Mouros, mauritanos, mauros ou
sarracenos são
considerados, originalmente, os povos oriundos do Norte de África, praticantes
do Islã, nomeadamente Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara Ocidental,
invasores da região da Península Ibérica, Sicília, Malta e parte de França,
durante a Idade Média.
Estes povos consistiam fundamentalmente aos grupos étnicos berberes e árabes, que constituem o âmago de etnicidade da África setentrional. O período da Reconquista marca a expulsão destes povos da Península Ibérica, consubstanciando-se também numa cruzada histórica entre a religião dos mouros, o islão, e a religião dos povos da Península Ibérica, o catolicismo.
Estes povos consistiam fundamentalmente aos grupos étnicos berberes e árabes, que constituem o âmago de etnicidade da África setentrional. O período da Reconquista marca a expulsão destes povos da Península Ibérica, consubstanciando-se também numa cruzada histórica entre a religião dos mouros, o islão, e a religião dos povos da Península Ibérica, o catolicismo.
"Mouro"
e "mauro" provêm do latim maurus. "Sarraceno" provém do
árabe xarquiim, plural de xarquii, "oriental", através do grego
bizantino sarakenoí e do latim sarracenu.
Nota-se
que a maior parte dos mouros da Península Ibérica eram descendentes de ibéricos
convertidos ao islamismo. Portanto, não havia significativa diferença fenótipa
entre mouros e cristãos da Ibéria.
Na
Antiguidade, os romanos denominavam "mauros" (em latim: mauri) às populações
que habitavam a região noroeste da África, que por sua vez designavam de
Mauritânia. Estas populações pertenciam a grupo étnico maior, o dos berberes,
que posteriormente, à época da expansão islâmica (século VII), vieram a adotar
esta religião, muitos dos quais adotando mesmo a língua árabe, além do idioma
nativo. Estas populações juntaram-se aos árabes na conquista da península
Ibérica durante o século VIII. A chamada "civilização moura" ou
"civilização mourisca", que floresceu na Idade Média, era
predominantemente árabe.
Com
o avanço do processo da Reconquista, os mouros perderam grande parte de seu
território na península no final do século XIII. Finalmente, em 1492, os Reis
Católicos conquistaram o Reino de Granada e expulsaram os últimos mouros da
península. A maioria dos refugiados estabeleceu-se no norte de África.
Castelo
dos Mouros, em Sintra
|
Desse
modo, a palavra "mouro" pode referir-se a todos os habitantes do
noroeste da África que são muçulmanos ou falam o árabe ou, ainda, aos muçulmanos
de origem espanhola, judaica ou turca que vivem no norte da África. Em francês,
"maure" (mouro) designa os nômades da região do Saara Ocidental.
"Mouro" aplica-se ainda aos muçulmanos cingaleses-árabes do Sri
Lanca. Na língua castelhana, "moro" também se refere aos muçulmanos
que vivem no sul das Filipinas.
Origem étnica dos mouros ibéricos
Com
a invasão muçulmana da Península Ibérica, iniciou-se um processo gradual de
conversão da população ibérica do cristianismo para o islamismo, assim como
ocorreu em outras regiões dominadas pelos árabes. Segundo o historiador R. W.
Bulliet, até o ano 800, apenas 8% da população autóctone de Al-Andalus havia se
convertido ao islamismo. Em meados do século IX, essa proporção chegou a 12,5%.
Ter-se-ia duplicado e chegado a 25% até 900, e em 950 a cifra teria voltado a
duplicar. Até o ano 1000, 75% da população ibérica já era muçulmana, e a partir
daí se estabilizou. Os restantes 25% eram compostos pelas minorias cristãs e
judaicas. Portanto, a maioria dos mouros ibéricos eram descendentes de cristãos
convertidos ao islamismo, que acabaram, com o passar das gerações, esquecendo
suas origens e assumindo uma identidade árabe, do mesmo modo que ocorreu com os
berberes do Norte da África. Em consequência, não havia diferenças fenótipas
significativas entre muçulmanos e cristãos ibéricos. Houve, contudo, a migração
de populações berberes do norte da África e, em menor medida, de árabes, que
foram assimilados na população. .
São
Martinho de Mouros e sua igreja matriz feita fortaleza que ajudou
Fernando
Magno a vencer os mouros em 1057
|
Com
o avanço da reconquista cristã, houve o caminho inverso: muitos muçulmanos
converteram-se ao cristianismo. Em Portugal, a população moura já estava
bastante iberizada, e a sua assimilação na sociedade portuguesa aconteceu sem
maiores problemas. Na Espanha, por outro lado, ainda havia uma grande população
muçulmana não assimilada, que foi perseguida pela Inquisição e expulsa do país
no século XVII.
A
Expulsão dos Mouriscos (1894), de Gabriel Puig Roda.
|
A
tabela abaixo mostra a quantidade de mouros que foram expulsos da Espanha,
entre 1609 e 1613.
·
Valencia.........................
117.464
·
Aragón..............................60.818
·
Cataluña.............................3.716
·
Castilla
y Extremadura......44.625
·
Murcia...............................13.552
·
Andalucía
occidental........29.939
·
Granada.............................2.026
·
TOTAL...........................270.140