A história da China está registrada em documentos
que datam do século XVI a.C. em diante e que demonstram que aquele país é uma
das civilizações mais antigas do mundo com existência contínua. Os estudiosos
entendem que a civilização chinesa surgiu em cidades-Estado no vale do rio
Amarelo.
O ano 221 a.C. costuma ser referido como o momento em que a China foi unificada na forma de um grande reino ou império, apesar de já haver vários estados e dinastias antes disso. As dinastias sucessivas desenvolveram sistemas de controle burocrático que permitiriam ao imperador chinês administrar o vasto território que viria a ser conhecido como a China.
O ano 221 a.C. costuma ser referido como o momento em que a China foi unificada na forma de um grande reino ou império, apesar de já haver vários estados e dinastias antes disso. As dinastias sucessivas desenvolveram sistemas de controle burocrático que permitiriam ao imperador chinês administrar o vasto território que viria a ser conhecido como a China.
A
fundação do que hoje se chama a civilização chinesa é marcada pela imposição
forçada de um sistema de escrita comum, pela dinastia Qin no século III a.C., e
pelo desenvolvimento de uma ideologia estatal baseada no confucionismo, no
século II a.C. Politicamente, a China alternou períodos de unidade e
fragmentação, sendo conquistada algumas vezes por potências externas, algumas
das quais terminaram assimiladas pela população chinesa. Influências culturais
e políticas de diversas partes da Ásia, e mais tarde algumas da Europa levadas
por ondas sucessivas de imigrantes, fundiram-se para criar a imagem da atual
cultura chinesa.
Na
pré-história, a China foi habitada, entre 550 mil a 300 mil anos antes de
Cristo, pelo Homo erectus, antepassado do Homo sapiens cujo um dos espécimes
mais famoso é o Homem de Pequim, descoberto em 1927 em Zhoukoudian que usava
instrumentos de pedra e o fogo. Os primeiros indícios de fogo são de há 460 mil
anos pelo Homo Erectus, sessenta mil anos depois alimentavam-se de carne, nozes
e bagas. Também foram descobertos restos de alimentos de frutos selvagens,
especialmente ginginha do rei, juntamente com rebentos de plantas e tubérculos,
insetos, répteis, aves, ovos, ratos e grandes mamíferos. Viviam em grutas,
abrigos nos rochedos e acampamentos ao ar livre. Os caçadores-recoletores
primitivos de há 200 mil anos moviam-se duns sítios para os outros aproveitando
os vários e diferentes recursos sazonais. Entre 200 mil e 50 mil a.C. o Homo
sapiens inicial habitou certas zonas da China e o mais recente, o Homo Sapiens
Sapiens esteve em Zhoukoudian 40 mil anos a.C.. Também esteve no mesmo sítio
Homo Erectus há 1 milhão de anos. Os homens Sapien fixaram-se no Nordeste da
China há cerca de 25 mil anos atrás a seguir de a parte mais quente do Sul já
ter sido explorado.
No
início do período Neolítico, que na China é entre 8000 e 2000 a.C, o clima da
Ásia Oriental era tropical. O Norte chinês possuía densas florestas e a havia
crocodilos e elefantes. Descobertas arqueológicas recentes revelaram que várias
culturas regionais efetuaram separadamente a transição da recoleição para a
produção de alimentos. Nelas incluem-se as culturas de Yangshao no curso médio
do rio Amarelo, que cultivava painço e outros cereais a 6500 a.C,, talvez 7000 e
também tinha galinhas e porcos, a Dawenkou em Shandong. Os agricultures do
norte chinês tinham de enfrentar secas e cheias frequentes, apesar dessas
dificuldades a sofisticada cultura da aldeia de Yangshao usava uma forma
primitiva de irrigação, estava florescente em 5000 a.C. e tinha 100 casas A
Majiabang no curso inferior do rio Yangzi (Iansequião) e a Dapenkeng ao longo
da costa sul e de Taiwan. A cultura Majiabang emergiu no sexto milênio a.C. e
caraterizou-se pelo cultivo de arroz à cerca de 6500 a.C., apesar de já o terem
aclimatado 1500 anos antes e de se pensar que já era cultivado em 8500 a.C.. A
agricultura chinesa tornou-se bem organizada e intensiva ao longo dos séculos
seguintes, especialmente no sul. já possuindo porcos e búfalos aquáticos e pelo
uso da cerâmica com motivos gravados por incisão.
Perto
da costa chinesa o cultivo de tubérculos como o inhame e o taro foi acompanhado
pelo surgimento de alfaias mais complexas para cavar e pintar.
Em Hemudu
No
sudeste da China, em Hemudu tinha sido descoberta uma povoação neolítica de
5000 a.C.. As descobertas incluem peças de terracota, artigos de madeira e osso
e ossadas de porcos e búfalo, havia igualmente apitos feitos com ossos de aves,
possivelmente destinados a atrair pássaros a armadilhas. A descoberta com maior
importância foi a de que o povo de Hemedu se dedicava à orizicultura.
Em Bampo
O
sítio arqueológico mais conhecido em Bampo, perto de Xi'an e foi ocupado a
partir de 4500 a.C.. até 3750 a.C. Bampo tinha 45 casas, mais ou menos, e os
seus habitantes cultivavam painço, possuiam cães e porcos e produziam cerâmica
que além de decorada ocasionalmente possuía marcas gravadas.
Como
marcas iguais têm sido descobertas em cerâmicas em outros locais da região, foi
sugerido que elas não seriam simples marcas de oleiro mas um estágio inicial da
criação de caracteres chineses, sugestão algo polêmica. Também foram
descobertos fragmentos de outro tipo de cerâmica, conhecida como cerâmica de
Longshan, descoberta em Chengziyai, no noroeste da província de Shadong. Em vez
de ser vermelha e às vezes pintada com representações estilizadas de pássaros e
flores como a de Yangshao, não era pintada, era mais delicada e elevada numa
base circular ou assente em três pés. O provável é que as duas culturas se desenvolveram
isoladamente e que a cultura de Longshan, que se espalhou largamente na Ásia
Oriental, se espalhou lentamente até à Planície Central, onde a tradição da
cerâmica pintada já começara a esmorecer.
Os
agricultores iniciais do norte da China construíram aldeamentos
semi-permanentes, movendo-se quando precisavam de novas terras e voltando mais
tarde a seguir da terra recuperar a fertilidade. As casas, em concavidades ou
ao nível do solo, redondas ou quadradas, como paredes de taipa e telhados de
colmo feitos de camadas canas e argila e hastes de painço, sustentados por
traves.
No
norte chinês e na Manchúria os primeiros ornamentos pessoais são de há cerca de
7500 a.C.. Os caçadores que os criaram faziam agulhas e furadores de ossos de
tigre, de leopardos, de ursos e de veados e inscreviam desenhos em bocados de
chifre. Perfuravam dentes de texugo e de outros animais, fazendo colares com
eles, medalhões e brincos.
A dinastia Xia, também conhecida como dinastia
Hsia, é a primeira dinastia descrita pela historiografia tradicional chinesa.
Reinou por cerca do século XXI a.C. – século XVI a.C. A histografia lista o nome de 9
reis por 14 gerações. Os lendários Três Augustos e os Cinco Imperadores são
colocados como antecessores da dinastia Xia, que teria sido sucedida pela Dinastia
Shang.
Até
recentes escavações arqueológicas em sítios localizados na província de Henan,
onde os vestígios foram datados como sendo da Era do Bronze e pertencentes à
Cultura Erlitou, era difícil separar o que era mito e o que era realidade a respeito
da dinastia Xia. Desde então, arqueólogos descobriram vestígios de áreas
urbanas, objetos trabalhados em bronze, e tumbas que apontam para a possível
existência da dinastia Xia em localizações citadas em antigos documentos
históricos chineses. A maioria dos arqueólogos chineses identifica a cultura
Erlitou como correspondente à dinastia Xia, enquanto a maioria dos arqueólogos
ocidentais continuam não convencidos da conexão entre a cultura Erlitou e a
dinastia. No mínimo, o período Xia marcou um estágio de evolução técnica entre
culturas do neolítico tardio e a tradicional civilização urbana chinesa da
Dinastia Shang. A tecnologia agrícola - como a criação de cavalos, a produção
de vinho, além de avanços no transporte - aprimorou-se drasticamente na dinastia
Xia.
A
dinastia Xia finalizou um sistema de monarquia hereditária, transmitida
supostamente desde a época do lendário Imperador Amarelo, e iniciou um período
de controles políticos baseados em clãs e famílias aristocráticas, que passaram
a controlar tudo na nação. Foi também neste período que a civilização
chinesa desenvolveu um sistema de governo que empregava tanto um governador
civil,
quanto o uso de punições duras contra qualquer transgressão. Destes primórdios o código
legal chinês começou a se formar.
Acredita-se
que a Dinastia Xia controlava um território que se estendia ao leste até as
províncias de Henan, Shandong e Hebei, a oeste até Henan e Shanxi, ao sul até
Hubei e ao norte até Hebei.
Ordem
|
Reinado2
|
Notas
|
||
01
|
45
|
禹
|
também Yu o Grande (大禹; dà yǔ)
|
|
02
|
10
|
啟
|
||
03
|
29
|
太康
|
||
04
|
13
|
仲康
|
||
05
|
28
|
相
|
||
06
|
21
|
少康
|
||
07
|
17
|
杼
|
||
08
|
26
|
槐
|
||
09
|
18
|
芒
|
||
10
|
16
|
泄
|
||
11
|
59
|
不降
|
||
12
|
21
|
扃
|
||
13
|
21
|
廑
|
||
14
|
31
|
孔甲
|
||
15
|
11
|
皋
|
||
16
|
11
|
發
|
||
17
|
52
|
桀
|
também Lu Gui (履癸 lǚ guǐ)
|
|
1 O
nome do reinado, às vezes, é precedido pelo nome da dinastia, Xia (夏), por exemplo, Xia Yu (夏禹).
|
||||
2 Possível
duração do reinado, em anos.
|
Dinastia Shang
O
registro mais antigo do passado da China data da Dinastia Shang, possivelmente
no século XIII a.C., na forma de inscrições divinatórias em ossos ou carapaças
de animais, segundo a tradição chinesa começou em 1766 e acabou em 1122 a.C.
A
dinastia Shang teve uma série de capitais das quais a mais importante era
Zhengzhou, capital durante o período inicial e intermédio da dinastia que tinha
uma muralha com cerca de 6,4 quilômetros de comprimento e 10 metros de altura
que protegia um grande povoado, e Anyang ocupada entre 1300 e 1050 a.C..
A muralha da China |
As
casas e oficinas ali (em Zhengzhou) encontradas indicam que a sociedade Shang
era altamente organizada e socialmente estratificada. Nos arredores de Anyang,
em Xiaotun, foram descobertos indícios do que teria sido o centro cerimonial e
administrativo do estado Shang na sua fase tardia. Em Xibeigang, 3 quilômetros a norte foram descobertos 11 grandes túmulos cruciformes que podiam pertencer
aos 11 monarcas Shang, que segundo os registos existentes teriam reinado em
Anyang.
Os
governantes Shang faziam um importante papel cerimonial, mas também se ocupavam
da administração do estado e eram servidos por funcionários com funções
especializadas. Eram apoiados por vários clãs aristocráticos com os quais
tinham relações de parentesco ou de matrimônio. A aristocracia dedicava-se a
artes militares e lutava com carros puxados a cavalo. A relação entre os Shang
e os clãs era pessoal mas formalizada através de cerimônias de investidura, nos
quais o rei podia pedir serviços aos clãs, laborais e militares. Os Shang bem
como os seus apoiantes da aristocracia levavam a cabo campanhas agressivas
contra os vizinhos, obtendo prisioneiro e saque. Também se expandiam graças a
mandatos para a criação de novos povoados e da disponibilização de novas zonas
para a agricultura. Com estes meios o estado Shang expandiu-se do seu núcleo
territorial junto ao rio amarelo até ao vale do rio Wei até a atual província
de Shanxi.
Os
Shang formaram relações com um estado chamado Shu, o que talvez signifique que
uma cultura se desenvolveu de forma independente na província de Sichuan.
Economia Shang
A
base econômica do estado Shang era a agricultura e a sua colheita mais
importante era o milhete (ou painço). O clima da planície do norte chinês era
então mais tropical e arborizado, necessitando assim de uma grande quantidade
de mão de obra para a libertar para a agricultura. Afirma-se muitas vezes,
especialmente por historiadores marxistas, como Guo Moruo, que a mão de obra
utilizada normalmente era escrava e que a sociedade Shang devia ser considerada
como o estágio escravagista da evolução social chinesa. Tal ideia tem sido
motivada por indícios de sacrifícios humanos que faziam parte das cerimônias fúnebres
da realeza, e por certas inscrições oraculares. Há pouco tempo Jun Li sugeriu
que não a maioria da população não era composta por escravos, no sentido de
serem comprados e vendidos, e que esta usufruía de liberdade individual. No
entanto era obrigada a trabalhos coercivos, como a construção de muralhas e
tarefas agrícolas, sendo também recrutada para serviços militares.
Muita
da informação disponível da sociedade Shang chegou até nós graças a inscrições
feitas em omoplatas de bovinos, ou com menos regular em carapaças de
tartarugas. Diziam que eram "ossos de dragão" e era reduzidos a pó
para fins medicinais. Foram descobertos mais 200 mil fragmentos do ossos
oraculares em Xiaotun. Os osso oraculares revelam nos as mais variadas coisas
sobre o estado Shang. Usavam de 3 mil grafemas diferentes e incluíam uma semana
de dez dias e um ciclo de 60 dias.
Os
indícios acumulados nos últimos anos apoiam a teoria da descoberta independente
da metalurgia na China e da rápida transferência de técnicas cerâmicas para a
manufatura de objetos em bronze. A produção e utilização do bronze era
controlada pelo imperador. A quantidade de objetos encontrados demonstra que a
extração de minério e a manufatura de peças constituíam grandes indústrias. Os
recipientes Shang iniciais eram fundidos em moldes distintos sendo as várias
partes posteriormente unidas. Uma indústria em pequena escala surgiu em Gansu
por volta do ano 2000 a.C.. Este método foi a base sobre o qual se desenvolveu
a produção de bronze em grande escala.
Os
reis Shang eram sepultados em grandes túmulos cruciformes, cuja escavação
exigia o trabalho de centenas de pessoas. Os cadáveres eram postos em caixões
de madeira rodeados por objetos funerários. Nas rampas que conduziam ao fundo
do túmulo encontravam-se cadáveres humanos e de cavalos.
Religião
Graças
as provas pode se ter uma ideia da religião Shang. O povo Shang adorava vários
deuses, dos quais muitos eram ascendentes da realeza. Outros eram espíritos da
Natureza, e ainda outros possivelmente derivassem de mitos populares ou de
cultos locais. O culto do ancestrais era praticado por grande parcela da
população e permaneceu uma parte essencial do culto religioso até aos tempos
modernos. Um estudo recente mostra que Di significava "deuses"
coletivamente e apenas com os Zhous surgiria a ideia de um deus principal. Os
indícios descobertos nos túmulos mostra-se claro que acreditavam na vida depois
da morte, e as perguntas oraculares podem ter sido dirigidas a antepassados
falecidos. A corte Shang pode ter sido frequentado por Xamãs e, possível, o
próprio rei fosse um xamã. Se estas opiniões estiverem certas o caráter da
religião Shag era muito diferente da abordagem racional das escolas filosóficas
que tornariam-se prepoderantes durante o período Zhou.
Os
historiadores chineses de períodos posteriores habituaram-se à noção de que uma
dinastia sucedia a outra, mas sabe-se que a situação política na China
primitiva era muito mais complexa. Alguns acadêmicos sugerem que os xias e os
shangs talvez fossem entidades políticas que coexistiram, da mesma maneira que
os zhous foram contemporâneos dos shangs.
Alimentação
A
soja foi introduzida em 1200 a.C..
Dinastia Zhou
Segundo
a tradição a dinastia Zhou reinou entre 1122 e 256 a.C.. Este período enorme é
divido em Zhou Ocidental, de 1122 a 771 a.C., e Zhou Oriental, estando este
ainda subdivido nos períodos de Primavera e Outono, de 771 a 481 a.C., e dos
Estados Combatentes, de 481 a 221 a.C..
A
capital dos Zhou era perto da atual Xi'an. No apogeu do poder dos Zhou a China
chegava tão a norte como a Mongólia.
Segundo
o Shujing, o Livro dos Documentos a queda dos Shang foi devida aos erros do seu
último governante, Zhou.
Resultante
da queda dos Shang o mandato do céu foi-lhes retirado. O rei Wen passou a ser
considerado um expoente de virtude e o seu filho, o rei Wu, depois de vencer os
Shang numa batalha num sítio chamado Muye. Os documentos indicam que os Zhou
faziam parte uma aliança de oito nações e eles ganharam porque as tropas Shang
se revoltaram por causa da crueldade do seu líder. Tudo isto se passou cerca de
1045 a.C., cerca de 80 anos depois da data do costume considerada como a queda
dos Shang.
Um
pouco mais tarde, possivelmente em 1043 a.C., o rei Wu faleceu, sucedendo-lhe o
filho, decisão que rompeu com as tradições do passado, pois no estado Shang a sucessão era
feita por um irmão.
Os
Zhou tem sido considerados feudais.
Imenso
tempo antes da queda dos Shang, os Zhou apareceram como um estado poderoso a
ocidente do principal centro de atividades Shang. A origem do povo Zhou não é
clara. Segundo Mêncio, um discípulo de Confúcio, "o rei Wen erá um bárbaro
ocidental", a teoria que os Zhou teriam origem turca tem ganho algum
apoio. No entanto não há apoios linguísticos que assinalem uma origem
distantes. Uma teoria mais equilibrada sugere que a sua origem seria o vale do
rio Fen, na província de Shanxi, tendo os Zhou migrado mais tarde para o vale
do rio Wei, a oeste de Xi'an, na adjacente província de Shanxii. Lá, na
proximidade do estado Shang, eles acabaram por adotar muitos aspetos da cultura
vizinha, um processo que lhes permitiu adquirir técnicas administrativas que
tornou mais fácil a tomada de poder.
No
século VIII a.C., o poder político tornou-se descentralizado, durante o chamado
Período das Primaveras e dos Outonos, cujo nome advém dos Anais das Primaveras
e dos Outonos. Naquele período, chefes militares locais empregados pelos zhous
começaram a agir com autonomia e a disputar a hegemonia. A situação agravou-se
com a invasão de outros povos a partir de nordeste, como os qins (ou chins), o
que forçou os zhous a mover sua capital a leste, para Luoyang. Isto marca a
segunda grande fase da Dinastia Zhou: os zhous orientais. Em cada um das
centenas de Estados que vieram a surgir (alguns meros vilarejos com um
castelo), potentados locais detinham a maior parte do poder político e sua
subserviência aos reis zhous era apenas nominal. Por exemplo, tais chefes
locais passaram a envergar títulos reais. Este período viu surgir movimentos
intelectuais e filosóficos influentes como o confucionismo, o taoismo, o
legalismo e o moísmo, parcialmente como reação às mudanças políticas da época.
Período dos reinos combatentes
Após
um processo de consolidação política, restavam, no final do século V a.C., sete
Estados proeminentes. A fase durante a qual estas poucas entidades políticas
combateram umas contra as outras é conhecida como o Período dos Reinos Combatentes.
Durante a época dos Estados Combatentes. Os sete principados que disputaram a
supremacia neste período eram: Zhao, Wei, Han, Qin, Qi, Yan e Chu.
O EXÉRCITO DE
TERRACOTA DE XIAN
|
A
figura de um rei zhou continuou a existir até 256 a.C., mas apenas como chefe
nominal, sem poderes concretos. A fase final deste período começou durante o
reinado de Ying Zheng, rei de Qin. Após lograr a unificação dos outros seis
Estados e anexar outros territórios nos atuais Zhejiang, Fujian, Guangdong e
Guangxi em 214 a.C., proclamou-se o primeiro Imperador (Qin Shi Huangdi).
China Imperial
Dinastia Qin (221 — 206 a.C.)
Os
historiadores costumam denominar de China Imperial o período entre o início da
Dinastia Qin (século III a.C.) e o fim da Dinastia Qing (no começo do século
XX). Em 230 a.C, o Estado Quin iniciou as várias campanhas que levaram à
unificação da China. Os outros estados formaram alianças para tentarem impedir
o seu avanço, e em 227 a.C. houve uma tentativa de assassinato do rei Qin Shi
Huangdi. Os esforços de resistência fraquejaram e em 221 a.C o rei Zheng do
estado Qin assumiu o título de Qin Shi Huangdi, primeiro imperador da Dinastia
Qin. Embora seu reinado sobre uma China unificada tenha durado apenas doze
anos, o imperador qin logrou subjugar grande parte do que se constitui no cerne
das terras hans chinesas e uni-las sob um governo altamente centralizado com
sede em Xianyang (a atual Xian). A doutrina do legalismo, pela qual se orientava
o imperador, enfatizava a observância estrita de um código legal e o poder
absoluto do monarca. Tal filosofia, embora muito eficaz para expandir o império
pela força, mostrou-se inservível para governar em tempo de paz. Os qins
promoveram o silenciamento brutal da oposição política, cuja epítome foi o
incidente conhecido como a queima de livros e o sepultamento de acadêmicos
(vivos).
China-muralha |
A
Dinastia Qin é famosa por ter iniciado a Grande Muralha da China, que foi
posteriormente ampliada e aperfeiçoada durante a Dinastia Ming. Incluem-se
entre as demais contribuições dos qin a unificação do direito, da linguagem
escrita e da moeda da China, bem-vindas após as tribulações dos períodos da
Primavera e do Outono e dos Reinos Combatentes. Até mesmo algo tão prosaico
como o comprimento dos eixos das carroças teve que ser uniformizado de modo a
permitir um sistema comercial viável que abrangesse todo o império.
Dinastia
Han (202 a.C. — 220 d.C.)
Fragmento
da pintura Manhã Primaveril, no palácio dos
imperadores chineses da dinastia
Han
|
A
Dinastia Han emergiu em 202 a.C., como a primeira a adotar a filosofia do
confucionismo, que se tornou a base ideológica de todos os regimes chineses até
o fim da China Imperial. Durante esta fase dinástica, a China logrou grandes
avanços nas artes e nas ciências. O Imperador Wu consolidou e ampliou o império
ao expulsar os xiongnus (que alguns identificam com os hunos) para as estepes
do que é hoje a Mongólia Interior, tomando-lhes o território correspondente às
atuais províncias de Gansu, Ningxia e Qinghai. Isto permitiu abrir as primeiras
ligações comerciais entre a China e o Ocidente: a Rota da Seda.
Entretanto,
as aquisições de terras pelas elites gradualmente causaram uma crise
tributária. Em 9 d.C., o usurpador Wang Mang fundou a breve Dinastia Xin
("nova") e deu início a um amplo programa de reformas agrária e
econômica. As famílias proprietárias de terras jamais apoiaram as reformas, que
favoreciam os camponeses e a pequena nobreza, e a instabilidade causada por sua
oposição levou ao caos e a rebeliões.
O
Imperador Guangwu reinstituiu a Dinastia Han, sediada agora em Luoyang, próximo
a Xian, com o apoio das famílias proprietárias e mercantis. Alguns denominam
este período Dinastia Han Oriental. O poder dos hans declinou em meio a
aquisições de terras, invasões e rixas entre clãs consortes (isto é, clãs a que
pertenciam a consorte do imperador) e eunucos. A Rebelião do Turbante Amarelo,
protagonizado pelos camponeses, estalou em 184 e resultou numa era de chefes
guerreiros. No caos subsequente, três Estados buscaram a preeminência durante o
chamado Período dos Três Reinos.
Dinastia Jin
Embora
os três grupos tenham sido temporariamente unificados em 278 pela Dinastia Jin,
os grupos étnicos não-hans controlavam boa parte do país no início do século IV
e provocaram migrações de hans em grande escala para a margem sul do YangTzé.
Em 303, o povo di revoltou-se, capturou Chengdu e estabeleceu o Estado de Cheng
Han. Os xiongnus, chefiados por Liu Yuan, rebelaram-se também e fundaram o
Estado de Han Zhao. Seu sucessor, Liu Cong, capturou e executou os dois últimos
imperadores jins ocidentais. O Período dos Dezesseis Reinos assistiu a uma
pletora de breves dinastias não-chinesas que, a partir de 303, governaram o
norte da China. Os grupos étnicos ali presentes incluíam os ancestrais dos
turcos, mongóis e tibetanos. A maioria daqueles povos nômades, relativamente
pouco numerosos, já havia sido achinesada muito antes de sua ascensão ao poder.
Na verdade, alguns deles, em especial os chiangs e os xiongnus, já habitavam as
regiões de fronteira no interior da Grande Muralha desde o final da Dinastia Han,
com o consentimento desta.
Dinastia Sui: reunificação
A
Dinastia Sui logrou reunificar o país em 581, após quase quatro séculos de
fragmentação política na qual o norte e o sul se desenvolveram
independentemente. Do mesmo modo que os soberanos qin haviam unificado a China
após o Período dos Reinos Combatentes, os suis uniram o país e criaram diversas
instituições que terminaram por ser adotadas por seus sucessores, os tangs. Da
mesma forma que os qins, porém, os suis sobrecarregaram seus recursos e caíram.
Dinastia Tang
Em
18 de junho de 618, Gaozu tomou o poder e estabeleceu a Dinastia Tang.
Iniciou-se então uma era de prosperidade e inovações nas artes e na tecnologia.
O budismo, que se havia instalado gradualmente na China a partir do século I,
tornou-se a religião predominante e foi adotada pela família imperial e pelo
povo.
Os
tangs, da mesma forma que os hans, mantiveram abertas as rotas comerciais para
o Ocidente e para o sul; diversos comerciantes estrangeiros fixaram-se na
China.
A
partir de cerca de 860, a Dinastia Tang começou a declinar, devido a uma série
de rebeliões internas e de revoltas de Estados clientes. Um chefe guerreiro,
Huang Chao, capturou Guangzhou em 879 e executou a maioria dos seus 200.000
habitantes. Em 880, Luoyang caiu-lhe nas mãos e, em 881, Changan. O Imperador
Xizong fugiu para Chengdu e Huang estabeleceu um governo que, embora
posteriormente destruído por forças tangs, lançou o país num novo período de
caos político.
Período das Cinco Dinastias e dos
Dez Reinos
Ao
interregno entre a Dinastia Tang e a Dinastia Sung, caracterizado pela
fragmentação política, dá-se o nome de Período das Cinco Dinastias e dos Dez
Reinos. Com duração de pouco mais de meio século, entre 907 e 960, esta fase
histórica viu a China tornar-se uma pluralidade de estados. Cinco regimes
sucederam-se rapidamente no controle do tradicional coração territorial do
país, no norte, enquanto que dez regimes mais estáveis ocupavam porções do sul
e do oeste da China.
Divisão política: os liaos, os
sungs, os xias ocidentais, os jins
Em
960, a Dinastia Sung (960-1279) logrou controlar a maior parte da China e
escolheu Kaifeng para sua capital, dando início a um período de prosperidade
econômica, enquanto que a Dinastia Liao dos khitans governava a Manchúria e a
Mongólia. Em 1115, subiu ao poder a Dinastia Jin (1115-1234), dos jurchens e,
em dez anos, aniquilou a Dinastia Liao. Tomou a China setentrional e Kaifeng
das mãos da Dinastia Sung, forçando-a a transferir sua capital para Hangzhou e
a reconhecer os jins como soberanos. A China encontrava-se, então, dividida
entre a Dinastia Jin, ao norte, a Dinastia Sung Meridional, ao sul e os xias
ocidentais, a oeste. Os sungs meridionais passaram por um período de grande
desenvolvimento tecnológico, possivelmente devido, em parte, à pressão militar
que sofriam na sua fronteira setentrional.
Os mongóis e a Dinastia Yuan
O
Império Jin foi derrotado pelos mongóis, que em seguida subjugaram os sungs
meridionais ao cabo de uma guerra longa e cruenta, a primeira na qual as armas
de fogo desempenharam um papel importante. Com isto, a China foi mais uma vez
unificada, mas agora como parte de um vasto Império Mongol. Neste período,
Marco Polo visitou a corte imperial em Pequim. Os mongóis dividiam-se então
entre os que preferiam manter sua base nas estepes e aqueles que desejavam
adotar os costumes dos chineses hans. Um destes era Cublai Cã, neto de Gêngis
Cã e fundador da Dinastia Yuan, a primeira a governar toda a China a partir de
Pequim.
Dinastia Ming: nova hegemonia dos
hans
O
forte sentimento popular hostil ao governo "estrangeiro" levou a
rebeliões camponesas que terminaram por repelir os mongóis de volta às estepes
e a instituir a Dinastia Ming em 1368.
Durante
o governo mongol, a população havia sido reduzida em 40 por cento, para um
total estimado em 60 milhões de pessoas. Dois séculos depois, a população
dobrara de tamanho, o que deu causa a uma maior urbanização e à maior
complexidade da divisão do trabalho. Surgiram pequenas indústrias, dedicadas à
produção de papel, seda, algodão e porcelana, em especial em grandes centros
urbanos como Pequim e Nanquim. Prevaleciam, porém, as pequenas cidades com
mercados que comerciavam principalmente comida mas também alguns itens
manufaturados, como alfinetes e azeite.
Apesar
da xenofobia e da introspecção intelectual característica do neo-confucionismo,
uma escola crescentemente popular, a China do início da Dinastia Ming não se
isolara. O comércio exterior e outros contatos com o mundo externo, em especial
com o Japão, cresceram bastante. Mercadores chineses exploraram todo o Oceano
Índico e atingiram a África Oriental com as viagens de Zheng He.
Zhu
Yuanzhang (ou Hongwu), fundador da Dinastia Ming, lançou as bases de um Estado
menos interessado em comércio do que em extrair recursos do setor agrícola.
Talvez devido ao passado camponês do imperador, o sistema econômico ming
enfatizava a agricultura, ao contrário do que fizeram as Dinastias Sung e
Mongol, cujas finanças se baseavam no comércio. As grandes propriedades rurais
foram confiscadas pelo governo, divididas e arrendadas. Proibiu-se a escravidão
privada, o que fez com que os camponeses com a posse da terra predominassem na
agricultura, após a morte do Imperador Yongle. Tais políticas permitiram
aliviar a pobreza causada pelos regimes anteriores.
A
dinastia possuía um governo central forte e complexo que unificou o império. O
papel do imperador passou a ser mais autocrático, embora Zhu Yuanzhang
precisasse lançar mão dos chamados "Grandes Secretários" para
auxiliá-lo a lidar com a enorme burocracia, a qual mais tarde causaria o
declínio da dinastia, por impedir o governo de se adaptar às mudanças sociais.
O
Imperador Yongle procurou ampliar a influência da China além de suas
fronteiras, ao exigir que outros governantes lhe enviassem embaixadores para
pagar tributo. Construiu-se uma grande marinha, inclusive navios de quatro
mastros com deslocamento de 1.500 t. Criou-se um exército regular de um milhão
de homens. As forças chinesas conquistaram parte do que é hoje o Vietnã, enquanto
que a frota imperial navegava pelos mares da China e o Oceano Índico, chegando
até a costa oriental da África. Os chineses estenderam sua influência até o
Turquestão. Diversas nações asiáticas pagaram tributo ao imperador.
Internamente, o Grande Canal foi ampliado, com impacto positivo sobre o
comércio. Produziam-se mais de 100.000 t de ferro por ano. Imprimiam-se livros
com o uso da tipografia. O palácio imperial da Cidade Proibida atingiu então ao
seu atual esplendor. Enfim, o período ming parece ter sido um dos mais
prósperos para a China. Também foi naquela época que o potencial do sul da
China veio a ser totalmente explorado. O período ming testemunhou a última
ampliação da Grande Muralha da China.
Buda século V,
escultura em caverna, Yungang, China
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Dinastia
Qing
A
Dinastia Qing (1644-1911) foi fundada após a derrota dos mings, a última
dinastia han chinesa, pelas mãos dos manchus. Estes, anteriormente conhecidos
como jurchens, invadiram a China a partir do norte no final do século XVII.
Embora os manchus fossem conquistadores estrangeiros, adotaram rapidamente as
tradicionais regras de governo confucianas e terminaram por governar na mesma
linha das dinastias nativas anteriores.
Os
manchus obrigaram os hans a adotar o seu estilo de penteado e de vestimenta,
sob pena de morte.
O
Imperador Kangxi ordenou a criação do mais completo dicionário de caracteres
chineses até então. Durante o reinado do Imperador Qianlong, compilou-se um
catálogo das obras mais importantes sobre cultura chinesa.
Para
evitar uma assimilação completa pela sociedade chinesa, os manchus
estabeleceram um sistema de "oito estandartes" (ou
"bandeiras"), divisões administrativas - oriundas de tradições
militares manchus - nas quais as famílias manchus se distribuíam. Os manchus na
China empregavam a sua própria língua, mantinham suas tradições, como o tiro
com arco e o hipismo, e detinham privilégios econômicos e legais nas cidades
chinesas.
Ao
longo do meio século seguinte, os manchus consolidaram o seu controle sobre o
território antes pertencente aos mings e ampliaram sua esfera de influência
para incluir Xinjiang, o Tibete e a Mongólia.
O
século XIX testemunhou o enfraquecimento do governo qing, em meio a grandes
conflitos sociais, estagnação econômica e influência e ingerência ocidentais. O
interesse britânico em continuar o comércio de ópio com a China colidiu com
éditos imperiais que baniam aquela droga viciante, o que levou à Primeira
Guerra do Ópio, em 1840. O Reino Unido e outras potências ocidentais, inclusive
os Estados Unidos, ocuparam "concessões" à força e ganharam
privilégios comerciais. Hong Kong foi cedida aos britânicos em 1842 pelo
Tratado de Nanquim. Também ocorreram naquele século a Rebelião Taiping
(1851-1864) e o Levante dos Boxers (1899-1901). Em muitos aspectos, as
rebeliões e os tratados que os qings se viram forçados a assinar com potências
imperialistas são sintomáticos da incapacidade do governo chinês em reagir
adequadamente aos desafios que enfrentava a China no século XIX.
O declínio da monarquia
As
duas Guerras do Ópio e o tráfico daquela droga foram custosos para a Dinastia
Qing e o povo chinês. O tesouro imperial quebrou duas vezes, por conta do
pagamento de indenizações devidas às guerras e à grande evasão de prata causada
pelo tráfico de ópio. A China sofreu duas fomes extremas vinte anos após cada
uma das Guerras do Ópio nos anos 1860 e 1880, quando a Dinastia Qing se mostrou
incapaz de acudir a população. Tais eventos tiveram um profundo impacto ao
desafiar a hegemonia de que os chineses gozavam na Ásia há séculos e
mergulharam o país no caos.
Uma
vasta revolta, a Rebelião Taiping, fez com que cerca de um-terço do país
passasse ao controle de um movimento religioso pseudo-cristão chefiado pelo
"Rei Celestial" Hong Xiuquan. Somente ao cabo de catorze anos é que
as forças qings lograram destruir o movimento, em 1864. Estima-se que a
rebelião teria causado entre vinte e cinquenta milhões de mortos.
Os
líderes qing suspeitavam da modernidade e dos avanços sociais e tecnológicos,
que viam como ameaças ao seu controle absoluto sobre a China. Por exemplo, a
pólvora, que havia sido largamente empregada pelos exércitos das Dinastias Sung
e Ming, fora proibida pelos qings ao assumirem o controle do país. Por este e
outros motivos, a dinastia encontrava-se despreparada para lidar com as
invasões ocidentais. As potências ocidentais intervieram militarmente para
reprimir o caos doméstico, como nos casos da Rebelião Taiping e do Levante dos
Boxers.
Nos
anos 1860, a Dinastia Qing logrou sufocar revoltas, com enorme custo e perda de
vidas. Isto minou a credibilidade do regime qing e contribuiu para o surgimento
de senhores da guerra locais. O Imperador Guangxu procurou lidar com a
necessidade de modernizar o país por meio do Movimento de Auto-Fortalecimento.
Entretanto, a partir de 1898, a Imperatriz regente Cixi manteve Guangxu preso
sob a alegação de "deficiência mental", após um golpe militar por ela
orquestrado com o apoio da facção conservadora, contrária às reformas. Guangxu
faleceu um dia antes da imperatriz regente (segundo alguns, por ela
envenenado). Os "novos exércitos" qings (treinados e equipados
conforme o modelo ocidental) foram fragorosamente derrotados na Guerra
Sino-Francesa (1883-1885) e na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895).
No
início do século XX, o Levante dos Boxers, um movimento conservador
antiimperialista que pretendia fazer o país regressar a um estilo de vida
tradicional, ameaçou o norte da China. A imperatriz regente, provavelmente com
o fito de garantir o seu controle sobre o governo, apoiou os boxers quando
estes avançaram sobre Pequim. Em reação, a chamada Aliança dos Oito Estados
invadiu a China. Composta de tropas britânicas, japonesas, russas, italianas,
alemãs, francesas, norte-americanas e austro-húngaras, a aliança derrotou os boxers
e exigiu mais concessões do governo qing.
A República da China
Frustrados
com a resistência da corte qing em reformar o país e a fraqueza da China, jovens
funcionários, oficiais militares e estudantes - inspirados nas ideias
revolucionárias de Sun Yat-sen - começaram a defender a derrubada da Dinastia
Qing e a proclamação da república. Um levante militar, conhecido como Levante
Wuchang, iniciou-se em 10 de outubro de 1911 em Wuhan, e levou à formação de um
governo provisório da República da China em Nanquim, em 12 de março de 1912.
Sun Yat-sen foi o primeiro a assumir a presidência, mas viu-se forçado a
entregar o poder a Yuan Shikai, que comandara o Novo Exército (tropas chinesas
treinadas e equipadas à maneira ocidental) e fora primeiro-ministro durante a
era qing, como parte do acordo para a abdicação do último monarca da dinastia.
Nos anos seguintes, Shikai aboliu as assembleias nacional e Provinciais e
declarou-se imperador em 1915. Suas ambições imperiais encontraram forte
oposição por parte de seus subordinados, de modo que terminou por abdicar,
morrendo em 1916 e deixando um vácuo de poder na China. Com o governo
republicano em frangalhos, o país passou a ser administrado por coligações
variáveis de chefes militares provinciais.
A cidade proibida |
Um
evento pouco notado, ocorrido em 1919 - o Movimento do Quatro de Maio -,
haveria de ter repercussões a longo prazo para o restante da história da China
no século XX. O movimento teve início como uma resposta ao que teria sido um
insulto imposto à China pelo Tratado de Versalhes, que encerrara a Primeira
Guerra Mundial, mas tornou-se um movimento de protesto contra a situação
interna do país. Entre os intelectuais chineses, a adoção de ideias mais
radicais seguiu-se ao descrédito da filosofia liberal ocidental, o que
resultaria no conflito irreconciliável entre a esquerda e a direita na China
que dominaria a história do país pelo restante do século.
Nos
anos 1920, Sun Yat-sen estabeleceu uma base revolucionária no sul da China e
lançou-se à unificação de seu fragmentado país. Com auxílio soviético, ele
aliou-se ao Partido Comunista da China (PCC). Após a sua morte em 1925, um de
seus protegidos, Chiang Kai-shek, assumiu o controle do Kuomintang (Partido
Nacionalista, ou KMT) e logrou reunir sob seu governo a maior parte do sul e do
centro da China numa campanha militar conhecida como a Expedição do Norte. Após
derrotar os chefes guerreiros daquelas regiões, Chiang obteve a fidelidade
nominal dos líderes do norte. Em 1927, voltou-se contra o PCC e expulsou os
exércitos comunistas e seus chefes de suas bases no sul e no leste da China. Em
1934, as tropas do PCC empreenderam a Longa Marcha, através da região mais
inóspita da China a noroeste, onde estabeleceram uma base guerrilheira em
Yan'an, na província de Shanxi.
Durante
a Longa Marcha, os comunistas reorganizaram-se sob um novo chefe, Mao Tse-tung.
O conflito entre o KMT e o PCC continuou, aberta ou clandestinamente, ao longo
dos catorze anos da invasão japonesa, apesar da aliança nominal entre ambos os
partidos para opor-se aos japoneses em 1937. A guerra civil chinesa continuou
após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial em 1945. Em 1949, o PCC já
ocupava a maior parte do país.
Chiang
Kai-shek refugiou-se, com o resto de seu governo, em Taiwan, onde declarou
Taipé a capital provisória da República da China e afirmou seu propósito de
reconquistar a China continental.
A China do presente
templo
do céu beijing
|
Com
a proclamação da República Popular da China (RPC) em 1 de outubro de 1949, o
país viu-se novamente dividido entre a RPC, no continente, e a República da
China (RC), em Taiwan e outras ilhas. Cada uma das partes se considera o único
governo legítimo da China e denuncia o outro como ilegítimo. Desde os anos
1990, a RC tem procurado obter maior reconhecimento internacional, enquanto que
a RPC se opõe veementemente a qualquer envolvimento internacional e insiste na
"Política de uma China".
Politicamente,
o governo deixou de ser heterodoxamente comunista após a morte de Mao Zedong em
1976, apesar do Partido Comunista continuar no poder. Deng Xiaoping, mesmo não
sendo o presidente de direito, foi de fato quem comandou a China durante a
década de 1980. Em 1991 Jiang Zemin assumiu a presidência do país, governando
até 2003, quando entregou o poder ao seu sucessor, Hu Jintao.