Segundo
o poeta Homero, a guerra foi causada pelo rapto da rainha Helena de Troia,
(esposa do lendário rei Menelau), por Páris, (filho do rei Príamo). Isso
ocorreu quando o príncipe troiano foi a Esparta, em missão diplomática, e
acabou apaixonando-se por Helena. Páris havia recebido de Afrodite a recompensa
de ter a mulher mais bonita do mundo, que era Helena. O rapto deixou Menelau
enfurecido, fazendo com que este organizasse um poderoso exército. O general
Agamenon foi designado para comandar o ataque aos troianos. Através do mar
Egeu, mais de mil navios foram enviados para Troia.
História
A
maioria de Gregos dizia que a guerra de Troia era um evento histórico, embora
muitos entendessem que os poemas homéricos continham vários exageros. Por
exemplo, o historiador Tucídides, conhecido por seu espírito crítico,
considerava-a um evento real, mas duvidava que os gregos houvessem mobilizado a
quantidade de navios (mais de mil) mencionada por Homero para atacar os
troianos.
Por
volta de 1870, na Europa, os estudiosos da Antiguidade eram concordes em
considerar as narrativas homéricas absolutamente lendárias. Segundo eles, a
guerra jamais ocorrera e Troia nunca existira. Mas quando o alemão Heinrich
Schliemann (um apaixonado pelas obras de Homero) descobriu as ruínas de Troia e
de Micenas, foi preciso reformular esses conceitos.
Ao
longo do século XX, tentou-se tirar conclusões baseadas em textos hititas e
egípcios, que datam da provável época da guerra. Arquivos hititas, como as
Cartas de Tawagalawa, mencionam o reino de Ahhiyawa (Acaia, a moderna Grécia),
que se localizava "além do mar" (Egeu) e controlava a cidade de
Milliwanda, identificada como Mileto. Igualmente é mencionada, nesses e em
outros documentos, a Confederação de Assuwa, uma liga composta por 22 cidades,
uma das quais, Wilusa (Ilios ou Ilium), podendo ter sido Troia. Em um tratado
datado de 1280 a.C., o rei de Wilusa é chamado de Alaksandu, ou seja,
Alexandre, que é o outro nome pelo qual Páris é referido na Ilíada.
Após
a famosa Batalha de Kadesh (contra o Egito de Ramsés II), essa confederação
rompeu sua aliança com os hititas, o que provocou, em 1230 a.C., uma campanha
punitiva do rei Tudhalia IV (1240 a.C. - 1210 a.C.). Mas sob o reinado de
Arnuwanda III (1210 a.C. - 1205 a.C.) os Hititas foram forçados a abandonar as
terras que controlavam na costa do Egeu, abrindo espaço para possíveis
invasores d'além-mar. Nesse caso, a Guerra de Troia teria sido o ataque de Ahhiyawa
(Acaia) contra a cidade de Wilusa (Ílios) e seus aliados da Confederação de
Assuwa.
Os
trabalhos dos historiadores Moses Finley e Milman Parry procuraram associar a
Guerra de Troia a um amplo fluxo migratório micênico, decorrente da invasão dos
Dórios no Peloponeso. Poderia também haver uma correlação com o ataque ao Egito
pelos "povos do mar", nos tempos do faraó Ramsés III.
Mas
os céticos quanto à veracidade da guerra glorificada por Homero apoiam-se na
ausência de qualquer registro hitita de uma invasão da Anatólia (onde se
localizava Troia) por povos vindos do mar.
Em
resumo, embora Schliemann tenha encontrado as ruínas da cidade de Troia (aliás,
várias cidades, uma sobre a outra) no sítio mencionado por Homero, a questão da
historicidade da guerra continua dividindo a opinião dos estudiosos.
Mitologia
Helena
e Páris, por Jacques-Louis David,Museu
do Louvre
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A
versão mitológica da guerra estava contida nos poemas épicos do Ciclo Troiano,
formado por oito poemas: Cantos Cípricos de Estasino, Ilíada de Homero, a
Etiópida de Arctino de Mileto, a Pequena Ilíada de Lesques de Mitilene, O Saque
de Troia de Arctino de Mileto, Os Retornos de Hágias de Trezena, Odisseia de
Homero e Telegonia de Êugamon de Cirene; somente restaram completos os poemas
de Homero, a Ilíada e Odisseia, dos outros restaram somente fragmentos e
informações de fontes secundárias da antiguidade. Segundo essas versões, a
guerra se deu quando os aqueus (os gregos da época micênica) atacaram Troia, para
recuperar Helena, raptada por Páris.
A
lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada como esposa por Zeus
e por Posidão. Porém Prometeu fez uma profecia que o filho da deusa seria maior
que seu pai, então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já
idoso, tencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de
ambos foi Aquiles, e sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, o
mergulhou quando ainda bebê nas águas do mitológico e sombrio rio Estige. As
águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o
segurou para mergulhá-lo no rio (daí a expressão "calcanhar de
Aquiles", significando ponto vulnerável). Aquiles se torna o mais poderoso
dos guerreiros, porém, ainda é mortal. Mais tarde, sua mãe profetisa que ele
poderá escolher entre dois destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna,
mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, porém
ser logo esquecido. Aquiles escolhe a glória.
Para
o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos Éris (ou
Discórdia). Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de
ouro com a inscrição "À mais bela". As deusas Hera, Atena e Afrodite
disputaram o título de mais bela e o pomo. Zeus não quis ser o juiz, para não
descontentar duas das deusas, então ordenou que o príncipe troiano Páris, à
época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar
o título de "mais bela", Atena ofereceu a Páris poder na batalha e
sabedoria, Hera ofereceu riqueza e poder e Afrodite, o amor da mulher mais bela
do mundo. Páris deu o pomo a Afrodite, ganhando sua proteção e o ódio das
outras duas deusas contra si e contra Troia.
A
mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e de Leda, esposa de
Menelau, rei de Esparta, que a conquistara disputando contra vários outros reis
pretendentes com a ajuda de Ulisses (Odisseu) rei de Ítaca e Agamênon rei
supremo de Micenas e de toda a Grécia, tendo todos jurado lealdade ao marido de
Helena e sempre protegê-la, qualquer que fosse o vencedor da disputa.
Quando
Páris foi a Esparta em missão diplomática, apaixonou-se por Helena e ambos
fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este foi pedir ajuda a seu irmão que,
a conselho de Nestor (rei de Pilos), um de seus conselheiros, apelou aos
antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito.
Agamenon então assumiu o comando de um exército de mil navios e atravessou o
mar Egeu para atacar Troia com o auxílio de Ulísses (que fingiu-se de louco
para não ir a guerra sabendo que se partisse passaria 20 anos sem regressar a
seu reino), levando consigo grandes guerreiros como Aquiles, Ajax, o pequeno
Ajax, Diomedes, Idomeneu entre outros. As naus gregas desembarcaram na praia
próxima a Troia e iniciaram um cerco que iria durar dez anos e custaria a vida
a muitos heróis de ambos os lados. Dois dos mais notáveis heróis a perderem a
vida na guerra de Troia foram Heitor (que foi morto por Aquiles por vingança
por ter matado seu primo Pátroclo) e Aquiles.
O
Cavalo de Troia, por Giovanni Domenico Tiepolo.
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Finalmente,
a cidade foi tomada graças ao artifício concebido por Odisseu (Ulisses):
fingindo terem desistido da guerra, os gregos embarcaram em seus navios,
deixando na praia um enorme cavalo de madeira, que os troianos decidiram levar
para o interior de sua cidade, como símbolo de sua vitória, apesar das
advertências de Cassandra. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos,
que se escondiam dentro da estrutura oca de madeira do cavalo, saíram e abriram
os portões para que todo o exército (cujos navios haviam retornado,
secretamente, à praia) invadisse a cidade.
Apanhados
de surpresa, os troianos foram vencidos e a cidade incendiada. As mulheres
(inclusive a rainha Hécuba, a princesa Cassandra e Andrômaca, viúva de Heitor) foram
escravizadas. O rei Príamo e a maioria dos homens foram mortos (um dos poucos
sobreviventes foi Eneias, príncipe de Lirnesso, que fugiu de Troia carregando
seu pai Anquises, já idoso, sobre os ombros).
E
assim, Menelau recuperou sua esposa, Helena (tendo matado Dêifobo, com quem ela
se casara, após a morte de Páris), e levou-a de volta a Esparta. Agamênon foi
morto por sua esposa que lhe roubou o trono e Odisseu como profetizado passou
com o fim da guerra (que durou dez anos) mais dez anos vagando pelo mar, até
chegar a Ítaca vestido de mendigo para provar a fidelidade de Penélope, sua
esposa, que estava cheia de pretendentes ao casamento e consequentemente ao
trono, porém ela os enganara durante 20 anos até o retorno de seu marido que,
ao descobrir tudo o que se passou em sua ausência, matou seus inimigos com a
ajuda de seu filho.