A queda de Constantinopla foi o símbolo do declínio do Império Romano do Oriente (também conhecido como Império Bizantino), inaugurado por Constantino – que havia dado seu nome à cidade – no século IV d.C. Esse mesmo acontecimento marcou também o triunfo de outro império, o Otomano, que se formou a partir de um sultanato turco, em 1299, e foi o responsável pela conquista de Constantinopla.
O
Império Romano do Oriente representava, na Idade Média, o que ainda havia de
mais poderoso, em termos institucionais, herdado da antigo Império Romano. Por
estar localizada em um lugar estratégico da Anatólia (Ásia Menor),
Constantinopla sempre foi uma cidade cobiçada por diversas civilizações. Muitos
tentaram subjugá-la, desde bárbaros, hunos e até os cavaleiros cruzados
cristãos.
Os
ataques frequentes acabaram por deixar as defesas da cidade em péssimas
condições, e o seu território, drasticamente reduzido. Ainda que durante o
século XIV tivessem negociado várias vezes com os bizantinos, na época do
imperador João V Paleólogo, os otomanos, que disputavam espaço na Anatólia, sob
o comando do sultão Mehmed II, deram o golpe fatal contra a cidade. Famosa por
sua muralha que a protegera por séculos, Constantinopla não foi capaz de
resistir ao poder dos canhões otomanos. Com a batalha vencida, Mehmed II logo
se prontificou a estabelecer vínculos simbólicos com a cidade. A principal
referência cristã de Constantinopla, a basílica de Hagia Sofia (Santa
Sabedoria), foi transformada em mesquita no mesmo dia em que os otomanos
conseguiram transpor as muralhas, como narra o historiador Alan Palmer:
Quando o Sultão Mehmed II entrou
em Constantinopla em seu tordilho naquela tarde de terça-feira, foi primeiro a
Santa Sofia, a igreja da Santa Sabedoria, e pôs a basílica sob sua proteção
antes de ordenar que fosse transformada em Mesquita. Cerca de sessenta e cinco
horas mais tarde, retornou à basílica para as preces rituais do meio-dia da
sexta. A transformação era simbólica para os planos do Conquistador. O mesmo
aconteceu quando insistiu em investir com toda solenidade um erudito monge
ortodoxo no trono patriarcal, então vago.
Um
tempo depois a cidade de Constantinopla receberia o nome de Istambul (nome que
significa “na cidade”) e se tornaria a sede do Império Otomano. Esse Império
sobreviveu até o início do século XX, quando ocorreu a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), o que provocou o esfacelamento de sua unidade.