Após
a morte do profeta Maomé (ou Mohammed), o fundador do Islamismo e autor do
livro sagrado Alcorão, houve um processo de disputa para decidir quem deveria
sucedê-lo, já que o Islã não consistia apenas em uma religião desconectada do
poder político.
O Islã, em si mesmo, está estruturado em uma proposta de civilização que articula princípios religiosos e políticos.
O Islã, em si mesmo, está estruturado em uma proposta de civilização que articula princípios religiosos e políticos.
Da
disputa pelo direito de sucessão legítima do Profeta, duas correntes
tornaram-se majoritárias: os xiitas e os sunitas. Tal disputa teve seu início
em 632 d.C., quando os califas (sucessores de Maomé), que também eram sogros de
Maomé, Abu Bakr e Omar, tentarem organizar a transmissão do poder político e da
autoridade religiosa. Essa tentativa logrou êxito até o ano de 644 d.C., quando
um integrante da família Omíada, também genro de Maomé, chamado Othmã,
tornou-se califa e passou a ter sua autoridade contestada por árabes
islamizados que viviam próximos à Medina. Othmã acabou sendo assassinado.
Ao
assassinato de Othmã esteve associada a figura de Ali, primo de Maomé que
sucederia ao califa assassinado. Os muçulmanos contrários a Ali declararam
guerra ao califa e seus simpatizantes. A figura mais proeminente que contestou
a autoridade de Ali foi o então responsável pelo poder da Síria, Muhawya. Esse
último decidiu apurar o assassinato de Othmã e averiguar a participação de Ali
no caso. Isso foi o bastante para que outro grupo muçulmano conspirasse contra
Ali, que acabou também assassinado.
Muhawya,
então, tornou-se um califa poderoso e transferiu a capital do califado de
Medina para Damasco, atual capital da Síria. Seus oponentes, que defendiam a
sucessão do califado pela hereditariedade, isto é, pelos descendentes da
família de Maomé, ficaram conhecidos como xiitas, um grupo ainda hoje
minoritário e que se caracteriza por ser tradicionalista, conservando as
antigas interpretações do Alcorão e da Lei Islâmica, a Sharia.
Já
os membros do outro grupo, muito maior em número de adeptos ainda hoje,
constituindo cerca de 90% da população islâmica, ficaram conhecidos como
sunitas, primeiro por divergirem da concepção sucessória dos xiitas e, segundo,
por sempre atualizarem suas interpretações do livro sagrado do Alcorão e da Lei
Islâmica, levando em consideração as transformações pelas quais o mundo passou
e valendo-se de outra fonte além das citadas, a Suna — livro onde estão
compilados os grandes feitos e exemplos do profeta Maomé. Daí deriva o nome
sunita.