Abadia de Westminster |
A Igreja da Inglaterra (em inglês: Church of England),
também denominada Igreja Anglicana é a igreja nacional e denominação cristã
estabelecida oficialmente na Inglaterra, a matriz principal da atual Comunhão
Anglicana ligada à Sé da Cantuária, Inglaterra, bem como é membro-fundador da
Comunhão de Porvoo.
Fora da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal, principalmente nos Estados Unidos da América e países da América Latina.
Fora da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal, principalmente nos Estados Unidos da América e países da América Latina.
A
Igreja define sua origem entre os antigos celtas, e que no século VI teve sua
igreja incorporada à Igreja Católica Romana pelas missões gregorianas do século
VI, lideradas por Agostinho da Cantuária. A igreja inglesa renunciou a
autoridade papal e voltou a ser independente de Roma quando Henrique VIII de
Inglaterra buscou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão em meados
do século XVI, iniciando uma grande disputa entre os líderes e polarizando o
cristianismo inglês. A Reforma Inglesa subsequente foi fortalecida pelos
regentes de Eduardo VI, precedendo uma breve restauração católica promovida por
Maria I. Contudo, o Ato de Supremacia de 1559 renovou-a e permitiu que adotasse
uma posição ambiguamente Católica e Reformada.
Nos
primórdios da Reforma Inglesa, inspirada na Reforma Protestante de Martinho
Lutero, havia uma grande quantidade de mártires católicos, porém protestantes
radicais foram igualmente perseguidos em determinados períodos. Em fases
posteriores, desenvolveram-se leis penais voltadas tanto aos católicos, quanto
aos protestantes não-conformistas. Em meados do século XVII, as disputas
político-religiosas acentuaram-se entre os puritanos e presbiterianos, culminando
na Restauração de 1660. As disputas e perseguições permaneceriam até meados do
século XVIII. Somente o reconhecimento papal da coroação do Rei Jorge III, em
1766, acarretou uma maior tolerância religiosa na Inglaterra.
Desde
a Reforma Inglesa, a Igreja de Inglaterra têm desenvolvido sua liturgia em
língua inglesa. A igreja alberga distintos ramos doutrinários, sendo os três
principais os seguintes: Anglocatolicismo, Evangelicalismo e Igreja geral. As
tensões entre tais grupos teológicos dentro da mesma denominação religiosa,
giram em torno de temas controversos como, especialmente, ordenação feminina ao
ministério e homossexualidade. E também entre Bispos que apoiam a poligamia,
mas rejeitam a homossexualidade.
A
estrutura de governo eclesiástico anglicano têm como unidade básica a diocese,
cada uma presidida por um bispo; sendo que cada diocese abriga algumas
paróquias locais. O Arcebispo da Cantuária é o Primaz de toda a Comunhão
Anglicana, liderando a Igreja de Inglaterra e atuando com foco na unidade da
mesma e para com a Comunhão Anglicana. O Monarca britânico, por sua vez, é o
Governador Supremo da Igreja de Inglaterra, um cargo amplamente cerimonial. Em
sua estrutura legislativa, a Igreja é regida pelo Sínodo Geral da Igreja de
Inglaterra, sendo este composto por bispos, clérigos e leigos, e regularizado
pelo Parlamento do Reino Unido.
Cristianismo na Grã-Bretanha
Não
se sabe exatamente quando o cristianismo se estabeleceu nas Ilhas Britânicas,
mas é certo que já existia antes do século III, possivelmente a partir de
missionários fugidos das perseguições às quais os primeiros cristãos estavam
sujeitos. Os primeiros registros da presença cristã naquela região foram feitos
pelo historiador e escritor Tertuliano, no ano de 208 d.C. Mais tarde, no
Concílio de Arles, realizado em 314 d.C. na França, compareceram três bispos de
uma Igreja que existia na Inglaterra sem o conhecimento da Igreja Romana.
A Igreja de São Martinho, na Cantuária, a mais antiga paróquia anglicana ainda em funcionamento. |
No
ano de 595 d.C., o papa Gregório I, também conhecido como Gregório Magno,
mandou um grupo de monges beneditinos, chefiado pelo monge Agostinho, prior do
Convento de Santo André, na Sicília, para converter a Inglaterra ao
catolicismo. Agostinho foi o primeiro arcebispo da Cantuária (em inglês, Canterbury),
que é a Sé Primaz de referência para a atual Comunhão Anglicana, e passou a ser
conhecido como Agostinho de Cantuária. Com o tempo, boa parte dos costumes da
Igreja celta cedeu à forma latina do cristianismo implantada por Agostinho nas
terras inglesas.
Origem do anglicanismo na
Grã-Bretanha
Em
1534, a Igreja da Inglaterra se separou em definitivo da Igreja Católica
Romana, por iniciativa do rei Henrique VIII, da Casa de Tudor. A princípio
havia se mostrado um leal defensor do catolicismo, que fez queimar publicamente
os escritos de Lutero. Mas por conta do conflito havido com o papa Clemente
VII, relacionado com o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de
Aragão, para se casar com Ana Bolena e ter descendentes homens, resolveu romper
com Roma. A cisão se deu através do Ato de Supremacia, confiscando todas as
propriedades que a Igreja Católica possuía na Inglaterra.
O teólogo Richard Hooker (1554–1600) é uma das mais proeminentes figuras da história anglicana. |
A
emancipação da Igreja da Inglaterra da autoridade papal, através da iniciativa
do rei Henrique VIII, não transformou a Inglaterra num país verdadeiramente
protestante, pois a Igreja permaneceu católica quanto à doutrina. Somente no
reinado de sua filha, Elisabeth I, a Igreja se firmara no caminho da via média
entre catolicismo e protestantismo, característica que mantém até a presente
época. Assim, não se pode, historicamente, atribuir a Henrique VIII o título de
fundador da Igreja Anglicana.
Doutrina do Anglicanismo
A
lei canónica da Igreja de Inglaterra identifica as Sagradas Escrituras como sua
fonte doutrinária. Além disto, a doutrina também deriva dos ensinamentos dos
Pais da Igreja e dos concílios ecumênicos (assim como de seus subsequentes
credos ecumênicos), uma vez que em concordância plena com as Escrituras. Esta
doutrina é expressa mais especificamente através dos Trinta e Nove Artigos de
Religião, do Livro de Oração Comum e do Ordinal - este último que contém os
ritos de ordenação de diáconos e padres e da consagração episcopal. Ao contrário
de outras tradições religiosas, a Igreja de Inglaterra não possui uma linha
teológica única considerada como a fundadora ou original. Contudo, a
perspectiva de Richard Hooker das Escrituras e da tradição eclesiástica, são
tida ainda hoje como base da identidade Anglicana.
O
perfil doutrinário anglicano tal como se encontra nos dias atuais resulta em
muito da Era Elisabetana, durante a qual perdurou o estabelecimento de uma
certa forma de "via média" entre o Catolicismo e o Protestantismo. A
Igreja de Inglaterra afirma o princípio advindo da Reforma Protestante de que
as Escrituras contém todas as ideias e concepções concernentes à Salvação e
constituem o árbitro definitivo para questões doutrinárias. Os Trinta e Nove
Artigos são a única confissão de fé da Igreja. Apesar de não configurar um
sistema doutrinário completo e fechado, os artigos lançam luz sobre temas de
concordância com o Luteranismo e outras linhas Reformadas, ao mesmo tempo em
que distinguindo-o do Catolicismo romano e do Anabatismo.
A
Igreja Anglicana não só abarca crenças oriundas da Reforma Protestante, como
também manteve tradições católicas da Igreja Primitiva e pensamentos
desenvolvidos e defendidos ao longo da Era Patrística, uma vez que em
concordância plena com as Escrituras. O Anglicanismo aceita as estipulações dos
quatro primeiros concílios ecumênicos, incluindo a crença na Trindade e na
Encarnação. A Igreja de Inglaterra também preserva a ordenação e a forma de
governo episcopal, conforme desenvolvidos pela Igreja Romana. Alguns estudiosos
consideram isto essencial, enquanto outros consideram necessária uma
reformulação em conseguinte à identidade da Igreja.
A
Igreja de Inglaterra possui, como uma de suas marcas distintivas, uma
"mentalidade ampla e aberta". Este postura tolerante têm permitido a
coexistência das tradições católica e reformada. O Anglicanismo, como um todo,
costuma ser entendido como constituído de três cisões: Alta igreja (ou
Anglo-Católica), Baixa igreja (ou Evangélica) e Igreja geral (ou liberal). A
alta igreja enfatiza a significância da continuidade com o Catolicismo
pré-Reforma, a adesão aos costumes litúrgicos e à natureza sacerdotal do
ministério. Como a nomenclatura sugere, os Anglo-católicos mantém inúmeras
práticas e formas litúrgicas católicas. A baixa igreja enfatiza a herança
protestante, tanto litúrgica como teologicamente. Historicamente, a igreja
geral têm sido descrita como uma mediação entre ambas as linhas teológicas,
embora voltada a um Protestantismo mais liberal.
Liturgia
Conforme
estabelecido pela Lei Inglesa, a fonte litúrgica oficial da Igreja de
Inglaterra é o Livro de Oração Comum. Além deste documento, o Sínodo Geral
também legisla para um livro litúrgico moderno, o Liturgia Comum, publicada
desde 2000 e utilizada alternativamente. Assim como seu antecessor, o Livro
Alternativo de Serviço de 1980, este diverge do Livro de Oração Comum por
prover uma gama de serviços alternativos, muitos em linguagem moderna, apesar
de não incluir algumas bases, como por exemplo, a Ordem Dois para Santa
Comunhão.
As
liturgias são organizadas de acordo com ano e calendário litúrgicos. Os
sacramentos do Batismo e da Eucaristia são considerados necessários para a
Salvação, sendo o pedobatismo amplamente defendido e praticado. Já mais
avançados em idade, os indivíduos previamente batizados recebem a Confirmação
por um bispo, reafirmando seu compromisso com a fé cristã e anglicana. A
Eucaristia, consagrada por oração de ação de graças incluindo as palavras da
instituição proferidas por Jesus Cristo, é considerada um ato "memorial
dos atos redentores de Cristo, no qual o Cristo se faz efetiva e objetivamente
presente pela fé".
A
utilização de hinos e música na Igreja de Inglaterra têm sido fortemente
modificada ao longo dos séculos. O tradicional canto vespertino é um marco distintivo
da maioria das catedrais. A entoação de salmos, ainda presente no Anglicanismo,
por sua vez, é uma marca que data de volta aos primórdios da fé cristã inglesa.
Durante o século XVIII, clérigos como Charles Wesley introduziram novos estilos
de adoração e hinos poéticos.
Reforma Inglesa e Movimento de
Oxford
A Igreja da Inglaterra
compreende-se como "católica" e "reformada":
Católica
(Alta Igreja) na medida em que se define como uma parte da Igreja Católica de
Jesus Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica. Também
se assemelha de Igreja Católica Romana em sua dogmas e ritos. Surgiu no século
XIX, no Movimento de Oxford, já que a Igreja Anglicana era totalmente
protestante.
Protestante
(Baixa Igreja), na medida em que ela foi moldada por alguns dos princípios
doutrinários e institucionais da Reforma Protestante do século XVI, nos
princípios presbiterianos (ou calvinistas). O seu caráter mais reformado
encontra-se na expressão dos Trinta e Nove Artigos de Religião, elaborado em
1563 como parte do estabelecimento da via média de religião sob a rainha Isabel
I de Inglaterra. Os costumes e a liturgia da Igreja da Inglaterra, expresso no
Livro de Oração Comum (em inglês, The Book of Common Prayer - BCP), são
baseados em tradições da pré-Reforma, com influência dos princípios da Reforma
litúrgica e doutrinária de inspiração protestante.
P.
Surgiu originalmente com a Igreja, sendo o segmento anglicano mais antigo.
Membresia
Dados
oficiais do ano de 2005 indicam o número de 25 milhões de Anglicanos batizados
em Inglaterra e País de Gales. Devido à sua condição como denominação cristã
estabelecida, em geral, todo cidadão destes países pode contrair matrimônio,
batizar seus filhos ou realizar cerimônias fúnebres em uma paróquia anglicana,
independentemente de serem membros regulares de algumas destas.
Entre
1890 e 2001, a frequência nas igrejas do Reino Unido sofreu um forte declínio.
Entre 1968 e 1999, a frequência aos serviços dominicais em paróquias anglicanas
praticamente desapareceu, caindo de uma média de 3,5% para 1,9%. Uma pesquisa
publicada em 2008 sugeriu que as taxas de frequências aos serviços dominicais
sofreriam uma queda ainda maior nas próximas décadas.
Em
2011, a Igreja de Inglaterra publicou estatísticas demonstrando que 1,7 milhão
de pessoas frequentam, pelo menos, um serviço religioso mensalmente, um padrão
que vem sendo mantido desde o ano 2000; aproximadamente um milhão participa dos
serviços dominicais e três milhões dirigem-se às paróquias para serviços
específicos de Natal. A Igreja também afirma que 30% frequentam os serviços
dominicais pelo menos uma vez ao ano; sendo mais de 40% participantes de
casamentos e funerais em suas paróquias locais. Nacionalmente, a Igreja de
Inglaterra batiza uma a cada oito crianças nascidas anualmente.
A
Igreja de Inglaterra possui 18.000 clérigos ordenados em atividade e outros
10.000 licenciados. Em 2009, 491 indivíduos foram indicados ao treinamento para
ordenação, mesma média desde o ano 2000, e 564 novos clérigos (266 do sexo
feminino e 298 do sexo masculino) foram ordenados. Mais da metade destes
ordenados (193 do sexo masculino e 116 do sexo feminino) foram indicados ao
ministério remunerado. Em 2011, 504 novos clérigos foram ordenados, sendo 264
para ministério remunerado, e 349 leitores.
Anglicanos independentes
Na
segunda metade do século XIX, por divergências teológicas e pastorais no seio
do anglicanismo, surgiram várias denominações anglicanas independentes, ou
continuantes, principalmente na América do Norte, Austrália e em vários países
em desenvolvimento. Concomitante a este fenômeno, houve em sentido contrário o
aparecimento de "movimentos de convergência", nos quais protestantes
ou católicos (ex: Velha Igreja Católica) aproximaram-se do anglicanismo e do
catolicismo e buscaram estabelecer igrejas com doutrinas e práticas anglicanas.
Exemplos disso são a Igreja Católica Apostólica Carismática da International
Communion of the Charismatic Episcopal Church e a Comunhão Internacional das
Igrejas Episcopais Evangélicas.
Estrutura
O
Artigo XIX dos Trinta e Nove Artigos de Religião define a igreja como:
“A igreja visível de Cristo é uma
congregação de fiéis, onde se prega a pura Palavra de Deus e se administram
devidamente os sacramentos, segundo a instituição de Cristo, em todas as coisas
que necessariamente se requerem neles. ”
O
Monarca britânico detém o título constitucional de Governador Supremo da Igreja
de Inglaterra. A lei canônica da Igreja da Inglaterra afirma: "Reconhecemos que a mais excelente
Majestade do Monarca, atuando de acordo com as leis do Reino, é o mais alto
poder sob Deus neste reino, e possui suprema autoridade sobre todos os cidadãos
em todas as instâncias, civis e eclesiásticas." Na prática, contudo,
este poder é exercido através do Parlamento e do Primeiro-ministro.
A
Igreja da Irlanda e a Igreja em Gales separaram-se da Igreja de Inglaterra em
1869 e 1920, respectivamente, constituindo igrejas autônomas dentro da Comunhão
Anglicana; Na Escócia, a igreja nacional, Igreja da Escócia, é de orientação
presbiteriana, sendo assim, o Anglicanismo no país é representado pela Igreja
Episcopal Escocesa, que também integra a Comunhão Anglicana.
Para
além da Inglaterra, a jurisdição da Igreja de Inglaterra estende-se até a Ilha
de Man, as Ilhas do Canal e algumas paróquias nos condados galeses de
Flintshire, Monmouthshire, Powys e Radnorshire, que optaram por não unir-se à
Igreja de Gales, permanecendo ligados à Cantuária. As congregações de
expatriados no continente compõem a Diocese de Gibraltar.
A Igreja de Inglaterra é
estruturada da seguinte forma:
Paróquia é o nível mais básico de
organização eclesiástica, consistindo de um templo ou uma comunidade anglicana,
apesar de muitas estarem unindo-se por questões financeiras. A paróquia é
regida por um padre que, por questões históricas e/ou legais, pode ser chamado
de vigário ou reitor. O pároco divide os encargos da condução da paróquia com o
Conselho Paroquial, que consiste em clérigos e representantes leigos eleitos
pela congregação. A Diocese de Gibraltar, conforme citado anteriormente, não é
formalmente dividida em paróquias; assim como há paróquias que não integram
nenhuma diocese. Nas áreas urbanas, há ainda um grande número de capelas
particulares (privadas), construídas sobretudo no século XIX por questões de
expansão populacional.
Forania é uma área conduzida pelo Deão
Rural. Consiste em um grupo de paróquias de um particular distrito. O deão
rural é geralmente o incumbente de uma das paróquias constituintes, que elegem
seus representantes ao sínodo local. Os membros do sínodo da forania elegem
membros ao sínodo diocesano.
Arcediagado é uma área sob autoridade do
arcediago, sendo em número de sete na Diocese de Gibraltar na Europa.
Diocese é a área sob jurisdição de um
bispo diocesano. Podem haver somente um ou mais bispos a ele subordinados,
geralmente chamados de bispos sufragâneos, que auxiliam o bispo titular na
condução dos assuntos diocesanos. Nas dioceses mais extensas, é comum a criação
de "áreas episcopais", às quais o bispo diocesano nomeia seus
sufragâneos para conduzi-las. Os bispos trabalham com um corpo eleito de
representantes ordenados, conhecido como Sínodo Diocesano, para condução da
diocese. A diocese é subdividida em um número de arcediagados.
Província
é uma área sob jurisdição de um arcebispo. Na Igreja de Inglaterra, há somente
dois deles: o Arcebispo da Cantuária e o Arcebispo de Iorque. A província é
subdividida em várias dioceses.
Primazia é a condição de cada Arcebispo
da Igreja de Inglaterra, intitulados também de "Primaz de Toda a
Inglaterra" (no caso do Arcebispo da Cantuária) e de "Primaz da
Inglaterra" (no caso do Arcebispo de Iorque) e tem poderes que se estendem
sobre todo o país - como, por exemplo, autoridade para celebrar matrimônios sem
habilitação.
Royal
Peculiar, um pequeno número de templos historicamente associados à Coroa,
estando além da hierarquia usual da Igreja de Inglaterra. São administrados
como jurisdições episcopais especiais.
Cargos
Primazia
O
mais tradicional bispo da Igreja de Inglaterra é o Arcebispo da Cantuária,
sendo este também o metropolita da província do sul da Inglaterra, a Província
da Cantuária. Além disto, detém também o título de Primaz de Toda Inglaterra.
Seu foco é trabalhar para promover a unidade da Igreja de Inglaterra e a
integração de toda a Comunhão Anglicana. O atual Arcebispo da Cantuária é
Justin Welby, confirmado por eleição em 4 de fevereiro de 2013.
O
segundo mais tradicional bispado é o Arcebispo de Iorque, o metropolita da
província do norte da Inglaterra, a Província de Iorque. Por razões históricas
(relativas ao controle danês sobre a região), o Arcebispo de Iorque é referido
como Primaz da Inglaterra. O Bispo John Sentamu foi entronizado Arcebispo de
Iorque em 2005. Abaixo destes dois primazes, o Bispo de Londres, Bispo de
Durham e o Bispo de Winchester são também considerados os principais ordenados
da Igreja de Inglaterra.
Anglicanismo no Brasil
A
presença do anglicanismo no Brasil teve início após a vinda da corte portuguesa
ao Rio de Janeiro. Com o Tratado de Comércio e Navegação de 1810 entre Portugal
e Inglaterra, permitiu-se a construção de igrejas não católicas romanas, desde
que os templos tivessem a aparência de uma residência comum, sem torres ou
sinos, e não buscassem a conversão de cristãos católicos brasileiros.
Desta
forma, o primeiro templo não católico romano construído no Brasil foi da Igreja
Anglicana, considerado também o primeiro na América do Sul, na cidade do Rio de
Janeiro. Antes da liberdade de culto aprovada pelo poder régio, os anglicanos
residentes no Brasil reuniam-se em residências e navios ingleses para
realizarem seus cultos. As primeiras capelanias ficaram subordinadas
diretamente à Igreja da Inglaterra, e atendiam somente súditos ingleses. Foram
construídas capelas em São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Belém e Recife.
Missionários americanos e a
indigenização
Aproximadamente
na década de 1860 houve a tentativa de se implantar a igreja anglicana voltada
para o povo brasileiro. Para isso o missionário estadunidense Rev. Richard
Holden tentou abrir a primeira missão em Belém do Pará, e depois em Salvador da
Bahia, mas essas iniciativas foram mal-sucedidas.
Em
1890 missionários estadunidenses, egressos do Seminário da Virgínia, chegaram
ao Rio Grande do Sul, onde estabeleceram as primeiras comunidades brasileiras,
subordinadas à Igreja Protestante Episcopal dos Estados Unidos da América (em
inglês, The Protestant Episcopal Church of United States of America - PECUSA).
Em 1º de junho de 1890, James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving realizaram,
na cidade de Porto Alegre, o primeiro culto da Igreja Protestante Episcopal no
Sul dos Estados Unidos do Brasil, que foi o primitivo nome da Igreja Anglicana
em terras brasileiras. Depois esta passou a ser chamada de Igreja Protestante
dos Estados Unidos do Brasil, Igreja Episcopal Brasileira, Igreja Episcopal do
Brasil e, atualmente Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, que se tornou a 19ª
Província da Comunhão Anglicana ligada à Sé de Cantuária, Inglaterra após sua
emancipação da então Igreja Episcopal dos Estados Unidos da América (em inglês,
The Episcopal Church of United States of America - ECUSA).
O
anglicanismo consolidou-se entre outras etnias no Brasil: conquistou
teuto-brasileiros no Rio Grande do Sul, principalmente pelas atividades de
Lindolfo Collor, imigrantes japoneses em São Paulo e Paraná, pelo trabalho
missionário do Reverendo Barnabé Kenzo Ono, e classe média da Zona da Mata
nordestina.
A
partir do final da década de 1990, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
começou a ter conflitos internos, à semelhança do ocorrido na Igreja Episcopal
dos Estados Unidos da América: questões ligadas ao liberalismo versus ortodoxia
e modernismo versus Tradição. Assim, surgem as Igrejas Anglicanas independentes
ou continuantes também no Brasil. O fenômeno da fratura no Anglicanismo
brasileiro aconteceu como nos demais sistemas eclesiais cristãos.
Jurisdições anglicanas no Brasil
No
Brasil, a partir das divisões ocorridas na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
e da chegada de jurisdições autônomas estrangeiras, existem diversas
denominações anglicanas. Devido à diversidade das vertentes existentes no
anglicanismo (quais sejam: anglo-católica, evangélica, liberal e carismática),
encontram-se no País representantes de todas elas.
Jurisdição integrante da Comunhão
Anglicana unida à Sé de Cantuária
Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil. É a 19ª Província da Comunhão Anglicana unida à
Sé de Cantuária.
Jurisdições
separadas com origem na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB)
Diocese
do Recife, Diocese Anglicana que se desligou da IEAB por discordar da ordenação
de homossexuais praticantes as sagradas ordens. Hoje é uma diocese extra
provincial do Gafcon/FCA, dos primazes da Comunhão Anglicana.
Movimento
Anglicano no Brasil, movimento eclesial oriundo de um cisma de Dom Roger Byrd,
Bispo Anglicano Emérito de São Paulo, que tem como sede a Catedral Anglicana de
São Paulo, fundada em 1873 como capelania da Igreja da Inglaterra, a maior
Paróquia Anglicana da América Latina
Jurisdições independentes unidas
a uma Comunhão de Igrejas no Exterior
Igreja
Anglicana do Brasil, Província da Comunhão Anglicana Livre (Free Protestant
Episcopal Church), fundada em 1897 na Inglaterra.
Igreja
Episcopal Anglicana Livre, Diocese-Membro da Igreja Anglicana das Américas.
Igreja
Anglicana Reformada do Brasil, Missão da Igreja Livre da Inglaterra, fundada em
1844 na Inglaterra, que atualmente tem as suas ordens reconhecidas pela Igreja
da Inglaterra.