A Mesopotâmia (do grego antigo Μεσοποταμία;
composto de μέσος, "meio", e ποταμός, "rio", ou seja
"[terra] entre dois rios") é a denominação de um planalto de origem
vulcânica localizado no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre
e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas. Os rios
desembocam no Golfo Pérsico e a região toda é rodeada por desertos.
Inserida
na área do Crescente Fértil - de Lua crescente, exatamente por ter o formato de
uma Lua crescente e de ter um solo fértil -, uma região do Oriente Médio
excelente para a agricultura, exatamente num local onde a maior parte das
terras vizinhas era muito árida para qualquer cultivo, a Mesopotâmia tem duas
regiões geográficas distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma
região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens, e ao
Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldeia, muito fértil em função do regime dos rios,
que nascem nas montanhas da Armênia e desaguam no Golfo Pérsico.
O
termo também designa o estudo do período histórico entre o III e o I milênios
a.C., quando a região desenvolveu uma cultura em comum e apresentou momentos
variáveis de unificação territorial, desde o surgimento das primeiras cidades,
como Ur e Uruk até o fim da dominação persa Aquemênida.
A
Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa
Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações por volta do VI milênio
a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarização da
população e de uma revolução agrícola, que se originou durante a Revolução
Neolítica. O homem deixava de ser um coletor que dependia da caça e dos
recursos naturais oferecidos, uma nova forma de domínio do ambiente é uma das
causas possíveis da eclosão urbana na Mesopotâmia.
A
partir do III milênio a.C. cidades como Ur, Uruk, Nipur, Kish, Lagash e Eridu e
a região do Elam se desenvolvem e a atividade comercial entre eles se torna
mais intensa. Os templos passam a gerir a economia e muitos zigurates são
construídos.
Porém,
Richard Leakey, em seu livro A evolução da Humanidade, relata como Jack Harlan
demonstrou que coletores poderiam ter um armazenamento de alimentos
significativo: sua experiência se deu utilizando uma foice de sílex colhendo
trigo e cevada selvagens. Portanto, as primeiras comunidades que abandonam o
nomadismo poderiam ser de caçadores-coletores não restringindo o sedentarismo
unicamente à agricultura ou a domesticação de animais, o que também se fez
importante nesse processo de urbanização.
O
surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do
desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização
dos pântanos, evitava inundações e garantia o armazenamento de água para as
estações mais secas. Fazia-se necessária a construção dessas estruturas para
manter algum tipo de controle sobre o regime dos rios Tigre e Eufrates. A
princípio se acreditou que a construção desse sistema de irrigação fosse
responsável por determinar um controle rígido e despótico da sociedade pelos
governantes, como sugere a "hipótese causal hidráulica" de Karl
August Wittfogel. No entanto, descobertas recentes têm verificado que o
processo de canalização e controle das enchentes periódicas dos rios foi de
longa duração, e as obras de engenharia mais complexa foram realizadas apenas
no período helenístico. Esses rios gêmeos, em função do relevo que os envolve,
correm de noroeste para sudeste, num sentido oposto ao rio Nilo, sendo as
enchentes na Mesopotâmia muito mais violentas e sem uniformidade e a
regularidade apresentada pelo Nilo. " A recompensa - terra para lavrar,
água para irrigar, tâmaras para colher e pastos para a criação - fixou o homem
à terra" (PINSKY, 1994) Somente o trabalho coletivo permitiu que se
pudesse dominar os rios, o homem que se afastava das cidades se afastava das
áreas irrigadas, pondo-se à margem desse processo.
Os
mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de uma unidade política.
Entre eles, sempre predominaram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu
centro político, formando as chamadas cidades-Estados. Cada uma delas
controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de
irrigação. Tinham governo, burocracia própria e eram independentes. Mas, em
algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram
os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de
origem divina. Porém, essas alianças eram temporárias. Segundo Pierre Lévêque
"o Estado mesopotâmico é, primeiro que tudo, uma cidade, à qual o príncipe
está ligado por estreitos laços; é igualmente uma dinastia, legitimação do seu
poder".
Os
vestígios arqueológicos são limitados e por isso não se pode definir como a
organização política e social se dava exatamente dentro de algumas dessas
primeiras cidades. Uma das fontes de referência para o estudo da Mesopotâmia,
que não um dos documentos encontrados nas escavações na região, é a bíblia.
Nela se fazem referências as cidades de Ur, Nínive e Babilônia. Os autores da
Antiguidade como Heródoto, Beroso, Estrabão e Eusébio também fazem referências
à Mesopotâmia. Por isso ao estudar a Mesopotâmia deve-se atentar para a
construção de uma proto-história baseada em evidências fragmentadas e esparsas,
já que as escavações só se iniciam a partir do século XIX, e ainda hoje muitas
lacunas estão expostas.
Sumérios e Acádios (antes de 2
000 a.C.)
De
origem semita, os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da
Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5 000 a.C. pelo povo sumério, que ali
construiu as primeiras cidades de que a humanidade tem conhecimento, como Ur,
Uruk e Lagash. As cidades foram erguidas sobre colinas e fortificadas para que
pudessem ser defendidas da invasão de outros povos que buscavam um melhor lugar
para viver. Sua organização política era semelhante a uma confederação de
cidades-Estado, governadas por um chefe religioso e militar que era denominado
patesi.
Como
a maioria dos povos antigos, os sumérios eram politeístas. Porém os deuses
serviam mais para resolver problemas terrenos do que solucionar os problemas
que fazem parte após a morte. Cada cidade suméria tinha seu Deus
"comandante". Na visão dos sumérios, os deuses tinham comportamentos
parecidos com o das pessoas, praticavam o bem e o mal, e eram muito mais
temidos do que amados.
Os
Sumérios são conhecidos pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme (assim
chamada porque o registro era feito em placas de argila com auxílio de estilete
que imprimia traços com forma de cunha) e desde o quarto milênio a.C., possuíam
um complexo e completo sistema de controle da água dos rios. Realizavam obras
de irrigação, barragens e diques, utilizavam também técnicas de metalurgia do
bronze. Sua organização social influenciou muitos povos que os sucederam na
região.
Após
um período de domínio dos reis elamitas (viviam no sudoeste do atual Irã), os
sumerianos voltaram a gozar de independência.
Grupos
de nômades, vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos territórios ao
norte das regiões sumérias. Conhecidos como acádios, dominaram as
cidades-estados da Suméria por volta de 2 550 a.C. Por volta de 2 400 a.C.,
conseguiram impor a sua hegemonia sob as cidades-Estado sumerianas. Já em 2 330
a.C., o rei acadiano Sargão I promoveu a unificação da porção centro-sul da
Mesopotâmia.
O
período de ascensão do Império Acádio foi relativamente curto, pois diversas
tentativas de invasão militar enfraqueceram seriamente sua unidade política e
territorial. Em 2 180 a.C., os gutis – originários das montanhas da Armênia –
empreenderam uma grande ofensiva contra várias cidades mesopotâmicas. Somente a
cidade de Ur conseguiu reagir contra os gutis e impor sua dominação.
Entretanto, por volta de 2 000 a.C., os povos elamitas deram fim à supremacia
acadiana.
Amoritas (2 000—1 750 a.C.)
Com
o declínio do império fundado por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia um grande
e unificado império que tinha como centro administrativo a cidade da Babilônia,
situada nas margens do rio Eufrates. Os amoritas, povos semitas provenientes da
Arábia, edificaram então o Império Paleobabilônico. Este povo é conhecido
também como "antigos babilônicos", o que os diferencia dos caldeus,
fundadores do Segundo Império Babilônico, denominados neobabilônicos.
O
soberano que mais se destacou foi Hamurabi (1792 a 1750 a.C.), elaborando leis
que ficaram conhecidas como Código de Hamurabi, que tinha como base um código
sumeriano " Ur-nammu". O " Código
de Hamurabi". O caráter das leis que constituíam o Código de Hamurabi
era bastante severo - a pena era equivalente à falta cometida.
Se
um filho agredisse um pai, teria as mãos decepadas. Caso um médico perdesse seu
paciente, responderia pelos seus erros, tendo também as mãos decepadas. Dessa
forma, pode-se dizer que as leis deste governantes se baseavam no princípio do
olho por olho, dente por dente. Apresenta uma série de penas para delitos
domésticos, comerciais, ligados à propriedade, à herança, à escravidão e a
falsas acusações, sempre baseadas na Lei de Talião ("Olho por olho, dente
por dente"). Após sua morte, a Mesopotâmia foi abalada por sucessivas
invasões, até a chegada dos assírios.
Desenvolveram
um preciso relógio de sol.
Assírios (1 300—612 a.C.)
A
partir do final do segundo milênio a.C., passaram a se organizar como sociedade
altamente militar e expansionista. Realizaram diversas conquistas e expandiram
seu domínio para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egito. O centro
administrativo do império assírio era Nínive, onde foi feita a biblioteca real
de Assurbanipal, com mais de 22 000 placas de argila.
O
exército assírio era um dos mais notáveis da Antiguidade, fato que proporcionou
aos assírios o poder de conquistar diversos territórios. A cada território o
exército aumentava ainda mais por causa do alistamento obrigatório que eles
implementaram. Alguns historiadores acreditam que os assírios pudessem colocar
até 100 000 soldados em campo.
Mesmo
com o exército, o império não conseguiu se sustentar, em grande parte pelo fato
de que a maioria da população do império não gostava do regime militar e muitas
vezes cruel, ao qual estavam submissas. Um dos reis que mais se destacou foi Assurbanipal.
Caldeus (612—539 a.C.)
Povo
de origem semita que se estabeleceu na Baixa Mesopotâmia no início do primeiro
milênio a.C., os caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos
assírios (pois, junto com os medos, saquearam Nínive) e pela organização do
novo império babilônico. Nabucodonosor II foi o soberano mais conhecido dos
caldeus. Famoso pela construção dos Jardins Suspensos da Babilônia, governou
por quase sessenta anos e após sua morte os persas dominaram o novo império babilônico.
O império dos caldeus durou apenas 73 anos, pois foi incorporado ao Império
Aquemênida.
Em
linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia
baseou-se na propriedade coletiva das terras administrada pelos templos e
palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas
comunidades. Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sob o
controle do déspota, personificação do Estado, e dos templos. O templo era o
centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as
necessidades, além de proprietário de boa parte das terras: é o que se denomina
cidade-templo.
Estudos
recentes mostram que, além do setor da economia dos templos e do palácio, havia
um setor privado que participava, também, da economia da cidade-estado.
Administradas
por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses,
eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia
entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra.
Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou
arrendatários.
Entre
os sumerianos havia a escravidão, porém o número de escravos era relativamente
pequeno.
Em
contraste com as cheias regulares e benéficas do Nilo, o fluxo das águas dos
rios Tigre e Eufrates, ao subir à Leste pelos Montes Tauro, é irregular e
imprevisível, produzindo condições de seca em um ano e inundações violentas e
destrutivas em outro. Para manter algum tipo de controle, fazia-se necessário a
construção de açudes e canais, além de complexa organização. A construção
dessas estruturas também era dirigida pelo Estado. O controle dos rios exigia
numerosíssima mão-de-obra, que o governo recrutava, organizava e controlava.
A Torre de Babel em seu processo de construção. |
As principais atividades
econômicas da Mesopotâmia eram:
A agricultura. Era base da Economia. A economia
da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C., baseava-se na
agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de
onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), árvores frutíferas,
raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de
pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro
milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto
já no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado semeador, a
grade e carros de roda;
A criação de animais. A criação de carneiros, burros,
bois, gansos e patos era bastante desenvolvida;
O Comércio. Os comerciantes eram
funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer
negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias
primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam
vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre
de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes,
além de pedras preciosas e perfumes. As transações comerciais eram feitas na
base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada
e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais
atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comércio muito
intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava operações
como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos,
escrituras e cartas de crédito. O comércio foi uma figura importante na
sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças
significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da forma de
produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.
Zigurate, construção que armazenava alimentos,mas também servia
de templo religioso para os vários deuses da natureza.
|
As principais ciências estudadas
foram:
A Astronomia. Entre os babilônicos, foi a
principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da
astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos
templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os
planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o
ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze
horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os
elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à
astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus;
A Matemática. Entre os caldeus, alcançou
grande progresso. As necessidades do dia a dia levaram a um certo
desenvolvimento da matemática. Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático
sexagesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados das
multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz cúbica e equações do segundo
grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem seguidos nessas operações,
através da multiplicação dos exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas
operações, o que tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Também
dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas
dos logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento, superfície e
capacidade de peso;
A Medicina. Os progressos da medicina foram
grandes (catalogação das plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito
e a matemática, a medicina estava ligada a adivinhação. Contudo, a medicina não
era confundida com a simples magia. Os médicos da Mesopotâmia, cuja profissão
era bastante considerada, não acreditavam que todos os males tinham origem
sobrenatural, já que utilizavam medicamentos à base de plantas e faziam
tratamentos cirúrgicos. Geralmente, o medico trabalhava junto com um exorcista,
para expulsar os demônios, e recorria aos adivinhos, para diagnosticar os
males.
Cultura
Escrita
Alfabeto mesopotâmico traduzido |
A
escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e
persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Era uma
escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma ideia. Os
sumérios - e, mais tarde os babilônicos e os assírios, que falavam acadiano -
fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e
escribas começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma
relação com o objeto representado. As convenções eram conhecidas por eles, os
encarregados da linguagem culta, e procuravam representar os sons da fala
humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita fonética,
que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizado nos registros de
contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Quem decifrou a escrita
cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A chave dessa façanha ele obteve nas
inscrições da Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca mensagem
de 20 metros de comprimento por 7 de altura. A mensagem fora talhada na pedra
pelo rei Dario, e Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita
(antigo persa, elamita e arcádio - também chamado de assírio ou babilônico). O
alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent também se destacaram
nos estudos da escrita sumeriana.
Literatura
Da
literatura mesopotâmica sobraram diversos textos e fragmentos, muitos ainda em
vias de decifração e tradução. Uma característica comum à maioria dos textos é
sua origem estatal, especialmente no caso da religião e dos negócios. Há ainda
crônicas sobre os feitos dos governantes e dos deuses, hinos, fábulas, versos,
além de anotações de comerciantes. Tudo isso encontra-se registrado em tábuas
de argila, em escrita cuneiforme, assim denominada porque seus caracteres têm
forma de cunha. Destacam-se o Mito da Criação e a Epopeia de Gilgamesh -
aventura de amor e coragem desse herói deus, cujo objetivo era obter a
imortalidade.
Leis
O monólito negro no qual está escrito o código de
Hamurábi
|
O
Código de Hamurábi, até pouco tempo o primeiro código de leis que se tinha
notícia, é uma compilação de leis sumerianas mescladas com tradições semitas.
Ele apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de
penas para uma vasta gama de crimes. Contém 282 leis, abrangendo praticamente
todos os aspectos da vida babilônica, passando pelo comércio, propriedade,
herança, direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações e escravidão.
Suas principais características são: Pena ou Lei de Talião, isto é, “olho por
olho, dente por dente” (o castigo do criminoso deveria ser exatamente
proporcional ao crime por ele cometido), desigualdade perante a lei (as
punições variavam de acordo com a posição social da vitima e do infrator),
divisão da sociedade em classes (os homens livres, os escravos e um grupo
intermediário pouco conhecido – os mushkhinum) e igualdade de filiação na
distribuição da herança. O Código de Hamurábi reflete a preocupação em
disciplinar a vida econômica (controle dos preços, organização dos artesãos,
etc.) e garantir o regime de propriedade privada da terra. Os textos jurídicos
mesopotâmicos invocavam os deuses da justiça, os mesmos da adivinhação, que
decretavam as leis e presidiam os julgamentos.
Anterior
ao Código de Hamurábi, tem-se o Código de Ur-Nammu, descoberto em 1952 pelo
assiriólogo e professor Samuel Noah Kromer.
Arte da Mesopotâmia
A Arquitetura. A mais desenvolvida das artes , porém
não era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo
luxo. Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias dos
existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na região;. O
zigurate, torre piramidal, de base retangular, composto de vários pisos
superpostos, formadas por sucessivos andares, cada um menor que o anterior.
Construção característica das cidades-estados sumerianos. Nas construções,
empregavam argilas, ladrilhos e tijolos. Provavelmente só os sacerdotes tinham
acesso à torre, que tanto podia ser um santuário, como um local de observações
astronômicas.
As
muralhas construídas por Nabucodonosor eram tão largas, que sobre elas
realizavam-se corridas de carros. Mais famosas foi as portas, cada uma dedicada
a uma divindades e ornamentadas com grandes figuras em relevo. O caminho das
procissões e a porta azul de Ishatar (deusa do amor e da fertilidade) eram
decorados com figuras em cerâmicas esmaltada. A porta encontra-se no Museu de
Berlim, mas suas cores desapareceram.
Escultura e pintura. Tanto a escultura quanto a
pintura eram fundamentalmente decorativas. A escultura era pobre, representada
pelo baixo relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original. Os
relevos do palácio de Assurbanipal são obras de artistas excepcionais. A
pintura mural existia em função da arquitetura.
Um
dos raros testemunhos da pintura mesopotâmica foi encontrado no Palácio de
Mari, descoberto entre 1933 e 1955. Embora as tintas utilizadas fossem
extremamente vulneráveis ao tempo, nos poucos fragmentos que restaram é
possível perceber o seu brilho e vivacidade. Seus artistas possuíam uma técnica
talvez superior à que lhes era permitido demonstrar.
"Leis da frontalidade"
Como
era preciso colocar figuras tridimensionais, em uma superfície bidimensional, a
imagem sofria um rígido processo de distorção: onde a cabeça, pernas e pés eram
representados de perfil e o busto de frente.
Música e dança
A
música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à
religião.
Quando
os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com
acompanhamento de música. Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões:
"Glória, louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus",
seguindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o
fiel.
Nas
cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: "aí de nós",
exclamavam eles, relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se
das desditas que desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons
surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto
interromper-se e as onomatopeias "ua", "ui",
"ua", sucederem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia
interromper a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tivessem
gemido bastante.
A
procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e
mesmo as cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que
representa a tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e
se apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do
cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.
O
canto também tinha ligações com a magia.
Há
cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, de
guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, entre os
viajantes, o estado de transe.
A
dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da
semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer
chover, para guerra, de caça, de amor etc.
Danças
rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em
Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian,
região de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as
mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se
danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).
Religião
Os
deuses, extremamente numerosos, eram representados à imagem e semelhança dos
seres humanos. O sol, a lua, os rios, outros elementos da natureza e entidades
sobrenaturais, também eram cultuados. Embora cada cidade possuísse seu próprio
deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos. Na
Mesopotâmia, os deuses representavam o bem e o mal, tanto que adotavam castigos
contra quem não cumpria com as obrigações.
O
centro da civilização sumeriana era o templo, a casa dos deuses que governava a
cidade, além de centro da acumulação de riqueza. Ao redor do templo
desenvolvia-se a atividade comercial. O patesi representava o deus e combinava
poderes políticos e religiosos.
Apenas
aos sacerdotes era permitida a entrada no templo e dele era a total
responsabilidade de cuidar da adoração aos deuses e fazer com que atendessem as
necessidades da comunidade. Os sacerdotes do templo estavam livres dos
trabalhos nos campos, dirigiriam os trabalhos de construção de canais de
irrigação, reservatórios e diques. O deus através dos sacerdotes emprestava aos
camponeses animais, sementes, arados e arrendava os campos. Ao pagar o
“empréstimo”, o devedor acrescentava a ele uma “oferenda” de agradecimento. Com
a necessidade de controlar os bens doados aos deuses e prestar contas da
administração das riquezas do templo iniciou-se o sistema de contagem e a
escrita cuneiforme. Como exemplo do poder dos deuses em Lagash, o campo era
repartido nas posses de aproximadamente 20 divindades, uma destas, Baú, possui
cerca de 3250 hectares, das quais três quartos atribuídos, um em lotes, as
famílias singulares, um quarto cultivado por assalariados, por arrendatários
(que pagam um sétimo ou um oitavo do produto) ou pelo trabalho gratuito dos
outros camponeses. Em seu templo trabalham 21 padeiros auxiliados por 27
escravas, 25 cervejeiros com 6 escravos, 4 mulheres encarregadas do preparo da
lã, fiandeiras, tecelãs, um ferreiro, alem dos funcionários, dos escribas e dos
sacerdotes.
A
concepção de uma vida além-túmulo era confusa. Acreditavam que os mortos iam
para junto de Nergal, o deus que guardava um reino de onde não se poderia
voltar.
Personalidades históricas da
Mesopotâmia
·
Assurbanípal
·
Hamurabi
·
Marduque
·
Nabucodonosor
II
·
Sargão
·
Semíramis
·
Tiglate-Pileser
III
Cidades e regiões históricas da
Mesopotâmia
·
Império
Acádio
·
Acádia
·
Assíria
·
Assur
·
Império
Babilônico
·
Império
Paleobabilônico
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Império
Neobabilônico
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Babilônia
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Caldeia
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Kish
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Lagash
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Nimrod
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Nínive
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Nipur
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Samara
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Suméria
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Umma
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Ur
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Uruk
·
Império
Aquemênida