quase sempre construídos
irregularmente. As casas mais sofisticadas, ascottages, pertenciam aos setores
superiores do operariado, e possuíam até quatro cômodos e cozinha. No entanto,
os locais, geralmente, eram extremamente sujos, com ruas não pavimentadas, sem
esgotos ou calçadas, repletos de detritos humanos e animais e poças lamacentas,
que às vezes chegam a cobrir até os joelhos. As habitações quase sempre não
possuíam ventilação, e a falta de espaços livres fazia com que a secagem das
roupas fosse feita no meio das próprias ruas. O mau cheiro era praticamente
insuportável; os muros dos bairros estavam destruídos, os vidros, inexistentes,
as portas das casas eram feitas com pedaços de plantas. As casas não possuíam
móveis: as mesas e cadeiras, quando existiam, eram feitas com caixas; aquelas se
constituem, assim como as fábricas, como domicílios escuros, úmidos e apertados
(algumas delas chegam a ser subterrâneas, em condições muito piores do que as
similares encontradas no campo).
A
vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada instante, surgiam
novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas.
Estudos
sobre as variações na altura média dos homens no norte da Europa, sugerem que o
progresso econômico gerado pela industrialização demorou varias décadas até
beneficiar a população como um todo. Eles indicam que, em média, os homens do
norte europeu durante o início da Revolução Industrial eram 7,6 centímetros
mais baixos que os que viveram 700 anos antes, na Alta Idade Média. É estranho
que a altura média dos ingleses tenha caído continuamente durante os anos de
1100 até o início da revolução industrial em 1780, quando a altura média
começou a subir. Foi apenas no início do século XX que essas populações
voltaram a ter altura semelhante às registradas entre os séculos IX e XI. A variação
da altura média de uma população ao longo do tempo é considerada um indicador
de saúde e bem-estar econômico. Apesar destes dados à longo prazo, a afirmação
de que a condição de vida dos trabalhadores melhorara é polêmica,
principalmente se considerarmos as condições de moradia e trabalho, que
inclusive incluía o trabalho infantil. Do mesmo modo, não se pode dizer que
essa possível melhora da saúde e do bem-estar sejam frutos diretos da Revolução
Industrial, também envolvendo a consolidação do Estado e dos serviços públicos
prestados à população, como o saneamento básico, bem como a melhora das
condições de alimentação.
Apesar
do evidente desenvolvimento tecnológico e da relativa melhora de condições de
vida, muitas críticas são realizadas ao tipo de produção que passou a ser
desenvolvida a partir da Revolução Industrial -- àquela da produção em massa e
em benefício do enriquecimento individual. Alguns desses críticos defendem uma
modificação da produção e do consumo de forma a se conquistar um
desenvolvimento sustentável, afirmando que essa forma de produção é danosa ao
meio ambiente. Outros, questionam a associação entre a vida urbana e
industrializada com uma vida mais saudável e superior a do campo, denunciando
os altos índices de depressão e suicídio na sociedade contemporânea. É o caso
do filósofo Serge Latouche, que busca romper com a ideologia do "crescimento
pelo crescimento" e do desenvolvimento tecnológico sem reflexão.