Adolf Hitler (Braunau am Inn, 20 de abril de 1889 — Berlim, 30 de abril de 1945), por vezes em português Adolfo Hitler, foi um militar e político, líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães(em alemão: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), também conhecido por Partido Nazi (português europeu) ou Nazista (português brasileiro), uma abreviatura do nome em alemão (Nationalsozialistische).
Hitler se tornou chanceler e, posteriormente, ditador alemão. Era filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria com a Alemanha.
Em
1923, tentou realizar um golpe de Estado em Munique junto com outros líderes do
Partido Nazista. O fracasso desse acontecimento levou-o a cadeia, onde escreveu
o livro Mein Kampf (Minha Luta, 1924), autobiografia e programa ideológico para
a Alemanha com as suas teses racistas e antissemitas. Em 1933 tornou-se
chanceler da Alemanha; seu projeto nacionalista rearmou o país, recuperou a
economia e fez várias obras públicas. Em setembro de 1939, invadiu a Polônia,
iniciando a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha nazista, juntamente com a Itália
fascista e com o Império do Japão, formavam o Eixo. O Eixo seria derrotado pela
intervenção externa do grupo de países que se denominavam os
"Aliados". Tal grupo fez-se notável por ter sido constituído pelos
principais representantes dos sistemas capitalista e socialista, entre os quais
a União Soviética e os Estados Unidos, união esta que se converteu em oposição
no período pós-guerra, conhecido como a Guerra Fria. A Segunda Guerra Mundial
acarretou a morte de um total estimado em 50 a 70 milhões de pessoas.
Documentos
apresentados durante o Julgamento de Nuremberg indicam que, no período em que
Adolf Hitler esteve no poder, grupos minoritários considerados indesejados —
tais como Testemunhas de Jeová, eslavos, poloneses, ciganos, homossexuais,
deficientes físicos e mentais, e judeus — foram perseguidos no que se tornou
conhecido como Holocausto, no qual estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas
foram mortas. A maioria dos historiadores admite que a maior parte dos
perseguidos foi submetida a Solução Final, enquanto certos seres humanos foram
usados em experimentos médicos ou militares.
Hitler
sobreviveu sem ferimentos graves a 42 atentados contra sua vida. Devido a isso,
ao que tudo indica, Hitler teria chegado a acreditar que a
"Providência" estava intervindo a seu favor. A última tentativa de
assassiná-lo foi o atentado de 20 de julho de 1944, onde uma bomba, preparada
para simular o efeito de um explosivo britânico, explodiu a apenas dois metros
do Führer. O atentado foi liderado e executado por von Stauffenberg, coronel
alemão condenado à morte por fuzilamento. Tal atentado não o impediu de, menos
de uma hora depois, se encontrar em perfeitas condições físicas com o ditador
fascista italiano Benito Mussolini.
Adolf
Hitler cometeu suicídio no seu quartel-general (o Führerbunker), em Berlim, a
30 de abril de 1945, enquanto o exército soviético combatia as suas tropas que
defendiam a capital alemã (a francesa Charlemagne e a norueguesa Nordland).
Segundo testemunhas, Hitler já teria admitido que havia perdido a guerra desde
o dia 22 de abril, e desde já passavam por sua cabeça os pensamentos suicidas.
A família de Hitler
Pouco
se sabe sobre sua vida no período do nascimento até à entrada na política, logo
após a Primeira Guerra Mundial. Em 1930, dirigindo-se a opositores políticos,
declarou "Não podem saber de onde e de que família venho". Hitler
envergonhava-se manifestamente das suas origens humildes. Parece não ter feito
nada de relevante até o momento em que iniciou a sua vida militar. As suas
declarações em "Mein Kampf", sobre a sua infância, serviram sobretudo
para promoção pessoal e são, por isso, pouco confiáveis.
Biografia
Infância e juventude em Linz
Adolf
Hitler morava numa pequena localidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria,
próximo da fronteira alemã, e que à época era parte do Império Austro-Húngaro.
O seu pai, Alois Hitler (1837-1903), que nascera como filho ilegítimo, era
funcionário da alfândega. Até aos seus quarenta anos, o pai de Hitler, Alois,
usou o sobrenome da sua mãe, Schicklgruber. Em 1876, passou a empregar o nome
do seu pai adotivo, Johann Georg Hiedler, cujo nome terá sido alterado para
"Hitler" por erro de um escrivão, depois de ter feito diligências
junto de um sacerdote responsável pelos registros de nascimento para que fosse
declarada a paternidade, já depois da morte do seu padrasto. Adolf Hitler
chegou a ser acusado, depois, por inimigos políticos, de não ser um Hitler, mas
sim um Schicklgruber. A própria propaganda dos aliados fez uso desta acusação
ao lançar vários panfletos sobre diversas cidades alemãs com a frase "Heil
Schicklgruber" - ainda que estivesse relacionado, de fato, aos Hiedler por
parte da sua mãe.
A
mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em
segundo grau do seu pai. Este trouxera-a para sua casa para tomar conta dos
seus filhos, enquanto a sua outra mulher, doente e prestes a morrer, era
cuidada por outra pessoa. Depois da morte desta, Alois casou-se, pela terceira
vez, com Klara, depois de ter esperado meses por uma permissão especial da
Igreja Católica, concedida exatamente quando Klara já se mostrava visivelmente
grávida. No total, Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, o
quarto, e sua irmã mais nova, Paula, sobreviveram à infância.
Adolf
era um rapaz inteligente, porém, mal-humorado. Por ser desde cedo boêmio, foi
reprovado por duas vezes no exame de admissão à escola secundária de Linz. Ali,
começou a acalentar ideias pangermânicas, fortalecidas pelas leituras que o seu
professor, Leopold Poetsch, um antissemita bastante admirado pelo jovem Hitler,
lhe recomendou vivamente.
Hitler
era devotado à sua complacente mãe e, presumivelmente, não gostava do pai, que
apreciava a disciplina e o educava severamente, além de não compartilharem
muitas ideias políticas. Em "Mein Kampf", Hitler é respeitoso para
com a figura de seu pai, mas não deixa de referir discussões irreconciliáveis
que teve com ele acerca da sua firme decisão em se tornar artista. De fato,
interessou-se por pintura e arquitetura. O pai opunha-se firmemente a tais
planos, preferindo que o filho fizesse carreira na função pública.
Em
janeiro de 1903 morreu Alois Hitler, vítima de apoplexia. Em Dezembro de 1907
morreu Klara, de cancro, o que o teria afetado sensivelmente.
Viena
Com
dezenove anos de idade, Hitler era órfão e em breve partiu para Viena, onde
tinha uma vaga esperança de se tornar um artista. Tinha, então, direito a um
subsídio para órfãos, que acabaria por perder aos 21 anos, em 1910.
Em
1907 fez exames de admissão à Academia de Belas-Artes de Viena, sendo reprovado
duas vezes seguidas. Nos anos seguintes permaneceu em Viena sem um emprego
fixo, vivendo inicialmente do apoio financeiro de sua tia Johanna Pölzl, de
quem recebeu herança. Chegou mesmo a pernoitar num asilo para mendigos na zona
de Meidling no outono de 1909 . Os outros mendigos deram-lhe a alcunha de
"Ohm Krüger" (segundo o historiador Sebastian Haffner). Teve depois a
ideia de copiar postais e pintar paisagens de Viena - uma ocupação com a qual
conseguiu financiar o aluguel de um apartamento, na rua Meldemann. Pintava
cenas copiadas de postais e vendia-as a mercadores, simplesmente para ganhar
dinheiro, não considerando as suas pinturas uma forma de arte. Ao contrário do
mito popular, fez uma boa vida como pintor, ganhando mais dinheiro do que se
tivesse um emprego regular como empregado bancário ou professor do liceu, e
tendo de trabalhar menos horas. Durante o seu tempo livre frequentava a Ópera
Estatal de Viena, especialmente para assistir a óperas relacionadas com a
mitologia nórdica, de Richard Wagner, e cujas produções viria, mais tarde, a
financiar, como meio de exaltação do nacionalismo germânico. Muito de seu tempo
era dedicado à leitura.
Foi
em Viena que Hitler começou a perfilar-se como um ativo anti-semita,
particularidade que governaria a sua vida e que foi a chave das suas ações
subsequentes. O anti-semitismo estava profundamente enraizado na cultura
católica do sul da Alemanha e na Áustria, onde Hitler cresceu. Viena tinha uma
larga comunidade judaica, incluindo muitos judeus ortodoxos da Europa de Leste.
Hitler tomou aí contato com os judeus ortodoxos, que, ao contrário dos judeus
de Linz, distinguiam-se pelas suas vestes. Intrigado, procurou informar-se
sobre os judeus através da leitura, tendo comprado em Viena os primeiros
panfletos abertamente anti-semitas que leu na vida, como relata em Mein Kampf.
Em
Viena, o anti-semitismo tinha-se desenvolvido das suas origens religiosas numa
doutrina política, promovida por pessoas como Jörg Lanz von Liebenfels, cujos
panfletos foram lidos por Hitler; políticos como Karl Lueger, o presidente da
câmara de Viena, e Georg Ritter von Schönerer, fundador do partido
Pan-Germânico. Deles, Hitler adquiriu a crença na superioridade da "Raça
Ariana" que formava a base das suas visões políticas e na inimizade
natural dos judeus em relação aos "arianos", responsabilizando-os
pelos problemas económicos alemães.
Como
Hitler relata em Mein Kampf, foi também em Viena que tomou contato com a
doutrina marxista, tendo "aprendido a lidar com a dialética deles",
na discussão com marxistas, "incorporando-a para os meus fins".
Munique
Em
Maio de 1913, recebeu uma pequena herança do seu pai e mudou-se para Munique.
Como escreveria mais tarde em Mein Kampf, sempre desejara viver numa cidade
alemã, talvez de acordo com o seu desejo de se afastar do império multiétnico
Austro-Húngaro e viver num país "racialmente" mais homogéneo. Em
Munique interessou-se especialmente por arquitetura e pelos escritos de Houston
Stewart Chamberlain.
Ao
mudar-se, fugia também ao serviço militar no exército Austro-Húngaro, que o
capturou pouco depois e o submeteu a um exame físico (pelo qual mediria 1,73
m). Foi considerado inapto para o serviço militar e permitiram-lhe que
regressasse a Munique, onde prosseguiu a sua atividade de pintor, vendendo por
vezes os seus quadros pela rua.
A Primeira Guerra Mundial
Em
agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, alistou-se
imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro,
uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez da
proteção proporcionada por uma trincheira.
A
folha de serviço de Hitler foi exemplar, mas nunca foi promovido além de cabo,
que era a patente mais alta oferecida a um estrangeiro no Exército Alemão à
época. O seu cargo, num lugar baixo da hierarquia militar, refletia a sua
posição na sociedade quando entrou para o exército.
Não
estava autorizado a comandar qualquer agrupamento de soldados, por menor que
fosse. Foi condecorado duas vezes por coragem em ação. A primeira medalha que
recebeu foi a Cruz de Ferro de Segunda Classe em dezembro de 1914. Depois, em
agosto de 1918, recebeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, uma distinção
raramente atribuída a não oficiais, até porque Hitler não podia ascender a uma
graduação superior, já que não era cidadão alemão.
Em
outubro de 1916, no norte de França, Hitler foi ferido numa perna, mas
regressou à frente em março de 1917. Recebeu a Das Verwundetenabzeichen
(condecoração por ferimentos de guerra) nesse mesmo ano, já que a ferida era
resultado direto da exposição ao fogo inimigo. Em 1918 foi ferido por gás
mostarda lançado por tropas britânicas contra uma trincheira, perdendo a visão
por algum tempo.
Durante
a guerra, Hitler desenvolveu um patriotismo alemão apaixonado, apesar de não
ser cidadão alemão: um detalhe que não retificaria antes de 1932. Ficou chocado
pela capitulação da Alemanha em novembro de 1918, sustentando a ideia de que o
exército alemão não tinha sido, de fato, derrotado. Como muitos nacionalistas
alemães, culpou os políticos civis (os "criminosos de Novembro") pela
capitulação.
Após a Primeira Guerra Mundial
Ao
término da Primeira Grande Guerra, Hitler permaneceu no exército, agora ativo
na supressão de revoltas socialistas que surgiam pela Alemanha, incluindo
Munique, para onde Hitler regressou em 1919.
Recebendo
um salário baixo, Hitler continuou ligado ao exército. Fez parte dos cursos de
"pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e
propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general
número 4 sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objetivos deste grupo
foi o de criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da
Alemanha (ver: Dolchstoßlegende). Este bode expiatório foi encontrado no
"judaísmo internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os
setores.
Para
Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era
essencial. Já influenciado pela ideologia antissemita, acreditava avidamente na
responsabilidade dos judeus, tornando-se em breve num divulgador eficiente da
propaganda concebida por Mayr e seus superiores. Em julho de 1919, Hitler,
devido à sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de
ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objetivo de
influenciar outros soldados com as mesmas ideias.
Foi,
então, designado pelo quartel-general para se infiltrar num pequeno partido
nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP). Hitler aderiu ao
partido recebendo o número de membro 555 (a numeração começara em 500, por
orientação de Hitler, para dar a impressão de que o partido tinha uma dimensão
maior do que a verdadeira), em setembro de 1919. Foi aqui que Hitler conheceu
entre outros, Dietrich Eckart, um antissemita e um dos primeiros membros do
partido.
No
mesmo mês, Hitler escreveu aquele que é geralmente tido como o seu primeiro
texto antissemita, um "relatório sobre o Antissemitismo" requerido
por Mayr para Adolf Gemlich, que participara nos mesmos "cursos
educacionais" em que Hitler havia participado. Neste relatório ao seu
superior, Hitler fez a apologia de um "Antissemitismo racional" que
não recorreria aos pogroms, mas que "lutaria de forma legal para remover
os privilégios gozados pelos judeus em relação a outros estrangeiros vivendo
entre nós. O seu objetivo final, no entanto, deverá ser a remoção irrevogável
dos próprios judeus".
Hitler
não seria liberado do exército antes de 1920. A partir dessa data, começou a
participar plenamente nas atividades do partido. Em breve se tornaria líder do
partido e mudou o seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei
- NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), normalmente
conhecido como partido Nazi, ou Nazista, que vem das palavras "National
Sozialistische", em contraste com os Sozi, um termo usado para descrever
os sociais democratas. O partido adoptou a suástica (supostamente um símbolo do
"Arianismo") e a saudação romana, também usada pelos fascistas
italianos.
Serviu-se,
depois, do apoio da Sturmabteilung (SA), uma milícia paramilitar de homens
identificados com camisas castanhas, que vagueavam pelas ruas atacando
esquerdistas e minorias religiosas e gritando slogans de propaganda, que criou
em 1921, para aparentar um ambiente de apoio popular. Por volta de 1923
conheceu Julius Streicher, o editor de um jornal violentamente antissemita
chamado Der Stürmer, que apoiaria a sua propaganda de promoção pessoal e de
ódio antissemita.
O
Partido Nazista era nesta altura constituído por um pequeno número de
extremistas de Munique. Mas Hitler, em breve, descobriu que tinha dois
talentos: o da oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal. A sua
oratória de esquina, atacando os judeus, os comunistas, os liberais e os
capitalistas, começou a atrair simpatizantes. Alguns dos seguidores desde o
início foram Rudolf Hess, Hermann Göring, e Ernst Röhm, o líder da SA. Outro
admirador foi o marechal de campo Erich Ludendorff.
O putsch da Cervejaria
O
Putsch da Cervejaria foi uma malfadada tentativa de golpe de Adolf Hitler e seu
Partido Nazista contra o governo da região alemã da Baviera, ocorrida em 9 de
novembro de 1923. O objetivo do partido era tomar as rédeas do governo bávaro
para, em seguida, tentar abocanhar o poder em todo o país. Mas a tresloucada ação
foi rapidamente controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários
correligionários – entre eles Rudolf Hess – acabaram presos.
A obra de Hitler: Mein Kampf
Hitler
usou o seu julgamento como uma oportunidade de espalhar sua mensagem por toda a
Alemanha. Em Abril de 1924 foi condenado a 5 anos de confinamento na prisão de
Landsberg. Acabaria o Führer por ser anistiado passados pouco mais de 6 meses.
Ditou na prisão o primeiro volume do livro Mein Kampf ("Minha Luta"),
primeiramente a Emil Maurice, e posteriormente ao seu fiel ajudante Rudolf
Hess. O livro é essencialmente biográfico, e recebe o nome de Eine Abrechnung.
A escrita foi editada somente em 1925. Os direitos autorais do livro caíram em
domínio público em 2015, quando foram completados 70 anos da morte do autor, e
foram preparadas edições críticas para esta data.
O
livro expõe críticas de Hitler a propaganda de guerra alemã na Grande Guerra
depois chamada Primeira Guerra Mundial, críticas ao Tratado de Versalhes e à
ocupação francesa na Alemanha do pós-guerra. Prega a volta da militarização da
Alemanha. Descreve a visão de Hitler sobre psicologia de massas, a maneira
certa e o melhor momento de fazer um discurso político. Analisa o conteúdo que
deve ter cada discurso de acordo com o seu público alvo. Expõe também a
ascensão de Hitler no Partido Nazi que ele não fundou, mas mudou seu rumo.
Expõe também a visão de Hitler sobre o jogo político partidário totalmente
avessa às coligações partidárias, afirmando Hitler que "O forte é mais
forte sozinho", frase que é título de um capítulo do livro. Hitler também
critica o colonialismo francês prevendo que a intromissão francesa na África
traria, no futuro, problemas para a França.
O
segundo volume do Mein Kampf, Die Nationalsozialistische Bewegung, foi escrito
em 1926, quando já fora da prisão estava Hitler. O segundo volume,
diferentemente do primeiro, busca expressar as ideias Nacional-Socialistas, e
não há contidos no livro quaisquer estudos biográficos profundos.
Ler
o Mein Kampf é como ouvir Hitler falar longamente sobre a sua juventude, os
primeiros dias do partido nazi, planos futuros para a Alemanha e ideia sobre
política e raça. A compilação dos dois volumes recebeu primeiramente o nome de
"Viereinhalb Jahre [des Kampfes] gegen Lüge, Dummheit und Feigheit"
("Quatro anos e meio [de luta] contra mentiras, estupidez e covardia"),
mas foi alterado para simplesmente "Mein Kampf" antes mesmo de ser
publicado.
Na
sua escrita, Hitler anunciou sua aversão contra aquilo que ele via como os dois
males gêmeos do mundo: comunismo e judaísmo, e declarou que o seu objetivo era
erradicar ambos da face da terra. Ele anunciou que a Alemanha necessitava obter
novo terreno, que chamou de "Lebensraum" (espaço vital), e que iria
nutrir apropriadamente o "destino histórico" do povo alemão.
Uma
vez que Hitler culpava o presente governo parlamentar por muitos dos males
pelos quais ele se encolerizava, ele anunciou que iria destruir completamente
esse tipo de governo. É em Mein Kampf que se pode descobrir a verdadeira
natureza do caráter de Hitler. Ele divide os humanos com base em atributos
físicos e psicológicos. Hitler afirma que os "arianos" estavam no
topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos judeus, polacos, russos,
checos e ciganos. Segundo ele, aqueles povos se beneficiam pela aprendizagem
com os superiores arianos. Hitler também afirma que os judeus estão a conspirar
para evitar que a raça ariana se imponha ao mundo como é seu direito, ao diluir
a sua pureza racial e cultural e ao convencer os arianos a acreditar na
igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela
dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre
arianos e judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre estas duas etnias
foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder.
Ascensão ao poder
Após
sua prisão devido ao comando do Putsch da Cervejaria, Hitler foi considerado
relativamente inofensivo e anistiado, sendo libertado da prisão em dezembro de
1924. Por este tempo, o partido nazista mal existia e Hitler necessitaria de um
grande esforço para o reconstruir.
Nestes
anos, ele fundou um grupo que mais tarde se tornaria um dos seus instrumentos
fundamentais na persecução dos seus objetivos. Uma vez que o Sturmabteilung
("Tropas de choque" ou SA) de Röhm, não eram confiáveis e formavam
uma base separada de poder dentro do partido, ele estabeleceu uma guarda para
sua defesa pessoal, a Schutzstaffel ("Unidade de Proteção" ou SS).
Esta tropa de elite em uniforme preto seria comandada por Heinrich Himmler, que
se tornaria o principal executor dos seus planos relativamente à "Questão
Judia" durante a Segunda Guerra Mundial.
Criou
também numerosas organizações de filiação (Juventudes Hitleristas, associações
de mulheres, etc.). O Partido nazi teve em 1929 uma progressão semelhante à do
partido fascista de Benito Mussolini, beneficiando-se do mal-estar econômico,
político e social decorrente da derrota de 1918 e, depois, da crise de 1929.
Um
elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido
pelo Tratado de Versalhes imposto ao Império Alemão pelos Aliados da Primeira
Guerra Mundial. O Império Alemão perdeu território para a França, Polônia,
Bélgica e Dinamarca, e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra,
desistir das suas colônias e da sua marinha e pagar uma grande soma em
reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 bilhões de marcos). Uma vez
que a maioria dos alemães não acreditava que o Império Alemão tivesse começado
a guerra e não acreditava que havia sido derrotado, eles ressentiam-se destes
termos amargamente. Apesar das tentativas iniciais do partido de ganhar votos
culpando o "judaísmo internacional" por todas estas humilhações não
terem sido particularmente bem sucedidas com o eleitorado, a máquina do partido
aprendeu rapidamente e em breve criou propaganda mais sutil - que combinava o
antissemitismo com um ardente ataque às falhas do "sistema Weimar" (a
República de Weimar) e os partidos que o suportavam. Esta estratégia começou a
dar resultados.
Historiadores
afirmam que uma propaganda demagógica, que explorava habilmente essas
frustrações e o sentimento antissemita generalizado da sociedade alemã da
época, apresentando os judeus como bode expiatório dos problemas sociais,
permitiu aos nazistas implantarem-se na classe média e entre os operários, ao
mesmo tempo em que o abandono do programa social inicial lhes trazia o apoio da
classe dirigente e dos meios industriais.
O
ponto de virada em benefício de Hitler veio com a Grande Depressão que atingiu
a Alemanha em 1930. O regime democrático estabelecido na Alemanha em 1919, a
chamada República de Weimar, nunca tinha sido genuinamente aceita pelos
conservadores e tinha a oposição aberta dos fascistas.
Os
sociais democratas e os partidos tradicionais de centro e direita eram
incapazes de lidar com o choque da depressão e estavam envolvidos no sistema de
Weimar. As eleições de Setembro de 1930 foram uma vitória para o partido Nazi,
que de repente se levantou da obscuridade para ganhar mais de 18% dos votos e
107 lugares no "Reichstag" (parlamento alemão), tornando-se o segundo
maior partido. A sua subida foi ajudada pelo império de mídia controlado por
Alfred Hugenberg, de direita.
Hitler
ganhou sobretudo votos entre a classe média alemã, que tinha sido atingida pela
inflação dos anos 1920 e o desemprego oriundo da Grande Depressão. Agricultores
e veteranos de guerra foram outros grupos que apoiaram em especial os nazistas.
As classes trabalhadoras urbanas, em geral, ignoraram os apelos de Hitler. As
cidades de Berlim e da Bacia do Ruhr (norte da Alemanha protestante) eram-lhe
particularmente hostis.
A
eleição de 1930 foi um desastre para o governo de centro-direita de Heinrich
Brüning, que estava agora impossibilitado de obter qualquer maioria no
Reichstag, e teve de contar com a tolerância dos sociais democratas (esquerda)
e o uso de poderes presidenciais de emergência para permanecer no poder. Com as
medidas de austeridade de Brüning mostrando pouco sucesso face aos efeitos da
depressão, o governo teve receio das eleições presidenciais de 1932 e procurou
obter o apoio dos nazis para a extensão do termo presidencial de Paul von
Hindenburg, mas Hitler recusou qualquer acordo, e acabou por competir com
Hindenburg na eleição presidencial, obtendo o segundo lugar na primeira fase da
eleição, e obtendo mais de 35% dos votos na segunda fase, em abril, apesar das
tentativas do ministro do interior Wilhelm Gröner e do governo social-democrata
prussiano para restringir as atividades públicas nazistas, incluindo
notoriamente a proibição das SA.
Os
embaraços da eleição puseram fim à tolerância de Hindenburg para com Brüning, e
o velho marechal-de-campo demitiu o governo, nomeando um novo governo sob o
comando do reacionário Franz von Papen, que imediatamente revogou a proibição
das SA e convocou novas eleições do Reichstag.
Nas
eleições de julho de 1932, os nazistas tiveram o seu melhor resultado até
então, obtendo 230 lugares no parlamento e tornando-se o maior partido alemão.
Uma vez que nazistas e comunistas detinham a maioria do Reichstag, a formação
de um governo estável de partidos do centro era impossível e no seguimento do
voto de desconfiança no governo Papen, apoiado por 84% dos deputados, o
parlamento recém-eleito foi dissolvido e foram convocadas novas eleições.
Papen
e o Partido do Centro tentaram agora abrir negociações assegurando a
participação no governo, mas Hitler fez grandes exigências, incluindo o posto
de Chanceler da Alemanha e o acordo do presidente para poder usar poderes de
emergência de acordo com o artigo 48 da Constituição de Weimar. Esta falha em
formar um governo, juntamente com os esforços dos Nazis de ganhar o apoio da
classe trabalhadora, alienaram parte do apoio de prévios votantes, de modo que
nas eleições de Novembro de 1932, o partido nazista perdeu votos, apesar de se
manter como o maior partido do Reichstag.
Uma
vez que Papen falhara na sua tentativa de assegurar uma maioria através da
negociação e trazer os nazistas para o governo, Hindenburg demitiu-o e nomeou
para o seu lugar o General Kurt von Schleicher, desde há muito uma figura
influente e que recentemente ocupara o cargo de Ministro da Defesa, que
prometeu assegurar um governo maioritário com negociações quer com os
sindicatos sociais democratas quer com os dissidentes da facção nazi liderada
por Gregor Strasser.
Enquanto
Schleicher procurava realizar a sua difícil missão, Papen e Alfred Hugenberg,
que era também presidente do Partido Popular Nacional Alemão (DNVP), o maior
partido de direita da Alemanha antes da ascensão de Hitler, conspiravam agora
para convencer Hindenburg a nomear Hitler Chanceler numa coligação com o DNVP,
prometendo que eles o iriam controlar. Quando Schleicher foi forçado a admitir
a falha dos seus esforços, e pediu a Hindenburg para dissolver novamente o
Reichstag, Hindenburg demitiu-o e colocou o plano de Papen em execução,
nomeando Hitler Chanceler, Papen como Vice-Chanceler e Hugenberg como Ministro
das Finanças, num gabinete que ainda incluía três Nazis - Hitler, Göring e
Wilhelm Frick. A 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler prestou juramento oficial
como Chanceler na Câmara do Reichstag, perante o aplauso de milhares de
simpatizantes nazistas.
Mas
Hitler ainda não tinha cativado definitivamente a nação. Ele foi feito
Chanceler numa designação legal pelo presidente Hindenburg, o que foi uma
ironia da história, uma vez que os partidos do centro tinham apoiado o
presidente Hindenburg por ele ser a única alternativa viável a Hitler, não
prevendo que seria Hindenburg que iria trazer o fim da República.
Mas
nem o próprio Hitler nem o seu partido obtiveram alguma vez uma maioria
absoluta. Nas últimas eleições livres, os nazis obtiveram 33% dos votos,
obtendo 196 lugares num total de 584. Mesmo nas eleições de Março de 1933, que
tiveram lugar após o terror e violência terem varrido o Estado, os nazis
obtiveram 44% dos votos. O partido obteve o controle de uma maioria de lugares
no Reichstag através de uma coligação formal com o DNVP. No fim, os votos adicionais
necessários para propugnar a lei de aprovação do governo - que deu a Hitler a
autoridade ditatorial - foram assegurados pelos nazistas pela expulsão de
deputados comunistas e da intimidação de ministros dos partidos do centro. Numa
série de decretos que se seguiram pouco depois, outros partidos foram
suprimidos e toda a oposição foi proibida. Em poucos meses, Hitler tinha
adquirido o controle autoritário do país e enterrou definitivamente os últimos
vestígios de democracia.
Regime nazista
Em
2 de agosto de 1934, Hindenburg morreu. Hitler apoderou-se do seu lugar,
fundindo as funções de Presidente e de Chanceler, passando a se auto-intitular
de Líder (Führer) da Alemanha e requerendo um juramento de lealdade a cada
membro das forças armadas. Esta fusão dos cargos, aprovada pelo parlamento
poucas horas depois da morte de Hindenburg, foi mais tarde confirmada pela
maioria de 89,9% do eleitorado no plebiscito de 19 de agosto de 1934.
Desde
o início, o regime teve oposição interna, tanto civil quanto militar,
individual ou coletiva. Hitler sofreu diversos atentados contra sua vida. Como
exemplo, em 8 de novembro de 1939, Georg Elser, numa ação solitária, tentou
assassiná-lo. Os grupos oposicionistas organizados existentes no país eram
pequenos, sem forças e carentes de coordenação central. Este movimento de
resistência antinazista interno ficou conhecido genericamente como resistência
alemã.
Após
ter assegurado o poder político sem ter ganho o apoio da maioria dos alemães,
Hitler tratou de o conseguir, e na verdade, permaneceu fortemente popular até
ao fim do seu regime. Com a sua oratória e com todos os meios de comunicação
alemães sob o controle do seu chefe de propaganda, o Dr. Joseph Goebbels (ver:
Propaganda nazi), ele conseguiu convencer a maioria dos alemães de que ele era
o salvador da Depressão, dos Comunistas, do tratado de Versalhes, e dos judeus.
Para
todos aqueles que não ficaram convencidos, as SA, a SS e Gestapo (Polícia
secreta do Estado) tinham mãos livres, e milhares desapareceram em campos de
concentração, como o Campo de Concentração de Dachau, perto de Munique, criado
em 1933, o primeiro de todos e um modelo para os demais. Muitos milhares de
pessoas emigraram, incluindo cerca da metade dos judeus, que fugiram sobretudo
para a Inglaterra, Israel (na época chamada de Palestina, sob domínio Inglês) e
os Estados Unidos.
Na
noite de 29 para 30 de junho de 1934, a chamada "Noite das facas
longas", Hitler autorizou a ação contra Ernst Röhm, o líder das SA, que
acabaria por ser assassinado. Himmler tinha conspirado contra Röhm, apresentando
a Hitler "provas" manipuladas de que Röhm planejava o assassínio de
Hitler.
Os
judeus que até então não tinham emigrado iriam em breve se arrepender da sua
hesitação. Com as Leis de Nuremberg de 1935, eles perderam a sua condição de
cidadãos alemães e foram banidos de quaisquer lugares na função pública, de
exercer profissões ou de tomar parte na atividade econômica. Foram
acrescidamente sujeitos a uma nova e violenta onda de propaganda difamatória.
Estas restrições foram mais tarde apertadas mais estritamente, particularmente
após a operação antissemita de 1938 conhecida como Kristallnacht (Noite dos
Cristais).
As
Igrejas Cristãs, elas próprias impregnadas de séculos de antissemitismo,
permaneceram silenciosas.[necessário esclarecer] Poucos não-judeus alemães
objetaram estas medidas. Entre eles destacaram-se os líderes católicos Clemens
August von Galen e Michael von Faulhaber. Estes (e outros líderes católicos)
protestaram publicamente contra o programa de eutanásia Aktion T4 (ver: Eugenia
nazista e Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial). O regime tentou controlar
a igreja protestante alemã criando o conceito antissemita de "cristianismo
positivo", fundando a Igreja Nacional do Reich e o Movimento Cristão
Alemão. Para resistir a esta tentativa de controle do Estado sobre a Igreja,
Dietrich Bonhoeffer, Martin Niemöller e outros evangélicos alemães fundaram a
Igreja Confessante .
A
partir de 1941, os judeus foram obrigados a usar a estrela amarela em público,
para serem facilmente reconhecidos e considerados "inferiores" (ver:
Triângulos do Holocausto). Entre novembro de 1938 e setembro de 1939, mais de
180.000 judeus fugiram da Alemanha; os Nazis confiscaram toda a propriedade que
ficara para trás.
Economia
Nesta
altura, sob o controle ditatorial, Hitler deu início a grandes mudanças
econômicas. Há uma certa controvérsia sobre os aspectos econômicos do governo
de Hitler, pois nem todas as suas medidas foram saudáveis a médio e longo
prazo. As políticas econômicas do governo de Brüning, cautelosas e fiscalistas,
vinham sanando as finanças e organizando o Estado alemão nesse aspecto. Hitler,
ao contrário, pôs em prática um largo programa de intervencionismo econômico,
baseado no keynesianismo, embora se distanciasse deste em muitos pontos.
O
desemprego na Alemanha de 1933 era de aproximadamente 6 milhões. Esse número
diminuiu para 300.000 em 1939. Essa diminuição fabulosa, no entanto, ocorreu
por diversos motivos, e não só devido à fabulosa política econômica do Reich.
Alguns desses motivos são:
·
As
mulheres que se casavam deixaram de ser contadas como desempregadas a partir de
1933;
·
Judeus,
a partir de 1935, perderam a condição de cidadãos do Reich, não contando mais
como desempregados;
·
Ao
desempregado eram dadas duas opções: ou trabalhar para o governo sob
baixíssimos salários ou permanecer segregado da esfera governamental, longe de
todas as suas obrigações, mas também vantagens, como saúde, lazer, etc.;
·
As
convocações para o exército começaram a se acelerar. Até 1939, 1,4 milhões de
alemães haviam sido convocados. Para armar esse contingente, a produção
industrial aumentou e a procura por mão-de-obra aumentou também;
·
Criação
da Frente Alemã de Trabalho, dirigida por Robert Ley, que pôs em prática
programas governamentais de trabalho que absorveram boa parte da mão-de-obra
disponível, ora empregando-a no melhoramento da infraestrutura do país, ora nas
indústrias e na produção bélica.
·
Essas
medidas ocorreram à custa de pesadíssimos investimentos por parte do Estado,
comprometendo a longo prazo as finanças. O que se viu, em consequência disso,
foi um déficit crescente. De 1928 até 1939, a arrecadação do Estado havia
subido de 10 bilhões de Reichsmarks para 15 bilhões, no entanto os gastos, no
mesmo período, subiram de 12 bilhões de Reichsmarks para 30 bilhões. Em 1939, o
déficit acumulado era de 40 bilhões de Reichsmarks.
A
inflação, nesse período, cresceu tanto que em 1936 foi decretado o congelamento
de preços. O governo alemão foi incapaz de lidar com o controle de preços e sua
interferência constante apenas engessou a economia e dificultou o aumento
gradual e equilibrado da produção. A partir de 1936, o dirigismo econômico passou,
gradualmente, a substituir a adaptação automática da produção pelo mercado, de
maneira que a regulamentação econômica passou a ser maior.
Política
Em
março de 1935 Hitler repudiou abertamente o Tratado de Versalhes ao
reintroduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. O seu objetivo seria
construir uma enorme máquina militar, incluindo uma nova marinha (Kriegsmarine)
e força aérea (Luftwaffe). Esta última seria colocada sob o comando de Göring,
um comandante veterano da Primeira Guerra Mundial. O alistamento em grandes
números pareceu resolver o problema do desemprego, mas também distorceu a
economia. A medida teve apoio popular, pois se inspirou também na tradição
cívica de disciplina militar, enquanto exemplo para a vida de todos os
cidadãos, herdada de séculos anteriores.
É
por esta altura, em 1936 que, nas Olimpíadas de Berlim, o afro-americano Jesse
Owens, venceu em várias modalidades, e muitos defendem que tal vitória
contradisse na prática a propaganda à raça ariana preconizada por Hitler para
estes jogos. Tal dito vê-se errôneo, visto que o arianismo de Adolf Hitler não
defende a superioridade ariana quanto à composição física.
Em
março de 1936, ele volta a violar o Tratado de Versalhes ao reocupar a zona
desmilitarizada na Renânia (zona do Rio Reno, ver: Remilitarização da Renânia).
Ingleses e franceses nada fizeram para se opor, o que o encorajou. Em julho de
1936, a Guerra Civil Espanhola começou, com a rebelião dos militares, liderados
pelo General Francisco Franco, contra o governo democraticamente eleito da
Frente Popular, rebelião esta que contou com o apoio do Vaticano. Hitler enviou
tropas em apoio de Franco. A Espanha tornou-se também um campo de teste para as
novas tecnologias e métodos militares desenvolvidos na Alemanha. Em abril de
1937, os aviões alemães da Legião Condor bombardeiam e destroem pela primeira
vez na história uma cidade a partir do ar. Foi a cidade de Guernica, na
província espanhola do País Basco.
A
25 de outubro de 1936, Hitler assinou uma aliança com o ditador italiano
fascista Benito Mussolini, denominada eixo Roma-Berlim. Esta aliança seria mais
tarde expandida para incluir também o Japão, Hungria, Roménia e Bulgária, bloco
que tornou-se conhecido como Eixo. Em 25 de novembro, Joachim von Ribbentrop e
o embaixador japonês Kintomo Mushakoji assinam o Pacto Anticomintern, com o
objetivo de garantir proteção mútua em caso de um ataque da URSS.
China
e Alemanha eram parceiros estratégicos desde antes da Primeira Guerra Mundial.
Alguns fatores como o início da Segunda Guerra Sino-Japonesa e a aproximação
entre Japão e Alemanha, abalaram esta parceria. Isto, somado ao fato de Hitler preferir
aliar-se ao Japão, por considerá-lo mais capaz de defender-se do comunismo,
provocou o fim da cooperação sino-germânica.
A
5 de novembro de 1937, na Chancelaria do Reich, Hitler presidiu a um encontro
secreto onde discutiu os seus planos para adquirir o "espaço vital"
ao povo alemão.
A
12 de março de 1938, Hitler pressionou a sua Áustria nativa à unificação com a
Alemanha (o chamado "Anschluss"). Suas tropas entraram na Áustria e
Hitler fez um discurso triunfal em Viena na Heldenplatz (Praça dos Heróis) onde
foi saudado efusivamente por uma multidão de austríacos simpatizantes, muitos
deles fazendo a saudação romana adotada pelos nazistas.
O
próximo passo seria a intensificação da crise com a zona dos Sudetos, de língua
alemã, situada na Checoslováquia. Isto levou ao acordo de Munique de setembro
de 1938 onde França e Inglaterra de forma fraca deram vazão às exigências de Hitler,
procurando evitar a guerra com este, mas entregando-lhe a Checoslováquia
(Neville Chamberlain assinou o pacto, propondo ainda uma política de contenção
a política de apaziguamento).
No
seguimento do acordo de Munique, Hitler foi designado como Homem do Ano de
1938. Foi também alegado que a autora de origem judaica Gertrude Stein defendeu
nesse ano a entrega do Prémio Nobel da Paz a Hitler.
A
10 de Março de 1939, Hitler ordenou a entrada do exército alemão em Praga.
Nesta altura, os ingleses e franceses perceberam finalmente que deveriam
resistir. Resistiram às próximas exigências de Hitler, que diziam agora
respeito à Polónia. Hitler pretendia o regresso dos territórios (Corredor
polonês) cedidos à Polónia pelo Tratado de Versalhes.
As
potências ocidentais não aceitaram as exigências de Hitler mas não conseguiram
chegar a um acordo com a União Soviética para uma aliança contra a Alemanha.
A
22 de maio de 1939 é firmado o Pacto de Aço entre Itália e Alemanha. Em 23 de
Agosto, Hitler concluiu uma aliança com Stalin (pacto Molotov-Ribbentrop). A 1
de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia, no que foi seguida pela União
Soviética. A Inglaterra e a França reagem desta vez, declarando guerra à
Alemanha. A Segunda Guerra Mundial estava começando.
Por
fim, em 27 de setembro de 1940, Reino de Itália, Império do Japão e Terceiro
Reich firmam o Pacto Tripartite formalizando a aliança entre as potências do
Eixo.
Segunda Guerra Mundial
Vitórias iniciais
Nos
três anos seguintes, Hitler conheceria uma série quase inabalada de sucessos
militares. A Polónia foi rapidamente derrotada e dividida com os soviéticos. Em
abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e a Noruega. Em maio, a Alemanha
iniciou uma ofensiva relâmpago, conhecida por "Blitzkrieg", que
rapidamente ocupou a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, (esta última
capitulou em seis semanas). Nesta altura, Aristides Sousa Mendes era o cônsul
de Portugal em Bordeaux e salvou a vida de dezenas de milhares de refugiados,
muitos dos quais judeus e que assim se salvaram do Holocausto. Contra as
instruções expressas de Salazar, Aristides concedeu vistos de entrada para
Portugal aos refugiados que o procuravam.
Em
abril de 1941, a Iugoslávia e a Grécia foram invadidas por exércitos alemães.
Forças ítalo-alemãs avançavam também pelo norte de África em direção ao Egito.
Estas
invasões foram acompanhadas do bombardeamento de cidades indefesas tais como
Varsóvia, Roterdã e Belgrado.
A
única derrota de Hitler nesta fase foi o fracasso do seu plano de bombardear e
posteriormente invadir a Inglaterra. A Força Aérea Real (RAF) acabaria por
vencer no ar a Batalha da Inglaterra. A incapacidade de adquirir supremacia nos
céus britânicos significou que a "Operação Leão Marinho", o plano de
invadir a Grã-Bretanha, foi cancelada.
A
22 de junho de 1941 foi desencadeada a Operação Barbarossa. As forças de Hitler
invadiram a União Soviética, rapidamente se apoderando da terça-parte da Rússia
Europeia, cercando Leningrado e ameaçando Moscou. No inverno, os exércitos
alemães foram detidos às portas de Moscou com o rompimento da frente pelos
russos, mas no verão seguinte, a ofensiva continuou. Em julho de 1942, os
exércitos de Hitler chegavam ao Volga. Aqui, eles foram derrotados em 2 de
fevereiro de 1943 na Batalha de Stalingrado, a primeira grande derrota alemã na
Guerra e que se tornaria o marco decisivo do início da derrota do III Reich.
No
norte de África, os ingleses derrotaram os alemães na batalha de El Alamein,
destroçando o plano de Hitler de se apoderar do Canal do Suez e do Oriente
Médio.
A derrota e o suicídio
A
partir de 1943, no entanto, a queda alemã tornou-se inexorável e o atentado de
20 de julho de 1944 contra Hitler, ocorrido no Wolfsschanze (Toca do Lobo),
revelou a força da oposição interna. Nessa época a saúde de Hitler estava muito
debilitada, possuía problemas cardíacos, era hipocondríaco, sofria de insônia,
sofria também de mal de Parkinson e estava envelhecendo precocemente. Após uma
última derrota (ofensiva das Ardenas, em dezembro de 1944), Hitler refugiou-se
em um bunker (esconderijo) na cidade de Berlim (o Führerbunker), onde mais
tarde cometeria suicídio em 30 de abril de 1945.
Uma
maioria esmagadora dos relatos históricos sustenta a tese do suicídio de
Hitler. No entanto, existem rumores na América Latina segundo os quais Hitler
teria fugido para um país da América do Sul onde teria morrido com uma doença
incurável, tendo sido um sósia a morrer no bunker em Berlim. O mesmo teria
acontecido com Eva Braun, sua noiva, com quem teria se casado pouco antes do
suicídio. Segundo alguns historiadores, Braun teria se casado com ele somente
depois de jurar "fidelidade" e prometer que se mataria junto com ele.
Seus corpos não foram encontrados, ele teria mandado sua guarda cremá-los,
talvez para que não houvesse nenhum modo de o inimigo torturá-lo vivo, nem após
sua morte.
Uma
segunda corrente de historiadores, no entanto, acredita que o fim da vida de
Adolf Hitler teria ocorrido com a destruição de seu bunker em Berlim, por um
grande ataque aéreo dos aliados já no fim da grande guerra. Acreditam ainda
que, após este ataque a seu bunker, os corpos de Eva Braun e do braço direito
de Hitler, Heinrich Himmler, também foram encontrados, mas em melhores
condições que o do próprio Hitler: tinham em seus corpos queimaduras e marcas
das ferragens, já o de Adolf estava carbonizado, sendo reconhecido apenas pela
sua vestimenta e seu bigode. O reconhecimento do corpo de Hitler foi feito por
seus próprios comandantes e soldados capturados. Pelo fato dos corpos terem
sido encontrados carbonizados, os aliados teriam vinculado a notícia de que
seus corpos não foram encontrados, mas se sabe, através de relatos, que não
fora a ordem de Hitler para cremar seus corpos o real motivo para os mesmos
terem sido localizados desta forma, mas sim o da explosão de uma bomba que
teria destruído o bunker onde ele e seus fiéis colaboradores se encontravam. As
autópsias feitas nos corpos encontrados no bunker em Berlim revelaram que em um
dos corpos havia uma bala de pistola Luger. Boatos dizem que era a arma com a
qual Hitler havia se matado antes da bomba cair em seu bunker, ou ainda que um
dos seus colaboradores havia disparado contra Hitler para que o mesmo não fosse
capturado vivo pelos aliados.
Em
2015, uma série de documentários do Canal História sugeriu, baseada em
documentos do FBI, que Hitler pode na verdade ter escapado por túneis secretos
localizados por baixo de Berlim, exilando-se na Argentina, numa residência
secreta na selva argentina, até ao fim dos seus dias.
O testamento de Hitler
No
dia 29 de dezembro de 1945, em Nuremberg, foi divulgada a existência de vários
documentos secretos em uma casa do campo, situada em Tegernsee, a 48
quilómetros ao sul de Munique, nas vizinhanças da residência do General Lucian
Truscott (Comandante do Terceiro Exército dos Estados Unidos). Eram quatro
documentos que foram denominados de testamento de Adolf Hitler. Foram
considerados na época como prova definitiva da morte de Hitler, uma vez que
seus corpos foram queimados no bunker de Hitler e o local foi tomado pelas
tropas soviéticas que dificultaram as investigações e isso causou dúvidas sobre
a certeza de sua morte.
A
descoberta fora feita por britânicos da contraespionagem e norte-americanos. Os
documentos estavam datados em 29 de abril de 1945, data de pouco antes do
colapso da resistência alemã, e contava com testemunho de Joseph Goebbels,
Ministro da Propaganda do Reich, do secretário pessoal de Hitler e Reichsleiter
Martin Bormann, do representante de Himmler na Tchecoslováquia, Hans Krebs, e
de Wilhelm Bergdorf.
No
mesmo local foi encontrado o original do contrato de casamento de Hitler com
Eva Braun, testemunhado por Martin Bormann e por Goebbels. Outro documento
descoberto, além do chamado testamento político Hitler, foi o seu testamento
particular dispondo de sua fortuna pessoal que tem como testemunhas Martin
Bormann, Goebbels e Nicolaus von Below, ajudante de Martin Bormann.
Vida pessoal
Vários
historiadores afirmam que Hitler era vegetariano. Janet Barkas, no livro
"The Vegetable Passion" (A Paixão Vegetal) e Colin Spencer no livro
"The Herectis Feast" (O Banquete dos Heréticos), apoiam essa ideia.
Entretanto, alguns dos biógrafos do ditador, como Albert Speer, Robert Payne,
John Toland, e outros falam de sua preferência pelas salsichas de presunto e
carnes defumadas.
Apesar
da dieta proposta pelos médicos, a maioria dos autores diz que Hitler os
tapeava comendo carne de tempos em tempos. Aparentemente, a fama de que ele era
um vegetariano convicto se deve a Joseph Goebbels, ministro da propaganda, que
percebeu aí uma oportunidade de divinizar a imagem do Führer. Independente de
ser vegetariano ou não, sabe-se que ele adorava doces, se empanturrava de
chocolate e comia porções enormes de bolo.
Hitler
alimentava-se mal e tinha medo de ir ao dentista, apesar de sofrer de halitose
e paradontose, patologias associadas ao mau hálito, presença de cáries, placa
bacteriana, sangramento e inflamações gengivais.
Doutor
Morrell, médico pessoal de Hitler, aplicava-lhe diariamente um coquetel de
remédios no qual incluía dezenas de pílulas e injeções. Hitler terá sido um
consumidor regular de metanfetaminas receitadas pelos seus médicos que lhe
permitiam manter-se longas horas desperto, com um fôlego inesgotável.
Relata
Wilhelm Keitel, que Hitler considerava a caça uma matança desonesta da fauna
inocente. O Führer tinha uma cadela da raça pastor alemão chamada Blondi. Hitler
era abstêmio, mas em sua idade adulta bebia ocasionalmente, em suas visitas a
bares de Viena e de Munique, onde adquiriu parte da sua ideologia racista.
Keitel afirma que, após a ascensão de Hitler ao poder, uma única vez o viu
beber um copo de cerveja, no dia em que ele visitou Praga, após sua conquista.
Não
admitia que seus oficiais e aliados fumassem. Certa vez, tentou impedir Göring
de fumar, defendendo que "quando se posa para um monumento, não se pode
estar com um cigarro na boca". Certa vez, durante o outono de 1939,
Heinrich Hoffmann trouxe-lhe fotos em que Stalin aparecia com um cigarro na
mão. Hitler proibiu sua publicação, afirmando que jamais iria "prejudicar
a imagem grandiosa do estilo de vida de um ditador."
Hitler
era uma pessoa polida e cordial no trato particular, quase paternal, a confiar
na narrativa de Traudl Junge, sua secretária. Quando de suas visitas a Munique,
Hitler gostava de se reunir com seus camaradas no restaurante da rua Schelling,
sempre pedindo um prato de ravióli e água mineral Fachinger ou Apollinaris.
Hitler
era canhoto (ou ambidestro segundo algumas fontes),[carece de fontes] sofria de
fotofobia e falava alemão com sotaque típico dos subúrbios de Viena (Wiener
Vorstadtdialekt).
Em
29 de janeiro de 2012, um dos seus quadros, o "Maritime Nocturno",
pintado quando ele tinha 23 anos, foi leiloado por 32 mil Euros em um leilão
realizado na Eslováquia. O nome do comprador não foi revelado.