Ku Klux Klan (também conhecida como KKK ou
simplesmente "o Klan") é o nome de três movimentos distintos,
passados e atuais, dos Estados Unidos que defendem correntes reacionárias e
extremistas, tais como a supremacia branca, o nacionalismo branco, a anti-imigração
e, especialmente em iterações posteriores, o nordicismo, o anticatolicismo e o
antissemitismo, historicamente expressos através do terrorismo voltado a grupos
ou indivíduos aos quais eles se opõem.
Todos os três movimentos têm clamado pela "purificação" da sociedade estadunidense e todos são considerados organizações de extrema-direita.
Todos os três movimentos têm clamado pela "purificação" da sociedade estadunidense e todos são considerados organizações de extrema-direita.
O
primeiro Klan surgiu no sul dos Estados Unidos no final dos anos 1860 e deixou
de existir no início da década de 1870. Ele tentou derrubar os governos
estaduais republicanos no sul durante a Era da Reconstrução, especialmente
através uso da violência contra os líderes afro-americanos. Com inúmeros
ataques em todo o Sul, o grupo foi suprimido por volta de 1871, através da
aplicação da lei federal. Seus membros faziam seus próprios trajes, muitas
vezes coloridos: roupões, máscaras e chapéus cônicos, projetado para serem
aterrorizantes e para esconder suas identidades.
O
segundo grupo foi fundado em 1915 e começou a atuar em todo o país em meados da
década de 1920, especialmente nas áreas urbanas do Centro-Oeste e Oeste. Ele se
opunha aos católicos e judeus, especialmente os imigrantes mais recentes e
ressaltavam sua profunda oposição à Igreja Católica. Esta segunda organização
adotou um traje branco padrão e usava palavras de código semelhantes como as do
primeiro Klan, além de ter adicionado os rituais de queima de cruzes e de
desfiles em massa.
A
terceira e atual manifestação da KKK surgiu depois de 1950, sob a forma de
grupos pequenos, locais e desconexos que fazem uso do nome KKK. Eles se
concentraram na oposição ao movimento dos direitos civis, muitas vezes usando
violência e assassinatos para reprimir ativistas. É classificado como um grupo
de ódio pela Liga Antidifamação e pelo Southern Poverty Law Center. Estima-se
ter entre 5.000 e 8.000 membros em 2012. O segundo e terceiro encarnações do Ku
Klux Klan faziam referências frequentes ao sangue "anglo-saxão" dos
Estados Unidos, que remete ao nativismo do século XIX. Embora os membros da KKK
jurem para defender a moralidade cristã, praticamente todas as denominações
cristãs oficialmente denunciaram as práticas e ideologias da KKK.
A
primeira Ku Klux Klan na verdade foi fundada pelo general Nathan Bedford
Forrest da cidade de Pulaski, Tennessee, em 1865 após o final da Guerra Civil
Americana. Seu objetivo era impedir a integração social dos negros
recém-libertados, como por exemplo, adquirir terras e ter direitos concedidos
aos outros cidadãos, como votar. O nome, cujo registro mais antigo é de 1867,
parece derivar da palavra grega kýklos(do grego κύκλος), que significa
"círculo", "anel", e da palavra inglesa clan (clã) escrita
com k. Devido aos métodos violentos da KKK, há a hipótese de o nome ter-se
inspirado no som feito quando se coloca um rifle pronto para atirar.
provavelmente o nome também pode ter origem no nome de um templo maia, chamado
kukulcán. onde segundo os maias, "kukul" significa sagrado ou divino
e "can" significa serpente, mas não existem dados que comprovem isso.
Em
1872 o grupo foi reconhecido como uma entidade terrorista e foi banida dos
Estados Unidos. O segundo grupo que utilizou o mesmo nome foi fundado em 1915
(alguns dizem que foi em função do lançamento do filme O Nascimento de uma
Nação, naquele mesmo ano) em Atlanta por William J. Simmons. Este grupo foi
criado como uma organização fraternal e lutou pelo domínio dos brancos
protestantes sobre os negros, católicos, judeus e asiáticos, assim como outros
imigrantes. Este grupo ficou famoso pelos linchamentos e outras atividades
violentas contra seus "inimigos". Chegou a ter quatro milhões de
membros (outros dizem serem cinco milhões) na década de 1920, incluindo muitos
políticos. A popularidade do grupo caiu durante a Grande Depressão e a Segunda
Guerra Mundial, já que os Estados Unidos se posicionaram ao lado dos aliados,
que eram contrários à ideias totalitárias, extremistas e racistas, como as
nazistas.
Decadência
A
perda de respeitabilidade da Ku Klux Klan devido aos métodos brutais, ilegais
ou meramente arbitrários e as execuções sumárias de inocentes, unidas as
divisões internas, levou à degradação de seu prestígio, apesar de a organização
continuar a realizar expedições punitivas, desempenhando, por exemplo, o papel
de supervisora de uma agremiação de patrões contra os sindicalistas, cuja cota
estava em alta depois da crise de 1929.
Na
década de 1930, o nazismo exerceu uma certa atração sobre a Ku Klux Klan. Não
passou disso, porém. A aproximação com os alemães foi bruscamente encerrada na
Segunda Guerra Mundial, depois do ataque japonês à base estadunidense de Pearl
Harbor, quando muitos membros se alistaram no exército para lutar contra o
"perigo amarelo". Só faltava o tiro de misericórdia ao império
invisível. Em 1944, o serviço de contribuições diretas cobrou uma dívida da
Klan, pendente desde 1920. Incapaz de honrar o compromisso, a organização
morreu pela segunda vez.
Apesar
de diversas tentativas de ressurreição (num âmbito mais local que nacional), a
Ku Klux Klan não obteve mais o sucesso de antes da guerra. Finalmente, o
Stetson Kennedy contribuiu para desmistificar a organização, liberando todos os
seus segredos no livro "Eu fiz parte da Ku Klux Klan". Alguns
klanistas ainda insistiram e suscitaram, temporariamente, uma retomada de
interesse entre os WASP (sigla em inglês para protestantes brancos
anglo-saxões) frustrados, que não compunham mais a maioria da população
estadunidense.
Na
década de 1950, a promulgação da lei contra a segregação racial nas escolas
públicas despertou novamente algumas paixões, e cruzes se acenderam.
Seguiram-se batalhas, casas dinamitadas e novos crimes (29 mortos de 1956 a
1963, entre eles 11 brancos, durante protestos raciais). Os klanistas tentaram
se reciclar no anticomunismo, combatendo os índios ou atenuando seu
anticatolicismo fanático.
As
quimeras de Garvey tinham quebrado a solidariedade dos negros num tempo das
mais pesadas ameaças; num tempo em que a Ku Klux Klan depois de 50 anos de
pausa retomava a sua atividade, e quem sabe se não preparava ainda comoções
mais terríveis do que aquelas a que tinha recorrido meio século antes. Os
métodos da Ku Klux Klan não se haviam modificado de maneira sensível; agora,
como antes, se balanceava (processo pelo qual se fazia deslizar uma vítima
manietada por uma estreita barra de aço, dolorosamente, para cima e para baixo,
a toda velocidade para criar atrito), espancava, extorquia, boicotava, exilava,
linchava e assassinava.
Mas
nada surtiu grande efeito e o declínio da Klan já tinha começado desde o fim da
década de 1960, época em que só contava com algumas dezenas de milhares de
membros. Depois, podia-se tentar distinguir os "Imperial Klans of
America" dos "Knights of the Ku Klux Klan", ou ainda dos
"Knights of the White Camelia", alguns dos vários nomes das
tentativas de ressurgimento. Mas os klanistas não eram mais uma organização de
massa. Apesar das proclamações tonitruantes e de provocações episódicas, as
"Klans" não reuniam mais do que alguns milhares de membros,
comparáveis assim com outros grupelhos neonazistas com os quais às vezes
mantinham relações. A organização não parece estar perto de renascer uma
segunda vez.
Os
infernos passaram a chamar-se cavernas e as reuniões passaram a realizar-se em
grandes locais muitas vezes sob o céu aberto. Não raro milhares de autos vinham
reforçar, guardas a cavalo e a pé cercavam o local e estavam presentes os
utensílios com que se entusiasma qualquer estadunidense: a bandeira estrelada,
a Bíblia aberta e o punhal desembainhado a fazer pano de fundo, uma cruz em
fogo, à noite, que projetava uma luz estranhamente tranquilizadora sobre as
filas dos agora uniformizados homens dos capuzes brancos.
De
início a Klan só admitia como membros aquelas pessoas oriundas de pais brancos
estadunidenses, nascidas nos Estados Unidos; além disso, os pais não podiam
comungar na religião católica nem pertencer à raça judaica. Mais tarde
deixou-se caducar a exigência de que os pais já deviam ser de nacionalidade
estadunidense pois este ponto prejudicara em muito a solícita procura de
membros para a Klan e a afluência de meios de contribuição de sócios. O
candidato a aceitação era submetido a interrogatórios e em seguida instruído de
que a Klan exigia de todos os seus membros obediência cega.
Seguia-se
o juramento, batismo, ordenação e apostasia, com a leitura dos parágrafos da fé
da Klan em que muito se tratava da raça branca e da religião cristã. Os crimes
que a nova Ku Klux Klan até a sua recente proibição cometeu, sobretudo nos
estados do Sul dos Estados Unidos, são tão variados e numerosos, tão
cuidadosamente velados e tão intimamente amalgamados com as singularidades da
vida pública naqueles estados, que nunca seria possível abrangê-los a todos. A
simples crônica ou mesmo pequena revista, como nós aqui tentamos oferecer,
nunca seria capaz de exprimir como o que aconteceu foi caprichoso e horrível. O
mundo teve conhecimento aqui e ali de um registro especialmente alusivo nos
jornais, mas depressa ele caiu no esquecimento da consciência mundial, ainda
que esta fatalidade passe à posteridade, pois que não houve nenhum dos grandes
escritores estadunidenses que alguma vez deixasse passar em branco atuação tão
vergonhosa. Atualmente, a Ku Klux Klan conta apenas com um efetivo de 3 000
homens em todos os antigos estados confederados, apesar do baixo número de
associados, muitos não associados apoiam a organização.